POV’S Ghost

Eu e Mari estávamos na piscina.

Era o nosso último dia na casa de Frederick, então, eu e ela por lá ficamos, aguardando sermos chamados para voltarmos para a pizzaria.

Bem, não posso dizer que estou feliz em voltar...

Ei, não me levem a mal, adoro meu trabalho e tudo o mais, mas nós, animatronics, só poderíamos nos ver de noite.

Mas bem, eu e Mari estávamos conversando sobre...bem, sobre tudo, quando eu me lembrei que ainda não havia professado meu amor por ela ontem, no dia da festa. Respirei fundo, então eu comecei:

–Mari, eu tenho uma coisa muito séria pra te falar...

Ela olhou para mim e deu um leve sorriso. Meu coração acelerou e meu rosto esquentou.

–Sim, Ghost, estou ouvindo...-disse ela.

Vamos, você consegue, pensei, basta dizer as três palavras juntas! “Eu te amo!”.

–Mari, faz muito tempo que eu quero dizer isso, então, lá vai-respirei fundo- eu te...

Fui interrompido quando ouvimos gritos altos. Olhamos para a porta das escadarias e vimos ela ser arrebentada e cair com um baque no chão.

Então, um bando de animatronics aparecem, de roupas de banho, e pulam na piscina com um grande “SPLASH!”

Uns tem asas, outros tem caudas de escorpião, outros são comuns.

Bem, minha confissão foi por água a baixo.

POV’S Charlie

Eu estava exausto! Todo dolorido! Argh, aqueles caixotes de ontem eram muito pesados! Acho que eu preciso voltar para a academia...

Eu estava no meu escritório, resolvendo e assinando alguns contratos, com Víncent ao meu lado, fumando aqueles estúpidos cigarros fedorentos.

Olhei pelo canto do olho para Víncent.

–Eu não já mandei parar de ser fumante?-resmunguei- pelo menos não fume aqui dentro!

Víncent fingiu não ouvir e soltou uma baforada do cigarro. E aí, eu vi.

Ou melhor, eu não vi alguma coisa.

Onde estava o distintivo de vigia do Víncent?

–Vínce, onde diabos está seu distintivo?-perguntei, curioso.

Víncent olhou para o próprio peito e ficou surpreso ao constar que seu emblema dourado não estava ali. O homem de roxo limitou-se a dar de ombros.

–Devo ter esquecido em casa- opinou ele- ou na lavanderia...

Suspirei e assenti. Olhei para o relógio da parede. Eram 11:30.

–Vínce, vamos, temos que ir buscar os animatronics!-apressei-o, já me levantando.

Ele jogou o cigarro no lixo.

–Então vamos-resmungou ele.

Saímos da pizzaria correndo e entramos no meu carro.

POV’S Víncent

Chegamos naquela empresa estúpida as 12:00 em ponto. O idiota estraga-prazeres do Fazzfuck não me deixou fumar no carro.

Fomos cumprimentando todos daquele estabelecimento. Ninguém mais nos lançava olhares atravessados nem nada. Quando chegamos para falar com Peneloppy, a secretária gata que infelizmente é casada, ela não sorriu.

Na realidade, parecia furiosa, como se estivesse se controlando para não esganar alguém. Ela nos cumprimentou de modo frio:

–Bom dia, Sr. Charlie, Sr. Víncent...

–Bom dia, Peneloppy!-cantarolou Fazzbear, não percebendo que Peneloppy estava irritada- tudo bem com você? Parece cansada...

Peneloppy forçou um sorriso.

–Eu só tive um pequeno...desentendimento com meu marido...-disse ela.

Opa, opa, opa, brigou com o maridão, hein? Eu pisquei para Peneloppy.

–Se ele não está dando conta do recado, eu estarei sempre disponível, boneca...-ronronei.

Ela forçou outro sorriso, mas parecia estar se contendo para não vomitar.

Acho que é só impressão minha.

É, deve ser só impressão minha, afinal, eu sou irresistível!

–O Sr. Robbins aguarda-os lá em cima-avisou Peneloppy.

Ué, aguarda?

–Obrigado, Peneloppy!-agradeceu Fazzfuck.

Entramos no elevador.

Mal sabíamos que Peneloppy e o marido não tinham brigado.

Mal sabíamos que Frederick havia achado o diário e o distintivo.

Mal sabíamos que estávamos ferrados.

POV’S Frederick

Eu e todos os animatronics estávamos na sala, aguardando a chegada de Fazzbear e Víncent. Nenhum deles sabia do que eu e Louise havíamos descobertos.

Apenas nós, os humanos (eu, meus filhos, Anne, os vigias e minha esposa), sabíamos de tudo.

