Percy Jackson e a Volta ao Passado escrita por MartaTata


Capítulo 7
7. Levo a maior surra da minha vida... Por agora.




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“ – Então, filho de Poseidon, é apenas isso que tens para dar?!”.— Gritou Ares, em tom de superioridade. Este começou a rir de forma descontrolada, chutando mais uma vez o seu bastão de metal na minha direção, acertando- me no estômago. Cuspi sangue, caindo de joelhos no chão.

O campo observava o massacre em silêncio. Ninguém sequer comentava a surra que eu estava a levar, nem o facto de que eu era um mentiroso.

Ridículo, pensei. Como se eu pudesse…

Antes de acabar os meus pensamentos (o que já era difícil devido às dores) Ares pisou- me as costas com o seu pé esquerdo, fazendo a terra ficar com a marca do meu corpo. Novamente, tossi, forçando- me para não vomitar.

“ – Logo vi que não eras o herói, Perseu Jackson…”.— Disse Ares, cuspindo as palavras. Depois, olhou para os semi- Deuses que observavam a luta. Apenas alguns estavam presentes, como Grover e Luke. Rachel saiu após um pouco do massacre, afirmando que não queria continuar a ver. – “Então? Onde está o poder que “me derrotou”?!”.

Ares começou a rir de forma descontrolada, novamente. Senti o meu corpo ficar pesado, como se a gravidade tivesse aumentado drasticamente. Ouvi vários sussurros na minha mente como “Desiste”, “É só fechares os olhos e tudo acaba” e ainda “Não serves para isto, morre de uma vez e o sofrimento termina”.

Quase cedi, mas mantive- me concentrado, a pensar no que iria acontecer a todos se eu falha- se.

Não, murmurei em pensamentos, desesperado por uma solução. Eu não posso…

Ares, mais uma vez, puxou- me pelo ombro direito com força, para eu ficar de pé. A força de um Deus da Guerra a segurar- nos o ombro não é agradável.

Tentei aguentar- me de pé, mas parecia impossível; E assim que me aguentei uns segundos, o bastão, novamente, atingiu- me, mas desta vez nas costas. Senti as minhas costelas estalarem, e uma dor imensa atingir- me, com uma dor aguda e fria. Por fim, caí no chão novamente.

Gritei bem alto, talvez até se ouviu no campo inteiro. Alguns semi- Deuses sensíveis, como os mais pequenos, taparam os olhos; Outros saíram dali a correr.

Talvez o fim até seja este, pensei, mais uma vez. Talvez esteja escrito que eu não possa fazer nada para salvar quem quero.

— Percy… Como desejas morrer, de forma vergonhosa perante os teus irmãos amigos?”. — Perguntou Ares, num tom de troça. – “Oh, espera… És filho de Poseidon, não tens irmãos!! És um solitário que nunca será aceite em lado algum; Admite!!”. — Ares desatou a rir, espetando o bastão de basebol no chão, a centímetros do meu rosto. – “Se admitires, talvez até tenhas uma morte rápida, indolor.”.

Mexi a boca mas nada saiu. Era como se perde- se os sentidos naquela batalha. E como se perde- se tudo.

“ – Pelos vistos, és orgulhoso demais para admitir a derrota…”.— Novamente, o Deus retirou o bastão da terra e colocou- o no ombro direito, ainda de óculos de sol. – “Muito bem, se é assim que queres… Mais divertido será!!”.

Senti os olhos a fecharem. A dor das costelas partidas (e talvez da coluna) faziam- me dores infernais, agudas e frias. Sentia dor nos meus músculos inteiros e alguns dos meus órgãos esmagados pelo bastão.

Desculpa, pensei. Desculpa, Annabe…

Espera aí um bocadinho.

Onde está a Annabeth?

Percy!!, gritou a voz de Rachel, desesperadamente na minha cabeça. Até que enfim que conseguiste acordar!!

Acordar…?, murmurei na minha mente. Deviam ser alucinações pré- morte.

Estás a viver numa ilusão que Chronos criou!!— Disse Rachel, desesperada, na minha mente. – Por isso é que te esqueceste da existência da Annabeth! Ela foi levada!

Senti os meus músculos contraírem- se, ignorando as dores. Agora, não queria mais saber de Ares, ou daquela morte torturante. Queria a minha Annabeth.

Por isso… — Disse, já concentrado. – Anaklusmos não está aqui, nesta luta de ilusão. Preciso dela para lutar.

