AFTER. 

“Não desista só porque está difícil, as melhores coisas levam tempo, e outras, o tempo leva.”

 

—Mamã! —o gritinho de Anna me acordou, fazendo com que eu me virasse para a menor.

—Oi, meu amor. —murmurei ao coçar ambos os olhos. —Dormiu bem? —perguntei-a, que assentiu com a cabeça.

Levantei-me num pulo ao perceber que faltara apenas dois minutos para que o despertador tocasse e logo peguei Anna em meus braços, caminhando em direção á cozinha em passos rápidos. Pus a menor em sua cadeira alta e lhe entreguei a mamadeira, logo sendo seguida uma tigelinha com banana, maçã, melancia, morango, abacaxi, mamão e melão cortadinhos em cubinhos. Logo em seguida ponho sobre bancada um prato que continha apenas uma panqueca com um pouco de mel e  a como rapidamente, logo voltando para o quarto.

Caminho em passos rápidos em direção ao banheiro e tomo um banho rápido de ducho, me seco rapidamente caminho em direção ao closet, logo vestindo uma calça jeans rasgada e uma regata simples. Caminho de volta para cozinha e observo a menor comer devagarzinho enquanto brincava com as frutas.

Assim que Anna terminou de comer, eu a peguei em meus braços a equilibrando em meus quadris e fui em direção ao seu quarto. Deixei-a sobre a cama brincando e fui em direção ao banheiro, começando a preparar o banho da mesma.

—Querida, vamos logo. —murmurei e virei o olhar para a loirinha de fraldas grudada no batente da porta.

—Não, mamã... —falou a menor chorosa. —‘Tá’ gelado... —balbuciou e eu suspirei.

◊◊◊

Terminei de arrumar minha filha—que passou a manhã inteira fazendo manha— e a aninhei em meus braços. Pus minha bolsa sobre meu ombro e saí do apartamento, logo fechando a porta atrás de mim. Chamei ao elevador e o aguardei por alguns segundos. Quando o mesmo finalmente chegou o adentrei com minha filha nos braços e apertei o botão correspondente ao meu andar desejado, que naquele instante seria a garagem.

Anna brincava com meus fios castanhos enquanto cantarolava uma musiquinha antiga a qual eu costumava cantarolar para a mesma quando era mais nova

As portas de metais se abriram e uma campainha fora tocada, indicando tal ação. Saí da caixa de metal e caminhei em direção ao meu carro, pus Anninha em sua cadeirinha, que se encontrara no banco traseiro e prendi o devido cinto de segurança.

Adentrei o automóvel ao lado do motorista e prendi o cinto, logo dando partida em direção á faculdade.

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Desci com a menor em meus braços e caminhei rumo á sua fachada, respirei fundo e cumprimentei meus amigos que por ali estavam. Todos paravam para contemplar a beleza de Anna e dizer o quão linda ela era, e de fato eu já estava acostumada com isso. 

Anna era simplesmente uma mistura minha e de Austin com os olhos maravilhosos de minha mãe, o que de fato era uma das muitas coisas que mais lhe chamavam atenção. Suas maçãs do rosto eram bem definidas, causando-lhe um ar fofo, e seu corpo magro estava certo para sua idade. Anna tinha um cabelo chamado de louro-castanho, pois o mesmo—dependendo da luminosidade— poderia ficar de uma das duas cores, mas estamos num período em que tem ficado mais castanho claro, poucas vezes ainda o vejo loiro. Assim também é seus olhos, variam de verde para azul, mas sua cor natural é turquesa, que de fato parece ser uma mistura de ambas as cores. 

Adentrei a sala de aula e murmurei um "Bom-Dia" a professora, que assentiu ao acenar com a cabeça e continuou a corrigir alguma coisa, mas quando a mesma percebeu a presença de certo individuo parou de fazer tal coisa apenas para brincar com ele. Anna gargalhava de um modo meigo, e todos os presentes ali soltavam suspiros apaixonados.

—Eu juro que algum dia ainda irei roubar essa princesa para mim. —Halley falou rindo enquanto fazia algumas caretas para minha filha, que ria baixinho.

