O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 45
Capítulo 45 - Como contar a Daniel?


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Sobre o capítulo de hoje: sei que os mais observadores já previam o que estaria por vir. Por outro lado, para outros será uma surpresa. Se é boa ou ruim, aí já depende de cada um.
Boa leitura!



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O sol já surgia entre os altos prédios da cidade grande. O céu acinzentado e o alto barulho dos carros já marcavam presença naquela hora da manhã. A ruiva, até então dormia sossegadamente em sua cama, porém logo o maldito despertador toca, fazendo-a despertar de seus mais belos sonhos e de seu mais delicioso sono. Ela levanta subitamente, assim que ouve aquele irritante som e desliga-o, levantando-se.

– Ah não! – Disse alto consigo mesma, depois de lembrar que estava de folga naquele dia e que havia esquecido de tirar o despertador no dia anterior, para sua tristeza. Mesmo que tentasse dormir novamente, não conseguiria. Isso era fato.

Arrumou a colcha de cama e andou a curtos passos até o guarda roupa. Procurou por algo confortável para vestir, até que sem querer deixou cair uma de suas embalagens de absorvente no chão. Apanhou-a sem dar muita importância, pondo-a de volta no lugar. Foi somente então que lembrou-se de algo. Algo um tanto importante.

Deu meia volta e foi até o criado mudo ao lado da cama. Abrindo uma das gavetas, achou sem muita pressa, seu calendário menstrual. Folheou-o lembrando de quando seu ciclo se completaria novamente. Já havia passado, e muito desse dia. Não gostou nada do que viu. Vieram-lhe outras lembranças na cabeça. Coisas pelo que passou nas últimas semanas. Algo estava errado ali.

Com uma expressão séria e fechada, Luana guardou o calendário, pegou suas roupas e foi diretamente para o banheiro. Tomou um banho rápido e arrumou-se na mesma velocidade. Certamente tinha algo muito importante para fazer quanto a isso.

...

O trio e demais membros da equipe, estavam no hotel onde hospedaram-se por alguns dias durante sua passagem por Porto Alegre. A turnê acabara no dia anterior, e todos somente esperaram que amanhecesse para pegar o voo e voltar para São Paulo.

Daniel, Marco, Elídio e Anderson dividiam o mesmo quarto. Sanna foi o primeiro a acordar. Levantou-se da cama e abriu meia cortina, deixando os raios solares passarem pela janela de vidro.

– Fecha isso! – Marco enfiou a cabeça no travesseiro, e pediu mesmo sem saber quem teria sido a bendita pessoa que o acordara.

– Levanta, galera. A gente tem que se arrumar. – Elídio avisou, mesmo sem ninguém ter dado a mínima importância para isso. Ou se deu, não demonstrou.

Daniel então sentou-se na beira da cama, cutucando Anderson para que também levantasse.

– Andy. Andy, acorda.

– Tô acordado. – Balbuciou o barbixa, sem mover um músculo sequer.

– Então levanta.

– Hum.

– Andy.

– Tá.

– E você, senhor preguiçoso, – Elídio foi até Marco, tirando o travesseiro que cobria seu rosto. – trata de levantar também. – Enfim, o moreno obedeceu, sem mais insistências.

– Que horas é o voo mesmo? – Perguntou Daniel.

– 7:45. – O mais novo de ambos, respondeu simplesmente.

– Então é daqui a... uma hora e vinte. Será que dá tempo?

– Tem que dar. Vou tomar banho. Marcão, vem depois?

– Vamos nos banhar juntos que é pra dar tempo. – Marco fez graça.

– Rárá. Claro, já tô lá. – Elídio ironizou, indo logo até o banheiro.

Enquanto isso, Anderson ainda estava na cama, imóvel.

– Andy. – Daniel chamou. – Andy? Dormiu de novo? Ô Anderson!

– Que é?! Caramba! Tô acordado.

– Não era o que parecia.

– Você age feito minha mãe! Eu hein.

– Não me compare a dona Cecília. Ela ainda consegue ser mais legal do que eu.

Quase meia hora depois, todos já estavam devidamente banhados e arrumados para sair. O quarteto encontrou os demais no saguão do hotel. Tomaram café da manhã por lá mesmo e logo em seguida partiram em direção ao aeroporto, onde pegariam o voo de volta.

