Anjo da Salvação escrita por Ayka Uchiha


Capítulo 23
Capitulo 23 - Coração da Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Oi amados, depois de um tempo sumida finalmente voltei.
Muito obrigada pelos comentários, eles são maravilhosos.. Meu coração se aqueceu com cada um deles. VCs são os melhores.
E informo que chegamos ao meio da historia. Portanto os acontecimentos do cap de hoje vão ser, praticamente, o começo do fim.. Infelizmente,
Então vamos ao que interessa.
Boa leitura e nos vemos nas notas finais.



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Passos apresados soam no corredor. Sentado olhando para a austera parede branca, não me permito entrar em desespero. Em minha cabeça, uma calma fria se instala, fazendo com que meu corpo fique paralisado.

Autocontrole Uchiha, tenha autocontrole.

Shino e Deidara cobrem o corredor. Vez ou outra eles cobrem o andar em que estamos, se certificando que estamos seguros. Ao meu lado, Naruto anda de um lado para o outro agitado, passando as mãos freneticamente na cabeleira loira. Olho para ele.

— Fique calmo. – foi tudo o que consegui dizer.

Ele para o me olha como se eu tivesse acabado de dizer um absurdo.

— Fique calmo? Porra Sasuke, nós estamos em um hospital, a Sakura está numa maca. Como eu posso ficar calmo?

Coloco a cabeça entre as mãos, meu autocontrole se esvaindo. Fecho os meus olhos e respiro fundo. Ela vai ficar bem, ela vai ficar bem. Repito como se fosse um mantra.

— Onde está Tsunade que não aparece com nenhuma notícia? – Naruto resmunga ainda andando de um lado apara o outro.

E como se fosse mágica, Tsunade surge no corredor vindo em nossa direção. Me levanto num rompante e fico ao lado de Naruto apreensivo. Que sejam boas notícias, que sejam boas notícias.

— Ela está bem, só teve uma hemorragia interna. – diz dobrando as mangas do jaleco verde.

— Como assim hemorragia? – Naruto pergunta antes que eu consiga dizer alguma coisa.

— Ela tomava algum medicamento para controlar o fluxo menstrual e a endometriose.

— Endometriose? – foi a única coisa que consegui falar.

— Sim. Ela tem endometriose, o que faz com que o fluxo menstrual seja desregulado, causando muita dor na menstruação quanto no ato sexual. Parece que ela interrompeu o remédio, fazendo com que a menstruação viesse num fluxo muito intenso, acompanhada da dor é claro.

— Mas agora ela está bem? – pergunto para me certificar. Endometriose, meu Deus do céu, que merda.

— Sim ela está bem. Agora ela está descansando. Se o estado dela continuar bem, amanhã a darei alta.

Naruto e eu respiramos aliviados. Ela está bem e é o que importa.

— Podemos vê-la?

— Podem sim Naruto, mas não façam muitas perguntas ou a deixem cansada. Ela está bem, mas ainda está fraca devido a hemorragia.

— Obrigado. – digo a Tsunade e caminho pelo corredor, indo para o quarto de Sakura.

Devagar, para não fazer barulho, abro a porta do quarto. Ela está deitada na cama com os olhos fechados, tão pequena e vulnerável. Me aproximo dela, os braços estão com acessos para soro e outras coisas, e em seu nariz a um cateter. No braço esquerdo, a uma faixa azul que está ligada a um aparelho que monitora seus batimentos cardíacos. Engulo um soluço. Como eu deixei que chegasse a essa situação?

Me sento em uma cadeira que está ao lado da cama e a observo dormir. Tão linda, tão serena. Não sei se é o cansaço, ou o choque, mas começo a imaginar como seria a vida ao lado dela. Sorrio com a ideia. Acho que eu poderia ser feliz novamente, isso claro, se algum dia eu tivesse conhecido a felicidade.

Naruto entra no quarto com alguns papeis na mão e para ao meu lado.

— O que é isso?

— Os papeis da internação dela e as despesas do hospital. – diz baixinho, olhando para Sakura.

— Eu arco com todas as despesas, onde preciso assinar? – digo pegando os papeis da mão dele.

Assino todas as folhas rápido. Entrego os documentos a Naruto e volto a olhar para Sakura. Como eu fui deixar isso acontecer? O peso da culpa lentamente me corrói, me destruindo ainda mais.

Acho que Naruto viu meu estado moribundo e, como uma forma de consolo, coloca a mão em meu ombro num gesto de conforto.

— Ela vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. – diz.

Apenas assinto e ele vai embora, me deixando sozinho com ela.

O céu está limpo, o sol está se pondo, fazendo com que o horizonte ganhe tons de laranja e vermelho. Ao meu redor um campo verde se estende, e ao fundo uma risada que conheço me chama a atenção. E ela está lá, de vestido branco, a cabeleira rosa dançando com o vento, os olhos alegres e um sorriso acolhedor. Sakura está parada me esperando, com a mão estendida para mim, me chamando. Vou até ela e a abraço. Seus braços envolvem meu corpo e ela sorri contra meu corpo. Me sinto em casa. Estou em casa.