—Assim não tem como se concentrar, professora! —Dylan falou e veio até nós, começando a dar uma leve bagunçada nos fios louro-castanhos de minha filha.

Ri baixo e murmurei alguma coisa para o moreno, que sorriu mesmo sem entender.  Caminhei com a menor em meus braços em direção á uma carteira vazia e sentei-me sobre a mesma, logo pondo Anninha em meu colo.

A aula começou e instantes depois a menor já dormia tranquilamente com a cabeça encostada em meu peito.

◊◊◊

Os míseros cinquenta minutos de aula pareciam uma eternidade e logo eu agradeci mentalmente por chegar a aula da Srta.Eaton. A morena era um inferno, mas ao menos ensinava de um modo coerente e metade da aula era sobre sua vida.

Respirei fundo quando a mesma adentrou a sala emburrada sendo seguida por um loiro de terno cinza. Ela se dirigiu de imediato ao quadro branco e pegou um piloto, começando a escrever. No final tínhamos: “Bom dia, classe. Perdi a voz ontem à noite e não terei como vos dar aula; então pedi que meu noivo faltasse ao seu trabalho importantíssimo para que vocês tivessem conteúdo. Agora mesmo ele irá passar por vossas carteiras e vos dará as fichas com os conteúdos que irão cair em nossa prova. Qualquer dúvida, por favor, se dirijam a mim”.

Todos assentiram e começaram a conversar entre si enquanto eu brincava com o cabelo de Anna que dormia tranquilamente.

Quando o noivo de minha professora passou por mim, forçou um sorriso e me entregou a devida ficha, murmurei um ‘Obrigada’ num tom baixo e com isso ele levantou o olhar para mim, e quando finalmente pude encarar seus olhos castanhos esverdeados simplesmente travei. Meu semblante travou e eu fiquei confusa e minha mandíbula pareceu travar, sem saber o que diabos fazer.

—Alls? —perguntou, tentando tirar a devida duvida.

—Oi... —minha voz era quase inaudível.

—Oi. —ele falou num suspiro aliviado. —Ela é a... —falou ao acenar com a cabeça em direção à Anna e num instante um brilho surgiu em seus olhos.

—Minha filha. —dei ênfase no ‘minha’ e ele suspirou.

—Precisamos conversar mais tarde. —balbuciou.

Dito isto Courtney bateu no quadro e fez alguns sinais, fazendo com que Austin balançasse a cabeça assentindo.

—Não, não precisamos agora vá logo, sua noiva está à sua espera. —falei tudo aquilo com um leve tom de sarcasmo.

—Eu não vou desistir. —disse determinado.

—Problema seu. —falei ao pegar a menor da cadeira ao lado e levantar, logo deixando a sala. Todos me encaravam confusos e Anna se remexia em meus braços.

—Ally, — Dylan veio atrás de mim e com cuidado pegou minha filha de meus braços, como um modo de ajuda. —deixa que eu te ajude. —falou com um sorriso nos lábios e em seguida beijou minha testa, arrancando um suspiro da turma e um possível resmungo de Austin Moon.

Respirei fundo e quando chegamos ao corredor me permiti desabar, e só percebi que estava chorando quando minha visão começou a ficar borrada. —Ally... —Dylan murmurou ao puxar meu corpo, com cuidado, contra o seu para não machucar a menor. —O que houve? —indagou-me.

—É ele, Dy. —falei dentre soluços. —É ele. —e com isso o moreno entendeu do que se tratava.

—Ele nunca mais chegará perto de você, pouco menos dela. Eu te prometo, Allyson. —falou com certa firmeza que eu desafiei.

—Se quiser, ele pode acabar com você num estalar de dedos. —murmurei ao me sentar num banco de madeira que havia no corredor.

—Dane-se.  Irei proteger você. Lembra que eu lhe prometi que sempre estaria aqui? Irei cumprir minha promessa. —disse com certa convicção e se sentou ao meu lado, me puxando para os seus braços fortes novamente.

Mas logo a figura do loiro apareceu perto de nós. Seu semblante era indescritível e seu olhar era voltado para Anna, que estava agarrada ao pescoço de meu confidente mais fiel. E quando nossos olhares se cruzaram—Numa fração de segundos, senti um arrepio na espinha.