À primeira vista escrita por Yasmin


Capítulo 8
Mãe


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Mais um capitulo saindo.
Otima leitura,
Bjs.



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Já estou a três dias longe dos meus amores, a única coisa que me distrai é a vontade de terminar logo esse artigo e voltar pra casa, nem os passeios pela tão famosa Georgetown ou a visita ao National Museum of American History, foram suficientes para me deixar relaxada. Nunca me senti tão sozinha e aflita ao mesmo tempo. Ficar longe principalmente de Nick, é como estar com sede no deserto. Eu sei, é um exagero, mas é algo que não sei explicar. Só agora entendo minha mãe, ela sempre diz que só se sente em paz quando meus irmãos e eu estamos debaixo das suas asas, que não importa a idade que os filhos tenham, sempre serão filhos, é um sentimento surreal e, que somente iríamos entender quando chegasse a nossa vez. E acho que chegou minha vez, eu nunca rotulei o sentimento que tenho por Nick, fiquei encantada por ele desde a primeira vez que o vi, com a convivência o sentimento foi ficando cada dia mais forte, depois então, que Peeta revelou a indiferença que a mãe teve por ele, os laços ficaram indestrutíveis, mesmo estando cansada, voltar para casa e cuidar dele é a melhor hora do dia. Sem contar que por intermédio dele, conheci o amor da minha vida. Eu sei, nosso caso de amor é diferente, eu deveria me apaixonar primeiro e depois ter um filho. Mas foi o contrário, me apaixonei por um bebe, ele despertou meu instinto materno e de brinde veio o pai. E que Pai! Juro que se na época Mika tivesse dito que essa seria minha felicidade eu teria a mandado para aquele lugar. Bom, Mikaela mais conhecida como Mika era a hippie ou cigana, que lia cartas na universidade, onde estudei jornalismo. Em uma sexta feira, umas dez horas da noite, entrei no coletivo que me levava pra casa, ela veio logo atrás, o ônibus estava vazio, no máximo eu e três pessoas, mas fez questão de se sentar ao meu lado, imediatamente busquei o celular dentro da bolsa, o maldito estava sem bateria, então peguei o livro “Mentes perigosas” o Best Seller entre os calouros de direito, principalmente quando se tem a primeira aula de criminologia, ai você começa a achar que sua carreira será igual ao dos agentes dos seriados Criminal Minds ou CSI Miami. Enfim, comecei a ler, queria mostrá-la que estava concentrada e não queria ficar de conversa fiada.

“Oi— diz ela, respondo o mesmo e volto minha atenção para o livro.

— Eu vi algo sobre você, quer saber!— como assim, geralmente ela só vê pra quem pede e paga por seus serviços.

— Não tenho dinheiro e não acredito nessas coisas— falo e volto para o meu livro.

— Se não credita, não custa ouvir!— insisti

— Já disse que não tenho dinheiro— digo calmamente, pra ver se entende e pare de me perturbar.

— Não precisa pagar!— diz ela e vejo que não tenho outra alternativa, se não escutá-la, pois falta muito para chegar no meu ponto.

— Ok, seja rápida— ela sorri

— Sua felicidade está longe!— juro que tento não ser sarcástica, mas não dá e respondo

— Onde? No Polo Norte ou na China?— pergunto rindo

— Quando chegar a hora você vai saber, só não deixe seu sonho de lado— diz e puxa a corda, indicando sua parada.”

“Garota maluca” pensei e, hoje estou aqui a mais de oito mil quilômetros de distância de casa, vivendo meu sonho e feliz por ter ganhado dois amores, não que eu não fosse feliz antes, sim, eu era, embora uma felicidade limitada. Antes de ter Peeta e Nick em minha vida, eu pensava que ser feliz era ter dinheiro na conta, um bom ar condicionado, um colchão king size e um pote de sorvete. Ou então contentava em ver minha família feliz, sem as preocupações que tínhamos. Admito que estava extremamente enganada, pois bem, estou aqui morrendo de saudade dos meus amores e ainda faltam quatro dias, para completar o sétimo. Sete dias! Não sei para que sete dias, a partir de hoje esse será o número que menos gosto. Já vi tudo o que tinha pra ver, já entendi por que o quatro de Julho é o mais importante feriado americano, celebrado com paradas, eventos esportivos e fogos de artifícios. Entendi porque verei tanta bandeira americana hasteada e muitas e muitas decorações com fitas azuis, vermelhas e brancas que serão utilizadas nas cerimônias públicas. E também sei de cor e salteado o porquê de nós brasileiros ou sul americanos não darmos a mínima para a data comemorativa da nossa “independência”. Tudo o que mais quero é voltar para casa, e não posso, enquanto não terminar esse trabalho. Passo o restante da manhã no quarto do hotel, Clove saiu, disse que ia conhecer um famoso Hot Dog que é vendido a mais de quarenta e sete anos por aqui, ela me convidou, mas preferi ficar e escrever, quem sabe o Sr. Smith aprove o texto e autorize minha volta. Quando termino, reviso e, envio o artigo por e-mail, como ainda é uma hora da tarde, creio que me respondera ainda hoje. Feito isso tomo um banho e me deito, pois tenho dormido pouco.

