Scream 2016 escrita por S Nostromo


Capítulo 11
N-hihahaha!




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            Eu mudei quando ataquei algumas pessoas no posto de gasolina, e eu mudaria novamente quanto matasse Emily. Era a única coisa que eu pensava: Emily morta. Matar, matar, matar... Queria ver tripas dilaceradas e muito sangue. N-hihahaha!

            Agarrei Emily pelas pernas e caímos. Seu grito ao ter a faca enfiada na panturrilha foi música para meus ouvidos. Ela chutou em meu nariz quebrado. Os inevitáveis olhos lacrimejaram, e pude ter noção do quão é doloroso e estranho receber um chute em um nariz quebrado. Mas o que era estranho era diferente, e o que era diferente me atraía. Comecei a agarrar em suas roupas enquanto ela me arranhava e tentava me bater. Tudo ficou embaçado por um segundo, senti certo mal estar, uma dor estranha no peito. Eu estava morrendo? Não sabia exatamente o que estava acontecendo comigo, o que o desejo estaria causando dentro de mim, mas a dor latejante de um nariz com ossos e cartilagem em pedaços começava a se tornar um prazer. Por um segundo pensei que poderia ganhar outro chute facilmente, para desfrutar da dor insuportável, que eu jamais havia sentido antes, apenas porque ela era... fora do comum.

            Meus pais morreram quando eu era adolescente. Uma explosão na cozinha matou ambos. Era o que eu dizia para todo mundo, e recebia algum conforto como “sinto muito”, “que horror...”. Mas não foi um acidente. A cozinha não explodiu sozinha. Alguém deixou o gás ligado, e quando acenderam o fogo... Kaboom! Era o que eu dizia para todos, sempre a mesma história, mas eu nunca acreditei nisso. No fundo, bem no fundo, eu sabia que eu havia matado meus pais, eu liguei o botão do gás. Eu nunca aceitei isso, porque eu não entendia o motivo. Não entendia porque quis matar aqueles que me amavam. Eu não queria admitir para mim mesmo que eu havia matado meus próprios pais. Mas no fundo eu também sabia que aquilo me fez bem, mas também não queria aceitar. E hoje entendo muito bem o motivo. Era esse desejo de querer ser único fazendo algum efeito. Porque me fazia um assassino e mentiroso, e me fazia bem. Eu não conseguia seguir a vida normalmente como todos. Eu era uma aberração, um monstro vivendo em um corpo humano e fim de história! Eu era bizarro e perfeito... N-hihahaha!

            Vozes começavam a me dizer como matar Emily. Meus pensamentos estavam ganhando vida. Eu a via estraçalhada em pedaços. Decapitada. Esfaqueada brutalmente. Pedaços do seu corpo espalhados pelo chão. Sangue, muito sangue. Eu era o ghostface, eu era diferente.

            E as vozes gritando para matar Emily.

          Mas às vezes eu via algo que me parecia ser a realidade. Meus dedos machucados por segurar o cabo da faca com tanta força. O suor escorrendo pelo rosto, misturando ao sangue seco na pele. A faca fincando no chão porque Emily desviava dos golpes desesperadamente. O olho roxo queimava. A dor no peito parecia estrangular meus pulmões. Eu estava morrendo?

            E as vozes dizendo para matar Emily.

            Suas unhas arranhando meu pescoço. Meu punho acertando sua boca. A faca cortando a pele...

            Eles repetiam para matar Emily.

        O gosto de sangue na boca, que eu já estava acostumado. Alguns dentes meus caindo pelo chão. Emily tossiu sangue. Senti-me meio grogue. Eu estava morrendo? Eu queria ser único...

            Eles berravam dentro da minha cabeça.

       A faca. Ah minha querida faca. Aquela que tentou me matar um dia, agora estava ao meu lado, me ajudando na busca por uma alma endemoniada.

            As unhas de Emily arranhavam por cima dos ferimentos, mas no fundo eu gostava. De um jeito um tanto desengonçado consegui apoiar o antebraço em seu pescoço. Não consegui mirar muito bem, ações simples começavam a me custar muita energia física. Consegui rasgar o ombro de Emily com a faca enterrando e partindo sua carne. Suas mãos geladas que seguravam meu braço em tentativa de retirar a faca afrouxaram. As lágrimas que escaparam dos seus olhos, eu não sabia dizer se eram de dor ou tristeza. Ela perdeu as forças, não ia conseguir lutar nem mesmo por mais um segundo. Sorri, deixando o sangue escapar entre os dentes. O rosto de Emily parecia levemente duplicado, um tanto escuro também. Onde deixei minha máscara? Eu estava morrendo? Gargalhei.

            - Acabou, Emily...

            Pude notar uma luz artificial se tornando intensa nas paredes. Então me lembrei da maldita policia, eles estavam preste a chegar, não era? Retirei a faca com certa violência, um fio de sangue voou pelo ar. Tentei focar nos olhos de Emily. A vida... Desgraçada. Colocou uma troca naquele momento. Eu podia matar Emily com prazer e dignamente, mas não daria tempo de fugir. Real Woodsboro II seria concluído e teríamos um Abel preso como qualquer criminoso babaca e provavelmente julgado com sentença de morte. Ou, eu poderia abandonar tudo, Emily sobreviveria e eu... Bem, eu não sei... Eu estava morrendo? Basicamente o que tanto queria custaria a minha vida. Ajoelhado em cima de Emily, olhei para trás. Mais sangue me escorreu pela boca, pingando na roupa. Bati a ponta da faca no chão de madeira com ritmo, impaciente, pensativo. Senti um estranho mal estar, minha ameacei desmaiar. É. Eu estava morrendo. Que droga... Qual escolha fazer?


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