Forever Young - Jorge e Margarida escrita por HeyTheNerd
P.O.V Margarida
Acordei hoje dando bom dia para o sol, para os pássaros, e para as plantas. Mas, quando fui dar bom dia para o relógio...
AH, MEU DEUS! TÔ ATRASADA!
Me vesti e desci as escadas correndo, peguei um pão e minha mochila. Já ia saindo, quando lembrei de uma coisa.
– Tia Cris! - Chamei.
– Diga, Margarida. - Ela veio em minha direção.
– O dinheiro para a apostila de português.
– Ah, claro. - Ela disse.
Ela procurou alguma coisa nos bolsos do avental.
– Desculpa, Margarida, mas...
– Tudo bem, tia. Sei que estamos sem dinheiro. - Eu suspirei. - Posso emprestar a apostila de algum colega. Até.
– Até. - Ela disse.
Então corri para não me atrasar.
2 Horas Mais Cedo
P.O.V Rosana[Mãe Do Jorge]
Já faz uma semana que o Jorge não sai daquele quarto. Ele não está indo mais para a escola, e as notas dele estão péssimas.
Claro que as notas dele são o de menos, e que o mais importante é ele, mas mesmo assim...
– Assim não dá, Rosana! O Jorge precisa sair! - Alberto dizia.
– Mas você precisa entender, Alberto! - Eu disse.
– Entender o quê? Ele nem nos contou porque se trancou no quarto!
Então, contei tudo a ele.
– Poxa... - Ele disse.
– Viu?
Então, ele sobe as escadas e bate na porta do quarto do Jorge.
P.O.V Alberto[Pai De Jorge]
– Jorge?
– Sai daqui, pai, por favor. - Ele disse quase em um sussurro.
– Por favor, filho, abre essa porta, eu quero conversar com você.
Passou alguns minutos.
Então, ele abriu.
Ele ainda estava com a roupa da semana anterior. Seus cabelos estavam bagunçados, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, ele tinha olheiras.
Me contive para não repreendê-lo.
Entrei em seu quarto, me sentei em uma cadeira e ele se sentou em sua cama.
– Jorge. - Comecei. - Sua mãe me contou porque está assim. E o que eu tenho para te dizer, é que você sempre vai sofrer rejeições em sua vida. Não importa como seja. Você já sofreu demais, filho. Saia desse quarto, vá para a escola, seja feliz.
Ela parecia estar pensando.
– Desculpe, pai. - Ele disse depois. - Mas estou melhor aqui.
– Se não for por bem, é por mal. - Disse Rosana, que tinha acabado de chegar ao quarto. - Jorge Cavalieri, eu já suportei demais isso. Você vai voltar para a escola hoje e tenho dito!
– Mas, mãe, você não pode fazer isso comigo.
– Posso sim. Posso tanto, que eu sou sua mãe. Agora vai tomar um banho!
Jorge bateu os pés e cerrou os punhos.
– Pai, você não vai fazer nada?!
– Desculpe, Jorge. Mas sua mãe está certa.
Ele viu que não tinha escolhas, pegou uma toalha e foi para o banheiro, relutante.
– Rosana, precisávamos mesmo ser tão duros?
– Só assim, ele aprende.
No Carro
P.O.V Jorge
Ah, que ódio! Vou ter que voltar para aquela escola de ricos, ver a idiota da Maria Joaquina.
O que eu fiz pra merecer isso?
Estava com raiva, até que prestei atenção na rua. Espera aí... Essa não é a rua da escola.
– Pai, onde estamos indo?
– Ah. Como você estava muito chateado com a Maria Joaquina, resolvi mudar você de escola.
Abri um enorme sorriso.
– E onde fica essa escola?
– É ali.
Ele apontou pra um prédio meio caído.
Paramos em frente a ele.
Desci do carro.
– M-mas essa é a escola do bairro.
– Exatamente. Boa aula. - Ele disse e saiu calmamente.
Bufei e entrei.
P.O.V Margarida
Por sorte, consegui chegar antes de fecharem os portões.
– Bom Dia, seu Raimundo! - Eu disse pro vigia.
– Bom Dia, pequena flor! - Ele respondeu.
Sorri e fui até minha sala.
P.O.V Jorge
Fazia cinco minutos que a aula havia começado, e alguém bate na porta.
"Provavelmente deve ser algum menino irresponsável que chegou atrasado." Pensei.
Mas quando a professora abriu a porta, essa idéia foi pelos ares.
P.O.V Margarida
Não acreditava no que estava vendo. Parecia um anjo.
Ele tinha cabelo loiro, usava uma camiseta de mangas, um casaco e um jeans.
Percebi que ele também me olhava. Ele deu um sorriso, e ruborizei na hora.
– Vejo que está cansada, Margarida. - A professora disse. - Deve ter corrido muito, está vermelha.
Todos riram, menos ele.
– Sente ali atrás do Jorge Cavalieri, por favor. - Ela apontou para o garoto.
– Sim, professora. - Dei um pequeno sorriso, mas por dentro estava pulando de alegria.
P.O.V Jorge
A menina se sentou atrás de mim e eu pude ver o quanto ela era bonita, de perto.
Passaram os primeiros tempos de aula, e tocou o sinal do recreio.
– Não se esqueçam, que depois do recreio eu vou recolher o dinheiro da apostila de português. Podem ir.
Logo todos saíram e percebi que a menina se encolheu.
– O que foi? - Pergunto.
– Não trouxe o dinheiro, minha tia não tinha.
– Sua tia? Mas e seus pais?
Ela se encolheu mais ainda.
– Eles morreram...
Ela começa a chorar.
– Desculpa, não foi minha intenção te fazer chorar, por favor, para.
Mas ela continuou chorando.
Então eu a abracei com força.
Aos poucos, ela foi se acalmando, e retribuiu o abraço.
P.O.V Margarida
Eu não queria sair daquele abraço, mas precisava mostrar pra ele que eu não era uma menina indefesa que precisava de proteção.
Então, eu o afastei lentamente e parei de chorar.
– Desculpa. - Eu disse.
– Não tem problema. E quanto a questão do dinheiro, pode deixar que eu pago pra você.
– Sério? - Perguntei, com os olhos brilhando.
– Claro.
Então eu lhe dei um beijinho na bochecha e sussurrei em seu ouvido.
– Obrigada.
E fui para o recreio.
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