— ORIHIME! – Estava na frente do espelho quando ouvi a voz de Tatsuki me chamando, dei mais uma checada no espelho um tanto insegura.

O convite de Karin, para uma apresentação do cunhado de Ishida a deixou nervosa. Pois, não estava acostumada a ter vida social.

Olhou para trás, e ficou bem surpresa quando viu Tatsuki com um vestido preto, tomara que caia que se ajustava perfeitamente bem a seu corpo muito bem torneado pelos árduos treinos.

A garota estava usando maquiagem um pouco mais carregada que o normal, e seus cabelos continuavam arrepiados, mas de um jeito que a deixava com um visual sofisticado.

Orihime ficou boquiaberta.

— Que foi, estou muito estranha? – Arisawa perguntou andando com desenvoltura em cima de uma sandália de salto.

— Não, é que você está... Surpreendente. – Orihime não conseguiu deixar de ser sincera.

O que pusera um sorriso nos lábios da outra, que apreciava a sinceridade de Orihime.

Afinal, sendo uma personal trainer, e esportista por vocação Tatsuki tinha um estilo despojado, e mais voltado para molecagem no dia-a-dia. Mas, isso não queria dizer que ela não sabia como andar com desenvoltura em cima de um salto.

— Gatinha, sou uma caixinha de surpresa. – Tatsuki dissera dando uma piscadinha, fazendo caras e bocas para Orihime que acabou rindo, sem deixar de demonstrar seu nervosismo.

— Assim como você. – A outra dissera fazendo um gesto para que Orihime desse uma voltinha, coisa que ela fez constrangida.

Estava usando um vestido vermelho que ia até metade da canela, mas tinha uma pequena fenda do lado esquerdo. Seus longos cabelos estavam presos em um coque alto, e Orihime havia feito uma maquiagem leve, mas que a deixara um pouco apagada na opinião de Tatsuki.

Mas, ela não quis comentar nada para não esmigalhar a pouca autoconfiança da garota.

— Você está muito bem. – Tatsuki disse com sinceridade, pois não eram detalhes como a maquiagem ou o salto anabela que ela estava usando que iria estragar o brilho natural de Orihime.

— Arigatou. – A garota disse baixando os olhos, e focando um ponto qualquer no quarto.

Ela chegou abrir a boca para fazer uma pergunta, mas ficou constrangida de dizê-la em voz alta.

— O que foi? - Tatsuki perguntou estranhando o comportamento de Orihime.

— Você acha que o Kurosaki-k... Vai gostar? – Ela perguntou recriminando-se por estar dando tanta bandeira sobre seu interesse no garoto ruivo.

E, Tatsuki ficou um pouco perdida quanto ao que dizer, pois não tinha muita experiência com garotos, para ser uma “boa conselheira”.

Mas, de novo ela sentia que tinha de dar uma injeção de ânimo na garoto, por isso com um sorriso sincero ela dissera:

— Se ele não gostar, ele é cego ao quadrado. – A garota disse colocando a língua de um jeito que combinava um pouco mais com a velha Tatsuki.

E, aquilo pusera um sorriso tranquilizador nos lábios de Orihime.

— Arigatou. – Orihime disse sobressaltando-se quando a buzina tocou, alertando que a carona havia chegado.

...

Uryuu estava de mau-humor por estar sendo feito de motorista de novo. E, seu temperamento azedou ainda mais quando ele soube que aquele pequeno dragão em forma de mulher, iria junto.

Tatsuki era uma mulher muito bonita na sua opinião, mas tinha aquele seu temperamento que afastava a freguesia, na opinião de Ishida.

Apesar de naquele dia ele ter tido a oportunidade de ver uma faceta mais doce da jovem mulher.

FLASHBACK ON

— Cara, não vou repetir de novo... Me solta. Se não vai levar um chute no meio das bolas. – Tatsuki disse aquilo de um jeito maldoso que fizera o garoto estremecer de receio.

— Ai, não precisa falar assim. – Ele disse remexendo seus óculos nervosamente. – Estou sempre tentando te ajudar e você me trata com quatro pedras na mão.

Ele disse descendo a jovem de seu ombro, e colocando-a de pé no chão, mas suas pernas ainda não estavam firmes.

E, ele teve de ampará-la de novo.

— Só estou ajudando. – Ele falara na defensiva. Receoso de mais uma explosão injustificada dela.

— Gomensai. – Ela dissera afastando-se dele, e se escorando na parede, para não ter de continuar fazendo isso em Ishida.

— Hã? – Uryuu não esperava aquela mudança repentina dela. – Por favor, não conte para ninguém que me viu assim. – Ela pediu baixo, como se estar reagindo inconscientemente a um medo, fosse um erro terrível. Sendo que era apenas uma faceta humana, na opinião de Uryuu.

