You escrita por PepitaPocket


Capítulo 10
Segundo Encontro




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Orihime acordara aquele dia, sentindo como se borboletas invisíveis, estivessem a tirando da cama, porque ela nem sentia seus pés tocando no chão, de tão exultante que se sentia.

“Estou vontade de fazer aquele bolo de maisena, com amendoim, pipoca doce e mousse de gengibre”.

A garota pensava em mais uma louca combinação de comida, do tipo que só ela apreciava saborear.

E, isso só acontecia quando ela se sentia feliz.

...

Depois de ter tido o primeiro beijo com Ichigo, eles dançaram mais uma ou duas músicas, antes de se juntarem aos seus amigos, que notaram que algo diferente havia acontecido entre os dois, mas ninguém falou nada.

Por volta das 2h da manhã, o ruivo as deixara na porta de seu prédio, e diferente da primeira vez, o trajeto foi silencioso, porém calmo.

Ela, estava na expectativa de receber mais um beijo de Ichigo, mas ele dera-lhe um sereno “boa noite” e ficara aguardando até que elas entrassem no prédio.

Mas, como a boa otimista que ela era, Orihime preferiu acreditar que Ichigo só fez isto, por causa de Tatsuki que também estava no carro, meio que segurando vela.

Por falar, em Tatsuki ela achara sua amiga quieta e apática demais. Algo estava acontecendo com sua amiga, e a ruiva até conseguia imaginar.

...

Seu bolo único e exclusivo no mundo, estava saindo do forno, quando uma mensagem em seu celular a tirou de seus devaneios.

Como era domingo, Orihime pretendia dar uma chegada até o apartamento de Tatsuki, e convidá-la para assistir alguns filmes para passar o tempo.

Se bem que agitada como ela era, certamente elas iriam acabar fazendo exercícios aeróbicos, como da última vez, e aquilo causava mais dor, do que conforto em Orihime.

Embora, ela continuasse adorando sua amiga do mesmo jeito.

A garota pensara com um sorriso bobo, enquanto deslizava os dedos, pela tela do celular, animada por estar recebendo uma mensagem de Ichigo, que mesmo sorrindo na foto, parecia estar carrancudo.

        Ichigo: Bom dia, Orihime. – Ele começara digitar, com agilidade.

        Orihime: Oi chuchu go. – Ela estava tão ansiosa pela mensagem que ele estava digitando, que ela nem reparou no que o corretor havia a induzido escrever.

        Ichigo: Precisamos conversar. – Ela ficou um pouco desapontada, com aquilo. Ele ficou um tempão digitando, para no fim sair apenas duas palavras.

        Orihime: Vem ne mim casaco chuchu go. – A garota digitou, pensando se ele ia gostar de sua receitinha especial de bolo ou não.

        Ichigo: ? – Mas, ao invés disso ele manda uma carinha de dúvida, e então ela quase tem um mal súbito, quando percebe os absurdos que ela tinha digitado sem querer.

        Orihime: Isso chupada do corredor aloprado. – Orihime tentava ser rápida, para impressionar o Kurosaki, mas acabou sendo tapeada pelo corretor automático de novo.

        Ichigo: ? – Ela estava quase se debulhando em lágrimas e correndo até o apartamento vizinho, pedir socorro... Quando no aplicativo aparecera “gravando áudio”.

        E, inocentemente a garota até imaginou seu ruivinho lhe cantando uma canção de amor, ou recitando versos poéticos.

        “Orihime, precisamos conversar. Posso te pegar a tarde para tomarmos um café? E por Kami-sama desativa o corretor automático”. – De tudo que ele dissera, ela absorvera apenas o som de sua risada. Melhor do que qualquer canção de amor ou poema.

        E, quando deu por si ele tinha gravado mais dezenove áudios, basicamente com a mesma pergunta: “Orihime você está ai? Aceita ou não?”

        Orihime: xixi chuchu go. – Ela tentara mais uma vez digitar a mensagem sem sucesso, já que não sabia gravar áudio.

        Ichigo: ? – Ichigo tentar por áudio, obter uma resposta, mas depois de outras dezenove vezes de tentativas frustradas, Orihime saíra correndo e para seu alívio Tatsuki estava retornando talvez de mais uma sessão de exercícios.

        — Tatsuki, help. – A ruiva até assustou sua vizinha, que fez tantas caras e bocas que a outra demorou a entender o que ela queria. Mas, quando entendeu, Arisawa... Resolvera, o pequeno entrave, que o analfabetismo tecnológico de Orihime, provocara.

