O segredo das sombras escrita por Dark Scorpion


Capítulo 2
Capítulo I: Um ato introdutório


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Aqui está mais um capítulo da minha fic. Espero que gostem do mistério que o envolve.



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– Peguei! – Exclamou Joseph quando capturou a pequena Lisa em seus braços. A menina ria enquanto ele fazia cócegas em sua cintura.

– Isso não vale! Não... Argh... Pare! – Dizia a menina entre suas gargalhadas. Ele atendeu seu pedido.

O pai a carregou no colo, levou-a para o quarto dela e a pôs na cama, a menina logo dormiu. A casa era grande e possuía dois andares, porém era muito maltrapilha. A casa era antiga e inteiramente feita de madeira retirada da floresta, os pisos, as paredes, até mesmo a maioria dos móveis eram feitos da madeira de Ellon. Além disso, a casa tinha o aspecto de estar decrépita, as portas e janelas rangiam os degraus da escada que levava para o andar de cima criavam um rangido estridente. A casa ainda possuía um celeiro quebradiço, um pomar e uma horta em seus arredores e uma decoração rústica. E bem, digamos que a casa não era posicionada em um local muito “seguro”...

Ellon era uma floresta não muito afável aos olhos dos habitantes da cidade de Viderry, há muito existia uma fábula de que a floresta seria amaldiçoada, e que as chamadas “criaturas sombrias” habitassem por lá. Isso não era muito bem tido para os habitantes religioso-amigáveis de Viderry, ainda mais quando havia uma família que morava próximo ao centro da floresta. Essa família eram os Roones.

A família Roones era constituída basicamente por quatro pessoas: Elisabeth, Ruth, Joseph e Mary.

Elisabeth, carinhosamente chamada de Lisa por seus familiares, era a pequena filha de Ruth e Joseph Roones. Lisa era uma menina doce e gentil, além de possuir um vasto vocabulário para uma criança de sua idade, que surpreendia a todos, pois tinha somente seis anos. Mas este vocabulário tão extenso não surgira do nada, e sim de vários anos de dedicação de sua mãe e sua avó que a ensinavam palavras novas todas as tardes.

Lisa era cativada por sua avó, Mary Tew Roones, a velha e doce moradora da casa. Com 67 anos, ainda brincava de bonecas com sua neta simplesmente para ver um pequeno sorriso em sua face.

A menininha era encarregada de dar comida aos animais todos os dias de manhã, ir à escola e de instruir-se de palavras novas com sua avó e com sua mãe todas as tardes. A vida na fazenda era serena e remota da circulação da cidade que possuía em torno de certas dezenas de habitantes; nada muito aglomerado, todavia, ainda bem distinta da vida que levavam.

Certamente foi bem fácil Lisa se sentir solitária naquele recinto isolado do mundo; seus pais eram amorosos, Mary era uma avó excelente, nunca a deixava sozinha. Entretanto, nada se compara a um amigo, no qual se pode confiar, no que se colaciona como um irmão. Um verdadeiro amigo.

Lisa havia acordado bem cedo naquele dia, em torno das cinco e meia da matina, fixou seu olhar no teto e nas paredes violetas de seu quarto por algum tempo. Pensou no tempo que levaria para ir ao colégio que logo teria que se levantar e se arrumar e sentiu preguiça, olhou para sua penteadeira e para as bonecas postas em uma estante em uma das diagonais do quarto. Olhou fixamente para o espelho, que refletia a janela e a paisagem desta, observou o reflexo da floresta por muitos instantes quando lembrou-se de que logo a atravessaria, sentiu um pequeno arrepio ao pensar nisso. Não gostava de entrar nela, mas era necessário.

Levantou-se, se dirigiu ao banheiro do andar de cima, escovou os dentes e foi à cozinha para tomar um copo com água. Desceu as escadas rangentes vagarosamente para não incomodar seus pais ou sua avó.

“Eles devem estar dormindo.” Pensou, e enquanto descia sentia um frio subir-lhe por suas pernas nuas.

– Tenho que fechar estas janelas... Que frio! – Reclamou a menina.

Pôs-se a andar até a primeira janela e tentar fechá-la, não conseguiu, pois esta se localizava alto demais para a pequenina. Esticou o corpo e ficou na ponta dos pés, mas ainda assim chegou a apenas três quartos do caminho.

– Bom dia! – ouviu-se um som vindo das escadas e um leve farfalhar dos galhos de uma árvore batendo em uma das janelas, além é claro, do som dos passos da idosa que se aproximava, do bater de sua bengala no chão amadeirado e do ranger das madeiras avelhantadas da escada.

– Oh, bom dia vovó! estava tentando fechar as janelas, mas não consigo alcançá-la... – disse a menina em um tom de frustração.

– Não se preocupe, eu as fecho.

– Está bem então... Vovó, que horas são? – Indagou a menina.