De longe, alguém chama por mim, mas está bem distante. Então, com um puxão, sou tirado dos braços dela e num sobressalto, acordo.

Abro os olhos e ela está deitada, com a mão sobre a minha, olhando para mim.

— Oi. – diz ela sorrindo para mim.

— Oi – me levanto e sento na cama – como está?

— Acho que bem. – sua voz não passa de um sussurro.

— Está com fome?

— Um pouco.

Sorrio e passo a mão em seus cabelos. Apesar da palidez e dos olhos cansados, ela me parece bem.

— Onde estou?

— No hospital. Você teve uma hemorragia então Naruto e eu a trouxemos para cá.

— Hemorragia? Como assim?

— Parece que você tomava um remédio para controlar a endometriose e deixou de tomar.

Depois de ouvir o que disse, suas bochechas ficaram rubras e ela olha para todo lado, menos para mim.

— Desculpe por isso. – diz

— Por que não me disse? Eu teria providenciado para você.

— É que, bem, você tinha tanta coisa com o que se preocupar, e eu estava com tanto medo, tão confusa.

— E agora não está mais? – pergunto.

— Não. Não como antes.

De alguma forma, suas palavras aquecem minha alma, meu coração e sorrio ladino.

Um enfermeiro entra, trazendo nas mãos uma bandeja com comida para Sakura. Ele me olha e me cumprimenta com um aceno de cabeça. Coloca a bandeja no criado ao lado da cama e pergunta como ela está. Em seguida, mede sua temperatura e ajusta o soro.

— Se precisar de alguma coisa mocinha, não hesite em chamar tudo bem?

Ele sorri caloroso demais para ela, com certeza encantado pela graça e beleza dela. Ridículo.

— Se precisarmos, chamaremos. – digo o mais friamente possível.

Com um muxoxo ele se despede e sai do quarto. Já vai tarde.

— O que foi isso? – Sakura está me olhando daquele jeito travesso e parece que está rindo de mim.

— Isso o que? – digo o mais causalmente possível.

— Isso, essa tensão quando o enfermeiro entrou.

— Aquilo? Não era nada.

— Me pareceu uma disputa territorial. – diz rindo de mim.

— O que eu podia fazer? Ele estava se jogando em cima de você.

Ela sorri, e seu sorriso enche o austero quarto de alegria, de vida.

— Está rindo de mim Haruno?

— Desculpe. É que foi muito engraçado. – Ela se senta na cama – tinha que ver sua cara.

— Que tal vermos que gostosuras esperam por você? – digo pegando a bandeja e colocando no colo dela. – Como assim minha cara?

O que tem de errado com ela?

— O que tem de errado? Você fuzilou ele com os olhos.

— Não, claro que não. – Retiro as tampas das vasilhas para ela comer – eu só olhei para ele.

É Uchiha, você só olhou.

— Hum, só olhou. Tudo bem então.

Ela sorri travessa para mim e pisca um olho. Sorrio e a observo enquanto ela pega a tigela com sopa. Parece ser de abobora acho. Ela come uma colher e faz uma cara, que para mim pareceu ser que não estava tão bom assim.

— Parece que está maravilhosa sua sopa. – Digo movimentando a mão em direção a comida dela.

— Não está tão ruim assim. Dá para comer. – Ela coloca outra colher na boca, dessa vez disfarçando a cara.

— Não ne.

Enquanto Sakura come a sopa, o mundo se desfaz em agua do lado de fora do hospital. Me aproximo até a janela e a tempestade cai violenta, castigando a terra. Suspiro.

— Está tudo bem?

— Está sim. – Minto. O peso, a sombra que mora em meu coração, se tornou mais presente, mais angustiante.

— Senta aqui.

Ela me chama, batendo a mão gentilmente na cama. Olho mais uma vez pela janela, desejando que a tempestade lave toda a dor, toda a angustia do meu corpo. Do meu coração.

— Você não parece bem. – diz ela enquanto me sento perto dos seus pés na cama.

Não respondo. As memorias vem à tona, saem do lugar escuro em que as coloquei e agora me atormentam novamente.

— Sasuke.

Sua mão toca a minha. Devagar, ela entrelaça seus dedos ao meus. Olho para ela e tudo que vejo são grandes olhos verdes me observando, me oferecendo conforto.

— Falhei com você. – Digo.

— Não. Isso não foi culpa sua.

— Foi sim. – Minhas palavras não passam de um sussurro.

— Não, não foi. – Ela aperta minha mão – Não pense isso. Eu estou aqui por minha própria culpa. E tudo bem.

— Tudo bem?

— Sim.

— Por que?

— Porque você está comigo. E isso é o que importa para mim.

Puta. Que. Pariu.

Ao ouvir suas palavras, meu pau pulsa e a angustia da lugar ao meu eu profano, pecaminoso.

— Você não sabe o que diz.

— Sei sim. Já sou crescida.

