You escrita por PepitaPocket


Capítulo 6
Apenas Um Idiota




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A estranha moça peituda daquele dia estava certa, uma tempestade estava para começar, e o primeiro sinal foi o descompasso de seu coração que aquele estranho lhe provocava.

Orihime pensava nisso quando chegava em seu trabalhando passando das duas da manhã, sem saber como ela conseguiria levantar pontualmente nas próximas horas para trabalhar.

Lágrimas acumulavam-se em seus olhos teimando em querer cair, mas ela estava determinada a não chorar pelo que não valia a pena.

Afinal, aquele era um idiota que ela havia conhecido pouco mais de dois dias antes. Orihime cambaleara até seu quarto enquanto tentava não pensar no pequeno desastre que fora os primeiros instantes perto dele.

...

Ichigo estava fulo da vida. Porque no modo ansioso que Karin olhava e sorria, ele sacou rapidamente o que sua irmã estava fazendo.

Ela já havia tentado com outras amigas. Inclusive, quando ele estava namorando Senna.

E aquilo foi o bastante para Ichigo ficar com os dois pés atrás. Ainda mais quando ele viu a ruivinha, com um imã invisível para acidentes que ele conheceu de um jeito para lá inusitado, bem ao lado de sua irmã, com um sorriso contido nos lábios e o encarando com o que lhe pareceu expectativa.

— Vamos logo, Karin... Não tenho o dia todo. – Ichigo disse do modo mais desagradável que conseguia, sem nem olhar para Orihime, que o fitou com certa curiosidade, por sua inexplicável atitude.

— Tempo é o que você mais tem irmãozinho, já que não quer saber nem de trabalhar nem estudar. – Karin alfinetou maldosamente, causando um rubor de vergonha e raiva em Ichigo.

Aquela afirmação decepcionou um tantinho Orihime, ainda mais quando Ichigo lançou um olhar cortante para sua irmã que não se intimidou nem um pouquinho.

— Pode sentar do lado desse idiota, Hime. – Karin disse dando uma piscadinha. Fechando a porta detrás do veículo, para que Orihime tivesse como única alternativa, sentar-se ao lado de Ichigo. – Te asseguro que ele é vacinado, minha amiga.

A morena disse dando um olhar para Ichigo que o fez apertar os nós dos dedos no volante.

— Hm. Arigatou. – Orihime disse pensando sobre seu carma com experiências ruins com caronas. Aquilo deveria ser um sinal para que ela tirasse a carteira de habilitação de uma vez, não?

— Coloque o sinto, menina. – Ichigo dissera em tom paternal e aquilo fez com que a jovem ruiva estufasse as bochechas, agora vermelhas como cerejas.

— Não sou menina. – Orihime disse num impulso, enquanto o obedecia, por causa das leis do trânsito, e não porque Ichigo estava mandando nela.

— Percebe-se. – Ichigo murmurou revirando os olhos exageradamente, enquanto pisava fundo no acelerador.

E Orihime contou até mil e cinquenta, para não revidar apenas para não o desconcentrar na direção, já que muitas pessoas morriam no trânsito por causa de discussões idiotas, inclusive seus pais.

— Estava pensando se você gostaria de ficar, e assistir alguma coisa legal na Netflix. – Karin dissera tentando animar um pouco as coisas, já que o clima naquele carro estava tenso, e seu plano perfeito, estava tornando-se imperfeito, e ela quase podia ver seu namorado, dando uma risadinha contida por causa disto.

— Karin, a vida real já está uma merda, não vou ficar vendo ficção ruim. – Ichigo disse mal humorado, o que serviu para que sua irmã rolasse os olhos. Às vezes, ela se perguntava porque ainda tentava tanto, já mais do que evidente o quanto ele não merecia uma grama de seu esforço.

Mas, então a Kurosaki lembrava-se de seu gentil e sorridente irmão, que só estava assim, porque ele tinha sérios problemas com uma rejeição, travestida de indiferença.

Karin se não for pedir demais, eu peço que me deixe em casa. Orihime disse com a voz trêmula.

— Sim, tem problemas, sim. – Ichigo disse seco. – Primeiro, quem está no volante sou eu, e não Karin. Então, deveria pedir para mim e para ela. Além do mais, eu não sou seu motorista particular para estar levando onde você quer, e deixa de querer.

Karin chegou a prender a respiração, diante da grosseria de Ichigo para com Orihime. A ruivinha por sua vez, piscou várias vezes, perplexa pela atitude do ruivo que continuou olhando para o trânsito como se não dissesse nada demais.

E, de novo Orihime mordeu os lábios para não lhe responder, já que ele ainda estava dirigindo. Ela chegou ter cólicas de tanto desconforto.

Mas, enfim o carro estacionou em frente a um prédio que nem ficava tão longe de sua casa, o que era muito bom, para o que ela pretendia fazer.

— Prontinho, irmãzinha as duas donzelas estão seguras em casa. – Ichigo disse com ironia.

Karin chegou a abrir a boca para responder, mas até ela calou-se quando inesperadamente Orihime cortou a distância entre ela e Ichigo, e sem que nenhum dos dois irmãos esperasse, ela lhe dera um beijo estalado na bochecha.

Ichigo a encarou sem entender a estranha ação daquela garota, mas Orihime nem esperou que alguém dissesse alguma coisa. Ela apenas abriu a porta e saiu, pisando duro.

Ichigo ficou encarando-a aturdido, achando aquela garota nada mais, e nada menos do que uma maluca de carteirinha.

Mesmo assim, ele não conseguiu evitar de descer do carro, e sair que nem um raio daquele carro na sua direção. Karin que até então assistia tudo, dera um sorriso de triunfo.