— E, porque contaria? – Ele perguntou ajeitando seus óculos, coisa que ele fazia ainda com mais frequência quando ficava nervoso.

— Desculpe, por hoje cedo. Você é um cara legal, Ishida. – Tatsuki disse lhe dando um leve soco no ombro, fazendo-o arquear a sobrancelha, perplexo pela atitude dela, e pela reação dele de se sentir “feliz” com suas palavras.

FLASHBACK OFF

Mas, agora que o momento tinha passado, Ishida tinha receio de que a velha e irritante animosidade de antes retornasse, mas quando Inoue e Tatsuki caminharam até o carro, ele percebeu que uma mudança cósmica tinha acontecido.

Para começar o modo como Tatsuki estava vestida. Orihime estava linda como sempre, mas era da morena que ele não conseguia tirar os olhos, e de novo ele se sentiu “feliz” quando educadamente ela o cumprimentou:

— Boa noite, Ishida. – Ela falara sem desviar os olhos dos deles, e aquilo pusera um rubor em suas bochechas.

Definitivamente, as coisas tinham mudado e Ishida tinha dúvidas se havia sido para melhor.

...

— Ichigo, a quanto tempo? – O ruivo teve vontade de sair correndo de volta para casa, se Karin não tivesse colocado o braço no batente da porta e feito uma cara terrível, forçando-o a ficar.

Ela havia aparecido em seu apartamento, atrapalhando sua soneca do dia, para fazer um drama.

De que Uryuu era um idiota, que havia ficado preso em umas questões de trabalho, sendo que eles tinham prometido ir a um show de Hisagi, marido da irmã do mesmo.

Karin tinha muito receio da família de Uryuu, que era complicada por natureza. Nanao era a única pessoa que ele mantinha um contato esporádico.

E, a Kurosaki tinha muito medo de fazer alguma coisa errada e estragar o que já era estragado por natureza. E, Ichigo não via motivos para sua irmã se cobrar tanto, com relação a tudo isto, já que a m**** toda não envolvia diretamente sua pessoa.

Mas, sua irmãzinha tinha esse dom de tomar para si os problemas dos outros, e sofrer em dobro com isso, já que ela não conseguia resolver os seus próprios problemas.

Para começar aos 20 anos de idade, ela ainda não tinha decidido por uma profissão, e vivia do minguado espólio deixado por seus pais, e claro da ajuda de Uryuu que mantinha as despesas da casa e tudo mais, com seu próprio trabalho.

Mas, Karin era uma boa garota, que ainda não tinha encontrado o caminho, porque ficava preocupada com todo mundo. E, Ichigo sabia que ela era a pessoa que mais sofria por causa disto.

Então, em um gesto de MUITA boa vontade, ele resolveu ajuda-la só um pouquinho e acompanha-la, sem reclamar.

Mas, ela tinha dito que era em um jantar dançante mais familiar, e não um barzinho repleto de casais apaixonados.

Aquilo lhe trazia memórias azedas, e Karin sabia disto, então a boa vontade do ruivo foi pelo ralo.

Mas, ele mal colocou os pés ali, Nanao o reconheceu e viera ao seu encontro com um sorriso de canto.

— Nossa que surpreso vê-lo aqui, meu bem. – Ela falara dando um beijo estalado na bochecha do ruivo que ficou todo sem jeito.

Não demorara Hisagi aparecer, e envolver a cintura de sua esposa, dando um beijo na bochecha dela.

— E, ai Ichigo sumiu do radar, cara. – Hisagi dissera o cumprimentando com um soquinho e uma batida de mão.

— Estive ocupado. – Ichigo mentiu descaradamente, pois a única coisa que ele não tinha naquele momento era ocupação.

— Sei. – Nanao dissera contendo o riso, e seu olhar tinha um pouco de censura.

Ele conhecia Ishida desde que era criança, e naturalmente conviveu muito com sua chata e perfeccionista irmã.

Ela era professora de literatura em uma escola granfina só para meninas, e suas atitudes eram um tanto elitistas demais para o gosto de Ichigo.

Mas, ela dera uma melhorada em seu comportamento, quando iniciara um relacionamento com Hisagi.

Que era seu exato oposto. Músico, autodidata, não sabia fazer outra coisa, a não ser tocar na noite, gravar suas apresentações e postar na rede em busca de patrocínio.

E, as coisas no último tempo tem dado certo. E, Ichigo não tinha nada contra eles em particular.

