Arata na Hajimari escrita por Alexiel Suhn


Capítulo 4
Namida


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me a demora. Infelizmente na última semana descobri um problema de saúde nada agradavel, que inicialmente me deixou um pouco desanimada, porém para que desanimar? Então está aí o penúltimo capítulo de Arata na Hajimari. Boa leitura.



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Dedico este capítulo a todos os leitores e amigos que estão acompanhando esta saga de Sesshoumaru e Rin.

Boa leitura a todos.

 

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Arata na Hajimari

 

 

 

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Capítulo IV: Namida.

 

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Sinopse: Você já amou tanto a ponto de esquecer tudo o que há em sua volta? Já amou tanto a ponto de querer fugir de sua realidade? Já amou tanto a ponto de criar esperanças em algo inacreditavel?

 

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Estava cansado, as olheiras deixavam isso claro, suspirou mais uma vez tentando arranjar um motivo para sair daquela maldita poltrona em que estava fazia horas. A imagem de Rin tendo uma parada respiratória, devido ao desligamento da máquina, o fez temer. Quando, por um momento, mesmo que por pouco, sentiu que sua mulher poderia partir, a sensação de perda era como se o fizesse cair em um abismo fundo e escuro do qual não poderia mais voltar e se voltasse parte dele seria deixada para trás.

 

Tocou o canto da boca atingido pelo irmão mais novo, o local estava inchado e um pouco dolorido. Porém aquilo não o fazia se preocupar demasiadamente. Não desejava ser tão injusto e rude com Izayou, mas não queria, ou melhor, não tinha a mínima vontade de conversar com qualquer pessoa que fosse. Fechou seus orbes dourados, seus ouvidos absorveram o silêncio daquela noite, como estava tudo fechado nem o vento poderia interromper sua análise do local movendo as cortinas.

 

Tentando ultrapassar os limites de sua audição tentou focar algum barulho, mas provavelmente todos eram barrados pelos vidros das janelas fechadas. Hakudoushi, Izayou e os outros já deveriam estar dormindo, talvez ele devesse fazer o mesmo, contudo o sono não vinha.

 

- Não!!! Não!!! Não!!! – ele escutava a voz de Rin sussurrar em sua mente – Alguém. – ouviu-a berrar, era isto, estava ficando louco, já chegara ao ponto de ouvi-la falar.

 

Sesshoumaru era tão cético que simplesmente sua mente negava-se a ouvir. Mas porque se negava? Ele pôs a mão sobre o rosto, tentando focar o som, parecia-lhe que estava se tornando mais intenso.

 

- Não!!! Não!!!! – ele mais uma vez a ouviu.

- Isso é real? Rin? – perguntou Sesshoumaru aos sussurros.

- SESSHOUMARU!!!

 

Ao soar de seu nome o homem simplesmente se erguera, algo em seu corpo encarregou-se de liberar adrenalina fazendo uma corrente elétrica passar por suas veias. Quando ouvira o estilhaçar do vidro já estava no corredor, descendo os degraus de três em três, ouvindo um InuYasha duvidoso saindo do quarto de hóspedes e Izayou no sofá da sala perguntando por Hakudoushi.

 

Não havia dúvida. Fatos inexplicáveis sempre acontecem. Porque sempre tentar arranjar explicações racionais se nem sempre os fatos permitem isso? E fora passando por cima dos estilhaços que Sesshoumaru saíra da cozinha estando de cara com o jardim.

 

Seus olhos arregalaram-se. Os músculos agiram mais rápido que a mente e voltara-se a correr na direção da piscina. Via Hakudoushi boiar na piscina, contudo parecia que começava a afundar lentamente.

 

Preparou-se e saltou mergulhando na piscina fazendo várias ondas moverem-se na superfície. As mãos submersas tocaram as costas de Hakudoushi e o homem de orbes dourados emergia lentamente retirando a criança das mãos de Rin.

 

Quando Sesshoumaru abrira seus olhos, ao voltar a superfície, seu corpo todo se arrepiou, a imagem de Rin estava ali, era sua mulher ali segurando o filho. Era real.

 

- Rin. – ele a chamou involuntariamente fazendo-a erguer seus olhos para o homem.

