Já era a décima segunda vez em que Gustavo e eu perguntávamos se já tínhamos chegado à casa de férias que íamos passar o verão, já que é a primeira vez que nossa mãe fez um investimento para passarmos as férias dela e a nossa (claro) que realmente parecia divertida, porque as outras férias de verão foram um desastre. E uma casa de praia parecia cobrir todas as férias ruins e abrir um novo caminho para as próximas férias dos Whattersons!

***

-Bem crianças, chegamos! Eu sei que está alguns metros longe do mar mais é melhor do que nada né?

-Alguns metros? Ta mais pra quilômetros isso sim!

Mamãe fecha a porta do carro olhando para a paisagem seca e espremendo um pouco os olhos para ver o mar e ignorando Gustavo.

-Aparentemente isso parece mais uma casa grande e assustadora do que uma casa de praia, mais tudo bem, essas economias nunca dão certo mesmo.

Anne disse cruzando os braços e com cara falsa de sono. A mãe logo ia falar alguma coisa mais os argumentos de Anne estavam certos. Ela tinha total razão em quase tudo e quando entramos na casa ela fez aquela cara... “Eu não disse?”.

-Não é tão ruim, se olharmos pelo lado bom. Vejamos. Aqui é uma casa enorme, poucos quilômetros perto do mar e... Estamos em família, né?

Disse melhorando as coisas. Mais logo o pai chega desesperado vindo correndo da cozinha, ele parou bem na nossa frente,e respirou ofegante (por ter corrido-_-)

-A geladeira está vazia!

-Oh Ricardo, é claro que está vazia, comidas não duram por muito tempo na geladeira por isso que vamos comprar agora mesmo mais comida.

-E podemos comprar muitas cochinhas de frango?!

Papai falou dengoso.

-Sim.

-Uhu!

-Voltamos em poucas horas crianças! Enquanto isso vocês podem limpar essa casa? Ela está um pouco sujinha não acham?

-Mais mãee...

Nós resmungamos.

-Eu trago uma barra de chocolate para vocês!

-Uma pra cada?

-Não. Uma pros três!

Cruzamos os braços juntos.

-Uma barra de tamanho médio.

-parece aceitável.

Anne falou com uma sobrancelha levantada.

-Está bem. Thau! Não explodam a casa!

***

-Aahh Cansei!

-Mais você só limpou um abaju e você só está ai por três minutos.

Disse para Gustavo.

-Darwin, você não preferi explorar a casa suja, ou ficar limpando e limpando até a mamãe e o papai chegarem?

-Explorar,mais...

-Shh! Nem mais uma palavra, vamos nessa.

Ele disse com a mão no meu ombro e me levando até a porta de outro cômodo da casa.

-Ta trancada. E agora?

-Tem um clipe ai?

-Claro.

Tirei o clipe do bolso e dei pra ele. Ele tentou abrir a porta mais não conseguiu.

-Posso tentar?

-Há. Claro mais saiba que isso requer anos de pratica eu to meio enferrujado mais só os melhores dos melhores conseguem...

-Abri!

Olhei pra ele com o sorriso de sempre.

-Oque você estava dizendo mesmo?

-Ah... Esquece! Vamos entrar.

**

-Parece um quarto normal, de menina,que gosta muito de rock ou sei lá oque seja...

-O que vocês estão fazendo?!

-Aaahh!

Gustavo e eu nos abraçamos enquanto estávamos tremendos de susto com a voz que agora se revelava ser de Anne.

-Ah, relaxa é só a Anne.

Gustavo disse se acalmando,mais não tenho muita certeza de que ele tinha motivos para ficar calmo.

-Vocês deviam estar limpando a casa junto comigo!

Ela parecia furiosa.

-Nós... Nós... O Darwin me obrigou a explorar a casa! Foi tudo culpa dele!

Gustavo apontou pra mim na maior cara de pau.

-Hã?! Eu? Foi você que disse: “Darwin, cansei! vamos parar pra explorar a casa!”

Tentei imitar de uma forma irritante a voz de Gustavo.

-Podem voltar AGORA a limpar a casa!

-Se não...

Gustavo disse num tom atrevido. Anne puxou a gola de seu casaco e mostrou seus olhos demoníacos que estavam pegando fogo por dentro, ela havia aprendido isso com mamãe,e eu já tinha entendido o recado também.

Curvamos-nos e com a cabeça baixa voltamos a sala.

***

As conversas de Gustavo e Pennelope pelo telefone já haviam me deixado com dor de cabeça eu precisava ficar sozinho por um tempo para não dar preocupação a ninguém. Fui em direção ao quarto mais próximo que era o que estávamos explorando hoje de manhã e entrei. A noite aquele quarto parecia mais sinistro do que eu pensava... Sentei-me em um canto perto da janela e fiquei lá por alguns minutos até amenizar a dor. A brisa do mar fria bateu no meu rosto, estava anoitecendo. De repente o som que estava ali perto, começou a tocar, um tipo de rock leve, minhas pernas estremeceram, talvez o som estivesse com defeito, ou talvez seria Gustavo ou Anne querendo me assustar. Então o espelho que era impossível de não se olhar ficou preto e vi um olho o outro estava coberto por uma franja, eles não tinham pálpebras, estavam brilhando eram hipnotizantes.

Dali saiu uma voz baixinha meio apagada, mais aquela voz era linda de se ouvir. Quando parei de me destrair com aqueles olhos, eu ouvi atentamente, ainda tremendo e suando. –Sai agora do meu quarto!- disse a voz. Eu com minhas poucas forças levantei e sai do quarto, quando fechei a porta atrás de mim deslisei e fiquei sentado do lado de fora tentando ouvir mais uma vez a voz,eu sei que aquilo me assustava muito mais com aquela voz e aqueles olhos tudo ficava mais calmo.