        — Sim, ela aceita chuchu go. – Tatsuki disse se desmanchando de tanto rir, mesmo quando Orihime fez uma cara bem malvada.

        — Tatsuki-san... Ah... Que vergonha! – A outra disse se encolhendo constrangida, achando que seu erro havia sido imperdoável, e que por culpa disso o Ichigo iria lhe dar um fora direto para a Sibéria... E, ela não sabe porque associou uma coisa e outra, mas se imaginou dentro de um iglu e tudo.

        — Relaxa, Orihime... Mesmo o senhor carrancudo, deve estar dando boas risadas com isso agora... – Tatsuki disse tentando imitar sem sucesso, a principal característica, mas sem sucesso evidentemente.

— Ele não é carrancudo. – Orihime disse fazendo um biquinho, e Tatsuki repetiu sua tentativa de fazer a mesma expressão séria do ruivo, sem sucesso. E, por isso mesmo aquilo rendeu boas risadas as duas garotas.

...

Pontualmente as três Ichigo, parara em frente ao edifício de Orihime, que para seu alívio já estava ali na frente usando uma saia jeans que ia até metade da coxa, e uma regata preta com um casaco de tricô por cima, seus cabelos estavam soltos, e o universitário gostava de como eles balançavam ao vento.

— Boa tarde. – Os dois disseram em uníssono. O cumprimento formal carregado de nervosismo e ansiedade, fora compartilhado pelos dois, que se entreolharam entre sorriso igualmente nervoso.

— Não tem cafeteria aberta, domingo, tem? – Orihime perguntou a primeira coisa que veio na cabeça apenas para quebrar o gelo, coisa que serviu para que Ichigo fizesse uma careta pela própria falha.

Estava tão isolado, que havia perdido a noção dos dias da semana.

— Pensei em darmos uma volta na praia. – Ichigo sugeriu casualmente, e Orihime fez uma expressão engraçada.

— Relaxa, não é nenhuma praia deserta e eu não sou nenhum maníaco. – O outro dissera coçando a cabeça de um jeito que Ichigo coçara a cabeça.

— Não, não é isso. – A garota disse chateada pelo outro não a compreender nem quando eles estavam se comunicando pessoalmente.

— É... que... que... eu... não... não... vi... nunca... a... a... praia! – A garota disse se enrolando toda com as palavras, e parecendo tão adorável aos olhos de Ichigo, que ele ficou ali apenas a encarando, embevecido por seu charme.

— Isso é patético, não é? – Ela disse colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha, obrigando Ichigo a ter uma reação mais positiva.

— Nada disso, para tudo tem uma primeira vez. – O outro disse lhe dando o melhor sorriso que conseguia. – E, eu terei o prazer de ser seu guia.

Ele dissera dando uma risada baixa, que aqueceu o coração de Orihime. Ichigo por sua vez, se desconcertou quando a garota pusera sua mão sobre a dele, em um gesto tão natural e desinteressado.

— Nada me fara mais feliz do que isso, Kurosaki-kun.

Aquelas palavras, seguida por aquele gesto, o desarmaram.

Havia ido até ali, decidido a esclarecer as coisas, de modo a pôr um ponto final, em tudo.

Mas, Orihime o rendera, com o primeiro sorriso.

Ela tinha esse dom. Geralmente, homens e mulheres quando estão interessados amorosamente por alguém;

Ensaiam seus passos. Calculam suas atitudes. Fazem de tudo para impressionar o outro, oferecendo as suas melhores características, o que nem sempre é sua faceta mais verdadeira.

Mas, Orihime não era assim.

Ela era uma garota absoluta espontânea e natural. E, até nisso ela conseguia ter uma autenticidade que ele até então, não havia visto em ninguém.

No curto percurso de trinta minutos até a quadra, ele perguntava-se “se não seria egoísmo, insistir com aquilo, sabendo que certamente iria machucá-la?”

Mas, então quando eles chegaram na praia, algo totalmente fora dos padrões aconteceu.

Orihime vira a imensidão do mar, pela primeira vez. E, seus olhos castanhos iluminaram-se como os de uma criança, diante de algo que a maravilhava.

Ela, mal descera do carro, e puxara Ichigo pela mão, sem nem lhe dar tempo de trancar a porta do carro.

Ele estava sendo arrastado pela areia, seguindo a garota, até a beira do mar.

Ela parar apenas quando estava na parte mais rasa, onde as ondas beijavam a areia, recuando a seguir, deixando o solo úmido.

Os dois tiraram os calçados, e ficaram lado a lado observando aquela imensidão.