- Sesshy. – o espírito dela começava a se acalmar e sua imagem, ela sentia, começava a sumir – Você me ouviu.

- Eu sempre a ouvirei, pequena. – ele disse vendo-a começar a desaparecer – Estarás conosco?

- ... – ela apenas moveu a cabeça afirmativamente antes de sumir por completo e mover os lábios no que ele entendeu como um “obrigada”.

 

Olhara para a criança, os lábios estavam pálidos igualmente como a pele fria, a respiração era tão fraca que por alguns momentos temera que o filho não respirasse.

 

- Não!! – ouvira Izayou falar indo na direção dos dois – Precisamos leva-lo ao hospital, Sesshoumaru.

 

Saíra tão rápido da água que quando se vira já estava pegando a chave do carro que InuYasha lhe trouxera rapidamente. Izayou entrara no banco detrás segurando o neto, enquanto os dois filhos estavam nos bancos da frente. Encharcado, Sesshoumaru, dera a partida, dirigindo rapidamente para o hospital.

 

Com Hakudoushi nos braços, Sesshoumaru adentrara as portas automáticas do hospital, já reconhecendo o médico da família, que lia alguns prontuários na sala de entrada.

 

- Sesshoumaru? O que houve? – perguntou o médico quando notara o homem, junto a mãe e o irmão vindo em sua direção em passos largos, trazendo Hakudoushi no colo.

- Onegai, Kouga-kun. – Izayou implorou franzindo seu cenho – Haku caiu na piscina.

 

Numa ordem rápida de Kouga, macas e enfermeiros apareciam tirando a criança dos braços do pai e o levando, correndo, adentrando as portas do hospital, que Sesshoumaru nem ao menos imaginava aonde dariam.

 

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Esperaram por horas. Tempo o suficiente para até mesmo os grandes cabelos de Sesshoumaru secarem.

 

Kouga aparecera pelas portas totalmente ativo e enérgico. Utilizava um jaleco branco e por baixo uma roupa azul, também usava uma estranha touca de nuvens na cabeça. Quando se aproximara, todos se levantaram, com exceção de Sesshoumaru que não conseguia parar de olhar a porta, não se movera desde que levaram Hakudoushi, mas ao ver o médico dera um passo a frente.

 

- Sesshoumaru. Normalmente uma criança pequena não dura mais que 10 a 20 segundos antes de submergir. Ocorrendo a submersão todos os órgãos e tecidos estão em risco de hipoxemia, que é a falta de oxigênio no sangue. [1] – iniciou Kouga com sua explicação médica, enquanto os outros prestavam atenção no que dizia – Quanto as conseqüências vai depender do tempo em que ele esteve submerso. Nos exames que foram feitos, aparentemente, ele se encontra bem e saudável, parece que agiram em tempo suficiente, mas há a necessidade de espera-lo acordar e nos dizer o que sente. Assim poderemos analisar com maiores especificações e detalhes.

- Ele está dormindo agora? – perguntou Sesshoumaru.

- Dormirá até amanhã. – respondeu Kouga.

 

Num suspiro Sesshoumaru deu-lhe as costas, contudo, desta vez, não para deixar o médico falando sozinho e sim para poder pensar um pouco, enquanto andava de um lado a outro, jogando uma mexa de seu cabelo para trás das orelhas.

 

- Graças a você, Rin. – ele disse a si mesmo, olhando, dessa vez para Izayou – Poderia ficar com Hakudoushi esta noite, Izayou?

- Claro, filho. – a mulher respondeu apreensiva que ele voltasse a sumir – Porque, Sesshoumaru?

- Gostaria de ficar um pouco com Rin, se não houver problemas para você. – ele respondeu calmamente, queria pedir desculpas a mãe, mas arranjaria um momento mais apropriado.

- Oh. Claro. – Izayou animou-se mais uma vez, o filho estaria se recuperando do susto? Esperava que sim.

 

InuYasha apenas observava, junto de Kouga, Sesshoumaru se afastar indo para os corredores que dariam nos leitos.

 

- Como ele está? – perguntou Kouga a InuYasha.

