Em um ponto distante na galáxia, bem longe da Terra, havia um enorme palácio espacial que estava situado ao lado de um planeta conhecido como Kinmoku. Dentro dele, havia nove grandes salões rodeados por enormes plataformas e escadarias incomuns, pois as mesmas possuíam o costume de se movimentarem, alterando o caminho que conduziriam a qualquer um que ousasse se aventurar dentro dessa fortaleza. Em seu ponto mais alo, no maior salão do palácio, encontravam-se a princesa da Lua e a lendária guerreira prestes a começarem uma batalha.

   -E então – a voz de Shadow Sun tinha um incrível tom de deboche –, como você quer morrer? De maneira rápida ou lenta?

   -Você não vai me derrotar! – exclamou Usagi – Não desistirei até que eu consiga salvar Chibiusa e Mamo-chan!

   -Nossa, mas que princesa corajosa... Bom, então será uma morte lenta e dolorosa... Vamos começar?

   -Não importa o que você faça comigo – disse a princesa da Lua –, eu com certeza...

   -Você fala demais! Solar Wave!

   Usagi foi atingida por uma grande onda de energia e caiu a vinte metros de onde estava. Enquanto tentava se levantar, a lendária sailor soltou uma risada e tornou a falar:

   -Quem você pensa que é? Desista enquanto pode!

   -Nunca! – gritou a futura rainha. O Eternal Tiare surgiu em sua mão direita, e ela lançou um poderoso ataque na adversária – Starlight Honeymoon Therapy Kiss!

   Um feixe de luz purificadora foi na direção de Shadow Sun, porém não surtiu efeito algum. O rosto da princesa foi tomado por uma expressão de desespero, enquanto sua inimiga gargalhava histericamente.

   -Vocês humanos são patéticos! Quem você está querendo ferir?

   -Eu ainda não acabei – disse Usagi –, Silver Moon...

   -Shadow Blast!

   Uma rajada de energia negativa percorreu o salão e atingiu Usagi, a fazendo cair novamente. Seu branco vestido agora estava sujo e rasgado. Seus braços estavam cheios de hematomas e sua boca sangrava. A falsa representante do astro-rei começou a andar lentamente em sua direção para lhe aplicar o golpe de misericórdia. Porém, a guerreira da Lua usou novamente seu cetro e lançou um poderoso feixe de luz purificadora que conseguiu fazer sua adversária recuar.

   -Ainda não desistiu, sua insolente? – a voz de Shadow Sun demonstrava claramente um tom de raiva. Usagi tornou a se levantar e posicionou seu cetro na direção da sua adversária, mostrando que não iria se render.

   -Se pretende insistir com sua teimosia, não terei piedade! – gritou a sailor lendária. As duas guerreiras se encararam, cada uma esperando o primeiro passo de sua adversária para começarem uma sangrenta batalha.

   -Eu não vou perder! – exclamou Usagi.

   -Pode vir!

   Em Kinmoku, o grupo de sailors acompanhadas por Glow chegou ao planeta onde moravam antigas amigas. Mas a paisagem que tiveram do lugar foi a pior possível. O mundo que fora reconstruído após a batalha contra Sailor Galaxia e Chaos agora estava coberto pelas trevas. Os campos de flores estavam cinza, o céu estava nublado, e não parecia ter um ser vivo a vista. Havia um ponto negro flutuando no céu, provavelmente era o palácio de Shadow Sun. Sailor Jupiter perguntou assustada:

   -O que houve aqui?

   -Eu sinto uma grande energia negativa... – comentou Mars.

   -Onde estão os habitantes de Kinmoku? – perguntou Venus. Sailor Neptune pegou seu talismã, na esperança que ele refletisse alguma coisa. Mercury usou seu supercomputador para começar uma analise do local.

   -Consegui detectar algo, Michiru? – perguntou Uranus.

   -Há muita energia negativa interferindo aqui Haruka –respondeu a guerreira dos mares –, não consigo achar nada!

   -Não há nenhum ser vivo por aqui além de nós. – disse Ami – Até essas plantas... Espera! Localizei um sinal de vida!

   -Eu também! – exclamou Michiru ao apontar seu espelho na direção de um pequeno morro – É naquela direção!

   As oito guerreiras e Glow correram até o relevo. Ao chegarem lá, se depararam com milhares de habitantes acorrentados em grupos, rodeados por seres humanoides escuros e sem face, apenas com o símbolo planetário do Sol em suas testas. A única prisioneira que estava acorrentada sozinha era a princesa Kakyuu, que se encontrava desacordada e rodeada pelos prisioneiros. Uma visão de medo e desespero. E para piorar, as Starlights não se encontravam em lugar nenhum.

