It Comes Back to You escrita por Swimmer, Izzy


Capítulo 5
You're Crazy


Notas iniciais do capítulo

Capítulo grande? Capítulo grande.
Se estiverem ficando cansativos avisem, posso tentar diminuir u.u
Por enquanto, aproveitem.



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Durante a viagem, Ashley e Dean resolveram apostar corrida. Eu tinha pena de quem fosse pagar as multas depois de todos os radares por que passamos. Enquanto isso invadi o sistema da faculdade pra onde estávamos indo e cadastrei nós duas. Algumas garotas tinham desaparecido do campus sem deixar pistas, então iríamos checar.

–Deixei vocês ganharem, só pra deixar registrado – Dean disse saindo do carro com um sorriso no rosto.

–Claro que deixou - falei. - Vai a abrir a porta pra mim também?

–Claro, sou um perfeito cavaleiro.

–Dean... Só... Cala a boca - disse Sam pegando uma bolsa.

–Ok - me virei para Ashley. - Você é a garota com cara de universitária - levei um soco no braço por isso - Você é Hannah Carter e eu sou... espera. Sou Kathleen Parkins. Somos primas e fomos transferidas de Giueller Universit.

Pegamos as mochilas na parte de trás e entramos. A mulher da recepção não acreditou na nossa história (mais precisamente, a história de Ashley, eu só fiquei parada assentindo) até conferir no sistema.

–Tudo bem. Quarto 536 - ela entregou duas chaves na mão dela. Aliás ela tinha uma verruga enorme no nariz. - Quem são os rapazes?

Dei de ombros.

–Nunca vi - caminhei até a porta com Ash, sorrindo pra eles.

Dean murmurou um "vou te matar" que foi ignorado com sucesso.

–O que estamos supostamente fazendo aqui mesmo?

–Você faz medicina, eu faço jornalismo - falei.

–Por que tenho que ficar com a pior parte?

–Porque sim.

O quarto ficava no quinto andar. Subimos até lá e entramos no quarto. Tinha predinhas brilhantes coladas nela, aliás.

–Você quer começar por cima ou por baixo?

Empurrei a porta e andei pra dentro, só pra ficar parada encarando a garota loira sentada na cama. Devia ter uns dezessete ou dezoito anos, tinha aparência de quem acabou de sair do ensino médio.

Ela jogou o computador na cama e veio nos abraçar, fiquei encarando a parede até lembrar que essa deveria ser Claire, a única garota que não dividia o quarto com ninguém. Chequei isso quando fazia o cadastro falso.

–Vocês devem ser as garotas novas. A sra. Brown acabou de me avisar - disse ela soltando Ashley. - Sou Clarisse Lipscomb, mas podem me chamar de Claire. Estavam dizendo que iam subir? Posso mostrar tudo pra vocês.

–Aaah...

–Na verdade estamos meio cansadas da viagem - Ashley disse e jogou a mochila numa das camas.

–Tudo bem, vou pegar alguma coisa pra comer.

Sorrimos pra ela e assim que fechou a porta começamos a procurar por qualquer coisa que ajudasse.

Achamos um grande nada, quando Claire voltou tive uma ideia brilhante, na qual deveria ter pensado desde o começo.

–Hey, o que está nos jornais é verdade? - perguntei.

A expressão de gnomo feliz sumiu e foi substituída por uma expressão triste. A menina assentiu.

–Pelo menos parte. A garota que encontraram, Donna, estava em uma das minhas aulas. Há boatos de que uma das outras garotas fugiu com o namorado, mas ninguém sabe.

–Tem ideia de por que alguém faria isso com ela? - Ashley perguntou.

–Não conhecia nenhuma delas. Só o que sei é que Donna fazia moda.

–Pode nos dizer onde encontraram o corpo? - perguntei.

–Não estavam cansadas? - ela cruzou os braços.

–Estudante de jornalismo - sorri.

