Acordei em uma cama na enfermaria de Hogwarts, vários olhos estavam focados em mim. Mas apenas um par de olhos verdes me chamou a atenção. Tentei levantar, mas senti uma pontada de fraqueza me fazendo continuar deitada.

- Calma minha querrida. Nón ténte levantarr, fiqué deitada. – Madame Roux disse a mim.

- Tudo bem madame. Ela assentiu e continuou me olhando.

Uma mulher baixinha que devia ser a responsável pela enfermaria veio até nós.

- Por favor, sem tumulto. Ela precisa descansar. Todos saindo. – disse as pessoas que me rodeavam.

- Quém é a senhorra parra me dizerr o qué fazerr?? – Madame Roux gritava com ela.

- Eu sou a responsável por aqui e tenho certeza que a diretora McGonagall irá me dar razão. – começou a gritar.

- Madame, por favor me deixe descansar. Não brigue com ela, ficarei boa em breve. – disse terminando com a discussão.

Madame Roux me olhou e assentiu e se virou para a porta, sendo seguida por todos inclusive minhas amigas, mas Alvo continuou onde estava.

- Rapazinho, por favor, ela precisa descansar. – disse a senhora baixinha.

- Não, tudo bem. Quero que ele fique. – interferi novamente.

Ela assentiu um pouco irritada, mas não disse mais nada.

Depois de ela nos deixar sozinhos Alvo me olhou.

- Como você está? – perguntou.

- Um pouco zonza. Não entendo o porquê de eu haver desmaiado. – disse pensativa.

- Com toda aquela adrenalina, parece que você não conseguiu sentir a picada de uma das aranhas. – ele me olhou muito profundamente. – pensei que iria te perder.

- Mas não perdeu. – coloquei minha mão sobre as suas.

- Por muito pouco. – ele olhou para seus pés. – Por que você não me contou que era ofidioglota?

Tentei ver sua expressão, mas ele não olhava para mim.

- Por que não pensei haver importância nisso.

Seus olhos encontraram os meus e havia dor ali.

- Achei que você confiava em mim.

- E eu confio. Só que não achei que era algo importante. – olhei para seus olhos verdes e me perdi em pensamento por alguns segundos. – As pessoas têm medo. A ofidioglossia foi considerada algo das trevas, por causa dele, então eu prefiro esconder a ser taxada como algo ruim. – desabafei.

Pude ver a expressão nos olhos de Alvo mudarem, quando falei isso. Suas mãos foram para o meu rosto. Ele me tratava como se eu fosse algo quebrável, como se eu fosse muito frágil. Seus lábios desceram aos poucos de encontro aos meus, e ali na enfermaria nos beijamos.

Ficamos nos beijando até perdermos o fôlego e os dois pedirem por ar. Nos separamos e ficamos nos olhando por um tempo. Até que algo veio em minha mente.

- Quem ganhou a segunda tarefa? – perguntei.

Alvo riu e me acariciou a face.

- Foi você meu amor. Por uns segundos de diferença você pousou no hipogrifo primeiro. Michael pousou em segundo, mas como ele não conseguiu pegar o objeto primeiro eu fiquei em segundo.

Olhei para ele com um sorriso cínico.

- Então senhor Alvo Severo Potter, eu uma garota estou na sua frente. Que vergonha não é mesmo? Imagina o que o senhor Harry Potter estaria pensando. – comecei a rir, enquanto Alvo fechava a cara.

- Ria agora enquanto pode senhorita Sarah Lady Ashe. Futura senhora Potter. – disse olhando seriamente para mim.

Gelei ouvindo isso. Nunca pensei em ser uma Potter, todos os dias da minha vida pensava em destruir essa família, e não em me juntar a ela. Olhei nos olhos de Alvo, seu sorriso foi perdido quando viu minha expressão.

- O que foi Sarah? Tem algo errado? – perguntou preocupado.

- Não, não é nada. – disse sorrindo.

- Não minta para mim, sei que tem algo. – ele apertou forte minhas mãos.

- É só que eu nunca pensei em meu nome junto ao seu. – disse sinceramente, não estava escondendo tudo afinal de contas.

Ele sorriu para mim e se inclinou novamente para me beijar.

- Para mim soa como musica. – disse entre meus lábios. Sorri para ele.

A enfermeira veio até nos.

- Meu filho, ela precisa descansar. – disse implorando. Alvo sorriu para ela.

Pude ver a mulher baixinha ficando sem fôlego por um tempo.

- Aposto que ela quer que eu fique aqui com ela. – disse piscando para mim.

- Por favor, deixe que ele fique me sinto melhor com ele aqui comigo.

Ela parou para pensar por um instante e acabou assentindo.

- Mas não a canse muito, senão os remédios não irão funcionar.

Alvo assentiu com um sorriso. A enfermeira saiu.

- Não poderia deixá-la cansada, apesar de querer fazer com que se canse, mas aqui não é um lugar muito bom. – disse com um sorriso de lado olhando bem penetrante para mim.

- Espere eu sair e vamos ver quem cansa quem senhor Alvo Potter. – disse a ele.

- Desafio aceito minha cara Sarah Ashe. – ele se inclinou novamente me beijando sem esperar minha resposta.

Alvo ficou comigo por dois dias seguidos, sem sair do meu lado momento algum, exceto para ir ao banheiro e comer algo.

Quando tiveram certeza que eu estava bem e que todo o veneno estava fora de ação me liberaram para voltar para minhas atividades normais.

Assim que cheguei a meu quarto vi uma carta que foi enviada pela minha avó.  

Sarah,

Estou muito contente pela sua vitória na segunda tarefa. Agora chegou o momento de planejar, afinal o decorrer da terceira tarefa é o melhor jeito de finalizarmos com tudo. A morte de Alvo Severo Potter, já está marcada.                                                  

  Atenciosamente sua Avó  

Aquelas palavras me fizeram um bolo no estômago. Minha avó tinha algo em mente, e eu deveria ficar atenta. Não havia mais o que fazer.

Alvo se tornou algo importante para mim. Eu o amava e tinha que protegê-lo.

Peguei a carta de minha avó e a queimei. Minha decisão estava tomada. Alvo viveria, mesmo que para isso eu tivesse que me sacrificar impedindo minha avó, pois pelo o que eu conhecia dela, tinha certeza que ela mesma faria o serviço se eu desse sinal de fraqueza.

Alvo viveria. Isso estava decidido.