   -Que coisa horrível! – Setsuna demonstrava um grande espanto em seu rosto – O que houve aqui? O que aconteceu com a princesa Kakyuu? Por que ela está inconsciente? E onde estão as sailors que as protege?

   -Shadow Sun é a responsável por isso! – disse Glow – Eu disse que esse planeta está sob os domínios dela agora! Estão vendo aquelas criaturas vigiando os prisioneiros?

   -O que são? – perguntou Sailor Venus – São muito... Nogentos!

   -São Soldados das Sombras! Criaturas das trevas criadas por Shadow Sun para ajudar suas servas a tomarem os planetas!

   -Servas? – perguntou Saturn, mas antes que Glow respondesse, ouviu-se um enorme estrondo vindo das nuvens, ecoando como um grito sufocante. Logo em seguida, um relâmpago, da cor de uma ametista negra, caiu bem em frente dos prisioneiros, levantando uma grande nuvem de poeira.

   Quando a poeira tornou a baixar, as garotas viram uma mulher, de pele pálida, cabelos roxos, e uma armadura negra como o manto da morte. Ela usava um broche na área torácica e em seus ombros, havia uma gola de marinheiro. Na hora, ficou claro que era uma das servas de Shadow Sun.

   -Não é possível, mais uma sailor?! – a voz de Minako foi tão alta e histérica que as criaturas sem face se viraram imediatamente para o grupo de forasteiras. As companheiras de Venus a encararam com raiva. A misteriosa guerreira que acabara de chegar então ordenou aos seus servos:

   -Soldados de Sombras! Destruam as invasoras!

   -Valeu Minako – Jupiter estava com uma expressão de frustração em seu rosto –, por que não colocou uma grande placa de neon do nosso lado? Teria chamado menos atenção!

   -Agora não importa – disse Neptune –, vamos atacar! Submarine Reflection!

   O ataque de Michiru emanou de seu talismã com uma grande intensidade e conseguiu destruir várias criaturas de uma vez. Todos ali ficaram surpresos com tamanho poder. Estava claro que as oito sailors estavam mais fortes do que nunca.

   -Incrível! – exclamou Setsuna – Não imagina que o Princess Warrior fosse tão poderoso!

—Garotas, lembrem que essa nova força não será eterna! – alertou Glow – Mas enquanto vocês puderem usar esse poder lendário, serão capazes de enfrentar Shadow Sun e seus seguidores!

   -Então vamos aproveitar ao máximo! Venus Love Me Chain!

   -Sparkling Wide Pressure!

   -Burning Mandala!

   -Shine Snow Illusion!

Os quatro ataques das protetoras da princesa da Lua foram capazes de destruir todos os soldados de sombras rapidamente. Os prisioneiros ficaram eufóricos. A misteriosa sailor, enfurecida, deu um saltou sobre-humano e lançou um poderoso ataque na direção de suas adversárias.

   -Gravitational Sphere!

   -Silence Wall! – gritou Sailor Saturn, e sua poderosa barreira surgiu e impediu que o golpe da serva de Shadow Sun atingisse seu alvo. A mesma, porém, ao invés de ficar mais furiosa, riu e tornou a falar:

   -Você é a princesa de Saturno, não é? Isso vai ser interessante...

   -Quem é você? – perguntou Hotaru.

   -Eu sou... A lendária guerreira que representa uma região do espaço com a força gravitacional tão grande, que nem a luz pode escapar de sua atração! Sou uma princesa vinda de um local onde o tempo para e o espaço deixa de existir! Sou Sailor Black Hole!

   -Sailor Black Hole?! – exclamou Uranus.

   -É melhor que não me subestimem! – gritou Black Hole – Não sou uma sailor qualquer! Agora se prepare Saturn!

   -Só a Hotaru? – perguntou Venus – Por que só ela tem que se preparar?

   -Ordens de Shadow Sun! Dark Impact!

   Uma poderosa rajada de energia, obscura como um cristal negro, surgiu da mão de Black Hole e foi na direção das intrusas. Saturn novamente utilizou sua barreira, porém esse ataque era mais poderoso que o anterior. A guerreira do Silêncio começou a ter dificuldade em manter seu escudo.

   -Tenho que admitir, você é uma sailor muito forte! – disse Black Hole, as gargalhadas, enquanto ainda usava seu ataque – Porém, não é párea para mim!