–Ah, tudo bem - ela balançou a mão como se não importasse e voltou a sorrir pra tudo. - Levo vocês lá.

–Não precisa, só diz onde é, nós achamos.

Depois de muita discussão ela finalmente disse a droga do lugar. E repetiu, pelo menos mil vezes, que era estritamente proibido entrar lá, assim como todas as cenas de crime que Ash e eu já havíamos invadido.

Tivemos que subir fucking sete lances e escada, já que desligavam a energia do prédio de noite. Cada uma de nós foi para um lado.

Depois de vasculhar cada canto do andar só encontramos umas manchas de sangue no carpete.

–Cara, preciso dormir - falei. Já estávamos no quarto andar, as escadas pareciam infinitas.

–Estamos admitindo coisas? Você realmente não quer saber o que eu fiz com o seu celular semana passada...

–Cala a boca, Ash. É só que eu meio que fui jogada numa parede hoje e não no bom sentido - falei. Ela parou pra me encarar e começou a rir.

***

Fazia tanto tempo que eu não dormia numa cama confortável que quando acordei preferia enfrentar um exército de poltergeists a levantar. Pensei melhor e levantei de uma vez.

–Aaaash - chamei.

–Fala.

–O que universitárias vestem?

–Sei lá.

Achei que pijama não era uma opção, então procurei os jeans menos sujos e um tênis.

Claire saiu mais cedo (tecnicamente ela já estava atrasada), o que nos deu um tempo pra pensar no que fazer.

–O que aconteceria se nós simplesmente ficássemos aqui até aqueles babacas saírem do caminho? - perguntei.

–Iriam nos mandar embora. Eles pelo menos tem que pensar que estamos fazendo alguma coisa - Ashley falou - Quer dizer, já estamos, mas algo dentro da lei.

–Tá, vou... Pra alguma das aulas e falar com as pessoas - falei.

–Vai lá, Sherlock.

Passei na cafeteria antes, admito. Depois falei com várias pessoas, mas nenhuma em uma sala. Salas são entediantes.

–Srta. Parkins?

Levei um tempo pra perceber que era comigo e me virar.

–Sim?

Um cara de terno e cabelo grisalho estava me encarando.

–Não deveria estar em aula? Sou o diretor, aliás, bem-vinda.

–Eu... Me perdi.

O cara era tão simpático que chegava a ser chato. Ele me levou até a sala onde eu supostamente deveria estar e ficou esperando na porta.

Como se tudo já não estivesse ruim o suficiente, nem havia um professor na sala. Só alunos e Dean com uma roupa estranha, que pelo visto era o que ele achava que professores vestiam.

–Fala sério - revirei os olhos e fui até uma das cadeiras vazias.

–Está atrasada - Dean falou em tom superior.

–Estava assinando uns papéis - respondi.

Dean podia ser um bom caçador mas como professor era uma merda. Primeiro fez os alunos responderem coisas sem sentido, depois mandou escrever alguma merda com menos sentido sobre pássaros em praias.

"Você finge que tem algo incrível escrito aqui e eu faço de conta que você é um ótimo professor. Não é, aliás." escrevi.

–Ha. Incrível observação, senhorita... - ele disse, como se estivesse se divertindo com isso.

Quando a "aula" terminou eu não aguentava mais os comentários sobre o porte físico do novo professor.

Dean queria ir olhar o prédio, então fomos. Não antes de uma discussão sobre quem estava à frente no caso, isso, se contarmos que ninguém tinha pista nenhuma.

Enfim, lá estávamos nós, invadindo - de novo - a área interditada pela polícia.

–Eles não deveriam ter esvaziado todo o lugar depois do que aconteceu? - perguntei.

–O delegado é primo do diretor - disse Dean. Levantei uma sobrancelha - Sou o professor, queridinha, tenho aceso a informações privadas.