Acordo assustada com o toque do meu celular, vejo que é Peeta, e um sorriso instantâneo preenche meus lábios. Quando o atendo, de cara já sinto que está tenso, mas não diz de imediato o que é. Só depois que insisto, revela que Nick acordou com um chiado no peito e com dificuldade para respirar, ele tenta me tranquilizar dizendo que ele já estão no hospital, que posso continuar o meu trabalho tranquila. Tranquila? Como ele pode achar que vou conseguir ficar tranquila aqui. Sua fala me deixa irritada, a única coisa que peço é que envie o endereço do hospital no meu celular e aviso que dentro de algumas horas estarei chegando. Quando encerro a ligação, meu primeiro passo é procurar um voo para Nova York. Segundo, ligo para o Sr. Smith, pergunto se está satisfeito com o material que o enviei, ele parece animado, mas diz que ainda está faltando alguns pontos cruciais para ficar “Incrível”, tudo para ele tem que estar incrível. Mas digo categoricamente que não há mais nada que eu possa ver aqui que me ajudará com texto, que o ideal seria eu voltar para Nova York e pesquisar sobre a importância deste dia por la, onde residem pessoas de diversas nacionalidades. Ele engoliu meu argumento, só pediu que o material seja enviado tempestivamente na quarta feira e que não pode estar menos que “Incrível”.

O tempo de voo até Nova York não dura mais que duas horas. Depois de um voo com muita turbulência, o avião aterrissou de forma segura e a ansiedade toma conta de mim, pois dentro de minutos vou ver meu príncipe. Porém estou incomodada com a atitude de Peeta, na hora eu nem pensei, mas quando estava no avião me toquei que se eu não tivesse insistido, eu só iria ficar sabendo do ocorrido com Nick quando eu voltasse, não entendo o porquê! Sera que ele acha que não me importo? Uma coisa é ele ter dúvidas dos meus sentimentos por ele, mas pelo Nick? Nunca tive reservas com ele, sempre fui bem clara quanto aos meus sentimentos e intenções. E agora ele pede para que eu continue trabalhando “tranquila”, enquanto meu príncipe está internado, é o mesmo que me chamar de fria e calculista. Confesso que já usei dessa artimanha para driblar as dificuldades que encontrei na minha vida. Mas quando se trata das pessoas que amo, chego a ser irracional, no melhor sentido da palavra é claro e, sua insinuação me deixou bastante magoada.

Quando chego ao hospital vou direto para recepção - Boa noite! O quarto de Nick Mellark, por favor.

— Desculpe, mas, o horário de visitas já encerrou, somente a família pode entrar agora— diz e ligo para Peeta, mas não atende, tento Madge, Annie e nada.

— Bom eu sou da família! Eu, eu sou a namorada do Pai— digo nervosa, ela liga acho que no quarto, diz meu nome, libera minha entrada E indica o andar e nº do quarto.

No momento em que entro não noto mais nada, vou direto no meu príncipe, meu coração se aperta ao velo assim, com esses fios no braço, um aparelho que está o auxiliando na respiração. Ele está tão frágil, se eu pudesse pegaria sua dor para mim. Beijo o topo da sua cabeça e lagrimas escapam dos meus olhos.

— Ele vai ficar bem Katniss! Essa infecção é muito comum em crianças da sua idade, principalmente ele que não teve a amamentação materna no tempo necessário, o seu sistema imunológico não está totalmente desenvolvido. Só foi necessário a internação por que foi complicado dar o remédio sem ele colocar tudo para fora em seguida. Amanhã cedo ele poderá ir para casa e Peeta vai precisar da sua ajuda com os antibióticos e, tenho certeza que com sua presença vai ser mais fácil. Fique calma querida! - diz Effie me animando, reconheço que após sua explicação consegui ficar mais calma e, pude notar a presença de Greasy, Annie, Madge e Delly. Delly? É hoje que acabo com o Peeta. Logo elas anunciaram que precisam ir, até porque somente duas pessoas podem ficar como acompanhantes.