— Não, não sabe Sakura.

Solto minha mão da dela bruscamente e me levanto, indo em direção a janela. Um sentimento que á muito havia esquecido ascende uma faísca em meu coração negro.

Não se permita sentir. Não se abra novamente.

Inspiro profundamente e tento colocar meus sentimentos em ordem.

Se ela me conhece, se soubesse quem eu sou de verdade, ela nunca diria isso.

— Olhe para mim. – Sakura me chama. Sua foz sai áspera.

Relutante, eu a olho. De pé ao lado da cama, segurando no suporte de soro ela me encara com raiva. Melhor assim.

— Você não pode entrar aqui, me fazer sentir como e eu fosse a ultima mulher do mundo e depois me bloquear desse jeito. Você não tem esse direito.

Ando de um lado para o outro no quarto. Ela está delirando. Com certeza está delirando. Devem ser os remédios, só pode ser. Essa é a única explicação logica para tudo o que ela está dizendo.

— Olhe para mim.

— O que você quer Sakura? Hein, o que você quer. – Avanço até ela.

— Quero que você me deixe te ajudar.

Sorrio com escarnio. Me ajudar?

— E com o que você poderia me ajudar?

Ela respira fundo e fecha os olhos. Quando os abre, não a nada além de tristeza e amor genuíno. Amor por mim. Entro em pânico. O Sasuke arrogante sai e da lugar ao Sasuke perdido, completamente fodido. Da lugar ao Sasuke que eu joguei no canto mais obscuro da minha mente, o que prometi nunca mais rever, nunca mais ser.

— Eu quero curar essa dor – ela avança, devagar e sorrateiramente até mim.

Não consigo me mover. Meu corpo simplesmente não me pertence mais. Minhas mãos começam a suar e meu coração bate tão rápido, que parece que ele vai arrebentar meu peito.

Sakura para a um fio de cabelo do meu rosto. Ela ergue a mão e devagar, a coloca sobre meu peito. Meu coração. Fecho os olhos e engulo em seco, percebo que minha respiração sai entrecortada, assim como a dela. Toquei-lhe a testa com minha. Estava gelada. Sua pele era como uma manhã de primavera, que ainda trazia o frio do inverno.

— Sei que você tem problemas. Mas eu posso ajuda-lo a superar, só me deixe entrar.

— Sakura, por favor ....

Mas ela me cala, colando seus lábios aos meus. O beijo foi casto, delicado. Foi meigo, suave, foi repleto de amor. Meu peito se apertou e com relutância, me separei dela.

— Não posso Sakura. Não posso te arrastar para isso.

— Não é você quem decide Sasuke.

Seus olhos brilharam de uma forma tão intensa, tão maravilhosa que eu pensei em contar. Contar tudo. Tudo sobre eu ser um fodido de merda, sobre minha vida miserável.

Coloco as mãos em seu rosto, fazendo com que seu olhar fique preso ao meu.

— Meu coração pertence a escuridão Sakura.

 E a faísca de esperança que nasce em meu coração negro se apaga quando lagrimas escorrem no rosto da mulher que eu amo.

 

 

Em um casebre, a alguns quilômetros onde a Ambu escondia Sakura, uma fumaça saia da lareira. A televisão antiga emitia alguns ruídos, mostrando na tela apenas listras pretas e brancas. Em cima da mesa gasta pelo tempo, havia algumas facas, umas tão belas que pareciam itens de colecionados. Todas arrumadas por tamanho. O brilho do luar no aço era tão incrível, que chegava a seduzir. Seduzir para o abate.

Sentado ao longe numa poltrona suja e maltrapilha, um rapaz brincava com algo que parecia ser uma faca na mão. A luz do luar banhou o objeto, fazendo com que o rosto do homem que a empunhava refletisse no aço, revelando olhos de ressaca com um irá contida. Irá direcionada a duas pessoas agora.

— Então – disse o rapaz, com a voz rouca por causa do desuso.

— Ela está no hospital agora senhor, talvez amanha ganhará alta e voltará para o complexo. – Uma voz estérea se fez presente no ambiente, fazendo com que o homem sentado na poltrona maltrapilha sorrisse.

— Me mantenha informado.

— Sim, senhor.

— Parece que nossa hora está cada vez mais próxima, meu amor. - sua voz era calma, com irá contida, calculada. A calmaria antes da tempestade. Ele apertou a ponta afiada da Kunai no dedo, fazendo com que sangue pingasse no chão.


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Notas finais do capítulo

E então, o cap foi intenso em..
Quero agradecer a todos que estão acompanhando, que não desistiram da fic pelo longo tempo sem atualização. Obrigada de coração, vcs não fazem ideia do bem que me fazem.
Aos leitores novos bem vindos..
E aos comentários fodas pra caralho. Eu só tenho que agradecer.... Obrigada de coração.
Enfim, me digam o que acharam....
Favoritem, comentem, recomendem....
E obrigada também pela paciência para comigo e com a fic..
Nos vemos nos coments...
Superbjuuuuusssss



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