– São... – A idosa olhou para o relógio posto em uma parede acima do fogão. – O relógio marca seis e trinta e oito.

– Logo tenho que ir para o colégio... – Murmurou. A menina se surpreendeu com o horário, havia acordado bem cedo. O tempo passou bem rápido para ela.

– Tudo bem Lisa, vá se arrumar que eu preparo o café da manhã.

– Está bem.

A menina se dirigiu às escadas e subiu-as correndo o que a fez levar uma pequena advertência da mãe que já havia levantado e ia em direção ao andar de baixo. Elisabeth andou até seu quarto e abriu a porta de seu armário, apanhou o seu uniforme e vestiu-o. Olhou-se no espelho e analisou cada detalhe de si mesma: observou seus olhos azuis e cabelos negros e o uniforme branco com tons escarlates e as sapatilhas pretas. Estava pronta.

Ouviu um chamado de sua mãe proveniente do andar de baixo, andou pelo corredor e desceu as escadas, encontrando com Ruth logo no final da escada.

– Que demora! – Exclamou sua mãe, que riu logo em seguida. O comentário fez Elisabeth se enrubescer.

– Onde está o papai?

– Lá na horta desde cedo... Você não o viu?

– Não. – Murmurou a menina.

– Vou avisá-lo para preparar a carroça.

Lisa foi até a cozinha enquanto Ruth saía pela porta da frente. Chegando lá encontrou sua avó pondo flocos de milho em uma tigela com leite. Lisa comeu o cereal, depositou um beijo na bochecha da avó e correu até a carroça.

Seu pai estava alimentando o cavalo quando Elisabeth subiu na carroça, sua mãe deu-lhe um beijo na testa e voltou para casa enquanto Joseph subia e punha o cavalo para galopar.

O mundo enegreceu quando entraram na floresta. A menininha sentia seu corpo ser envolto por uma prisão gélida, sentia dormencia em cada centímetro de sua pele e o silêncio era aterrorizador. Ainda assim, não tinha medo do escuro, mas das criaturas que o habitavam.

O trajeto era tortuoso e demorado, Lisa estava apreensiva e começou a se aterrorizar quando começou a ouvir sussurros.

Após algum tempo, a luz do dia cegou temporariamente Elisabeth, que havia se acostumado à escuridão. A carroça continuava seu trajeto pela cidade, e todos que viam a carroça se aproximar se afastavam. Logo, a cidade se tornara silenciosa.

O cavalo, digo: Floco-de-neve, andava calmamente por entre as estradas de Viderry. Lisa dera esse nome à ele por conta de sua cor, além de ser um bom nome pois ele nunca se sujava, sempre estava branco como a tal. E quando finalmente chegaram ao seu destino, várias mães puxavam seus filhos contra si para que eles se afastassem de Elisabeth.

Morar na floresta não gerava muitos pontos positivos.

Os passos de Lisa eram tremidos e instáveis. Sentia desconforto todos os dias em que chegava à escola. A única coisa que a fazia sentir certo alívio era ouvir a voz de Ayelle, a sua professora. Ela era carinhosa e gentil com Elisabeth, e não permitia que a tratassem mal, realmente não o faziam, pelo menos enquanto ela estava por perto.

Atravessou o portão, onde algumas mães enviavam-lhe um olhar aterrorizado e outras viravam seus rostos e tampavam os olhos de suas crianças. Joseph suspirou e segurou a mão da menina, a guiou até a entrada e andou com ela até a sala de aula.

– Não ligue para elas está bem. Elas não fazem ideia do quanto você é boa. – Sussurrou ele em seu ouvido quando viu que Elisabeth deixara escapar uma pequena lágrima.

– Por que não podemos nos mudar... Sair de Ellon? – Indagou Lisa baixinho.

– Lisa, já lhe disse o motivo. Além do mais, se nos mudássemos para Viderry, não teríamos como ter a fazenda, nem a horta... Você não gostaria que os porquinhos tivessem que “arrumar as trouxinhas e procurar outro lugar para morar”, não é mesmo? – Disse Joseph, citando os três porquinhos.

– Não! – Respondeu prontamente Lisa. – Na cidade não poderíamos ter os animais?

Joseph abanou a cabeça. Ele deu um sorriso amarelo e depositou um beijo na testa de sua filha. O sinal tocou e ele fez menção de ir embora, contudo parou na porta e disse:

– Se comporte Lizzie. – Ele só a chamava assim quando estava preocupado, ela pensou.

A sala então começou a se encher de crianças, mas nenhuma se sentou ao lado de Elisabeth e Joseph seguiu o rumo para casa.

E uma mulher de vestido rubro o seguia silenciosamente. Tão taciturna quanto uma serpente peçonhenta que espera a sua presa por entre as folhagens.


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Notas finais do capítulo

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