- Não faço a mínima idéia. – InuYasha explicara o que havia ocorrido no afogamento de Hakudoushi, enquanto Izayou ia para o quarto do neto – A única coisa que sei é que por algum motivo, Sesshoumaru saíra correndo antes mesmo do vidro se quebrar. Talvez tenha visto Hakudoushi pela janela.

- Sim. – Kouga comentou com a mão sobre o queixo como se estivesse ponderando alguma idéia.

- E você simplesmente não se cansa? Toda vez que venho aqui você está. – InuYasha comentou.

- Pensa que vida de médico é boa como a de advogado? – Kouga cutucou InuYasha.

- Por isso que sempre te disse para fazer direito. – novamente InuYasha retrucou se espreguiçando – Que tal um café?

- É. Talvez seja uma boa idéia. – Kouga sorriu indo com InuYasha para a pequena cafeteria que havia próxima do hospital – Você continua um tapado, sabia?

- Oras, seu maldito. – InuYasha rosnou antes de dar um cascudo em Kouga que rapidamente revidou.

 

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Tocou a maçaneta da porta e a abriu calmamente, entrando no quarto e a fechando logo em seguida. Olhou mais uma vez para Rin, contudo desta vez não se reteve na afastada poltrona, sentou-se ao lado da mulher e cuidadosamente colocou suas mãos por baixo dos ombros dela e, prestando muita atenção nos fios e tubos que se ligavam nela, puxou-a para si num abraço.

 

- Não aceitarei que morra. – ele sussurrou no ouvido dela calmamente – Não me importa o que tenha que fazer, apenas acorde, pequena. Lute. – terminou de falar, beijando-lhe a testa e fazendo-a deitar novamente.

- Ah, Sesshy. – Rin o observou e mesmo sem muitas esperanças deu um fraco sorriso, aos poucos estava conseguindo controlar suas emoções – Será que realmente não há uma forma de eu voltar? – ela se perguntara olhando o marido apoiar o rosto nas pernas da mulher e ressonar como não havia feito há muito tempo.

 

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Abrira os olhinhos lilases, olhando o teto, no início tudo estava embaçado, mas aos poucos o foco voltava fazendo-o enxergar melhor. Olhou para um lado e viu Izayou adormecida na poltrona  e depois voltou os orbes para o pé da cama e viu seu pai observando-o.

 

- Papai chegou. – Hakudoushi falou rouco.

- Hakudoushi. – Sesshoumaru chegou mais perto da criança tocando-lhe os cabelos prateados – Deixou-me preocupado.

- Desculpa, papai. Hakudoushi só queria pegar a bola. – ele disse tocando as pontas dos dedos indicadores.

- Não há problema, Hakudoushi. – o pai iniciou dando-lhe um meio sorriso, algo que a criança raramente via – Mas que isso não se repita está bem? Quando quiser se aproximar da piscina chame qualquer pessoa que estiver próxima.

- Sim, papai. – Hakudoushi sorriu movendo a cabeça afirmativamente – Papai?

- Sim? – ele arqueou uma sobrancelha ao ver a criança virar a cabeça para o lado.

- Hakudoushi viu a mamãe na piscina. – o menino falou baixinho.

 

Houve alguns instantes de silêncio em que Sesshoumaru apenas observava a criança agir desajeitadamente.

 

- Deixe-me lhe contar um segredo. – Sesshoumaru disse inclinando-se para mais perto do filho – Eu também a vi. – ele sussurrou no ouvido da criança e uma pequena risada foi dada.

- Oras. Veja quem está acordado. – Izayou falou alegremente se levantando da poltrona e beijando o filho.

 

Não se demorou muito e Kouga, junto de InuYasha, adentraram o quarto.

 

- Meu filho. – Izayou falou olhando para InuYasha – O que está fazendo com esse jaleco?

- Oh. – Kouga que se pronunciara antes de InuYasha – Ele é meu ajudante por hoje.

- Ajudante não, co-piloto. – InuYasha falou pondo as mãos atrás da cabeça.

- Veja quem acordou. – Kouga disse se aproximando da criança – Como se sente, Haku?

- Bem tio Kouga. – a criança respondeu inclinando a cabecinha para o lado.