Perrrrrcy!! — Chamou a voz de Grover. – Chronos controlou a bruma!! A bruma faz com que os mortais vejam aquilo que querem ver!!

Aquilo que querem ver…

Onde está a Annabeth? — Perguntei, sem resposta. Parece que eles tinham desaparecido, como se Chronos tivesse os impedido de falarem comigo. — Bolas… Parece que terei de vencer com a mente.

Enquanto o “Ares” da visão de Chronos se gabava, deixando- me ali a apodrecer e fazendo um discurso do tipo “Sou o melhor!”, tentei pensar num plano rápido. Eu não era Annabeth em montar planos, nem de perto. Teria de pensar em algo mais básico para vencer, se bem que enganar aquele Deus sem cérebro fosse fácil.

Novamente, lembrei- me da frase de Rachel: “A bruma faz com que os mortais vejam aquilo que querem”.

Mas é claro!!, gritei em voz alta, para minha surpresa. A resposta esteve aqui o tempo todo.

Fechei os olhos, imaginando- me a levar uma surra de todo o tamanho por Ares. Funcionou bem demais, já que eu sentia tudo.

Continuei a imaginar as dores, embora elas não ajudassem na concentração; Mas tinha de me focar. Tinha de enganar Chronos.

Então, imaginei ondas do mar, perto de nós. Que o campo meio- sangue fosse na praia. E, num piscar de olhos, estava- mos na praia; Na minha casa.

Era como um sonho – Era apenas pensar e aparecia aquilo que eu queria –.

Então, imaginei- me, do nada, sem dores, em pé, a lutar de igual para igual com Ares, com Anaklusmos nas mãos.

Assim que abri os olhos, estava frente a frente a Ares, enquanto o Deus estava confuso ao que acabava de acontecer. Porém, os semi- Deuses nada notaram; Eram apenas figurantes ali, como se eu e Ares fossemos um brinquedo de Chronos.

“ – Mas o que…?”. — Murmurou Ares, fintando- me nos olhos, enquanto o fogo do seu olhar parecia mais fraco, prestes a extinguir- se.

“ – Infelizmente, não. Não estás a ganhar; Nem eu. Acredites ou não, isto foi armado por Chronos. É uma ilusão. Acorda, Ares!”. – Gritei, conseguindo fazer força e, com a distração do Deus, o seu bastão foi para bem longe, algures nas ondas do mar. Eu sabia exatamente onde ele estava, mas o Deus não.

“ – Impossível, miúdo! Ninguém me pode vencer!!”. — Gritou o Deus, prestes a invocar alguma coisa, mas, antes de ter tempo, peguei em Clarisse, perto de nós, puxando- a e colocando Anaklusmos no seu pescoço. Rapidamente, Ares parou, olhando- me chocado, a tremer. – “Perseu Jackson, vou apenas dizer uma vez… Larga- a. Agora”.

“ – Ouve- me até ao fim, caramba!”. — Queixei- me, deixando- o em silêncio. Por fim, rasguei o pescoço de Clarisse com a espada, fazendo- a desaparecer como se nunca estivesse ali, entre uma névoa cinzenta. – “Como vês, eles são feitos pela bruma! Nada disto é real, Ares. Fomos enganados”.

Ares olhava para mim como se acaba- se de levar com a verdade como um shot de adrenalina. Ele deixou o bastão cair no chão, fazendo- o desaparecer com uma névoa cinzenta. Pela primeira vez, o Deus não possuía quaisquer olhos maliciosos ou gélidos ou quentes.

“ – Ouve, miúdo. Acho que um de nós tem de morrer para acabar com a ilusão”.— Respondeu Ares, com um vazio na voz. Depois de uma pausa, Ares retomou. — “O que significa que a tua história é verdadeira”.

Apertei o punho de Anaklusmos, pronto para avançar a qualquer movimento de Ares, que, pelo seu olhar, entendeu que não tinha baixo a guarda. Talvez, por isso, que tenha libertado um sorriso alegre e sincero.

“ – Bem, se somos os Deuses do ‘passado’, não vejo o porquê de morrer”. — Ele retirou os óculos de sol, revelando olhos negros sem brilho. – “Estou um pouco cansado da vida de Deus, para ser verdade. Regras para um lado, obrigações para outro… Ás vezes invejo- vos, mortais. Mesmo que achem desnecessário a morte, eu valorizo- a. Muito. Daria tudo para ter uma morte heroica, ser recordado para a eternidade. Mas, infelizmente, será numa ilusão feita pela Bruma de Chronos, sem ninguém a ver. Só um… Miúdo como tu”.