Vaneloppe estava furiosa, irada. Diana estava mais lamuriosa, mas ainda estava zangada. Michael tinha cara de quem iria matar Fazzbear e Víncent se os visse. Minha esposa estava chocada e chorosa, pois ela agora sentia o peso da morte do nosso pequeno Freddy, que não estava morto, era um robô agora. Ana e suas amigas estavam chocadas, também um pouco chorosas. Louise estava furiosa, indignada, zangada. Mike, Jeremy e Scott estavam chocados e pasmos. Anne ainda chorava um pouco ao perceber que seu tio era, na realidade, um grande assassino.

Os animatronics estavam confusos, mas sempre que perguntavam o que estava acontecendo, nós mudávamos de assunto ou dávamos respostas breves e vagas.

Então, as portas do elevador se abriram. Um sorridente Fazzbear e Víncent entraram. Assim que viram os animatronics, perderam os sorrisos. Pareciam angustiados, nervosos, até.

Nenhum animatronic se moveu. Fazzbear sorriu para mim enquanto eu me aproximava.

–Oh, Fred, que incrível!-divagava Fazzbear- nunca vi tantos animatronics juntos num só lugar. Nem sei como te agra...-eu o soquei na cara.

Os animatronics soltaram um arquejo. Víncent estava prestes a me dar um murro, mas Michael se adiantou. Meu filho o chutou no estômago e Víncent caiu. Michael o chutou mais uma vez, mesmo que ele já estivesse caído, e rosnou para o homem de roxo.

Fazzbear, apertando o rosto, olhou para mim, pasmo.

–Fred, amigo, por que você está fazendo is...-começou ele.

–CALE A BOCA!-berrei- NÃO ME CHAME DE “AMIGO”, SEU ASSASSINO!

A raiva queimava e borbulhava dentro de mim, como um vulcão prestes a entrar em erupção.

–Fred, do que você está falando?-questionou Fazzbear.

–SEU FINGIDO!-cuspi- EU ACHEI O DIÁRIO! EU VI A FITA DE GRAVAÇÃO! VOCÊ...VOCÊ MATOU INOCENTES PRA LUCRAR! VOCÊ MATOU O MEU FILHO, SEU DESGRAÇADO! O MEU!

Fazzbear ficou de olhos arregalados, mas não discordou nem tentou se defender. Ele olhou para mim, suplicante.

–Ah, Fred, você não entenderia...-murmurou Charlie- você sempre teve tudo! Eu não tinha opção, eu precisava fazer isso, eu...eu...-ele olhou para a própria sobrinha, Anne, que estava aos prantos- ah, minha menina, não chore, por favor. Você entende que eu fiz isso por que era necessário, não?-ele foi em direção a sobrinha, pronta para abraça-la.

Anne estava vacilante, e, por um momento, achei que ela fosse abraçar o tio e gritar que ele era inocente. Mas aí, a ela gritou:

–MONSTRO! NÃO ADIANTA BANCAR O SANTO! EU SEI DO QUE VOCÊ FEZ! VOCÊ MATOU CRIANÇAS, ADOLESCENTES INOCENTES QUE TINHAM A VIDA INTEIRA PELA FRENTE! EU PODERIA TER SIDO UMA DESSAS VÍTIMAS! EU TENHO NOJO DE TER PARENTESCO COM VOCÊ! VOCÊ É UM ASSASSINO MENTIROSO! EU TE ODEIO!

Fazzbear parecia ter levado uma facada no peito. Anne começou a chorar de novo, e Michael a abraçou, murmurando algumas coisas reconfortantes.

Freddy, o urso, levantou, confuso, e olhou para mim. Parecia aterrorizado.

–Do que...do que vocês estão falando, Frederick?-perguntou Freddy.

As lágrimas começaram a deslizar pelo meu rosto. Eu pus uma mão no ombro de Freddy e apontei para Fazzbear e Víncent, que ainda estavam caídos no chão.

–Está vendo esses dois?-perguntei- eles são os responsáveis por tudo. Por vocês estarem mortos, por serem robôs e trabalharem como bonecos de uma pizzaria...

Freddy ficou pasmo. Sua boca abria e fechava, como se ele fosse um peixe. A grande parte dos animatronics arquejou.

–Fred, você não entende?-perguntou Fazzbear- eu precisei fazer isso! Eu precisei matar, eu...

–Não há desculpas-falei, e me surpreendi pelo meu tom calmo- por matar tantas pessoas... você matou...o meu filho...e o de muita gente...e os transformou em atrações para esses seu shows de horrores...

Freddy olhou para mim.

–Seu...filho?-gaguejou o urso- o que...como...aconteceu...ele...hum...

Eu dei um sorriso triste para o urso.

–Freddy, eu sou o seu pai-falei.