Amor é bem complicado... escrita por CCris


Capítulo 16
?Devo ou não perdoar




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Passados algumas semanas Débora veio definitivamente para Vegas, Sara insistiu que fosse morar com ela, mas Débora disse que precisava de seu próprio lugar, caso contrario iria ficar segurando vela para ela e Gil e de qualquer forma elas geralmente se trombava de alguma form pela delegacia ou mesmo no laboratório, infelizmente a quantidade de casos que necessitava de cuidados da assistência social só vinham aumentando.

Sara a alguns dias comentara com Débora que estava achando Gil estranho, tinha chegado no dia anterior reclamando de enxaqueca e que há dois dias não passavam a manhã juntos como sempre vinham fazendo.

– Vai ver ele está mesmo com enxaqueca né Sara? Deixa de paranoia, ele está bem.

Grissom por sua vez também achava estranho o comportamento da namorada que de repente passou a vê-la muito mais com o celular em mãos do que via anteriormente, ambos resolveram não dar asas a imaginação e não indagar a respeito.

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Sara estava saindo de seu carro para entrar no laboratório e avista Grissom do lado de fora do seu carro organizando algumas pastas nas mão. Resolve então se aproximar:

– Ei? – Ele que estava de cabeça baixa e não percebeu sua aproximação levanta o olhar e lhe responde com um sorriso.

– Oi! – Sara nota que ele tem o que aparenta ser uma mancha de batom pegando o canto de sua boca e bochecha, a cor do batom era nude, quase imperceptível de longe.

– Isso é batom? – Ela pergunta sem muita hesitação.

– Oi?

– Você tem uma mancha de batom no canto da boca. – Disse com a voz já entristecida.

– Ou! Talvez tenha sido Gerda,

– Desde quando Gerda te beija na boca Gil? – Disse e saiu deixando-o só no estacionamento.

Gil bufou em frustração e entrou minutos depois no laboratório. A noite passou normalmente, não fosse pela frieza em que Sara vinha lhe tratando assim como também evitando muito contato. Sara tinha resolvido que iria de uma vez por todas tirar essa historia a limpo e seria nesse ao fim do expediente.

Chegando ao fim do expediente foram embora, Sara como vinha fazendo durante todo o expediente não dirigiu a palavra a Grissom, indo embora antes que ele tivesse oportunidade de tentar se explicar. Grissom resolveu da-la espaço e não procura-la de imediato, dirigiu seu carro pra casa na intenção de tentar almoçar com ela e assim conversar, porém ao chegar em frente de casa nota o carro de Sara estacionado no mesmo local de todo dia, com ela ainda dentro. Ele se aproxima e nota que ela esta novamente com o dito cujo celular na mão, estava começando a pensar que de repente ela poderia ter se interessado por outra pessoa, esse pensamento o deixou triste, sabia que se hoje isso viesse a ocorrer ele tinha boa parcela de culpa.

Ao chegar na janela que estava fechada, bate de leve e quando ela abre o vidro ele pergunta:

– Podemos tomar café primeiro?

– Claro, mas antes preciso de um banho pra esfriar a cabeça.

– Tudo bem.

Entraram ambos em casa, Gil deixou suas coisas em cima da cama no quarto e saiu para comprar algo, como achava que ela não iria estar com ele aquela manhã não havia comprado nada. Para Sara o momento era perfeito, logo que ele saiu ela pegou o celular dele e o virou do avesso. Viu varias ligações feitas e recebidas entre ele e Rachel, alguns SMSs, mas um em particular chamou sua atenção.

Eu também achei e sinto sua falta, quero que saiba que você foi o único com quem fiquei desde que nos separamos...

Sara não leu o resto, seu estomago estava embrulhando com aquela mensagem, sabia que era a resposta de algo que ele havia afirmado a Rachel e pior foi a afirmação do “fiquei” presente no SMS. Sara como geralmente, começou um pequeno tremor em suas mão, só que dessa vez ela não veio a se tornar acuada, mas sim enraivecia. Pegou seu próprio celular, e enviou um SMS para um numero que a dias vinha lhe importunando o juízo.

Sinto pena do quanto alguém é capaz de se rebaixar devido a um coração partido! Acha mesmo que ele ainda te quer? Acredita mesmo que ele ainda te ama? Como pode ser tão cega e sem amor próprio? Parta pra outra que infelizmente o coração dele já tem nova dona!