- Vejamos. – Kouga tirou o estetoscópio colocando uma parte na própria orelha e a outra extremidade no peito da criança – Vamos ver esse coração. – depois de ouvir o coração e o pulmão Kouga tirou o aparelho e sentou-se no pé da cama – Parece-me que você está muito bem.

 

A criança sorrira e um “Graças a Kami-sama” fora ouvido de Izayou.

 

- Ele já pode ir para casa, Kouga? – Sesshoumaru perguntou impassível para o médico.

- Claro. Mas alguns cuidados devem ser tomados, está certo? – e Kouga começara a falar dos riscos e da alimentação que Hakudoushi deveria ter, já que havia engolido muita água.

 

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Desde o acidente de Hakudoushi, alguns dias, considerados normais, passaram-se. Sesshoumaru passara a visitar Rin diariamente, sem ter maiores problemas com a mulher. A convivência com o filho tornou-se bem melhor, notara o quão parecido com a esposa Hakudoushi era.

 

- Papai. – Hakudoushi o chamara, fazendo-o prestar atenção na criança que vinha correndo na sua direção.

 

Sesshoumaru permanecera em seu silêncio para que o menino continuasse a falar.

 

- Leva Hakudoushi passear, papai? – Hakudoushi pediu apoiando as mãos nas pernas do pai, enquanto olhava para cima tentando encontrar os orbes dourados do outro.

- Aonde Hakudoushi quer ir? – Sesshoumaru perguntou olhando para a criança.

- Papai não tem que trabalhar? – o menino perguntou com os olhos brilhantes, o pai fazia alguns dias, simplesmente, mudara completamente.

 

Com tudo o que havia ocorrido Sesshoumaru decidira que o melhor seria pegar umas férias e passar com seu filho e mulher, algo que a criança aceitou de bom grado. O pequeno menino lembrava-se, agora, do momento em que o pai dissera a avó que se afastaria da empresa e como tanto ela, quanto a criança ficaram felizes.

 

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Os dois tocaram a campainha, Hakudoushi tampava a boca com a mão para segurar o riso, enquanto ficava apertando diversas vezes o botão para ouvir o som tocar. Notaram passos corridos vindo na direção da porta e ela se abrir mostrando uma Izayou bem ofegante.

 

- Mas ora essa. – Izayou fingiu estar brava colocando as mãos na cintura – Não podem fazer isso comigo.

- Desculpa, vovó. – Hakudoushi pediu olhando o quão bonita sua avó era.

- Sesshoumaru, meu filho. Como é bom vê-lo. – ela disse abrindo a porta para os dois passarem e irem até a sala – Soube por InuYasha que você tirou umas férias.

- Sim. Achei que seria necessário nesse momento. – Sesshoumaru falou sentando-se no sofá, enquanto Hakudoushi corria para os braços da vó.

- É bom saber que confia no seu irmão para deixar a empresa ao seu comando. – Izayou sorriu pegando Hakudoushi no colo.

- Oh! É claro que não confio. – Sesshoumaru deu um meio sorriso ao que o meio irmão provavelmente teria ficado bravo – Por isso chamei Bokuseno e Myouga. Agradou a eles ter que trabalhar por algum tempo novamente.

 

Sesshoumaru olhou para Izayou, vendo a mãe gargalhar. A mais velha inicialmente achava esse modo de os irmãos se tratarem estranho, mas agora sabia que era a única forma de demonstrarem afeto. E ela tinha certeza que quando InuYasha visse os outros dois sócios do falecido InuTaishou ficaria completamente enfurecido com Sesshoumaru.

 

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Durante os dias que se passaram Rin sentira com mais freqüência a dor que lhe avisava do fim, mas com o tempo acostumara-se esperando saber o momento certo para se despedir. Estavam próximos do Natal e todos pareciam tão felizes.

 

A mulher seguia o marido e o filho, enquanto Sesshoumaru levava Hakudoushi para comprar os presentes que queria dar, mas mais uma vez a dor lhe atingira, só que desta vez mais forte fazendo-a parar de andar por alguns momentos.

 

- Só mais um pouco. – a mulher sussurrou para si mesma – Porque simplesmente não posso ficar? – ela perguntou fechando os olhos tentando respirar fundo.

- Porque respira se não é necessário? – Kikyou perguntou-lhe.

