Tão Perto. Tão Distante. escrita por Mia Golden


Capítulo 19
Billy




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Nos últimos dias, eu e Hannah ficamos mais cientes dos nossos sentimentos um pelo outro. Agora a entendia melhor. Sabia de seu maior temor. Ter medo de ficar próxima, de depender do carinho dos outros. Ela tinha o carinho forte de sua mãe. Mas agora ela tinha o amor de um pai e um irmão emprestado. Tio Alex e Davis a consideravam muito.

Alem deles, é claro, tem o meu amor. Ela sabe. Nos sabemos. Só o tempo vai ajudá-la a se recuperar por completo. Quando me lembro do que ela contou sobre o seu pai, sinto uma raiva enorme pelo que ele a fez passar. Toda a sua infância e inicio da adolescência sendo tratado como um erro. Eu o odiava mesmo não o conhecendo. O canalha hoje esta apodrecendo na prisão.

Todos os dia nos vemos na escola e ficamos juntos. Nada comparado a um casal de namorados é claro. Por mim já estaríamos, mas tudo depende dela. E eu vejo que ela se esforça. Temos os nossos amigos conosco. Hannah tem os dela, inclusive o tal de Nico que de vez enquanto aparece em nossa mesa e fica puxando papo com Hannah. Tento me controlar pra não mandar ele longe, mas me lembro do que Hannah me disse. Sou eu. Somente eu que ela se interessa. Então eu relaxo...um pouco.

Tínhamos entrado para a sala de história. O professor não havia chegado ainda. Hannah estava sentada ao meu lado. Todos os amigos em volta rindo e conversando. Até o tal Nico, que eu estava começando a me acostumar. O cara estava entendendo que eu não gostava que ele ficasse muito intimo e próximo de Hannah. Ele só sorria de um jeito malandro. Mesmo assim, me sentia feliz. Meus amigos eram tudo para mim.

De repente a cara de Lory fica estranha. Ela estava olhando para a porta. Todos seguimos seu olhar. Mona entra na sala com mais roupas do que ela costuma usar. Nem era inverno ainda. Ela usava um casaco e por baixo uma blusa quase grudada ao pescoço. Usava calças e óculos de sol. Entrou rapidamente e logo se sentou. Achei estranho. Ela sempre me cumprimenta daquele jeito conhecido. Provocando e tocando.

— O que deu nela? – perguntou Wesley.

— Sei lá! – disse Lory ainda a olhando.

— Ela não é muito de usar essas roupas! – disse Sarah.

— Vive quase pelada, mesmo estando quase zero grau. – disse Amber rindo.

Todos começaram a cochichar entre eles. Vi que Hannah olhava para Mona.

— Vou falar com ela. – disse Nico se levantando.

— Não! – Hannah o segurou pelo braço chamando atenção de todos.

— Por quê? – perguntou Nico.

— Por que...pode acreditar em mim. Ela não vai falar.

Nico ficou entre ir e não ir. E acabou voltando a sentar ainda observando Mona que escondia o rosto com o cabelo. Senti que Hannah estava tensa ao meu lado. Peguei sua mão de baixo da mesa.

— Esta tudo bem? – perguntei a ela.

Ela me olhou e sorriu.

— Sim.

Mas percebi que parecia triste. O que estava acontecendo?

Mais tarde quando o dia de aula havia terminado. Todos estavam indo para suas casas. Fui em direção ao meu carro quando avistei Mona andando em direção à saída. Mesmo Mona às vezes sendo uma piranha e me tirando do sério, ela estuda comigo desde a terceira serie. Esse tempo era o suficiente para conhecê-la.

Respirei fundo e fui a sua direção. Ela não me viu atrás dela. Quando me aproximei, coloquei a mão em seu ombro a fazendo saltar.

— Calma garota, sou eu! – disse meio assustado também. Ela parecia branca feito um papel.

— Nunca chegue assim nas pessoas! – ela disse quase gritando.

