You escrita por PepitaPocket


Capítulo 7
Pedido de Desculpas




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— Kurosaki-kun? – Foi necessário que Orihime o chamasse duas vezes, para que ele saísse de sua letargia, e enfim conseguisse articular alguma palavra.

— Orihime... Eu... – O garoto falou apressado, e se viu enredando-se nas palavras, ainda mais quando notara que a garota havia marejado os olhos.

— Não precisa pedir desculpas, Ichigo. – Foram as palavras dela para ele e aquilo pesara seu coração mais do que chumbo.

— Droga, não faça com que eu me sinta pior do que eu me sinto... – Ele disse deslizando as mãos pelos cabelos, de novo com ansiedade.

Pedir desculpas era difícil. Admitir um erro mais ainda. E, ele estava fazendo as duas coisas ali na frente de uma estranha.

— Eu fui um idiota, me desculpe. – Ele falou fitando o chão, sem coragem de encará-la.

Mas, podia sentir que ela estava o encarando. Seu olhar perscrutando seu rosto, em denominado momento, ele cansou-se de olhar o chão, e ao erguer os olhos fora capturado pelo olhar que ela lhe dirigia.

E, ele bem que tentou, mas não conseguiu desviar.

Era como se ele a conhecesse há muito tempo, e estivesse a reconhecendo, mesmo sem lembrar de quando ou de antes.

— Já disse que não precisa se desculpar. – Ela disse com a voz chorosa. – Você foi gentil me dando carona e eu não deveria ter... – Ela começou a falar tentando não parecer magoada, mas assim como ele estava falhando em não a encarar, ela estava falhando em não demonstrar o quanto sua atitude o machucou.

— Preciso sim. – Ele falou mais resoluto, quebrando a distância entre eles e pressionando seus ombros, causando um tremor na jovem, que não estava habituada com aquele tipo de proximidade, ainda mais com alguém do sexo masculino.

— Eu fui um idiota, e você não merecia ouvir aquelas coisas. – Ele disse repentinamente dando uma risada baixa. – Acho que no lugar de um beijo na bochecha, eu merecia um soco na cara.

Ele disse quebrando o contato, e coçando a cabeça desajeitadamente, conseguindo quebrar um pouco a atmosfera melancólica.

Orihime acabou rindo, ainda mais quando sua imaginação a fez, criar mentalmente várias situações que ela sempre acertava Ichigo, como se ele fosse um boneco de joão-bobo.

— Fazê-la sorrir é melhor do que fazê-la chorar. – Ichigo dissera repentinamente, aproximando o rosto dela a ponto de ela sentir a respiração em sua bochecha.

O que deixou a garota envergonhada, pois se ele tivesse telepatia e imaginasse seus pensamentos naquele instante. Talvez não lhe dissesse aquelas palavras gentis.

— Você quer entrar? – Orihime sugeriu casualmente, e Ichigo hesitou por um instante.

Não queria que a garota interpretasse erroneamente, seu pedido de desculpas, e achasse que ele estava sinalizando a possibilidade de um envolvimento entre eles.

Ele conhecia o tipo de tática usada por Karin, e sabia o quanto sua irmã caçula era persuasiva quando queria.

 Mas, quando a garota lhe estendeu a mão, ele não conseguiu lhe dizer não.

— Amigos? – Ichigo apressara-se em dizer, aquela era uma indireta que delimitava perfeitamente bem o seu papel ali.

— Eu serei o que você quiser, Kurosaki-kun. – Ela dissera aquilo com a voz pausada, ao mesmo tempo que seu cabelo se balançava ao ritmo de sua respiração.

Algo tão simples e momentâneo, que foi uma flechada invisível em seu coração, e ele mesmo duvidou se conseguiria seguir a própria regra de esperar Senna, para que eles pudessem esclarecer as coisas, como deveria ter sido desde o começo.

...

Centro Comercial de Karakura

Normalmente Tatsuki, saia de seu trabalho e ia literalmente correndo para casa, isso para não perder seu condicionamento físico.

Mas, excepcionalmente naquele dia, ela se permitira pegar uma condução até o centro comercial, porque estava cansada da corrida que ela fizera pela manhã, e com o ouvido doendo por causa da bronca que sua chefa havia lhe dado.

Ainda assim, ela estava satisfeita consigo mesma, porque tinha sido leal a Orihime e não havia lhe deixado na mão. Mesmo que no fundo não fosse necessário todo aquele empenho.

Agora, ela iria até o centro comercial, comprar o carregador e voltaria para casa, de condução porque até atletas com excelente condicionamento físico, como ela cansavam.

Mas, tamanho desgosto de Tatsuki foi colocar os pés na loja, e encontrar o “senhor quatro olhos obcecado por branco”, também comprando um carregador.

E, a pior coincidência não era essa e sim, que havia pelo menos cinco lojas no centro comercial que vendiam aquele tipo de produto, no entanto as outras quatro ficavam no segundo andar.

E, nem por Orihime, ela iria se dar o trabalho de subir mais um lance de escadas, só para desviar daquele ser que por ironia do destino ficava cruzando toda hora o seu caminho.

— Seja bem vida, senhorita. – O cumprimento da educada atendente chamara atenção de Uryuu que a encarou com mais insistência do que o necessário.

— Olá, preciso de um carregador. – Tatsuki disse tentando ignorar a presença de Uryuu ali, apenas porque deu na telha.

Ela não sabia o que havia de errado com ela, mas aquele quatro olhos a deixava nervosa, e coisas que a tiravam de seu quadradinho perfeito, costumavam serem ejetadas de sua vida.