- Isso me faz acalmar. – Rin respondeu-lhe, já havia se acostumado com as repentinas aparições da ceifadora.

 

Apenas o silêncio.

 

- Kikyou-sama. – Rin a chamou notando a outra lhe olhar – No primeiro dia que estive na Terra assim... – ela se referiu a forma de espírito ao olhar para o próprio corpo feito de energia - ... a hamster da família fez os mesmos gestos que eu quando fiquei na mesma posição em que ela estava.

- E? – Kikyou perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Seria possível fazer isso com humanos? – perguntou Rin olhando diretamente nos olhos de Kikyou.

- Espíritos malignos e demônios possuem corpos sem permissão, mas espíritos como você necessitam da permissão de quem irão possuir. – Kikyou respondeu permanecendo firme com o contato visual.

- E como pedirei permissão se raramente me escutam? – a garota parecia desapontada, a idéia que havia tido aparentemente não daria certo.

- Através dos sonhos. – Kikyou continuou, fazendo Rin lembrar-se do dia em que conseguiu falar com o marido através dos sonhos – Mas... – claro Rin sempre soube que haveria um “mas” - ... somente pessoas com grande poder espiritual é que são capazes de permitir ou não e também as únicas capazes de expulsar um espírito maligno do próprio corpo.

- Como acharei alguém capaz disso? – Rin perguntou mais a si mesma do que a Kikyou, porém a resposta lhe veio assim mesmo.

- Olhe ao redor. Você agora vê o que muitos não vêem. Já deveria saber identificar. – Kikyou respondeu.

 

Agora que Rin notava, ao olhar para as pessoas que passavam por si diferenciava o tipo de energia que as rodeavam e a quantidade, era incrível a forma que cada energia tomava. Algumas eram claras rodeando o corpo de seus “donos”, enquanto outras pareciam agressivas, alastrando-se por algum espaço dependendo da força.

 

Notava também que em algumas pessoas a quantidade era um pouco maior que as das outras pessoas e que as diferentes energias afetavam-lhe indiretamente. Deveria ser por isso que quando entrava em algum lugar em que os humores não andavam bem acabava ficando ruim.

 

- Obriga... – Rin não terminou, pois quando iria se virar para agradecer, Kikyou já havia sumido – Minha nossa, ela parece o Mestre dos Magos. [2]

 

Quando Rin foi olhar para Sesshoumaru seus lábios entreabriram-se. Nunca. Nunca notara aquilo.

 

- Não acredito. – Rin falou a si mesma.

 

Ao olhar para Sesshoumaru deparara-se com Kagome e InuYasha cumprimentando o marido, mas o que mais havia lhe incitado a surpresa fora o tamanho da energia de Kagome. Era tão grande e tão forte que simplesmente expandia-se por toda a área.

 

- Será que eu poderia? – perguntou Rin a si mesma vendo energias agressivas acalmarem-se quando passavam por perto – Mas a do Sesshy... – ela observou que Sesshoumaru era a única pessoa que permanecia próximo a Kagome e a energia que exalava não se alterava - ... simplesmente continua enegrecida.

 

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E a noite tão esperada pelas crianças, durante o ano, havia chegado. Izayou decidira unir a família neste Natal chamando ambos os filhos e Kagome para festejar. O cheiro da comida invadia toda a casa, os piscas-piscas iluminavam toda a frente da residência e o grande pinheiro verde cheio de decorações estava no centro da sala com vários embrulhos de presentes ao redor.

 

- Uauuuu!!! – Hakudoushi exclamou parado olhando os vários presentes – Hakudoushi pode abrir os presentes, papai?

- Não Haku. Espere chegar a hora. – Izayou falou entrando na sala com um grande prato de pudim.

- Delíciaa. – InuYasha veio grudado no pé da mãe para tentar conseguir uma “provinha”, algo que foi negado totalmente pela mais velha.

- Inu, pare com isso e vá se sentar. – disse uma Kagome brava puxando o noivo pela orelha até leva-lo ao sofá, onde Sesshoumaru mantinha-se em silêncio lendo uma revista qualquer.

