Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 25
Assunto delicado.


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI, FINALMENTE! Bom, primeiro gostaria de agradecer a paciência de vocês por terem continuado comentando cada capítulo mesmo eu não estando aqui pra responder. Confesso que estou um pouco perdida agora que voltei. Tem tantos comentários! Me desculpem se eu não puder responder todos. Mas agradeço de qualquer jeito. Espero que vocês tenham tido uma excelente virada de ano, apesar da minha não ter sido tão emocionante haha Um novo ano se iniciou e eu espero que esse seja muito melhor que o anterior para todas nós! Ah, e antes de mais nada queria dedicar o primeiro capítulo do ano a Li pela primeiro recomendação da história ♥



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− Preciso ir agora! – Levanto-me da cama e coloco minhas roupas de volta no corpo.

− Mas porquê? Está cedo ainda e Helena nem está em casa. – Yuri parece chateado comigo.

− Eu sei. Mas o Lucas não está muito bem e combinamos de ir hoje ao parque andar de patins.

Depois que me visto, dou um rápido beijinho nele e desço às pressas para casa.

Preciso tomar um banho rápido e trocar de roupa antes que o Lucas chegue do trabalho.

Visto uma calça jeans mais velha e uma blusinha regata simples junto do meu tênis All Star surrado.

Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo.

Por sorte parou de chover faz uns três dias, ainda está um pouco friozinho lá fora, mas não é muito.

Dá para sobreviver.

− Preparada? – Lucas está tão sorridente e acabou de sair do banho com seu cabelo castanho molhado.

Uma graça.

Lucas me ajudou a encontrar nossos patins e equipamentos de segurança na área de serviço. Faz anos que não andamos nessas coisas. Nós éramos muito fissurados em patins quando tínhamos dezesseis anos.

− Antes de irmos, coloca isso. – Ele joga sobre meus ombros o seu moletom. Está com o cheirinho dele!

Vamos de carro até a praça mais próxima. A praça escolhida é onde normalmente o pessoal faz caminhada e pratica alguns exercícios ao ar livre. Mesmo a noite o movimento é grande.

Com paciência Lucas me ajuda a colocar o equipamento de segurança, ele sempre foi muito cuidadoso com essas coisas. Ele nunca sai com o carro sem antes todo mundo colocar o cinto de segurança.

− Pronta? – Ele levanta-se após colocar seu próprio equipamento e segura as minhas mãos. – Vamos lá.

Começamos devagar, pois ao contrário dele eu me esqueci quase tudo. Parece algo simples, mas manter o equilíbrio não é uma coisa muito fácil. Pelo menos não para mim.

Lucas é gracioso como sempre e me dá apoio na maior parte do tempo, me prevenindo de quedas terríveis.

Aos poucos eu ganho leveza e segurança, então Lucas e eu praticamente começamos a dançar sobre os patins.

A sensação é das melhores. É como se fosse só nos dois, livres, com o mundo inteiro para explorarmos.

Duas horas depois paramos para comprar água e descansar um pouco.

Sentamos na grama.

− Helena e eu não estamos muito bem. – Admite ele após beber quase toda a garrafinha de água.

O que eu mais gosto do Lucas é a facilidade de conversar com ele. Ou que as vezes eu nem preciso perguntar ou ficar insistindo, ele me conta o que quiser, quando quiser, na hora que quiser e quando se sentir preparado para isso.

− Mas qual é o problema? – Pergunto, colocando minha garrafinha pela metade de lado.

− Eu não sei. – Ele dá de ombros. – É complicado.

Espero um tempo, mas quando vejo que ele está distante, olhando para o nada com uma expressão séria, eu percebo o quanto está sendo difícil para ele.

Toco sua mão com a minha.

Ele me olha de lado e dá um sorrisinho mínimo.

− A verdade é que eu não consigo dormir com ela.

− Não consegue dormir com ela? Como assim?

De repente ouço um click na minha cabeça e todos os pontos de conectam.

− Ah! Vocês não transaram ainda, é isso?