Senti as pernas a tremerem. Ares estaria a desistir? Não, ele não é esse tipo de Deus. Ele não iria desistir sem luta.

“ – Porém…”. — Ele estendeu o braço direito para o lado, abrindo a palma da mão. Numa questão de segundos, a bruma cinzenta reuniu- se, formando um machado. – “Eu tenho de saber se és digno de receber uma vida imortal a teus pés, Semi- Deus. Se me conseguires derrotar… Admito a derrota e irei perder a imortalidade”.

Libertei um sorriso de desafio. Mesmo sem nunca admitir, apesar das aventuras e desaventuras, sempre gostei de uma vida… Diferente.

“ – Então, a batalha mortal acaba de começar, Ares!”.

Ares avançou até mim, quase cortando- me em dois. Desviei- me por milésimas de segundo, tentando cortar o Deus da Guerra com Anaklusmos. Este desferiu o golpe, atirando- me para longe.

As dores do corpo voltaram e as de Ares também. Pelos vistos, a bruma parou de ser algo controlável.

E, mesmo quando achava que a batalha estava perdida, ouvi uma onda do meu lado esquerdo a rebentar aos meus ouvidos.

Mar, conclui mentalmente, É a única forma de vencer Ares! Tenho de conseguir chegar ao mar.

“ – Hey, Ares!”. — Gritei, captando a total atenção do Deus. – “Desculpa grandalhão… Eu até te achava alguma piada. Nunca te quis matar, a sério. Bem, quer dizer… Em alguns momentos sim. Mas isso não vem ao caso”.

Ares olhou- me, esperando algum ataque surpresa. Infelizmente, ele não achou que o ataque surpresa fosse as ondas do mar tornarem- se enormes e inundar a praia, levando consigo areia, toalhas de praia, alguns chapéus de Sol e também um Deus de grande porte, com um machado a navegar por aí.

Fechei os olhos, concentrando- me nas forças imortais do Deus, dentro de água. Baixei totalmente a guarda, esperando acabar com tudo com um último golpe. O meu corpo não iria aguentar forçar o mar ou levar mais um golpe. Teria te acabar com isto nos próximos… Quarenta e cinco segundos, ou iria perder.

Assim que localizei Ares, a doze metros e trinta e cinco de mim, ele focou- se em mim, provavelmente a achar que a batalha estaria ganha, por estar de olhos fechados e baixar a guarda.

Apenas via o preto que os meus olhos fechados me deixavam ver. Porém, conseguia saber onde estava cada gota d’água e, onde estava Ares, à minha frente, observava um corpo vermelho.

Bingo, pensei, concentrando agora as forças no mar, enquanto sentia alguns golpes sendo curados pelo mar.

O Deus saltou para fora d’água, na esperança de eu não esperar por isso. Infelizmente, ele estava errado. O mar subiu drasticamente de tamanho, fazendo o Deus atrapalhar- se e afogar- se na água salgada. Senti todo o meu corpo afogado em água, apesar de conseguir respirar. Estava a jogar em casa. Eu não podia perder. Definitivamente.

Saltei, deixando algumas bolhas de ar puxarem- me com força contra Ares. Tentei, com todas as forças, atravessar Ares, assim como ele tentou.

E, por fim, o mar desapareceu, deixando- nos sozinhos, de costas um para o outro, a uns cinco metros de distância cada. Esperava ter conseguido acertar nele e ter- me desviado, até sentir um ardor no peito. Ares conseguira rasgar- me a pele do abdómen até ao ombro direito.

Assim que senti o mundo se virar ao contrário, prestes a desmaiar, a respiração de Ares desapareceu. Olhei para trás e, no seu lugar, estava um monte de pó dourado.

“ Não me faças arrepender- me de ter lutado até à morte contigo, miúdo”. – Ouvi murmurar a voz do Deus da guerra nos meus ouvidos. – “Só faltam onze… E depois tudo acaba”.

Não estava preparado, tanto fisicamente como psicologicamente para novos enigmas. Ouvi muitas vozes conhecidas como de Rachel, Grover ou Luke na minha mente, a berrarem. O mundo pareceu ficar completamente às escuras.

Eu estava a acordar. A acordar após um dos menores desafios que teria de enfrentar.


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Notas finais do capítulo

Neste capítulo podemos observar, claramente, que Percy Jackson e os outros estão completamente ferrados. :v



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