 

Rin simplesmente sorria, todos estavam tão felizes, não havia como seu espírito não se acalmar diante daquela cena. Via-os rir e brincar, enquanto se serviam na mesa. Mais cedo Sesshoumaru havia ido visita-la, junto de Hakudoushi, para lhe desejar Feliz Natal e lhe entregar o presente. Depois do incidente com o filho, onde Sesshoumaru viu a esposa, o marido acreditou por completo na presença dela entre eles, claro que ele não falava disso a ninguém, mas era notável pela forma que ele agia no decorrer do dia.

 

Próxima ao grupo de familiares, Rin observava a entrega de presentes no soar da meia-noite, Hakudoushi estava extremamente feliz de poder começar a distribuir os presentes, não tirando, um momento sequer, o grande sorriso do rosto. O filho ficara mais animado ainda quando chegou a hora de entregarem-lhe os presentes o que o fazia bater palmas em alegria. O espírito da mulher apenas sorria a cada momento, aquele momento estava tão bom.

 

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Todos estavam mais calmos. InuYasha e Kagome estavam sentados sobre o grande puff da mãe, Sesshoumaru estava no sofá e Hakudoushi estendido no que sobrara no espaço do imóvel ressonando, enquanto Izayou permanecia sorridente na poltrona.

 

Durante a conversa, que se estendia pela madrugada, Izayou pedia aos filhos para dormirem na casa dela e não precisassem dirigir durante a noite, algo que ficaram comentando, quando InuYasha notara que a noiva havia parado de mexer nos longos cabelos prateados ele a olhou vendo-a de olhos fechados, respirando suavemente, deixando a mão escorregar uma última vez no cabelo do noivo antes de adormecer por completo.

 

- Acho que teremos que ficar. – comentou InuYasha dando um sorriso ao ver o estado da noiva, algo comemorado por Izayou que havia muito tempo que desejava ficar mais com os filhos.

- Tenho certeza que Hakudoushi gostará de acordar amanhã com a avó. – Sesshoumaru comentou quando viu que a mãe havia lhe encarado com aqueles olhinhos pidões.

- Tenho certeza que Sesshoumaru também gostará de acordar amanhã com a mãe. – Rin comentou dando um sorriso, sabia que o marido gostava da mais velha.

 

O sorriso do espírito não durara muito, sentira seu coração palpitar, contudo, desde que havia tomado aquela forma nunca sentira seu coração palpitar a não ser quando estava tendo fortes sentimentos e quando...

 

- Não. – Rin sussurrou ao lembrar que também sentira o coração palpitar quando estava tendo uma parada respiratória.

 

Desde o momento em que havia chegado com o marido sentia o corpo lhe chamar, mas simplesmente distraia-se com a vida real. Ficara tão feliz durante todo esse dia que nem notara a forma que a sua energia, aos poucos, era puxada de volta ao hospital, fazendo uma trilha de sua presença por todos os lugares que havia passado. Seria esse o momento? Se este era o momento, estava na hora de se despedir.

 

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- Kagome. – Rin a chamou naquele mesmo cenário branco em que havia estado com o marido.

- Rin? – a mulher virara-se, surpresa, observando a outra – Esta presença que sentia na casa é sua?

- Sim, K-chan. – Rin sorriu inclinando o rosto um pouco para o lado.

- Oh! Eu sabia. – Kagome piscou em alegria.

- K-chan... – Rin diminuiu o sorriso olhando para o veludo branco do chão - ... preciso de um favor seu.

- Claro. – Kagome estranhou a forma que sua concunhada havia reagido – Esta acontecendo algo?

- Estou partindo, K-chan. – Rin respondeu dando-lhe um sorriso triste.

- Não. Não pode, Rin. Precisa lutar. – Kagome aproximou-se tocando os ombros da amiga.

- Não me permitiram a vida. Gomenasai Kagome-chan, mas preciso de algo que só você pode fazer. – Rin olhou para a mulher seriamente.

 

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Kagome abrira os olhos e erguera-se olhando assustada para os lados, todos estavam no mesmo lugar, InuYasha ao seu lado, servindo de apoio enquanto dormia, Izayou na poltrona, que agora lhe olhava assustada, como se estivesse vendo um fantasma e Sesshoumaru que se limitara a arquear uma sobrancelha.