As coisas não haviam saído como pretendia, mas “quando algo tem de acontecer, o universo conspira a favor”.

...

Orihime já tinha dado pelo menos vinte passos quando Ichigo, conseguiu alcança-la. 

— Hei, hei... Garota. – Orihime parara de algum jeito, apenas porque Ichigo conseguira de algum modo ultrapassá-la e parar na sua frente, com os olhos crispando de raiva.

— Meu nome não é garota... É O-R-R-I-H-E-E-N. – Ela disse tentando soletrar o seu nome, sem sucesso porque estava nervosa, e se tinha uma coisa que ela não sabia fazer, era discutir.

— Você é analfabeta, não consegue nem soletrar o próprio nome. – Kurosaki disse-lhe maldosamente, e aquilo surtiu efeito porque a garota fungou baixinho, lutando para não se debulhar em lágrimas ali no meio da rua.

— Pelo menos eu sou gentil. – Ela falou mais para si do que para ele, mas ele ouviu para sua infelicidade, e a puxou dolosamente pelo braço.  

— Eu não tenho porque ser gentil com você. – Ele disse visivelmente irritado. – Eu nem te conheço, garota.

Aquilo serviu apenas para que ela chorasse mais, não conseguindo mais se controlando.

— Já te disse que esse não é meu nome. – Ela guinchou querendo fugir para o mais longe dele possível. Mas, o aperto dele em seu braço não deixava.

Ele continuou encarando-a com tanta intensidade, que ela não conseguiu fazer outra coisa, a não ser olhá-lo de volta, com seus olhos marejados e repletos de magoa.

Aquilo o atingiu, mais do que qualquer palavra e o fez recuar, reconhecendo que estava sendo um idiota, por pouca coisa.

Assim que Orihime se soltou, ela saiu em disparada agradecida por ter conseguido dobrar a esquina, para longe daquele monstro de cabelos laranjas.

...

Karin que assistia tudo, viu toda sua expectativa ser esmigalhada.

Não adianta o universo conspirar a favor, se a porta ambulante de seu irmão, está cego, surdo e mudo para esse mesmo universo.

Às vezes, ela deveria aceitar a opinião de Uryuu e deixar Ichigo um pouco por conta própria.

Mas, quando o viu ali parado no meio da calçada, puxando os próprios cabelos, numa tentativa estupida de extravasar a própria frustração, ela não conseguiu deixar de estender a mão para aquele idiota.

— Ichigo vai atrás dela, e peça desculpas. – Karin disse com a mão na cintura e fazendo uma expressão de zanga.

— Hã, porque? É, ela que agiu feito uma imbecil... E, ainda fica me dando beijo na bochecha. – Ele falou todo atrapalhado, o que serviu para que Karin rolasse os olhos, antes de acertar-lhe um forte soco no meio da nuca.

— O único imbecil que eu estou vendo aqui é você. – Karin falou em alto e bom som, chamando a atenção de alguns transeuntes, o que fez com que Ichigo desistisse de continuar discutindo com Karin, até porque ela tinha razão.

— Eu não queria que as coisas acabassem desse jeito. – Ichigo disse fitando o chão. Sentia-se um fracasso, desde o que houve com Senna, ele estava absolutamente fora de órbita.

Então, inesperadamente Karin, enlaçou seu pescoço e o puxou para um abraço.

— Idiota, você não merece, mas eu vou abraça-lo. – Karin disse com suavidade.

Ichigo prendeu a respiração, mas não repeliu o afago de sua irmã.

— Acho que até Orihime percebeu isto. – Karin dissera o óbvio, e então as engrenagens da mente de Ichigo funcionaram, e ela entendeu o motivo do beijo que ele recebera na bochecha.

E, aquilo fez com que ale se sentisse ainda mais miserável.

...

Na pressa, Orihime pegara o primeiro ônibus que estava passando, sem nem olhar qual era seu destino.

Como consequência já passara uma hora, e o mesmo continuava circulando por um trajeto que ela nem conhecia.

E, a jovem pouco se importava.

Naquele momento não parava de chorar.

Essa era uma característica sua que ela pessoalmente detestava, mas sempre foi muito emotiva.

Chorava com muita facilidade, não sabia brigar, nem gostava. Seu irmão dizia que ela precisava aprender a se defender da vida. Que as pessoas poderiam serem cruéis.

Mas, ela sempre foi uma otimista irreversível, que sempre tentava ver o melhor do mundo e das pessoas. E, isto fazia com que ela se machucasse com mais facilidade.

Tinha pensando tantas coisas boas sobre Ichigo. Ele havia lhe passado algo bom, quando o conheceu.

Mas, na verdade ela havia se enganado... Pois ele agiu apenas como um grande idiota. E, ela não podia se permitir entregar seu coração para um idiota que não o merecia.

Se, ela soubesse que ninguém tinha escolha, sobre por quem nos apaixonamos.

...

Voltar para a casa, foi uma desventura. Pois, ela pegou outros dois ônibus errados, e acabou tomando um táxi, mas como não sabia o endereço, acabou discutindo com o motorista e descendo em qualquer lugar.

No fim, ela acabou voltando apenas depois de dar voltas e mais voltas, exausta fisicamente, mexida emocionalmente, querendo apenas um analgésico e um travesseiro, para se abraçar. Até adormecer de exaustão.

Mas, a campainha de seu apartamento tocou com certa insistência. E, ela abriu achando que seria Karin ou Tatsuki, nunca ela imaginou que seria ele...

— Kurosaki-kun?!


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