Sara não sabia de onde tirara aquela audácia, vinha a dias trocando SMS com alguém que sempre lhe dizia que seu namorado não é fiel, ou que ela deveria prestar mais atenção nele, e só naquele momento ao identificar o numero de Rachel no celular de Grissom foi associar quem era seu importunador. Até então respondia que a pessoa a deixasse em paz, ou que procurasse algo melhor pra fazer, ou mesmo perguntava quem era. Tentou ligar, porém sempre desligavam a ligação no primeiro toque, chegou a achar que poderia estar sendo perseguida por algum criminoso que ajudara em sua condenação ou algo do tipo, mas agora que entendeu estava tão saturada de ser a boa moça! Alguns instantes o celular de Gil toca, numero confidencial.

– Alo? - Sara atende.

– Quem fala?

– Você deve saber não? Pra quem ligou?

– É o celular da Lara?

– Não se faça de desentendida!

– Desculpe, liguei errado. – Em seguida a ligação foi encerrada, Sara sabia que não havia sido ligação errada coisa nem uma. Nesse instante recebeu um SMS de resposta no seu celular:

Se tem tanta certeza que ele não quer mais nada comigo, pergunta a ele quem dorme ai nas folgas dele que não coincidem com as suas? Você é quem está se iludindo, sei pela boca dele que você é só uma aventura, é mais nova que eu e por isso todo esse encanto dele. Eu sou quem ele deve ter ao lado, não você, uma garota que mais parece ser a primeira vez que se apaixona. Se duvida tanto do que digo, preste atenção na marca que deixei nele ontem depois que nos encontramos.

Com a ultima declaração as duvidas que Sara tinha foram completamente sanadas, ela estava sim sendo traída, disso ela tinha certeza, só que precisava de uma explicação. Nesse instante Sara ouviu barulho na cozinha, provavelmente Gil voltara das compras e estava preparando o lanche deles. Sua vontade era sumir dali e nunca mais ver a cara de Gil, mas ao mesmo tempo sentia uma dor em seu peito tão grande que mal conseguia respirar direito, decidiu por fim ir embora, mas não sem antes tirar aquela historia a limpo e por um fim na situação.

Chegou a cozinha e o encontrou de costas guardado alguma coisa na geladeira, Grissom se virou e encontrou uma Sara séria a lhe encarar.

– Está com fome? – Perguntou ignorando a carranca da namorada.

– Precisamos conversar! – Disse ríspida. Ambos ouvem barulho de chave na porta.

– Pode ir ao quarto, Cristy veio mais cedo pra casa devido a alguns testes que está fazendo, teremos mais privacidade lá. – Nesse instante Cristy chega cumprimentando ambos e logo nota a tensão.

– Oi! Algo errado?

– Oi Cris! Nada querida, vá lanchar que eu e seu pai temos que conversar. – Diz Sara depois de receber um abraço da enteada. Cristy sabia que algo estava errado, mas não perguntou mais nada, só sentou no balcão e começa a se servir de suco, enquanto vê o pai e a madrasta seguirem para o quarto. Chegando ao quarto Gil tranca a porta e senta na cama dando tapinhas a seu lado para que Sara sente.

– Então?

Sara não diz nada, só estende o celular dele que ainda estava com o mesmo SMS em aberto.

– Sara, já falamos sobre isso, não se deixe cegar por isso...

Antes de ele terminar ela estende a ele o celular dela. Ele lê as mensagens trocadas e com olhar cabisbaixo permanece sem dizer uma palavra.

– Por que? – Ela pergunta já com lagrimas descendo de seu rosto.

– Não significou nada!

– Não me importa o que significou pra você, importa o que significou pra mim. Você traiu a minha confiança! – Alguns minutos em silencio. – Você dormiu com ela?

– Isso não importa...

– Você dormiu com ela?

– Sim! – Nesse instante Sara já não controlava mais as emoções e as poucas lagrimas se tornaram um choro sentido e dolorido.

– Aqui?

– Sara...

– Aqui?

– Sim!

– Quando? Por que? O mínimo que você me deve é uma explicação clara e detalhada se é que tem esperanças que um dia te perdoe! - Depois de uma pausa ele iniciou o relato sem encara-la.