 

- Que foi K? – perguntou InuYasha passando a mão nas madeixas negras da noiva.

- InuYasha-sama? – perguntou Kagome olhando abismada para InuYasha surpresa, algo que foi recíproco para o outro.

- Impossível. – Sesshoumaru não se conteve ao sentir o coração acelerar.

- Ahn? – questionara InuYasha, não estava entendendo nada do que estava acontecendo, porque Kagome estava olhando daquela forma para Sesshoumaru?

- Rin? – perguntou Sesshoumaru agora com ambas as sobrancelhas arqueadas.

- Sesshy! – ela apenas não se conteve correu até o marido abraçando-lhe, enquanto as lágrimas lhe escorriam furiosamente.

- Ka-kagome. – InuYasha simplesmente não estava entendendo.

- É Rin, meu filho. – Izayou aproximou-se dele abraçando-lhe o braço e InuYasha apenas franzira a região entre os olhos ainda não entendendo o que ocorria ali.

 

O corpo de Kagome continuara ali, abraçada a Sesshoumaru deixando as lágrimas rolarem livremente agora que era possível.

 

- Você soube que era eu. – Rin [3] soluçou através do corpo emprestado.

- Desde o momento em que abrira os olhos. – Sesshoumaru tocara-lhe as mexas do cabelo deixando-se abraçar – Como conseguira...

- Não tenho muito tempo. – Rin segurou o choro enquanto se afastava do marido carinhosamente para poder beijar a bochecha do filho adormecido – Te amo muito Haku. – ela começou sussurrando no ouvido da criança – Quero que cresça forte e saudável... – e no decorrer de suas falas novas lágrimas invadiam-lhe os olhos - ... quero que saiba que sempre estarei em seu coração.

- Rin. – Sesshoumaru não entendera o que a mulher queria dizer com aquilo.

- ... – Rin se levantara dando mais um abraço no marido – Meu tempo na Terra acabou-se.

- Não. – Sesshoumaru apenas falara firme e frio como sempre fora, mas não fizera efeito algum sobre Rin.

- Quero que continue sua vida. – Rin disse ao protesto do marido – Vou amá-lo em minha eternidade. – ela falou dando-lhe um sorriso – Eu realmente agradeço cada momento ao seu lado e... – não pudera terminar de falar, pois uma forte dor lhe atingira fazendo-a se curvar por alguns segundos.

 

InuYasha tentara ir até Kagome, mas fora impedido pela mãe que tinha lágrimas nos olhos e apenas moveu sua cabeça em tristeza.

 

- Eu te amo. Te amo muito, Sesshy. – falou acariciando a face do marido.

- ... – Sesshoumaru ficara parado, ereto, altivo e totalmente impotente no momento – Rin eu...

- Adeus, Sesshy. – Rin falara e o corpo em que estava desfalecera fazendo com que o homem segurasse Kagome questionando os presentes com o olhar.

- Hospital, meu filho. – Izayou falou desabando em choro, logo em seguida.

 

Pegando Kagome no colo, Sesshoumaru entregou-a a InuYasha cuidadosamente e sem nem ao menos nada dizer saíra correndo pegando a chave de seu carro.

 

- - -

 

Dera partida no carro e acelerou, quando estava a meio caminho do hospital seu celular tocou o que, para ele, seria nada de bom.

 

- Sim? – atendeu simples e direto, enquanto o carro acelerava cada vez mais.

- Senhor Sesshoumaru, doutor Kouga pediu para que viesse até o hospital, pois...

- Já estou a caminho. – e desligou o celular, jogando-o no banco do passageiro e atravessando um sinal vermelho, precisava se apressar.

 

- - -

 

Não lhe importava os tantos de enfermeiros que tentavam lhe barrar a entrada, nem os vantajosos números de contras foram possíveis para-lo quando estava decidido a entrar no movimentado leito da mulher. “Resista. Resista.” – era o que Sesshoumaru falava a si mesmo quando empurrou mais um enfermeiro para que abrisse espaço e pudesse entrar.

 

Simplesmente parara frente a cama em que a mulher estava. Via os enfermeiros correrem de um lado a outro injetando medicamentos ordenados pelo velho amigo de infância do meio-irmão.