Andamos por todo o cômodo (que era bem grande), vendo e revendo todo canto. Vi um reflexo com o canto do olho, mas não conseguia ver o que o havia causado. Entre o chão e a parede havia algo dourado, um... Pingente de ouro.

–Dean! - chamei.

Ele veio até onde eu estava e tentou tirar pela parte que dava pra puxar, sem sucesso. Se quebrássemos um pedaço do chão eles com certeza iriam perceber. Nossa salvação foi um grampo de cabelo que eu tinha.

Puxei o objeto e levantei, constatei que não era um pingente, e sim uma pulseira.

Nós dois estávamos encarando aquilo na palma da minha mão, então uma voz chamou nossa atenção.

–O que está acontecendo aqui? - gritou um homem que supus ser um faxineiro ou algo do tipo. - É proibido vir aqui.

Fiz a primeira coisa que me veio na cabeça. Beijei Dean. Não foi um "beijo apaixonado que me fez mudar completamente minha opinião sobre aquele cara" tipo os dos filmes da Disney, foi só algo pra distrair o cara do objeto nas minhas mãos.

–Ok, ok - o cara bufou - se não saírem daqui em dois minutos vou chamar a direção.

Peguei a mão de Dean, de modo que escondesse a pulseira e fiz meu melhor interpretando a garotinha apaixonada. Pude ouvir o faxineiro dizer "não sou pago bem o suficiente" antes de virarmos o corredor, então dei um tapa na cara de Dean.

–Ai! Por que está me batendo? Quem me beijou foi você, sua maluca.

–A ideia de vir aqui com o prédio cheio foi sua - falei.

* * *

Coloquei a pulseira dourada sobre a mesa e me sentei ao lado de Ash. Eram mais de onze da noite, só agora tínhamos conseguido reunir os quatro num mesmo cômodo.

–Presente pra mim, Helena? Não precisava, sabe que nem uso pulseiras - ela sorriu e pegou a joia.

–Supondo que não teria nos chamado aqui pra mostrar isso - Sam apontou o objeto que Ashley segurava em direção a luz - Vou chutar que encontraram no sétimo andar.

–Deem um prêmio ao garoto - disse Dean. - Então, quem está animado para procurar cadáveres?

Dessa vez pegamos várias lanternas. Sendo mais específica, como era um dos últimos andares, o sétimo tinha só algumas salas, que não eram utilizadas, quando se entrava só dava pra ver o que decidi chamar de pequeno salão de eventos. Era basicamente isso e uns sofás brancos.

Cada um foi para um lado, procurando qualquer coisa que tivéssemos deixado passar. Nada. Não tinha merda nenhuma.

–Anh... Gente? - Ashley chamou.

Segui a voz dela, ela estava ajoelhada no final do corredor. Fez sentido quando ela bateu no chão e um som oco ecoou.

–Olha se a vadia não é esperta? - falei rindo.

Aproximei a lanterna e comecei a procurar algo pra puxar ou uma brecha. Ashley conseguiu abrir e um cheiro de podridão com poeira incendiou o lugar. Ah, os ares do trabalho...

Percebi que Sam e Dean estavam ali só quando se aproximaram.

–Uns dois metros até lá embaixo, quase três, no máximo - disse Sam - Vou primeiro.

–Não vai não - Ashley respondeu sem nem olhar pra ele. Tinha uma escada encostada em uma das paredes, mas não dava pra alcançar.

–Vou sim, sou mais alto - ele respondeu como se isso explicasse tudo.

–E daí? Eu encontrei essa coisa - ela me entregou uma das lanternas e pulou. - Pode vir agora, Sammy, tudo limpo.

Prendi o riso. Sam trocou um olhar com Dean e suspirou irritado antes de ir.

–Eu realmente não me importo com a ordem, então se quiser...

–Acho que devemos amarrar uma corda, só por precaução - falei.

–Ok, ok, eu faço isso - Dean respondeu - anda logo.

Revirei os olhos e pulei.