Ainda de mãos dadas, Ichigo não conseguia tirar os olhos de Orihime.

— Queria ser um pintor, para fazer uma pintura nesse instante. Só para eternizar, esse seu sorriso, o brilho do seu olhar.

Ichigo disse com suavidade, embevecido pelos encantos daquela mulher, embalado pelo ruído das ondas quebrado na areia, o cheiro da maresia, parecia estar purificando sua alma.

Uma sensação de liberdade que ele há muito não sentia. Pois, ele estivera preso e entorpecido pela dor nos últimos tempo.

— Mas, você pode eternizar todo o momento que quiser, Kurosaki-kun. – Orihime dissera aproximando sua mão de seu peito.

Ele estava vestindo uma simples camisa polo bege, com detalhes em marrom e um calção jeans azul marinho com um sapatênis preto.

— É só você guardar aqui. – Orihime disse com doçura. Aquilo confundiu um pouco Ichigo Por um lado suas palavras eram doces, mas por outro mostrava uma menina sonhadora e romântica.

— No momento, eu guardo aqui... Muitas dores, menina. – Ichigo disse com certa amargura, sendo surpreendida pela risada de Orihime.

— Chama-me de menina, Kurosaki-kun? – Ela falou fazendo uma expressão graciosa. – Diga-me que idade você tem?

— Acabo de fazer vinte e quatro. – Ele disse ficando corando, ao lembrar que ela no máximo tinha um ano a menos do que ele.

Sendo que na verdade, eles tinham menos de dois meses de diferença, já que ele completara em julho, e ela faria aniversário em setembro, sendo que eles estavam em agosto.

— Refiro-me as experiências de vida. Acho que você não viveu uma decepção amorosa... Nem uma grande perda, como as que eu tive... Por isso tem essa visão tão...

— Boba? – Ela perguntou fechando a cara, seu semblante estava sério, de um jeito que ele ainda não tinha visto.

— Eu diria idealista. – Ele falou coçando a cabeça, receoso de estar a ofendendo por conta de seu azedume, mas para sua surpresa ela lhe brindara com mais um sorriso.

— Quem me criou foi meu irmão, nossos pais eram abusivos. E, eu fiquei cuidando dele por quatro anos, enquanto via meu único parente, definhar por conta de um tipo raro de leucemia. Os últimos dois anos, foram os mais difíceis, ele estava muito debilitado, mesmo assim eu o cuidei durante todo o tempo, não sai de seu lado, da mesma forma como ele não saiu do meu quando eu precisei.

Ichigo ficou boquiaberta, ao ouvir aquele relato, mais ainda em notar que ela não chorava, nem usava isso como um instrumento de tortura. Havia tristeza em sua voz, mas havia uma espécie rara de gratidão. Ela estava tranquila porque esteve com seu irmão o quanto pode, e dera o seu melhor.

— Agora estou sozinha nessa cidade, sem amigos nem família. E, esse é o meu recomeço. – Orihime disse com tranquilidade.

Ichigo chegou a abrir a boca, para dizer algo para o consolar, mas um dedo indicador dela, pousara suavemente em seus lábios.

— Eu imagino que você tenha passado por momentos difíceis, e que também está em uma fase de recomeço. – Ela falara se deixando levar pelo ruído das ondas, e fechara os olhos momentaneamente, apreciando o momento.

— Nada mais assustador, do que isso não é Kurosaki-kun? – Orihime perguntou com um sorriso doce, e compassivo.

— Mas, você não está sozinho. Você tem a Karin-chan, tem o Uryuu-san, e deve ter outras pessoas que se importam.

E, ao abrir os olhos ela estava vermelha, não estava tão calma, mas ela sentia que tinha de dizer, ou iria sufocar:

— E, se for possível eu também quero estar ao seu lado nesse recomeço.

Ichigo agitou-se ao ouvir aquilo, porque ele havia ido até ali para fazer exatamente o contrário.

— Não digo como sua namorada, mas como alguém que você possa pegar a mão, toda vez que se sentir sozinho.

Ela lhe disse estendendo a mão, e o vento balançando os olhos reforçara ainda mais, a profundidade do momento.

Os olhos de Ichigo se marejaram, e ele cansara de lutar, contra todas as possibilidades, afinal ele estava cansando de sofrer.

E, quando ele pegara a mão de Orihime e beijara-a entre os dedos, ele tivera certeza que encontrara um bom momento para sorrir e se sentir grato.

E, abraçados eles ficaram contemplando o mar, as nuvens, o sol... A companhia um do outro, naquele inesperado segundo encontro.


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