P.O.V Mário

Finalmente. Finalmente vou poder me vingar. Me vingar dessa vida miserável. E me vingar principalmente da pessoa que fez ela ser miserável.

E ele nem vai perceber, do jeito que é burro.

– Mário! - Alguém grita. - Você não sabe o que aconteceu!

– O que aconteceu, pai? - Perguntei, revirando os olhos. - Alguém roubou dinheiro da empresa?

– Exatamente! E... Como você sabe?

"Que droga!", penso.

– Ér, pa-palpite? - Digo, tremendo.

– Mário Ayala, você está me escondendo algo.

– Cla-claro que n-não.

– Está sim, desembucha.

Tento pensar em alguma coisa, mas não consigo.

– E então? - Ele pergunta.

Fico imóvel, até que algo me vem a cabeça.

– Tá bem, pai. Você venceu. Eu vi alguém tirando o dinheiro do cofre.

– Quem? - Ele fica furioso.

– Sabe aquela moça dos cabelos cacheados longos?

– A Lília Guerra?

– Exatamente.

– Mas, justo ela? A minha funcionária mais confiável? - Ele fica espantado e ao mesmo tempo, triste.

– Sim. Mesmo as pessoas que a gente mais confia, podem nos deixar na mão.

Pensei que ele ia perceber a indireta, mas parece que ele continua burro.

– Bom, é muito triste, mas vou ter que despedir ela. Uma pessoa que comete esse tipo de coisa, não merece confiança.

Ele sai da sala.

Fiquei feliz por ele não ter descoberto que fui eu, mas ao mesmo tempo, muito culpado por ter acusado uma pessoa que não teve nada a ver com a coisa.

E agora? O que vai ser daquela mulher?