— Eu não ganho um abraço, nada?— diz Peeta entrando no quarto enquanto elas saiam

— Porque? por você eu nem estaria aqui! Ia contar que ele ficou doente quando eu voltasse ou pra que me deixar ciente? Quem é a Katniss? Quem sou eu na vida dele?— não grito, mas digo exasperada

— Katniss não foi isso o que eu pensei! Eu só não queria atrapalhar você, o seu trabalho! Sei que é importante pra você.

— Mais importante que ele?— digo exausta - Eu to cansada, amanhã conversamos — ele não insisti, já me conhece sabe que quando estou irritada o melhor a se fazer é me deixar quieta.

Me acomodo na poltrona que tem ao lado da cama de Nick segurando seus dedinhos, ele imediatamente agarra meu polegar de modo possessivo e, só esse toque me acalma, senti-lo, faz com que minhas inseguranças se esvaem. Peeta nos fita e dá um meio sorriso, nem pelo fato, consigo ficar magoada com ele de verdade, mas, é uma questão quero resolver o quanto antes, não quero mais viver nessa expectativa, quero saber qual posição ocupo na vida do Nick, e para isso preciso saber definitivamente sobre a mãe. Horas se passam mas o sono não vem, contando que a poltrona não é nada confortável, minha coluna está me matando, o único jeito é me juntar a Peeta no sofá, assim que o faço, fecho os olhos e tento dormir, no minuto seguinte sinto ele retirando minhas sandálias e me puxa fazendo com que eu fique sobre seu peito, ouvindo as batidas do seu coração.

— Está chateada comigo? Sussurra, nego com a cabeça, realmente, não mais, sei que exagerei, sou insegura

— Katniss eu...

— Não Peeta, amanhã!— digo e beijo sua boca que estava bem próxima a minha. A saudade é tanta que não dá para resistir, ele também não perde tempo e retribui no mesmo ritmo.

— Me diz que esse não é um beijo de despedida! Não vai terminar comigo amanhã na nossa conversa, vai?— fala meio afobado, me fazendo rir e digo - Amanhã não, preciso avisar a Madge antes, ela pediu encarecidamente, para comunica-la caso isso ocorre-se. Segundo ela, você fica muito mal-humorado, vamos dormir - peço, mas lembro de um assunto que não vai ficar para amanhã e cravo as unhas na sua barriga - O que a Delly fazia aqui?

— Não faz isso amor, estamos em um hospital— diz enrolando, e lhe lanço um olhar mortal.

— Sua sogra e ela estavam juntas resolvendo algo sobre as obras de caridade que a empresa contribui, não brigue comigo, não tenho nada com isso— diz se defendendo e, me contento com a reposta.

Na manhã seguinte meu príncipe acorda bem cedo, bem enjoado e com fome, mas tem dificuldade em tomar o leite, por que além da bronquiolite, a garganta está bem infeccionada. Mas quando me vê, fica radiante, não aceita outro colo se não o meu. Logo o doutor, vem vê-lo, nos orienta sobre os remédios, faz inúmeras recomendações para incluirmos muito liquido no seu dia a dia e nos libera. Assim que chegamos em casa, nos revezamos com ele, vou direto para o banheiro do quarto de Peeta, pois meus pertences estão na mala. Quando termino vejo que meu príncipe já está todo cheiroso de banho tomado, fico com ele para Peeta fazer o mesmo. Meu namorado se dispõe a fazer o almoço, mas tento impedi-lo, pois desde de que me ligou dizendo sobre Nick, não coloquei nada no estômago, estou faminta, quero algo saboroso.

— Peeta eu faço, duvido que você saiba fritar um ovo e Nick precisa de algo comestível! - falo porque o máximo que já o vi fazendo nessa cozinha foi a mamadeira.

— Amor, não me subestime, hoje você vai ter a melhor refeição da sua vida e depois vou ser sua sobremesa — é a segunda vez que me chama de amor, fico derretida, me aproximo e lhe dou um beijo, mas o ameaço, digo que se comida ficar insossa, vai sair para comprar.