–...sabe eu só estava tentando ajudar... - dizia Sam.

–Nunca te pedi nada - Ashley falou rindo, achando graça daquilo. Ela se virou pra mim - por que demoraram tanto? Estavam se pegando lá em cima?

–Cala a boca, Ash. A resposta é não, ao contrário de vocês que estavam quase fazendo isso - sorri pra ela.

Nesse momento Dean caiu entre nós, não estou brincado. Ela estreitou os olhos e ficou me encarando. Conhecendo Ash como eu conhecia esse era o olhar "vai me falar tudo assim que matarmos esse filho da puta".

Aparentemente aquilo era um túnel muito, muito estreito, feito de madeira e com mais ou menos um metro e meio de largura. Fiquei me perguntando como era possível aquilo existir num prédio. Como em todo filme, depois de alguns metros, o túnel se dividia em dois. Ashley e eu fomos pela direita.

–Tá sentindo esse cheiro? - perguntei.

–Por que me parece familiar?

Já sabíamos a resposta quando encontramos... Como posso chamar restos humanos e ossos sem causar ânsia em ninguém? Acho que não dá.

Peguei uma faca e mexi naquilo com ela.

–Parece que foi...

–Mordido - completei.

Resolvi manter a faca nas mãos. Eu tinha algumas opções de monstros em mente e nenhuma era boa. Continuamos seguindo o caminho. Para nossa surpresa os Winchester vieram parar no mesmo lugar.

–Ghoul - Sam afirmou com certeza.

Eles também tinham encontrado um corpo e uma pulseira igual a que tínhamos achado.

O túnel agora só seguia em uma direção.

–Não precisavam ter vindo - disse uma voz feminina na parte em que as lanternas não pegavam.

Como se tivéssemos combinado, as quatro facas se ergueram em posição de defesa.

–Sabe - continuou a voz. Tinha algo familiar nela, eu só não lembrava o que - aquelas garotas que fazem, desculpem, faziam o curso de moda tem um gosto bom, mesmo que todos aqueles produtos estraguem um pouco.

Ela finalmente chegou a luz, eu queria bater a cabeça na parede por não ter nem desconfiado antes. A mulher que tinha nos atendido na recepção estava parada bem na minha frente.

–Mas meu prato favorito continua sendo caçadores, de preferência com barbecue. Conheçam meus filhos.

Um barulho de passos ecoou e outros dois ghouls apareceram.

Duas garotas com cara de modelo apareceram. E sem dizer mais nada vieram pra cima da gente.

A loira de jaqueta de couro correu até mim. Desferi um golpe com a faca, mas obviamente não funcionou. Depois de mais alguns golpes e erros, eu tinha um arranhão no braço e um ghoul inteiro. Senti alguém me puxar pra trás pelo pescoço e derrubei a faca.

Eu estava ficando sem ar, era morrer ou dar um jeito de matar aquela coisa. Tomei impulso e me joguei no chão, levando-a comigo, o que foi consideravelmente difícil considerando o tamanho do espaço. Tateei em busca da faca, encontrei e decapitei o ghoul, simples assim. Okay, na hora não foi tão simples.



–Pra onde vão? - Dean perguntou - Acho que tenho o direito aos seus telefones, queridas.

–Vai se ferrar - falei.

Estávamos bebendo no estacionamento da universidade tecnicamente era proibido mas eles nos deviam uma, mesmo sem saber.

A luta tinha acabado rápido, a outra "filha" tinha sido fácil. Só a mãe tinha dado mais trabalho, mas nada de que não pudéssemos cuidar.

As pulseiras que encontramos eram das garotas do curso de moda. Pelo que entendi alguns deles tinham encomendado as joias pra simbolizar alguma coisa em que não prestei atenção.

–Vamos fazer assim, se chegar antes numa cidade agradável o suficiente pra não ter nada sobrenatural você ganha - Ashley riu e entrou no carro.


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