– Qual é o número da sua poltrona? – Anderson perguntou baixo a Daniel, visto que já estavam dentro do avião.

– 23. E o seu?

– 24. Parece que vamos sentar juntos.

– Eu vou ficar no lado da janela.

– Mas é a minha poltrona que fica do lado da janela.

– Não é mais. – Tomou sua frente, sentando-se no lugar que seria de Anderson. Daniel fez uma cara de deboche, um tanto patética, o que fez o outro gargalhar.

– Senhor. – Disse uma comissária de bordo, que surgiu ao lado dele. – Será que pode fazer menos barulho e sentar-se logo? A aeronave já vai decolar.

– Claro, desculpe pelo incomodo. – Respondeu ele, avermelhado, tentando conter os risos.

– Ponha o cinto de segurança, senhor. Por favor.

– Perdão, eu já ia esquecendo.

– Pois não, tenha uma boa viagem. – Disse ela, enfim retirando-se, entrando novamente na cabine.

– Até parece um moleque levando bronca da aeromoça. – Observou o outro.

– Você também parece um.

– E por que você diz isso?

– Cismando comigo só pra sentar na janela.

– Veja bem, não é na janela, é no assento ao lado da janela. Se fosse na janela mesmo, eu ficaria do lado de fora do avião.

– Descobriu isso sozinho? Você é um gênio. – Ironizou ele.

– Ah, para. – Daniel fingiu timidez, sendo modesto, tal que usufruiu das caras e bocas que sempre fazia. Anderson riu novamente.

– “Plin, pin... senhores passageiros, coloquem os cintos; o avião já vai decolar. Em caso de problemas técnicos, temos duas saídas de emergência na parte dianteira, duas na parte traseira e uma à sua direita. No caso de falta de ar, máscaras de oxigênio cairão sobre vossas cabeças. Caso precisem de alguma coisa, basta chamar e nossos comissários de bordo lhes atenderão. Tenham todos uma boa viagem.” – Sussurrou Anderson, imitando a voz de outra comissária ao mesmo tempo em que ela falara.

– Você devia mandar currículo pra ser comissário de bordo.

– Tenho certeza que como ator eu ganho mais.

– Você não presta.

– Não mesmo.

...

– Onde você foi a essa hora da manhã? – Perguntou Ellen, logo que viu a amiga chegando no apartamento com uma pequena sacola de farmácia em uma das mãos.

– Tive que comprar uma coisa.

– Algum remédio?

– N-não. – Gaguejou.

– O que então? – A outra respirou fundo três vezes, na insignificante tentativa de agir com normalidade, no entanto, sequer sabia o que dizer. Ellen percebeu isso. Aliás, perceberia isso de longe. Conhecia bem aquela ruiva. Até mesmo mais que a si própria. – Está acontecendo algo que você não queira me contar?

– Não. De onde você tirou isso? – Luana forçou um sorriso. Bem falso por sinal.

– Ah é? Então deixa eu ver o que você comprou. – Ellen foi até ela, estendendo a mão para que a outra entregasse o que tinha consigo.

– Não, Ellen. Para com isso.

– Você sabe que uma hora ou outra eu vou saber. Não é?

– Que droga. Senta aqui. – Ellen obedeceu. Sabia que por sua expressão, algo sério estaria acontecendo. Luana congelou por questão de segundos, tentando buscar palavras para o que nem ela mesma sabia explicar. – Eu fui na farmácia. E comprei isto. – Enfim lhe estendeu a sacola para que visse do que se tratava. A morena tirou de lá uma pequena caixa.

– Um teste? Um teste de gravidez? – A outra afirmou com a cabeça. – Lua, me diz o que significa isso.

– Você sabe o que significa isso. E sabe muito bem.

– Você já fez?

– Não.

– E quando pretende?

– Agora. – Ellen olhou novamente para aquele produto em suas mãos, sem acreditar bem.

– Me explica o porquê disso.

– Porque eu desconfio, desde hoje. E não conseguiria tirar essa ideia da cabeça por nenhum segundo até fazer o teste.

– Você pelo menos tem motivos convincentes pra achar isso?

