O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 33
Capítulo 33 - Tantos porquês


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Dia de capítulo novo é só alegria! (Ao menos pra mim)
Sintam-se a vontade e boa leitura.



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Nem mesmo a paisagem mais bela, nem mesmo o paraíso, o trariam tanto sossego, paz e calmaria quanto o seu lar. E lá estava Daniel, em seu quarto, jogado na cama pois ainda eram 4:32 da madrugada. O cansaço era enorme, porém o sono não vinha. Havia ido para a cama por volta das 2:00, devido o trabalho que se estendeu por mais tempo que o imaginado. Sendo assim, ele já rolara para todos os lados e tentara em todas as posições possíveis, dormir. Ou seja, já eram uma hora e meia sem pregar os olhos. Uma receita perfeita para fadiga, exaustão e olheiras na manhã seguinte.

Depois das vãs tentativas de ter uma noite de sono tranquila, ele esparramou-se de vez na cama, desorganizando ainda mais os lençóis brancos. De barriga pra cima, certamente com os cabelos bagunçados e cara de tédio, Daniel olhava para o teto, por mais que o quarto estivesse totalmente escuro e ele não conseguisse enxergar um palmo a sua frente. “Maldita insônia” pensava.

E depois de mais algum tempo, quando estava quase fechando os olhos, o despertador tocou, para o seu azar. O sol ainda não havia surgido. Por preguiça, ele quase não saiu da sua zona de conforto, mas tinha que ir. O dever o chamava.

Tomou um banho rápido, penteou bem os cabelos, passou um de seus perfumes preferidos e não saiu sem antes dar uma pequena geral na casa, por mais que tivesse empregada para isso. O barbixa não se contentava em deixar a casa desorganizada antes de sair, muito pelo contrário, tudo era impecavelmente limpo e bem organizado. Nada de surpreendente quando se trata de um perfeccionista como este. Tomou um cappuccino pelo caminho e logo chegou no prédio da Cia.

— Olá, companheiro de trabalho, de cena e de vida. – Elídio o cumprimentou com uma certa comicidade, assim que viu o amigo entrar no escritório.

— Oi. – Respondeu simplesmente. Sentou-se na cadeira de escritório e ligou o notebook que estava sobre a mesa alta.

— Parece que alguém acordou do lado errado da cama. – Sanna prosseguiu.

— Eu só não dormi direito.

— Isso explica sua alegria. – Ironizou ele.

— Imagina. Estou pulando de felicidade. – Disse-lhe sem tirar os olhos da tela. Pouco depois, o restante das pessoas começou a chegar, até que Anderson entrou na sala, sem antes ver que Daniel já estava lá.

— Se o Daniel chegar atrasado hoje...

— Se o Daniel chegar atrasado hoje o que, Andy? – Daniel dirigiu-se ao amigo, que olhava-lhe um tanto surpreso.

— Daniel? É você mesmo eu te clonaram? Você tinha irmão gêmeo e nunca nos disse? – Anderson fez piada. – Posso saber o que te levou a vir aqui tão cedo?

— Não está cedo. Era pra estar aqui a esse horário.

— Mas comparando esse horário aos horários que você chega, está cedo. Muito cedo inclusive.

— Não consegui dormir direito noite passada. Se é que consegui dormir.

— Isso também explica as olheiras. Dani, na boa, você está com uma cara péssima. – Elídio voltou a dizer.

— Obrigado pela sinceridade.

Eles e a produção trabalharam a manhã toda, editando vídeos, escrevendo roteiros e estudando possíveis cidades para fazer turnê. Todos saíram por volta de meio dia.

— Dan, quer almoçar comigo agora? – Perguntou Elídio, pegando sua mochila escura e pondo nas costas.

— Claro.

Os dois foram os últimos a sair. Fecharam o lugar, desceram os andares e caminharam poucos metros até chegar no restaurante ao lado. O local era bem claro, devido as grandes janelas de vidro que cercavam todas as paredes, permitindo que a luz solar adentrasse. As mesas eram variadas, para dois, quatro e até seis pessoas.

Ambos escolheram uma mesa para dois, que ficava quase ao centro. Logo veio um garçom com os cardápios. Após fazerem seus devidos pedidos, Elídio prosseguiu.

— Você anda muito calado. Aconteceu alguma coisa?

— Não. Nada.

— Tem certeza?

— Huhum. – Daniel dizia enquanto batia levemente os dedos na mesa, no ritmo da música baixa que tocava ao fundo.

— Cara, eu te conheço a sabe lá quanto tempo e sei quando você está mentindo. Anda, fala o que é.

— Está parecendo o meu pai falando assim.

— Não muda de assunto. – O outro respirou fundo ao ver que Elídio realmente não desistiria até que ele o contasse.

— Ok, papai. – Ele tirou sarro. – Fui há uns dias na casa da Luana e o fura olho do Lucas apareceu por lá.

— E vocês não brigaram de novo, ou brigaram?

— De surra mesmo não, mas faltou pouco pra eu dar uns murros bem dados na cara dele.

— O que ele te fez?

— O que ele me fez? Bom, pra começar inventou de querer separar a gente e por causa dele eu passei dias, senão semanas com raiva dele e da Luana.

— Tá, mas disso eu já sabia. Quero saber o que ele te fez dessa vez.

— Falou com a Luana como se eu não estivesse lá, me rebaixou dizendo que eu não dava valor a ela, que ia largar ela como se fosse uma qualquer e blá blá blá. Esse cara não desiste fácil, e com certeza ainda vai aprontar mais pra conseguir o que quer.

— E o que ele quer?

— Eu tô falando com uma parede, é isso mesmo produção? A Luana, pateta. É a Luana que ele quer. E pra piorar ela ainda fez a estupidez de abraçar aquele tolo na minha frente, como se eu não existisse.