   O Silence Wall começou a ceder aos poucos. A cada segundo que passava, ele se tornava mais frágil. “Preciso protegê-las”, pensou Hotaru, “Se eu pudesse usar esse escudo como ataque”. Como um milagre, o Muro do Silêncio pareceu ouvir o pedido de Saturn, e começou a avançar em direção a Black Hole, como uma espécie de pulsação, até atingi-la.

   Black Hole foi jogada para alguns metros de distância e caiu perto de um grupo de prisioneiros, que começaram a andar em sua direção. Ela rapidamente se levantou e encarou os prisioneiros e as sailors. Então, um grande sorriso surgiu em seu rosto.

   -Vamos continuar com a diversão mais tarde! – disse ela, e no instante seguinte, um portal, semelhante a um “buraco negro” surgiu atrás dela. A guerreira pulou para dentro dele, que desapareceu logo em seguida.

   Os prisioneiros começaram a festejar. A princesa Kakyuu despertou no mesmo momento. Venus, Mercury, Mars, Jupiter e Glow correram em sua direção enquanto as outras sailors libertavam os demais prisioneiros. Minako então falou, com sua voz histérica:

   -Princesa Kakyuu! Você está bem?

   -Garotas... – disse a representante de Kinmoku – Como chegaram aqui? Como souberam o que estava acontecendo?

   -Shadow Sun também invadiu a Terra! – respondeu Rei – E ela levou Sailor Moon para seu palácio! Essa menina nos ajudou – Mars se virou para Glow –, e nos disse que ela também tinha invadido seu planeta e que o Labirinto Galáctico estava... Ancorado aqui...

   -Essa não! Que tragédia!

   -Princesa Kakyuu... – começou Jupiter – Onde estão as Starlights?

   -Elas... Foram capturadas por Shadow Sun! Quando essa guerreira lendária invadiu nosso planeta, elas tentaram nos proteger! Porém a adversária era forte demais e as derrotou facilmente, e depois as levou para seu palácio!

   -Essa não! – havia um tom de desespero na voz de Mercury.

   -Precisamos entrar no Labirinto Galáctico o mais rápido possível! – exclamou Mars – Mas... Onde é sua entrada?

   -É logo ali. – disse kakyuu ao apontar para uma pequena e larga pedra redonda que se situava a uns 40 metros de onde elas estavam. Minako tornou a falar, com certo otimismo:

   -Nossa... Essa foi fácil! Então, vamos?

   -Precisamos terminar de libertar os habitantes. – disse Mercury – Assim que eles e a princesa Kakyuu estiverem a salvo...

   -Eu vou com vocês! – exclamou a guardiã do planeta, e antes que alguém dissesse que era perigoso, ela explicou que precisava ajudar as Starlights e que ninguém a impediria. As protetoras da princesa da Lua não tiveram outra opção a não ser concordar. Então, quando todos os habitantes estavam livres das correntes, as oito sailors, Glow e Kakyuu se dirigiram para a pedra circular. Ao chegarem lá, notaram que havia diversos símbolos na pedra. Glow então falou:

   -É uma espécie de portal! Deve nos transportar para dentro do palácio de Shadow Sun!

   -Haruka – disse Neptune em uma voz tão baixa que só ela e sua companheira conseguiriam ouvir a conversa –, é muito suspeito que Glow saiba tanto, não acha?

   -Concordo – respondeu a guerreira dos céus –, vamos ficar de olho nela! E ao qualquer sinal de atitude suspeita, nós agiremos rapidamente!

   -Princesa Kakyuu – Makoto começou a falar, e imediatamente Uranus e Neptune terminaram sua conversa –, tem certeza de que quer ir?

   -Tenho! – respondeu a guardiã de Kinmoku – Já deixei uma subordinada minha para proteger o planeta enquanto eu estiver fora, e preciso ajudar as Starlights! Elas protegeram a mim e a meu povo até o último instante!

   -Então... Vamos indo! Subam na pedra!– disse Glow enquanto pegava a joia de Shadow Sun. Todas obedeceram à jovem de cabelos ruivos. Ela levantou o cristal vermelho para o auto, e então, as escritas na pedra começaram a brilhar intensamente, até que uma forte luz envolveu o grupo. No momento seguinte, todas notaram que não estavam mais nos campos de Kinmoku. Agora estavam em uma pequena sala circular, com paredes de mármore e oito grandes portas. As mesmas escritas que estavam na rocha, se encontravam nas paredes do local.

   -Onde nós estamos? – perguntou Pluto.

