Quando Eu Despertar escrita por Anikenkai


Capítulo 1
Runaway


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindos em mais uma fic da Anikenkai! ;) Esta será bem diferente das que vocês estão acostumados a lerem. É um Universo Alternativo, misturado à Songfic. Espero que gostem, e não se esqueçam do review caso gostarem! Grandes beijos, e boa leitura, pessoal! ♥



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O celular tocou Runaway pela milésima vez.

O som da música da banda M83 - a minha favorita - voltou a se propagar no quarto, ficando mais e mais alto cada vez mais que o meu celular tremia. Minha mente que estava mergulhada em um sono profundo e gostoso, é arremessada com força de volta a realidade castigante com o barulho. A me acordou.

De novo. Mais uma madrugada.

Tateio os cobertores em busca do aparelho, com os olhos cemicerrados. Sinto minha boca seca. Estou morrendo de sono. Tento o mínimo de esforço para fazer o barulho parar, mas acabo deixando meu celular cair no chão e pelo barulho; se espatifar. "Puta merda..." praguejo baixinho, sem ânimo nenhum. Com o celular no chão, terei que fazer algo terrível: acordar de verdade e me levantar para pegá-lo de volta.

E infelizmente, é exatamente isso que eu faço. Tiro a grande coberta sobre mim, calço meus chinelos que estavam cuidadosamente posicionados de frente para minha cama, e procuro saber que horas são. 4:32 da manhã, o despertador de cabeceira mostra. Grunho ao fazer esforço de levantar da cama, e pego de volta irritada meu celular para silenciá-lo de vez. Ou melhor: atendê-lo de vez.

Atender ele de novo na madrugada, como quase toda sou obrigada a atender.

— Alô? — Digo, esfregando os olhos e com a voz bem rouca.

Não tenho tempo nem de afastar o celular do ouvido antes que a voz alta e estridente perfure meus ouvidos.

— VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE O CANALHA FEZ DESTA VEZ!!! EU VOU MATAR ELE, JUNE! DESTA VEZ EU JURO QUE O MATO DE VERDADE!!! — Ele grita, e posso ouvir um barulho de molho de chaves e sua respiração ofegante, como se tivesse acabado de sair de uma corrida olímpica. Ou de uma luta.

Afasta o celular por um segundo. Suspiro. Sou obrigada a tolerar.

— Shun... — O chamo, calmamente.

— Estou subindo. — Ele simplesmente avisa, e desliga o telefone.

Não ha tempo para fazer nada. Chuto os chinelos para debaixo da cama, e cruzo os braços, esperando ele entrar em casa. Não demora três minutos e escuto a porta do meu apartamento ser aberta, alguns poucos barulhos da tranca e a luz ser acesa.

Em seguida, um rapaz bonito e de cabelos longos, castanhos e desgranhados e olhos azuis surge no meu quarto com uma expressão cansada. Ele está a beira de outro colapso.

Ele nada diz. Apenas joga as suas chaves em um ponto qualquer do quarto, tira com violência a camiseta suada que estava grudada ao corpo sem ver aonde, e simplesmente se joga de frente na minha cama, agarrando o travesseiro mais próximo. Ele começa a soluçar devagar. Me sinto mal.

Não aguento ter que passar por isso todo sábado à noite. Mesmo assim, fecho os olhos e repito meu processo de sempre quando as crises dele explode: sento-me na cama, e afago seus cabelos devagar, como se isso fosse acalmar um pouco as coisas.

Não contenho uma bufada de decepção para ele.

— Eu pensei que tínhamos conversado sobre se meter em encrencas na última vez, Shun... — Digo, com um tom severo na voz.

Ele não me responde. Permanece imóvel, deitado de costas para mim na minha cama. Ouço apenas uns grunhidos baixinhos dele, mas não entendo uma palavra.

Droga. Porque sempre eu? Porque não Marin, Shaina ou qualquer um das outras meninas? Não... eu sei, eu sei. Como melhor amiga, tenho a obrigação de consolá-lo, de dar a bronca, de cuidar dele. Porque Shun é irresponsável demais para fazer essas coisas sozinho.