— Então é por isso que você está zangado?

— Eu não estou zangado. Eu estou chateado, isso sim.

— E não é a mesma coisa?

— Não, não é a mesma coisa. Zangado é uma coisa e chateado é outra.

— Ah é?

— É.

— Pois me diz a diferença. – Daniel parou por um minuto. Ficou com cara de paisagem, talvez buscando uma boa resposta para lhe dar, contudo, não pensou em nada que fosse bom o suficiente.

— A diferença não importa. – Disse simplesmente, fazendo Elídio rir da sua cara e o contagiando com as risadas.

Minutos depois os pratos chegaram e o assunto se encerrou por ali. Enquanto almoçavam, Daniel percebeu que um casal de uma das mesas os observava. A moça, tinha os cabelos repicados, quase loiros, e expressivos olhos cor de mel. Já o rapaz era aparentemente alto, negro, de cabelos crespos e volumosos. Ambos usavam a mesma blusa, que tinha um logo em preto e laranja. Certamente eles trabalhavam no mesmo lugar. Assim que terminou a refeição, o casal pagou a conta. Levantaram-se da mesa e foram em direção aos dois.

— Código vermelho. – Disse Daniel, logo que os viu se aproximando.

— Que? – Perguntou Elídio, que estava concentrado em seu almoço.

— Parece que aqueles dois nos reconheceram e estão vindo pra cá.

— Oh que novidade. – Disse o barbixa, com um tédio irônico. Porém logo que chegaram em sua mesa, os humoristas os receberam com meigos sorrisos.

— Com licença, mas vocês não são os Barbixas? – Perguntou a jovem, muito educada, de aparentemente vinte e poucos anos.

— Dois terços deles. – Daniel disse com graça.

— Se importariam em tirar uma foto com a gente? – Disse o rapaz, enquanto a moça balançava a cabeça positivamente. Estava eufórica, porém sabia disfarçar.

— Sem problema. – Elídio disse levantando-se e chamando um dos garçons. – Amigo, você pode tirar uma foto pra gente? – A garota pegou o celular e entregou ao homem para que o fizesse. Daniel também levantou-se. Juntaram-se os quatro: A garota e o rapaz no meio, seguidos por Elídio e Daniel nos cantos.

— Obrigada, moço. – A jovem recebeu o celular e pôde ver como havia ficado tal foto. – Acha que eu fiquei muito feia, Matheus? – Ela mostrou a foto ao amigo e ao outros dois.

— Você não ficou, você é. – O rapaz brincou, mesmo a jovem sendo encantadoramente linda. Sua reação os fez rir. – Ah, gostamos muito do espetáculo de vocês, de verdade. – Ele sorriu simpático.

— Obrigado.

— Agora temos que ir. Obrigada pela atenção.

— Não há de que. Espero que possam ir ao espetáculo mais vezes pra tirarmos fotos feias como essa. – Elídio disse comicamente. Logo mais, a garota sorridente enfim foi embora, juntamente com seu amigo, Matheus.

— Essa foi tranquila. – Daniel disse a Elídio, assim que sentaram-se novamente na mesa.

— Pois é. Já vimos mais agitados.

— Então, vamos pedir a conta?

Cada um deu metade do valor em dinheiro, e ainda uma gorjeta satisfatória para o garçom.

Saíram de lá e foram para o estacionamento.

— Dan, me dá carona?

— Você não veio de carro?

— Meu carro está no mecânico. Vim de metrô.

— Tudo bem. Vamos.

— E... então, como vai ser com a Lua?

— Ah eu sei lá. Faz uns três dias que não vejo ela, que não ligo, nem envio mensagem, nem nada. Ela deve até estar achando que eu estou com raiva. Mas vamos nos ver logo. Temos que conversar.

— Sobre o Lucas?

— Sobre o Lucas. Não dá pra fingir que está tudo bem sendo que tem um idiota feito ele querendo nos atrapalhar. Assim não tem como ter sossego.

— Concordo contigo, toca aqui!

— Que?

— Toca aqui, cara! – Daniel, sem muita confiança, tocou seu punho no dele. Elídio riu.

— Ah desculpa se eu não estou acostumado a você vir me falando “Toca aqui” feito um moleque.

— Parece até uma mulhersinha tocando desse jeito.

— Não sou eu quem sempre faz o papel de uma. - Não tiveram como conter seus sinceros sorrisos.

...

Enquanto isso, Luana pensava preocupadamente no porquê de Daniel não ter dado sequer ter dado um sinal de vida os últimos dias. “Será que ele ficou com tanta raiva assim?” se perguntava. Só podia ser isso. Mas talvez ele logo voltasse a se comunicar novamente, afinal não era por um motivo tão vão como esse que ele a odiaria.

De fato. Poucos minutos depois seu celular vibrou, indicando que havia chegado uma nova mensagem:

Daniel Nascimento: Aceita sair comigo amanhã à noite? Não aceito “não” como resposta.

Seu sorriso foi de canto a canto. Enfim uma boa notícia: ela o veria amanhã, e por certo mataria toda a saudade que sentia.

Ah... mas por que, Lucas? Por que justo quando ela se envolvia com outro alguém? Luana queria que aquela maldita briga nunca houvesse acontecido, queria poder voltar no tempo, para impedir que aquela tarde em que ele se declarou de coração para ela nunca tivesse acontecido. Afinal, tudo era tão bom como estava: nada mais que bons e velhos amigos.

Por que, Lucas? Por que agora?


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Notas finais do capítulo

Sempre tem os porquês da vida.
Muitíssimo obrigada por lerem e até a próxima!



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