   -Na entrada do Labirinto Galáctico! – respondeu Glow – Agora, antes de tudo, preciso explicar como esse local funciona...

   -O que você quer dizer com isso? – a voz de Uranus mostrava um grande ar de desconfiança.

   -Esse não é um labirinto qualquer! Ele funciona de uma maneira incomum! Dentro dele, há nove grandes salões, rodeados por diversas escadarias e plataformas que agem de maneira... Peculiar... Elas literalmente mudam de lugar...

   -Elas... Elas se movem? – Ami não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.

   -Sim – disse Glow –, elas mudam de local para que qualquer que entre nessa fortaleza siga um caminho desconhecido. Por isso é chamado de Labirinto!

   -Escadas que se movem? Se parece muito com aquela saga sobre um menino bruxo... – Minako começara a falar, mas parou no exato momento em que notou as feições nos rostos de suas companheiras.

   -Então não há um caminho correto a seguir... – comentou Neptune – Não importa qual das oito portas iremos atravessar, podemos ficar presas aqui para sempre!

   -Talvez... Seja melhor nos separarmos... – a voz de Kakyuu, apesar de baixa, ecoou por todo salão. As sailors a olharam, percebendo que ela estava com a razão. Se quisessem salvar Usagi, Mamoru, Chibiusa e as Starlights, elas teriam que se dividir. Sailor Mars então falou:

   -Então vamos nos dividir! Cada uma de nós vai atravessar uma porta diferente.

   -Espera! – disse Mercury – Somos dez e só há oito portas! Teremos que fazer duas duplas! E nenhuma delas poderá ter mais de uma sailor para que nem Glow e nem a princesa Kakyuu fiquem sozinhas!

   -Mercury está certa. – comentou Hotaru – Então, como faremos a divisão?

   -Talvez Glow possa ir com Venus... – disse a representante de Kinmoku – Ela é a líder das protetoras da princesa da Lua, não é mesmo? E Glow é a que tem melhor conhecimento sobre esse lugar. Acho que seria melhor para acharem Sailor Moon e a ajudarem rapidamente! E eu... Gostaria de ir com Sailor Jupiter se permitirem...

   -Por que eu? – perguntou Makoto.

   -Eu sinto sua grande preocupação com as Starligths! E para salvar as três, precisarei de alguém que tenha uma grande força física!

   Uranus e Neptune estranharam a atitude de Kakyuu. Foi um raciocínio rápido e eficaz, mas um pouco suspeito. Porém, elas resolveram concordar com a ideia dela. Então, todas se posicionaram em cada uma das portas, que se abriram no mesmo instante.

   -Boa sorte a todas! – disse Venus. As oito guerreiras, a princesa e Glow entraram em túneis escuros e estreitos. Sailor Pluto sentiu seu coração acelerar rapidamente, enquanto caminhava em direção ao desconhecido. Então uma forte luz apareceu e a guerreira do submundo pode ver o final do corredor. Ao sair dele, ela se deparou com um local incrível e ao mesmo tempo, perturbador. Centenas de plataformas e escadarias de mármore que pareciam flutuar no meio do nada. Setsuna olhou para os lados, para tentar avistar uma de suas companheiras. Porém, não parecia haver ninguém lá. Era como se ela estivesse sozinha naquele lugar arrepiante e belo.

   Pluto começou a andar sobre uma grande plataforma em direção a uma escadaria que a levaria a um lugar mais elevado. Mas no último instante, a ponte onde ela caminhava começou a se mover e se posicionou em um local cujo destino era uma escada que a faria descer. A sailor, desconfiada, hesitou por alguns instantes e depois continuou seu caminho. Chegou ao final da plataforma e desceu todos os degraus, até chegar a uma espécie de salão, com grandes colunas brancas na entrada. Ao entrar no lugar, a guerreira se deparou com uma grande sala escura. Não havia como enxergar nada, a não ser uma sombra a sua frente.

   -Quem está ai? – gritou Pluto. Uma voz grossa ecoou no lugar, a alertando para se posicionar para combate. Então, uma sailor surgiu das sombras. Ela tinha cabelos curtos e escuros. Seu traje de guerreira, idêntico aos trajes do Sistema Solar, era marrom e dourado, e em seus pulsos, havia braceletes, de cor dourada e preta. Setsuna perguntou, com um tom de ameaça em sua voz:

   -Quem é você?

   -Eu sou uma guerreira que lutava para proteger o planeta Vênus e a Lua antes da existência do Milênio de Prata... Sou Sailor Astarte! E serei sua oponente!

   Continua no Capítulo 5: Revolução de Chronos.