Como se ele fosse me ouvir. Meus olhos ainda estão pesados de sono, mas não desisto assim tão facilmente de arrancar uma explicação dele. Paro subitamente o carinho em seus cabelos, e ele se remexe inquieto imediatamente.

— Não mandei você parar. Estava gostoso. — Ele suplica manhoso.

— Vai me explicar o que aconteceu agora? — Rebato, cruzando os braços e irritada.

Parece que foi ruim demais desta vez. Shun se levanta para me encarar, sem nem xingar um palavrão ou saindo de perto de mim. Ele realmente quer confessar. Fico preocupada com esse pensamento.

Ele se ergue, e passa os dedos rapidamente para pentear os longos cabelos. Ele bufa, e tomba a cabeça para trás e em seguida limpa as lágrimas. Não me contenho, e seguro seu ombro, lhe passando algum apoio para que ele desabafe, e eu possa voltar logo a dormir.

— Eu não sei... a festa foi horrível, amiga. — Ele pragueja. — Todos os caras mais lindos, todos lá... eu estava me divertindo. Ok, ok... tava tudo certo... não estava acontecendo nada demais. Não sei porque ele chegou... e fez aquilo do nada! Parecia um animal! — Ele grita, por fim.

— Ele...? — Questiono, mesmo já sabendo o resposta.

— Hyoga! O maldito Hyoga — Ele mergulha de volta a choradeira ao dizer o nome dele. - Ele me viu agarrar os outros caras e bateu em dois deles, entendeu? Ele estragou minha noite! Ciumento demais, e não entende que somos ex! IMBECIL! — Shun grita, com a boca mordendo meu travesseiro.

Sei o que vem a seguir.

Nós dois abraçados, eu tendo que ninar Shun no meu colo para consolá-lo e esquecer esse ocorrido a madrugada inteira. Potes de sorvete, biscoitos ou qualquer uma dessas coisas gordurosas. E fazê-lo comer, porque ele não vai querer enjerir nada após isso, apenas gritar e passar outra semana trancado no nosso apartamento com raiva.

— Shunny. — O chamo pelo apelido carinhoso, que o dei desde que éramos crianças — Pare, por favor. Olha, escuta... Ahhh... olhe, tudo bem. Mas a culpa foi sua também. Eu andei você se afastar da Casa de Libra. Sair de lá, e não voltar mais. Sabia que aconteceria de novo se voltasse para aquela boate.... — Digo. E então, não contenho uma risadinha maldosa. — Seu puto.

— Ei, não ria. Sua vadia. - Ele me dá um rápido tapa, chateado com minha atitude. — Eu não aguentei. Er... ai, Junezinha... eu fui porque Seiya e os outros estavam indo também. Na saída da Faculdade hoje, os caras me chamaram pra beber algo na Libra.... e você sabe que eu detesto recusar uma social, né. - Ele confessa, fazendo bico.

— Mas e eu?! Não sabe o que aconteceu da última vez?! Você preferiu ouvir aquele babaca, sem cabeça e infantil do Seiya, do que a mim?! Shun! Eu avisei que...

— Tá, tá. Shiu. Não tô com cabeça pra ouvir sermão essas horas da madrugada. Quer saber? Eu vou tomar um banho quente.

O moreno poe o dedo indicador no meu lábio, me calando. Fico com muita raiva, sinto algo queimando dentro de mim. Shun sempre foi desatento e sempre cai na lábia dos amigos que não querem nada da vida, apenas sair e curtir.

Me preocupo demais. Esta noite, poderia ter acontecido o pior... Hyoga poderia tê-lo matado por ciúmes. Shun não conhece essa gente como eu conheço. Mas como sempre, ele preferiu me ignorar, e vai repetir tudo na noite seguinte, provavelmente. Sempre foi assim, em tantos anos de amizade. No final das contas, eu só sirvo pra ele para pagar as contas do apartamento e consolá-lo todos os sábados de algum namorado.

Ele se levanta, e joga o travesseiro de lado e percorre os poucos passos entre minha cama até meu banheiro. Joga as roupas sujas caídas do chão do cesto ao lado da porta, e começa a se despir, até ficar apenas de cueca, e puxa a toalha do armário limpa. Fico sentada, espionando-o furtiva.