− Exatamente.

Quero fazer mil perguntas agora: Porque? Como não? Mas como isso é possível? Você não gosta dela? O que aconteceu? Mas resolvi ficar calada para o bem de todos.

− Eu gosto dela. Mas não sei se gosto dela a esse ponto.

− Quer dizer que você não tem certeza se gosta dela de verdade?

− Eu gosto dela de verdade! Quer dizer, as vezes eu acho e sinto que gosto. Mas outras vezes não. Principalmente quando ela começa a me cobrar esse tipo de coisa. Como se precisasse ficar lembrando que eu não consigo!

− Ela te cobra muito isso?

Eu já sabia que a Helena era uma vaca maluca, mas chegar a esse ponto? Que tipo de pessoa ela é? Ninguém deveria ficar insistindo nesse assunto quando sente ou sabe que a outra pessoa não está preparada.

Não é como se todo mundo funcionasse do mesmo jeito. Alguns precisam de tempo e certezas. E outros, assim como eu, simplesmente se jogam de cabeça na vida e nas oportunidades e nos momentos.

Mas não dá para esperar que seja igual para todo mundo e a pessoa que não consegue entender isso simplesmente não merece o amor dessa pessoa que se sente pressionada.

− No início não. Mas agora ela não fala de outra coisa. E quando não fala vem com tudo para cima. E o que é ainda pior para mim que tenho que ser o mais delicado possível para afasta-la sem ofenda-la ou ser grosseiro.

Um fato sobre o Lucas é que ele nunca, nunca mesmo, ofendeu uma garota. Mesmo quando ele não quer nada com ela, nem mesmo um beijinho, ele é delicado, gentil e doce. Tenta convence-la do contrário com as palavras certas.

− Não deve ser nada fácil para você. Sabe, eu entendo. Acho que todo mundo passa por isso pelo menos uma vez na vida. Mas, porque? Porque você não consegue?

− Essa é a grande questão! – Diz ele frustrado. − Eu não sei bem a resposta. Mas na maior parte do tempo é porque não tenho certeza se gosto mesmo dela. Não é sempre que sinto uma ligação, uma conexão. Porque se isso realmente existisse entre nós e não me deixasse duvidas, com certeza as coisas já teriam rolado. E eu bem que tentei algumas vezes, só que quando chega na H passa um milhão de coisas pela minha cabeça, menos o desejo de estar com ela.

− E você já disse isso para ela alguma vez?

− Eu já tentei, Manu. Eu realmente tentei. – Diz ele olhando para mim com certo desesperado. Seus olhos cor de caramelo estão tão escuros quanto a noite de hoje. – Mas não sei como dizer isso sem machuca-la. Sem parecer um completo babaca. Ela deve pensar que eu sou gay!

− Mas você não é gay! E mesmo que fosse não teria problema algum.

− Não, não teria. Mas então qual é o problema comigo? Porque eu tenho que complicar tanto as coisas? Poderiam ser tão mais simples se eu não passasse a maior parte do tempo pensando em outras coisas.

− Que tipo de coisas?

− Muitas coisas. – Ele olha para mim por um momento, mas rapidamente se vira e deita-se na grama.

Eu me deito também.

Hoje não é uma daquelas noites bonitas e apaixonantes, com lua e estrelas. O céu está negro e solitário.

− Eu não sei como te ajudar, mas realmente sinto muito. – Resolvi dizer quando me dou conta que nossas mãos ainda estão juntas. – Uma dica que eu te dou e que recebi do papai não faz muito tempo é: não se cobre muito. Não leve as coisas tão a sério. Viva intensamente como se cada momento fosse único e o último.

Lucas se vira para mim com um sorriso bobo.

Nossos rostos estão muito perto um do outro.

Consigo ver toda extensão de seu rosto e não consigo encontrar nenhum defeito. Por mínimo que seja.