 

Houve um momento em que ele os viu trazerem o desfibrilador, algo que o fez, por alguns momentos, tentar reagir, aproximando-se. Eles usariam aquilo na sua Rin? Na sua frágil Rin.

 

- Afastem-se! – gritou Kouga.

 

Viu o corpo todo de Rin mover-se ao sentir a descarga do choque, mas o som do aparelho que monitorava seu coração era contínuo e único, sem o mínimo de alteração.

 

- Vamos, Rin. Fique conosco. – Kouga falou a mulher, enquanto preparava mais uma vez o aparelho – Afastem-se.

 

Mais uma vez o corpo da mulher moveu-se para cima e voltou, já estavam assim fazia quase vinte minutos, os enfermeiros já se acalmavam, contudo Kouga tentava trazer Rin de volta a qualquer custo.

 

- Doutor. – Ayame o tocou nos ombros quando o médico se preparava para mais um choque – Não há mais volta.

 

Houve um intenso silêncio de todos os presentes dentro do quarto onde apenas se ouvia o zunir do aparelho que estava tornando-se irritante, sendo apenas quebrado pelos calmos passos de Sesshoumaru que se aproximava da mulher segurando-lhe a mão.

 

- Doutor, precisa anunciar. – Ayame o fez olhar para o corpo inerte e sem vida da amiga movendo a cabeça em negação.

 

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Rin permanecia parada olhando o próprio corpo, as emoções esvaiam-lhe e nada parecia sentir naquele momento de agito.

 

- Está na hora de ir. – Kikyou avisou olhando algum ponto perdido acima do corpo sem vida.

- O que me aguardará lá? – perguntou Rin piscando uma vez, vendo o marido se aproximar.

 

“Quando um corpo morre o espírito deixa de ‘sentir’ e apenas passa a ter oscilações de energia não lidas, pois não existe um coração para decifrá-lo” – Kikyou pensou ao olhar Rin, um dos espíritos ‘agitados’ que já se deparara, acalmar-se, simplesmente esquecera do sentido de lutar – “Ao se negar irem conosco eles esquecem a diferença entre a raiva e os bons sentimentos, por isso tornam-se um grande problema, mas isso apenas acontecesse por ainda estarem lutando”. – fora essa a finalização que a shinigami chegara, no fim, Rin era como a grande maioria que, como a ceifadora, esquecera-se de sentir.

 

- Não se preocupe. Tudo estará bem. – Kikyou pronunciou-se estendendo sua mão para o espírito, enquanto um grande portal circular abrira-se atrás da ceifadora.

 

O espírito dera as costas ao próprio corpo e estendera a mão para a shinigami, parecia que realmente aquele era seu fim.

 

- - - 

 

- Doutor... – chamou-lhe Ayame.

- Hora da morte... – Kouga começou a falar dando uma rápida olhada para o relógio - ... 03:27 hs.

 

... Continua...

 

[1] – Trabalho de Milena Andrade Melo – Afogamento e Quase-Afogamento.

[2] – Referência a um personagem do desenho Caverna do Dragão que sumia e aparecia do nada.

[3] – Preferi colocar o nome de Rin ao invés do de Kagome, pois era Rin quem estava controlando o corpo de K-chan, para não haver maiores confusões de quem é quem em cada cena.


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Notas finais do capítulo

Pleaseeeeeeeeeeeeeeeeeeee, não me matem XD
Não sei porque, mas adorei essas últimas páginas. [muahahaha]
Perdoem-me a demora. Realmente estou com alguns problemas de saúde que acabaram me impedindo de terminar esse capítulo.

Próximo capítulo é o final e tchãnãnãnã... veremos o que acontecerá.

Quero MUUUUUITOOOOS reviews de vocês XP [pena que querer não é poder ne? i-i]
Espero realmente que tenham gostado deste quarto capítulo e esperarei as suas opiniões para saber como me saí.

Agradecimentos aos reviews:

Kiss_May_chan, Kelen-chama, Diinda.
Agradeço a todas vocês que estão acompanhando. Fico muito feliz com cada palavra que leio do que escrevem. [Resposta mais completa na página de reviewn x.x]

~Vênus.



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