– Essa semana ela pediu para conversar comigo, na verdade a dias que insistia, as vezes até usando Cristy. Em fim resolvi dar o que ela queria e em minha ultima folga ela veio a minha casa depois que você saiu, Cristy iria passar a noite na casa de uma amiga então pouco depois se despediu nos deixando a sós. Sabia que ela iria começar com todo o drama show que vinha fazendo desde que nos separamos, então peguei minha garrafa de Whiski pra tentar engolir toda aquela tortura, por resumo eu bebi de mais. Depois de muitas doses ela chorava dizendo que seria minha amante se eu quisesse, mas que não podia viver sem mim... Depois disso acho que o álcool começou a falar mais alto, lembro que ela começou a querer me acariciar e eu a parei e depois mais alguns flashes de estar beijando alguém. Além disso o que me lembro é acordar na manhã seguinte com enxaqueca e um bilhete dela a meu lado dizendo que nossa noite havia sido perfeita e esperava poder repeti-la.

– E depois o que? Você enviou um sms pra ela dizendo o quanto a noite de vocês foi boa e que tinha saudades dela, porque o SMS dela me dá a entender que você declarou algo a ela.

– Disse no SMS que a noite anterior tinha sido inexplicável e que precisava falar com ela sobre isso, só que ela em seu pensamento doentio entendeu que o meu inexplicável significava que foi bom. Só percebi isso quando recebi a resposta dela. Ontem a noite ela apareceu aqui novamente antes de eu ir trabalhar, não sabia que ela viria, mas aproveitei para por a historia em pratos limpos e após explicar pra ela que nunca mais aquilo iria se repetir, que tinha sido um erro da minha parte e pedir que ela me deixasse em paz ela tentou me beijar, no que ela fez isso tentei virar o rosto, o que deixou a marca que você viu... - Durante todo o relato Gil não encarava Sara.

Ela começou a sentir seu corpo tremer e sabia que provavelmente a pressão iria subir, então sentou na outra extremidade da cama com o rosto escondido entre as mão chorando feito uma criança, nunca imaginava sentir tanta dor por conta disso, já tinha passado por outros relacionamento conturbados e alguns muito mais do que este um dia poderia ser, mas nunca sentira tamanha dor quanto sentia agora.

Sem que ela percebesse Gil foi até sua bolsa e buscou o doce que ela geralmente tinha consigo. Ajoelhou de frente a ela e lhe entregou o doce sem dizer uma palavra, Sara não tinha muita opção, então só pegou o chocolate e comeu sem encara-lo.

– Amor eu não espero que entenda ou me perdoe, eu até imaginei que mais cedo ou mais tarde essa historia fosse vir a tona, mas não sabia como lhe contar isso e achei que seria inútil tentar me explicar. Entendo se não quiser mais nada comigo, mas preciso que me ouça, Eu amo você, não ela. Eu me satisfaço com você fisicamente e emocionalmente , não tenho necessidade alguma de buscar em outra mulher independente de quem seja. Você é com quem eu quero passar o resto da minha vida, é com você que quero poder dividir uma casa, te apresentar a meu amigos como sendo minha! Eu não quero mais nada com ela, ela é passado que agora mais que nunca vai permanecer no passado. Mesmo que você saia daqui hoje tendo terminado comigo, meu coração ainda vai estar com você e ela mesmo assim não teria chances de ter algo novamente comigo. Por favor amor, me perdoa? Não posso mais ficar sem você! Não termine o que temos.

Sara ouvia tudo em silencio e com um olhar perdido.

– Sabe o que mais eu nunca mais tinha sentido desde que meus pais foram tirados de mim? – Grissom não entendeu a pergunta dela inicialmente e depois de uma pausa ela continuou. - O que sinto agora, a perca da segurança que eu pensava ter. A perca da confiança em alguém que depositei toda a minha fé. A perca da sanidade por acreditar que isso daria certo de alguma forma sem que eu ficasse marcada, mas o que é mais uma marca dentre tantas outras não é mesmo?

– Sara, por favor não termine comigo!

– Eu preciso sair! Estou sufocada aqui! – Disse e pegou sua bolsa saindo do quarto e se dirigindo para fora de casa. Gil não a seguiu, simplesmente levantou e se jogou na cama lamentando o tamanho da besteira que tinha feito.

Fora da casa de Gil ela entra no carro e liga para Débora.