Enquanto Peeta cozinha, fico com meu príncipe na sala, brincando, beijando, matando a saudade que estava dele. Nem parece que passou a noite em um hospital, está a todo gás, não para, quer ficar o tempo todo andando e como não consegue sozinho, tenho que acompanhá-lo - Quem precisa de academia com você em mocinho?— me deito no chão, com ele na barriga, e aponta algo com os dedinhos, olho para trás e vejo Peeta encostado no batente da porta nos fitando, sinto algo a mais no seu olhar, algo bom e sorrio para ele. Após almoço pai e filho dormiram, eu bem que gostaria de fazer o mesmo, contudo, tenho que finalizar o artigo.

— Trabalhando no fim de semana?— aproxima Peeta, sem camisa e com a baba eletrônica presa ao elástico da sua samba canção. Uma perdição.

— Já acordou ? — estranho porque não faz meia hora que deitou, só responde que teve um sonho e não conseguiu voltar a dormir. Explico a ele sobre o trabalho e que tenho prazo para entrega, mas ignora e começa a me agarrar. Eu nem resisto, estou com tanta saudade do seu corpo, sem contar que minha concentração já foi para espaço. Ele me guia para a cozinha e tira minha roupa de um jeito desesperado. Quando o questiono porque aqui, diz que sonhou comigo nua em todos os cômodos do apartamento. Sabe aquele sexo longo, envolvente, nem um pouco comedido e que deixa até sem forças, mas nenhum dos dois quer interromper? Foi o que aconteceu, esse homem estava como fogo e eu como gasolina. Foi intenso e explosivo, descobri sensações e vontades que nem sabia que existiam em mim.

— Porque escondeu seus dotes culinários? Como aprendeu fazer essas coisas?— depois da tarde mais quente da minha vida, nos deitamos no chão da sala. Papo vai, papo vem e, o questiono sobre o almoço, fez um cardápio bem requintado, digno de um restaurante cinco estrelas, estranho um engravatado saber tanto.

— Na Itália, morei lá por uns meses!— nunca comentou nada disso - Como assim?

—Antes do Nick nascer! — diz com sorriso sem graça, já que ele tocou no assunto penso é um bom momento para iniciarmos nossa conversa - Peeta! Eu eu preciso... - ele não deixa eu terminar.

— Porque ela não está aqui?— completa ele

— Sim, o que aconteceu, entre vocês?

— Jully e eu, nos conhecemos na faculdade eu cursava economia e ela Artes cênicas, éramos o oposto um do outro, mas a química era muito forte. Naquela época eu confesso que era bem confuso e galinha, as brigas eram frequentes e, nos anos da faculdade ficávamos mais separados que juntos, imaginava que quando encerra-se essa fase as coisas iriam se acertar, mas não, ela começou a viajar com muita frequência e, eu trabalhar na empresa da família. Contudo, passamos três anos sem contato, nos reencontramos em uma festa. Eu mudei, ela tinha mudado, mas sempre que possível nos víamos, com o tempo começou a cobrar sobre um relacionamento sério, queria conhecer minha família, mas fui relutante quanto a isso. Até então, minha vida se resumia a trabalho, mulheres e festas. Surtei! Não aguentava mais a rotina da empresa, não aguentava mais as cobranças que Jully fazia, precisava de um tempo. Fui para Itália, onde fiquei por cinco meses, conheci uma senhora chamada Maggs, uma desconhecida artista plástica muito talentosa e dona da pousada onde me hospedei, ela me ensinou a arte das telas e o marido a arte da cozinha, tinha encontrado minha terapia e um novo talento. Quando voltei pra casa, meu pai estava uma fera, não entendeu os motivos da minha repentina viagem e me acusou de ter perdido um grande contrato que tiraria nossa empresa do vermelho e outros desaforos proibindo meu retorno a empresa. Não me importei, procurei por Jully e encontrei ela na Califórnia. Comprei um apartamento e com o tempo ela já estava morando comigo. Ela atuava e eu pintava. No início foi mil maravilhas, mas como meu dinheiro estava acabando e eu não conseguia mais bancar a vida boa que eu a proporcionava, começou a surtar e exigir que eu voltasse para a empresa e esquecesse as pinturas idiotas. Eu já estava a ponto de deixa-la, quando disse que estava grávida. Fiquei em choque, mas eu sempre sonhei em ser pai, então não seria difícil e dinheiro eu daria um jeito. Ela enlouqueceu, queria tirar o bebe, disse que isso acabaria com sua carreira, e juro por Deus que nunca senti tanto ódio como senti dela naquele momento. Mas não demonstrei, fiquei com receio que ela fizesse o aborto. Os meses de gravidez foram passando e nossa situação financeira não era das melhores, mas eu não deixava faltar nada, no quinto mês, soubemos que seria um menino. Quando nasceu foi o dia mais feliz da minha vida, tão lindo, tão parecido comigo, achei que ela fosse ficar mais animada com o nascimento, mas continuou do mesmo jeito. Eu saia todos os dias pra vender meus quadros e no período da tarde, ficava com ele. Ela só chorava, dizia que sua carreira estava acabada, que seu corpo estava acabado. Eu não aguentava mais suas lamentações, pedi que fosse embora, que eu me virava com Nick, mas chorou, disse que ia tentar mudar, implorou por perdão, fez aquela cena. Quando Nick estava completando dois meses, percebi que ela estava estranha, calada demais, não reclamava de nada, mas achei que tivesse se tocado da realidade, que assumiria seu papel de mãe. Me enganei. Como de costume sai para vender mais quadros e por sorte encontrei um grande admirador de artes que me pagou uma fortuna por eles e ficamos de marcar um próximo encontro, pois ele iria me apresentar uma pessoa que alavancaria minha carreira. Fui igual a um doido pra casa, estava louco para contar essa novidade a ela, mas quando entrei no apartamento, só escutava o choro de Nick, nem sinal dela. Peguei ele no colo e fui até o porteiro, ele disse que ela tinha saído com uma mala, voltei correndo e quando abri o guarda roupa não tinha nada - só de pensar que ela pensou em abortar, sinto ódio dessa mulher.