— Qual o modelo? – A atendente perguntou solicita, e Tatsuki se sentiu constrangida, porque não tinha a menor ideia, pois Orihime não lhe disse.

E, para ela celular era tudo igual, só servia para as pessoas destruírem o globo ocular, a memória e o condicionamento físico.

— Você pode levar um universal, nesse caso. – A atendente disse mostrando uma infinidade de modelos que deixou Tatsuki perdida.

Pois, ela não sabia se Orihime queria algo assim ou um mais específico.

— Um modelo universal pode não ser uma boa escolha. Ele pode não ter a voltagem adequada, e danificar seu aparelho.

Uryuu dissera casualmente, chamando a atenção da garota para si, e lamentando por isso, porque ela o olhava como se ele tivesse roubado sua sobremesa ou coisa pior.

— Alguém pediu sua opinião? – Até Tatsuki se assustou com o modo grosseiro que ela havia falado com o outro, que torceu a cara ao ouvi-la falar assim.

— Eu só queria dar um conselho... Não precisa cuspir fogo seu dragãozinho! – Uryuu disse remexendo nervosamente em seus óculos.

— DE QUE ME CHAMOU? – Tatsuki dissera deixando seu temperamento levar a melhor sobre a razão.

— Depois não quer que eu a chame de mulher dragão? – Ishida perguntou encarando-a diretamente nos olhos, no exato instante que ela o puxara pela barra de sua camisa impecavelmente branca.

— Chame as pessoas pelo nome, ao invés de ficar lhe dando apelidos estranhos. – Ela disse de um jeito mandão que desagradou o bioquímico.

— Você querer me dar lição de boas maneiras? Depois de me tascar quatro pedras, só porque eu quis ajudar? – Uryuu perguntou calmamente, sem se abalar, para o tanto que o dragãozinho bufava em sinal de zanga.

— Eu não pedi sua ajuda... E, se não quiser levar uma voadora, para de me chamar de DRAGÃO ca****. – Um palavrão bem feio escapou dos lábios de Tatsuki para pavor de Uryuu que viu a morena cair muito no seu conceito.

— Quer saber, dane-se. – Ele disse tirando uma nota de cem da carteira. – Pode ficar com o troco moça. – Ele disse para a atendente que assistia o que era para ter sido apenas duas simples vendas, se tornar em um bate boca sem pé nem cabeça

— Términos de namoro não são fáceis. – A jovem dissera em meio a uma fungada. O que fez com que os dois turrões avermelhassem, porque não se tratava nada daquilo, mas por uma razão eles passaram aquela impressão.

...

— Oh, que bonitinho. – Orihime se desmanchava em lágrimas, ainda mais do que quando ele injustamente brigou com ela, o que deixou o Ichigo absolutamente perdido.

O carro nem havia encostado no cachorrinho, e ele caiu duro porque era um medroso, na concepção do Kurosaki. Mas, o moleque foi correndo fazendo drama, e se debulhando em lágrimas, e Orihime já estava chorando logo que o carro entrou em cena, e o cachorrinho estava correndo de encontro a seu dono, depois de muitas idas e vindas o procurando.

Seja como for o bicho não estava morto, estava vivo, então Orihime deveria estar feliz, e não chorando.

— Hime, quantas vezes você viu esse filme? – Ichigo perguntou coçando a cabeça.

— Setenta e quatro vezes. – Ela disse entre uma fungada e outra.

— E, você ainda chora? – O Ichigo perguntou assustado.

— Acho que depois que assistir cem vezes, eu me acostumo e paro de chorar. – Ela disse com seriedade, o que deixou Ichigo ainda mais impressionado, por ela parecer uma moça tão “incomum”.

Aliás, ele havia sido apresentado a uma mistura de café com limão que ele nunca havia provado na vida, e um pãozinho com frutas secas e canela que o deixaram com um gosto de quero mais.

— Então você faz literatura? – Ela havia perguntando pouco antes de eles começarem a ver o filme.

— Hai. Quero me especializar em Shakespeare. – Ichigo dissera com simplicidade, e Orihime fez um aceno com a cabeça, parecendo interessada.

— Gosta? – O Kurosaki perguntou e a jovem balançou a cabeça afirmativamente.

— Sonhos de Uma Noite de Verão é melhor do que Romeu e Julieta. – Orihime falara com uma propriedade que surpreendeu Ichigo que se viu cativado por aquela fala, apesar de não concordar.

Pela próxima, meia hora eles passaram discutindo os pormenores das duas peças, e no fim deram boas risadas, e Ichigo teve de se contentar já que Orihime tinha certa razão, já que Sonho de Uma Noite de Verão era mais leve e engraçada, e não te fazia chorar por algo tão belo como o amor.

— Pena que na vida real, não seja só de risos que se vive um amor, existe muitas lágrimas também. – Ichigo dissera soando tão depressivo quanto suas palavras indicavam.

Constrangida por não saber o que dizer, Orihime sugerira que eles assistissem um filme, e agora a ruivinha estava se debulhando em lágrimas, por algo ilógico, na concepção de Ichigo.

Sem saber o que fazer para consolá-la, o Kurosaki pegou suas mãos, tentando pensar em palavras de conforto, mas ele nunca foi bom nesse tipo de coisa.

Mesmo assim, ele precisava tentar, por sua doce hime. Porém, esse pensamento o assustou e ele acabou sem saber ao certo o que dizer.

Então quando as palavras iam sair de sua boca, a campainha tocou, fazendo com que o momento se perdesse.

E, Ichigo se sentiu frustrado quando não deveria, mas quem sabe fosse melhor assim, não?


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