Chegamos tão tarde e cansados no sábado que eu mal tinha forças para preparar Sarah para dormir. Apesar dela estar acordada no meu colo, começava a bocejar constantemente, então resolvi dar logo um banho nela.

–Onde o Steve tá? Mamãe. Ela falava sentada na banheira enquanto eu passava o sabonete nela.

– Ele foi na casa dele ver se tinha recados na secretária eletrônica e disse que voltava logo.

–Que bom. Ela disse em meio a um bocejo.

Assim que terminei o banho e tinha acabado de colocar um pijama na minha filha, Steve chega vestido em uma calça moleton cinza e uma camisa azul bebê, segurando uma caixa que logo reconheci sendo de pizza.

–Onde arranjou isso? Perguntei intrigada e sorridente.

–Ah... na verdade já tinha ela a um tempo na geladeira, mas não se preocupe, ainda está dentro do prazo de validade.

–Ótimo. Falei rindo. –Você está com fome meu amor? Perguntei olhando para Sarah.

–Não mamãe. Ela disse cansada e bocejando.

–É parece que já passou da hora de você ir para cama, mocinha. Falei dando beijinhos em suas bochechas fazendo-a rir um pouco.

–Deixa que eu a coloco lá, Lena. Põe a pizza no forno e enquanto ela esquenta você pode ir tomando seu banho.

–Sério?

–Sim. Não é nenhum incomodo, fica tranquila.

Demorei cerca de cinco minutos no banho e ao sair me deparei com o delicioso aroma da pizza esquentando e assim que vesti uma roupa fui até a cozinha verificar se já estava tudo pronto. Nem precisei abrir o forno, notei de cara que o queijo ainda não havia derretido, e fui até o quarto da Sarah, já que não tinha visto Steve em outro lugar.

Fico parada na porta observando ele terminar de cantar uma música enquanto Sarah, já adormecida, está com a cabeça em seu ombro. https://www.youtube.com/watch?v=3W5JvwRTD-Y

Não sei como, mas uma cena veio a minha mente do nada.

E quando ela aquele mini filme terminou, me peguei sorrindo, vendo um Steve completamente confuso na minha frente.

–Aconteceu alguma coisa Lena?

–Não. Coisas da minha cabeça. Acho que tive uma pequena alucinação. Falei rindo daquilo. –Vem a pizza daqui a pouca tá pronta.

Ficamos trocando beijos no sofá por um tempo, até eu dar uma de louca e sair correndo ao lembrar que não havia tirado a comida do forno ainda.

–Queimou? Steve perguntou logo atrás de min.

–Não, mas já estava quase lá. Espero que não se importe de comer algo bem crocante. Falei mostrando a pizza bem dourada para ele.

–Tudo bem.

Coloquei dois pedaços em cada prato e fui com Steve para sala, ligando a televisão em seguida.

–Pegou o suco?

–Sim. Ele respondeu sentando ao meu lado. – Tem algum filme passando?

–Parece que não. Falei trocando os canais quando paro em um onde estava mostrando um repórter cobrindo uma matéria em um colégio parcialmente destruído ao fundo.

–Será que foi um daqueles alunos que sofrem bullying e resolveu dar um “jeito” nos colegas? Comentei de certo modo triste enquanto pegava um pedaço.

–Parece que dessa vez não. Foi um acidente com...um aluno mutante durante uma aula prática de química.

–Sério?

–Sim. Pelo menos é o que está escrito ali embaixo.

–Nossa. Já tinha ouvido falar desse tipo de pessoa, mas não imagina o quão perto eles poderiam estar.

–Você nem faz ideia. Acidentes como estes estão ficando cada vez mais constantes.

–Então a maioria não é má? Como alguns jornais estão divulgando por ai.

–Acredito que não. A maior parte está mais para confusa mesmo, esses poderes as vezes despertam de uma hora para outra.

–Você vê muitos casos desse tipo no seu trabalho então?

–Não exatamente, mas alguns colegas que as vezes vão fazer trabalhos em outros estados já viram e me falaram como foi.

–Existe algum padrão pelo que falaram?

–Não. Nenhum.

–Então até mesmo você poderia ser um deles. Falei divertida e ele quase se engasgou. –Calma, só estava brincando.

–Tudo bem. Não foi nada de mais, e não, eu não sou um deles. Disse rindo tentando descontrair e eu acabei rindo junto mesmo achando aquele comportamento estranho.

–E quais poderes seus colegas já presenciaram?

–Ah... bem, levitação de objetos, controle do fogo, força extrema...

–Previsão do futuro? Falei como quem não queria nada, ao lembrar da cena que vi.

–Não. Ele disse sorrindo. – Seria bem útil, mas pelo que já foi visto até hoje, só há basicamente estes tipos.

–Interessante. Comecei a fazer um barulho estranho com a garganta enquanto ficava de olhos fechados.

–Helena você está sentindo alguma coisa? Steve perguntou com preocupação.

–Não. Respondi morrendo de rir. Pelo visto eu não tenho o poder de levitar objetos, mas poderia por favor pegar o pote com bolo sorvete na geladeira já que não posso traze-lo até aqui? Perguntei brincalhona.

–Você não existe. Ele disse me dando um selinho e se levantando.