— Ela procurou por vocês?

— Ligou uma vez na casa dos meus pais, mas pedi pra informar que não voltei a Nova York.

— Se ela vier, como vai ser?— pergunto com o coração na mão, ele arqueia as sobrancelhas, como se não estivesse entendendo, então repito.

— Se ela voltasse, você aceitaria que ela assumisse seu papel de mãe?

— Não, de jeito nenhum - responde ríspido.

— Mas e se ela estiver arrependida, não é o direito do Nick?

— Você no meu lugar, aceitaria? eu?

— Sim, eu daria uma chance, não colocaria minha raiva acima de tudo, até porque, existe uma criança envolvida. Eu cresci sem pai Peeta, não foi escolha dele estar ausente. Foi a vida, um acidente. Eu nunca pude dar os cartões decorativos do dia dos pais, ele não esteve nos momentos mais importantes da minha vida e as vezes eu o odiava por isso. Odiei por ele não estar na minha formatura, odiei por não estar no casamento de Prim e odiei por estar ausente na condecoração do Marcos. Imagina o que ele vai sentir, quando souber que ela o abandonou. E quando ele começar a perguntar por ela? O que vai dizer?

— Ele não vai perguntar por ela - responde convicto

— Você não escutou nada do que eu disse, por mais que, é...— a verdade é que eu gostaria, que ela fosse para o inferno, que eu fosse a unica na vida do Nick, mas se ela entrou em contato é porque esta arrependida, não posso sobrepor minha vontade.

— Esta com tanto ódio que nem escuta o que diz, como ele não vai perguntar pela mãe, enlouqueceu? - digo me levantando

— Katniss, abandonar um filho, não é um simples erro. Se ela estivesse arrependida, teria vindo. Uma ligação? Por favor. Ela sabe onde meus pais moram, onde trabalho, não veio porque não quis. Não tenho ódio dela, não mais! – diz olhando no fundo dos meus olhos — Desde que você apareceu na praia, eu agradeço por não ter dado certo, por ela ter feito a escolha dela, caso contrario todos seriamos infelizes. Eu não teria conhecido a mulher da minha vida e Nick não teria o amor de uma mãe de verdade. Ele é seu, eu sou seu e você é nossa. Ontem quando te liguei, estava tenso, precisava escutar sua voz. Não contei sobre a infecção porque sabia que viria, você e eu temos responsabilidades, nem sempre vamos poder abandonar nossas obrigações para estar presente. Na ausência de um o outro cuida. Não vou te deixar de lado jamais, alias, por mim você nem entraria naquele avião. Vocês dois são a minha vida. Te amo! – fico radiante com sua fala, nunca pensei que escutaria isso de alguém, ele não desgruda da minha boca, só faz isso quando escuta o choro de Nick.

— Nosso bebe acordou!!!— digo e pego em sua mão nos direcionando até o quarto.


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