– Eu comecei a ficar estranha. Meu apetite aumentou, assim, sem mais nem menos. Comecei a vomitar feito uma louca e além de tudo minha menstruação está atrasada. Não acha que já tenho motivos demais?

– Não sei nem o que te dizer.

– Pois não diga nada. Simplesmente torça pra que isso realmente seja bobagem da minha cabeça e pra que tudo esteja na norma padrão. Ok?

Ela foi até o banheiro, enquanto a outra apenas esperava do lado de fora. Poucos minutos depois, a ruiva abriu a porta.

– Entra aqui.

– O que deu?

– Não sei. Temos que esperar mais ou menos cinco minutos pra saber.

Foi a última palavra que disseram. Luana não podia conter a tensão e o nervosismo que sentia. Cada segundo passava como se fosse dez, e uma estranha sensação a incomodava e a perturbava, a medida em que o tempo se passava. Talvez fossem um dos cinco minutos mais angustiantes que já vivera.

Lua enfim, trouxe o teste que estava em suas mãos tremulas para mais perto do rosto: duas listras. Uma azul, uma vermelha.

– Maldito! – Luana imediatamente largou o teste no chão. Sua reação era alarmante.

– Deu positivo?!

– Positivo, afirmativo e comprovado! – Lua levou ambas as mãos à cabeça, buscando calma para não puxar os cabelos, pois se buscasse forças, certamente já não restaria mais nenhum fio. Ellen não sabia o que esperar, pois enquanto tantas pessoas choravam de felicidade por uma notícia dessas, Luana chorava de desgosto. – Maldito, maldito teste!

Ellen apanhou o teste do chão, verificando o que já estava comprovado.

– Se você não queria engravidar, então por que não se previniu? Por que não usou nada?!

– Mas eu uso! E digo mais: nunca deixei de usar desde que perdi a virgindade!

– Então me explica isso aqui, caramba!

– Eu não lembro bem. Acho que foi naquela noite em que... aqui. Foi aqui em casa.

– Aqui em casa?

– Ele esqueceu a camisinha! Aqui em casa também não tinha! Eu ia tomar pílula no outro dia, mas na correria acabei esquecendo. Não era pra isso ter acontecido. Definitivamente não era.

– Então... puts! É filho do Daniel!

– Não cite as palavras “filho” nem “Daniel” neste momento! Por favor!

– Mas Lua, isso pode ser algo bom.

– Calada! Bom coisa nenhuma. Pra mim não! – Luana deixou algumas lágrimas escaparem de seus olhos avermelhados. Estava desesperada. E além de tudo, estava com raiva. Com raiva do resultado, com raiva de si mesma, com raiva por estar chorando. Por mais que não quisesse chorar ou brigar, por mais que quisesse resolver aquilo como uma mulher racional resolveria, ela não tinha como ser racional naquele momento. As explosões de sentimentos eram muitas.

– Desculpa, Lua. Estou vendo o quanto está abalada e sei devo entender seu lado.

– Tudo bem. – Respondeu secando suas lágrimas.

– E... como vai ser agora?

– Vou pensar em alguma coisa. Vou dar um jeito.

– Vai ficar tudo bem, ok? Vai dar tudo certo. – Ellen segurou em seu queixo para que ela a olhasse, pois até então estava curvada, olhando para o nada.

– Como vai ficar tudo bem? Não viu a burrada que eu fiz?

– Hã hã. Nada disso. Ele também teve culpa no cartório. Tenho certeza que vocês vão arrumar uma solução pra isso juntos. E se precisar, estou aqui. Você sabe.

– Eu sei. Obrigada, de verdade. – Ela agradeceu em seu tom de voz mais doce, enquanto a outra apenas a trazia para mais perto de si, dando-lhe um abraço carinhoso.

Ellen mais parecia sua mãe. E Luana, tentou buscar a calma em seus braços, em suas palavras, entretanto não conseguia esquecer nenhum vão detalhe daquela noite com o barbixa e a imagem das malditas linhas que foram indicadas no teste.

Várias dúvidas atormentavam-na, e uma delas sobressaía naquele instante: como contar a Daniel?


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Notas finais do capítulo

Veremos no que isso se resultará, meus caros!
Obrigada por lerem e até a próxima!



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