Mas, vê-los tão bem, lhe machucava... Isso porque eles eram um reflexo do que ele e Senna poderiam ter se tornado.

— Ora, só quem apareceu... O irmãozinho mais desnaturado da história. – Felizmente a atenção de Nanao foi atraída para outra pessoa. E, essa pessoa arruinou de vez o humor de Ichigo que se sentiu traído por Karin.

— Cadê o cara que ia ficar preso com questões de trabalho? – Ele perguntou sem esconder o quão estava furioso com Karin naquele momento, mas ela já estava esperando essa reação e não se abalou.

— Sei lá, ele deve ter se liberado mais cedo. – A Kurosaki mentiu descaradamente, e aquilo deixou o outro ainda mais fulo da vida.

— Amor... – Karin quase saltara nos braços de Uryuu fazendo questão de lhe dar um beijo demorado nos lábios de Ishida, que ficou um pouco constrangido sendo apertado por sua irmã de um lado e por sua namorada do outro.

Sendo que Tatsuki estando frente a frente com ele, o encarava com uma expressão estranha, e ele sentia que o pouco progresso que eles tinham tido, acabara de desmoronar.

...

— Kurosaki-kun?! – Como Uryuu chamou todas as atenções, Ichigo quase sentiu a deixa para sair de fininho.

Mas, para sua surpresa Orihime estava ali e percebeu. Ele nem tinha a notado, e ficou admirado por ter feito essa proeza, pois a garota estava tão bela quanto no primeiro dia que havia a conhecido.

— Hime? – A palavra escapou dos lábios dele antes que ele pudesse ter controle.

— Hai. – Ela disse desajeitada, sem saber direito como proceder.

Estavam quase na saída do local, quando Orihime o abordou, e eles tiveram de dar passagem para os outros clientes que estavam chegando.

— Não sabia que você gostava desse tipo de lugar. – Ele disse tão incerto quanto ela sobre o que dizer.

Sua vontade ainda era ir embora, mas deixar a garota ali sozinha na entrada, não lhe parecia certo. Ainda mais, com a possibilidade de ser abordada por outro alguém, e com isso quem sabe... Ichigo não sabia porque, mas essa ideia o colocava em cólera.

— E, não gosta... Mas, achei divertido quebrar a rotina só para variar um pouquinho. – Ela disse com a voz um pouco falha, era visível que era uma garota inexperiente, mas não menos adorável.

Ichigo balançou a cabeça.

— E, você não gosta de quebrar a rotina? – Ela perguntou com um sorriso encantador, que o deixou um pouco embevecido por aquele gesto.

Ele balançou a cabeça, sem saber se estava dizendo sim, ou não. Mas, o que importava é que ele estava perto da mulher mais linda do mundo, e já se sentia sortudo apenas por isto.

— Oh, já vai começar. – Ela disse animada, quando ouviu o anuncio da atração da noite ser feito.

Ichigo foi conduzido para o salão, e da porta onde eles estavam, eles teriam de fazer um malabarismo, entre as mesas para chegar até onde seus amigos estavam.

E, para completar alguns casais começavam a dançar pelo salão, convidados por Hisagi.

“Quero que nossas canções embalem suas amizades e paixões essa noite”. – Ele dissera com sua voz, rouca e afinada, fazendo com que o coração dos dois acelerassem por razões diferentes.

Ainda mais, quando Orihime enlaçou sua mão, e toda sem jeito ela pediu para dançar com o universitário que não conseguiu lhe dizer não.

Uma música um pouco mais animada, e eles começaram um pouco rijos e desajeitados.

Mas, na segunda música eles já estavam sincronizando mais um pouco, e então quando eles acharam que tinham tudo sobre controle.

Hisagi engatara uma balada suave.. E, muitos ali começaram a cantar juntos e bater palmas, pedindo bis.

“Só se todos ficarem mais coladinhos”. – Orihime quase ficou sem ar, quando Ichigo a trouxera para mais perto.

Eles estavam tão devagar, quase parando diferente dos outros casais, que mantinham um ritmo um pouco mais rápido. Como Uryuu e Karin, essa por mais um pouco não tinha limpado o salão com o bioquímico, pelo modo que o arrastou.

Sobre o olhar tristonho de Tatsuki, Uryuu dançara com sua namorada, mesmo sem estar no clima.

Diferente de Orihime e Ichigo que começavam a entrar em uma sintonia que era só deles, aos poucos tudo foi desaparecendo, primeiro os outros casais, depois as luzes, seus amigos, restando apenas eles, em seu universo particular, e seus corações descompassaram, quando seus olhares se encontraram.

E, a mágica da atração acontecera, e seus lábios tornaram-se apenas um, em um beijo terno e suave.