A olhei atentamente. Na aula ela não tirou os óculos. Agora que percebi que ela não o tirou o dia inteiro.

— O que você tem? – perguntei.

Ela ficou tensa.

— Não é da sua conta! – ela se virou e saiu apressadamente.

Vi quando ela virou a rua e desapareceu.

— Ela disse o que aconteceu? – perguntou a voz de Hannah atrás de mim. Me virei para olhá-la.

— Não!

Ela suspirou.

— Hannah...o que foi? Até você estava estranha hoje!

— Vamos nos sentar um minutinho?

Concordei e decidimos ir em direção ao meu carro. Nos encostamos nele. Olhamos o pátio da escola observando agora os poucos alunos que ali restavam.

— Me diga o que você tem? De manhã você estava bem, depois mudou!

— Oh Billy! Parece que revivi tudo hoje vendo a Mona.

Não consegui entender.

— Como assim?

— Ela estava machucada! Você não reparou?

— Não consegui reparar muito bem. Mas percebi que ela estava mesmo muito arisca, fui falar com ela e ela mal me deixou chegar perto. Estava com aquelas roupas e aquele óculos hoje o dia inteiro... só queria ficar sozinha.

Olhei para Hannah que parecia pensar em algo.

— É a alto defesa dela Billy.

— Sobre o que?

— Acho que ela esta sofrendo alguns abusos violentos.

Fiquei surpreso.

— Mas como....

— Experiência própria. – disse ela com um olhar triste.

— Você acha que a Mona esta sofrendo com alguma violência.

— Ela mostrava todos os sinais, estava com roupas fechadas, de óculos, estava arisca e não era normalmente ela. Me lembro da minha mãe. Ela trabalhava assim também para disfarçar as marcas que o meu pai deixava nela. Ela sempre inventava para os colegar que tinha sido um acidente e tal.

— Agora que eu me lembro – disse pensativo – a família dela é bem complicada. Drogas e violência sempre estiveram presente.

Vi que Hannah engasgou.

— Sério?

— Sim.

— Coitada, por isso ela é assim!

— Assim como?

— Billy, a Mona é assim como todos conhecemos por causa disso. É como se ela criasse um refugio pra não sentir o que ela passa. Por isso que se envolver com garotos e bancar a fácil na escola é um meio de tirar tudo de ruim da cabeça dela. Ela tem má influencias então.

— Nunca tinha pensado por esse lado.

— Já viu os pais dela?

— Ela não tem pai, ela mora com a mãe e o padrasto.

Hannah pensou um pouco.

— O que você esta pensado? – perguntei.

— Sabe, no inicio eu não gostava dela, mas hoje...hoje eu me vi nela.

A olhei atentamente.

— Hannah...

— Sabe Billy, existem muitas coisas que acontecem em segredo em famílias, mas quem sofre mais são as mulheres e as crianças. Quando eu me abri com você... – ela se virou para mim. Um brilho diferente estava em seus olhos – Senti que algo mudou. Me senti livre. Mais atenta e mais sensível a coisas.

Peguei em sua mão e a puxei para um abraço.

— Vamos ficar de olho na Mona. – disse Hannah com a cabeça escorada em meu peito. A afastei para olhá-la.

— Ficar de olho? – perguntei.

— Sim. Ela precisa de ajuda...e não gostaria que mais alguém passasse pelo que eu passei.

— Hannah, eu entendo a sua força de vontade, mas não podemos nos meter nisso!

Ela me olhou seria.

— Eu sei que não dá pra salvar a todos, mas a Mona esta perto da gente Billy! Ela esta sozinha! Talvez, através daqueles sorrisos dela, tenha alguém com medo. Até alguém que precise de ajuda!

Respirei fundo. Fazia sentido. Se eu conhecesse Hannah há anos atrás quando ela passou por aqueles momentos horríveis, também teria tentado ajudar.

— Ok. Vamos ficar de olho.

Ela sorriu e me abraçou.

— Obrigada!


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