Claro, meu melhor amigo, Shun Amamiya é gay. Eu bem sei disso. Mas mesmo assim, ele não deixa de ser um cara de corpo viril, olhos penetrantes e possuir uma beleza que chama a atenção. E eu sou uma mulher. E por ser uma solteira sozinha - não sou tão sortuda quanto ele - acabo reparando muito em Shun.

Para falar a verdade, venho reparado nele de um jeito diferente nas últimas semanas. Como se algo em mim o achasse mais bonito ainda, ultimamente... não... deve ser coisa da minha cabeça. Logo meu amigo de infância, que sempre foi como um irmão para mim... eu devo estar estranha. Ou com muito, muito sono mesmo.

Ele acaba percebendo que estou encarando-o tirando as roupas. Shun limpa o resto das lágrimas escorridas do seu rosto, e me dá um sorriso debochado:

— Ei, poe uma camisa. Ninguém merece ter que ver esses seus peitos caídos, aí. — E entra no banheiro.

Arregalo os olhos, e olho para mim mesma. É. Estou apenas de calcinha, antes adormecida, sem esperar que alguém interrompesse essa minha noite. Dou um rugido e xingo, e arremesso o travesseiro na porta do banheiro, e acabo acertando o gancho. Lá de dentro, ouço o barulho da água caindo e ele rindo de mim. Cato meu pijama espalhado no chão, me vestindo novamente. Apenas um ódio cresce, como se me lembrasse: "Shun é um idiotinha. Seu amigo idiotinha. Nunca irá passar disso entre você e ele". E minha consciência nunca mentiu para mim.

[...]

Pela manhã, o despertador toca novamente. 8:30 da manhã. É hora de levantar e ir para a Faculdade.

Tateio no colchão para pegar o celular, e o desligo. Levando-me e me estico, tirando o cobertor do meu corpo, e deslizando para fora da cama. Puxo o lençol, mas... e ncontro Shun, deitado do lado oposto da minha cama. Enrolado no fino cobertor, com um rosto sereno mergulhado ao sono. Fico parada por uns segundos. Sinto pena dele... no final das contas, sempre acabo o perdoando.

Engatinho de volta para cama, e dou um beijo na sua testa. Puxo o cobertor mais grosso, e coloco no seu corpo. Parece que dormir no sofá ontem a noite não foi sua opção, dou uma risadinha com esse pensamento. Acaricio seus cabelos longos... nesse estado, nem parece que ele é um grande ninfomaníaco. Nesse estado de sono, Shun emana uma áurea de paz... de serenidade. Deixo ele dormir. Afinal, ele sempre falta as aulas mesmo. Apenas hoje não fará a diferença. E ele não merece ouvir as fofocas.

Me levanto da cama, e sinto sua mão agarrar meu braço. Shun abre ligeiramente os olhos semicerrados, encontrando meu rosto.

— Sabia que fica toda descabelada assim, fica parecendo uma macaca? — Ele comenta, com uma voz rouca e sonolenta, e sempre debochado. Rolo os olhos. Não tenho tempo para as brincadeira dele hoje de manhã, já estou fazendo muito o deixando na cama.

— Volta a dormir. Vou pra Faculdade. De tarde estou de volta.

— Minha pequena. — Shun diz, e sorri. Em seguida, me obedece e volta a fechar os olhos. Eu suspiro. Ele sempre me chama deste jeito, quando quer ser carinhoso... e e eu simplesmente adoro ser chamada assim. Como se eu fosse a pequena dele, e ele fosse me proteger. Apesar da realidade ser ao contrário.

Com um sorriso, me levanto de vez, e sigo para o armário para me trocar. Será um daqueles dias horríveis, seguidas da "ressaca" dos acontecimentos da noite anterior: todos estarão comentando a tal briga de Shun e Hyoga na boate.

Termino de me arrumar, como algo e desso com pressa para fora, para as ruas movimentadas e o ar com odor de vento agitado da Grécia pela manhã.


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Notas finais do capítulo

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