Lucas não é o tipo de cara que passa na rua e toda menina sonha em ter. Ele é bonito. Ele tem uma beleza muito simples e comum, apesar de ser na minha opinião, muito singela e angelical. Mas o que realmente importa é o que está dentro, não é mesmo? E por dentro ele é simplesmente a melhor pessoa que conheço. E não estou exagerando. Porque eu o conheço e sei que ele é.

− Seu pai realmente te disse essas coisas?

− Disse. – Eu ri. – Qual é o problema?

− Nenhum pai diria essas coisas a uma filha.

− Mas meu pai não é qualquer pai.

− É, isso eu sabia.

Nós sorrimos juntos.

Eu me viro novamente para ver o céu, mas percebo que o Lucas ainda está me olhando, então me viro para ele.

− O que foi? Porque você está me olhando assim?

De repente sinto meu rosto todo ganhar cor.

− Eu não sei. Tem algo em você que...

Ele deixa a frase morrer no ar e leva a mão livre até o meu rosto e passa a ponta dos dedos na minha bochecha bem de leve.

Fecho meus olhos sentindo que no ponto em que ele me toca minha pele esquenta.

− Que...? – Peço para ele completar a frase assim que ele para de me tocar e me dou conta que ele não terminou de dize-la.

− Eu não sei! – Ele se senta subidamente. – Eu nem sei o que eu estava dizendo agora a pouco.

Levanto-me também e solto uma risada.

− Lucas, você não tem jeito!

Nós rimos. Ele se levanta e me estende a mão.

− Nós já vamos embora? – Pergunto.

− Não. Vamos dar só mais uma volta.

De mãos dadas nós percorremos a pista de caminhada até o fim e depois voltamos para o começo.

− Eu não te contei, né? – Comentou ele no exato momento em que abriu a porta de casa.

− O que você não me contou? – Pergunto curiosa.

− Minha mãe me ligou esses dias para falar que meu pai ligou pra ela pra saber de mim.

− O quê? – Paro e olho surpresa para ele. – Mas porque você não me disse isso antes?

− Porque eu não sabia bem como lidar com essa informação.

− Mas e aí? – Sento-me no sofá esperando que ele faça o mesmo. Mas o Lucas nem parece afetado e no fundo eu sei que ele só está disfarçando. – O que ele disse?

− Ele queria me encontrar pra gente conversar. Mas eu não quero, Manu. E foi o que eu disse a minha mãe.

− Mas, Lucas, porque não?

− Manu, você não entende?! Esse homem me abandonou quando eu era só uma criança e só porque eu cresci e sou capaz de entender algumas coisas, exceto um homem abandonar sua própria família, ele quer bater um papo comigo? Para que? Para se desculpar? Inventar uma historinha qualquer? Não, Manu. Eu realmente não preciso de mais isso na minha vida que já é complicada o bastante.

Agora sim ele estava agindo de acordo com que eu ou qualquer outra pessoa vendo-o nessa situação esperaria vindo dele.

− Me desculpe, eu não vi por esse lado. Só achei que depois de tanto tempo você fosse querer saber que explicações ele tem para você.

− Esse é o problema: eu não quero saber. Eu não quero nada daquele homem. Ele teve muito tempo para me procurar. Mas agora já é tarde demais.

Antes dele se virar eu notei que seus olhos estavam mais tristes do que eu poderia esperar.

E eu não suporto vê-lo assim.

Corri até ele o abracei bem forte.

Lucas pareceu surpreso com o meu gesto repentino, mas me abraçou de volta, colando minha cabeça em seu peito. Ficamos assim, tempo suficiente para eu sentir suas lágrimas escorrerem e baterem em mim.

− Porque você fez isso? – Perguntou ele ao se afastar.

− Eu não sei. – Dei um sorriso fraco. – Achei que você precisasse.

− E você achou certo. – Ele sorriu de volta, sem se importar com as lágrimas que escorriam por seu rosto. – Seus abraços são uma das poucas coisas que me fazem sentir verdadeiramente bem.

Dito isso ele me puxou e me abraçou mais um pouco.

E ali eu fiquei até certeza de que ele ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

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