– Oi Sara!

– Pode se encontrar comigo?

– Tudo bem, estava saindo para meu intervalo de lanche, quer comer alguma coisa, já tomou café da manhã?

– Ótima ideia, estou faminta.

Pouco depois estavam ambas degustando um lanche e Sara contava o ocorrido, ao fim Débora entende a mão e afaga a mão da amiga.

– Sabe, eu posso não ser a melhor pessoa no mundo para dar conselhos amorosos, mas vou te contar uma história:

Pouco antes de conhecer meu falecido marido Carlos, eu estava noiva de um rapaz, ele cursava medicina na mesma faculdade que eu na época e como você sabe Carlos era meu colega de turma na assistência social, bem... Eu e Carlos éramos muito amigos e encontramos juntos o projeto em que te conheci e que até hoje faço parte, a ideia de ajudar aquelas crianças para nós era fascinante, porém para Louis, meu noivo, não. Ele acreditava que filantropia era perca de tempo, queria ser médico para ganhar bem e não para ajudar. Um dia em meio a uma discussão sobre o assunto sai do campos irada com ele e me isolei em determinada parte da quadra de esportes, pouco depois Carlos me achou lá e me consolou por um tempo e esse consolo acabou se tornando um beijo e esse beijo foi se tornando algo mais... Em fim, ao fim da semana eu estava decidida a terminar com Louis e tentar algo com Carlos e foi isso que fiz, porém algumas semanas depois Louis veio a mim com uma declaração altamente romântica de que me amava e que precisava de mim... E eu apesar de tudo estava confusa sem saber quem exatamente eu amava ou se não amava nem um deles e nesse dia acabei ficando com Louis. No dia seguinte não tinha cara para encarar Carlos, então ele chegou pra mim e disse:

– Dé, não precisa me dizer nada, eu imaginava que isso poderia acontecer! Não precisa se preocupar comigo. – Carlos foi a pessoa mais altruísta que já conheci na face da terra, a única coisa que consegui fazer foi implorar pelo perdão dele e ele me responde. – Esta tudo bem, você ama ele!

– Mas eu amo mais você! – Disse enterrando meu rosto no peito dele.

– Quando você pensar que ama duas pessoas, fique com a segunda, porque se realmente amasse a primeira, nunca teria ido atrás da segunda! Pense nisso e decida, independente de sua escolha eu a apoiarei como sempre tenho feito, porém não lhe dou certeza se em ambas as opções permanecerei nessa faculdade. Recebi uma bolsa para Harvard e dependendo de sua resposta decidirei se vou aceitá-la ou não.

O que quero dizer é que depois dessas palavras de Carlos, as duvidas que eu antes tinha foram completamente lavadas, naquele momento foi que percebi que amava Carlos e não Louis.

Fim do relato

– Não estou dizendo que o que fiz, ou que Grissom fez é justificável, ou que você tem de ter o mesmo altruísmo de Carlos, mas quero que considere que ele pode realmente estar arrependido.

– Nunca imaginei você defendendo o Gil. Espera um minuto, você finalizou sua faculdade em Harvard não?

– Sim! Conversei com meus pais e eles me ajudaram a pagar a mensalidade até que consegui uma bolsa pra mim também.

– Então acha que devo perdoá-lo?

– Deve pensar nas consequências de seus atos, se não perdoá-lo vai sofrer e com o tempo vai passar. Se perdoá-lo vai sofrer e com o tempo vai passar. A grande diferença é se vale a pena ou não o sofrimento de perdoa-lo. Quando Carlos resolveu me perdoar, tudo o que pude pensar foi que eu buscaria com todas as minhas forças fazê-lo feliz, e você bem sabe que nossa vida juntos era ótima, posso não ter realizado todos os desejos dele, mas também sei que não o fiz se arrepender da decisão. – Por alguns instantes Sara ficou pensativa, então Débora pergunta. - Você realmente o ama? Você sente aquela dorzinha que Carlos uma vez te disse que sentiria quando amasse alguém de verdade?

– Me lembre de na próxima vez que formos visitar o tumulo de Carlos reclamar com ele porque não é só uma dorzinha e sim uma dorzona. – Falou isso com a voz embargada e ao fim uma lagrima escorreu por seu rosto.

Minutos depois Débora voltou ao trabalho e Sara foi pra casa.


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