O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 3
Capítulo 3 - Ela conhecia aquela voz


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Capítulo novo no ar.
Boa leitura!



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Sentada na areia, a ruiva olhava atentamente a paisagem hipnotizadora da praia, desfrutando do cenário, envolvendo-o no seu mundo da imaginação. Ela então desfez seus pensamentos e teve a feliz ou infeliz ideia de ir até o mar. Se isso seria bom ou ruim? Bem, isso caberia a ela decidir depois.

...

Não muito longe, seis amigos curtiam as férias em grupo. Um deles, um homem de pele escura e cabelos crespos, apenas observava a movimentação do local: algumas pessoas em barracas, outras que assim como eles estavam sentadas na areia, alguns vendedores ambulantes que rondavam a praia, um pequeno grupo de adolescentes que jogavam vôlei à frente, um mar não tão cheio de pessoas e algumas pipas coloridas que sobrevoavam o céu azul vazio de nuvens.

O mais novo e mais baixo, moreno de cabelos lisos e cuidadosamente arrumados, tinha pouco mais de 30 anos, sendo que sua aparência era de 20, e segurava uma água de coco com uma das mãos. A única mulher do grupo, tinha uma pele clara, cabelos longos, lisos e presos por um coque. Ela conversava com o irmão mais velho, o mais alto dos seis. Já um outro tinha a barba por fazer e os olhos fixos no horizonte, pensando ao certo em algo que não tinha importância.

O último, estava isolado, pois não era muito fã de sair da rotina e aceitou a viajem enfim por que não tinha nada melhor pra fazer. Ele estava mais pro canto, mexendo em seu celular, quase não enxergando nada, pois a miopia não permitia. Ele então deu uma pausa e pegou em sua mochila o tão famoso óculos que as vezes “salvava sua vida”.

Enfim, todos seis, em plena paz de espírito. Cada um procurava se ocupar da sua forma nas requícias daquelas férias de outono.

...

Com os pés na água, Luana aproximava-se do fundo a curtos passos. A medida em que caminhava, o líquido meio transparente e azulado, ia cobrindo-a aos poucos até alcançar seu busto. Nadava, mergulhava, o que quer que fosse o que estava fazendo, ela estava ali, onde o mar era sua única companhia. Dali a alguns minutos, foi que notou a distancia em que se encontrava da praia. Decidiu voltar, por precaução. Porém não pôde. A cada braçada que dava não via resultados. Ela aumentava a intensidade do nado e a todo custo não conseguia, nem nunca conseguiria sem ajuda. Mar traiçoeiro. Ele puxava-a para o fundo a cada tentativa que a jovem dava, como se não quisesse que ela saísse dali. E ele conseguiu o que queria, pois ela já estava cansada demais para tentar mais alguma coisa. Decidiu boiar. Isso! Seria o plano perfeito. E quando finalmente estivesse descansada suficiente ela tentaria novamente. Foi o que fez. Ou tentou fazer. Parecia que quanto mais boiava mais o mar a puxava. Luana então desesperou-se, entrou em pânico e começou a gritar, acenar e tudo o que fosse possível. Ninguém a viu ou a ouviu . Ela começou a engolir muita água, realmente, muita água e a todo instante pensava em como sair dali.

...

O moreno que sentado na areia saboreava sua água de coco, notou uma estranha movimentação no mar. Era uma pessoa, que de primeira vista não pôde identificar o sexo. De tão longe, essa pessoa acenava e parecia gritar. Então ele apelou para os amigos que estavam sentados junto dele:

– Eu acho que tem alguém ali pedindo ajuda.

– Você também notou? – O barbado ao seu lado perguntou.

– Gente... – Ele disse a todos forçando a vista. – ... é uma garota. Alguém vai lá e ajuda ela! – Anunciou a última frase um pouco mais alto. Só aí chamou a atenção dos outros quatro, que olharam com curiosidade para a água.

Um dos amigos, que até então estava concentrado no celular, pôs o aparelho na areia, tirou o óculos jogando-o pra qualquer lado e foi correndo até onde a moça estava. Assim que o fez, atraiu diversos olhares das pessoas ao redor que observaram curiosas. O mais alto decidiu seguir o companheiro na intenção de ajudar. Os outros quatro levantaram-se e andaram apressadamente até a orla do mar, influenciando desconhecidos a irem também.

...

Sem esperanças, Luana começou a perder forças e a afundar, com os olhos entreabertos ela observava o nada de baixo d’água. Como seria o fundo do mar? E se ela morresse? E seus amigos? E sua família? Será que sentiriam sua falta? Eram perguntas que ela fazia para si mesma. Seus olhos pesavam. Tudo ficava cada vez mais escuro. Mesmo na escuridão do seu olhar, ela viu algo se aproximando. A visão submersa e desfocada não permitia que a mesma identificasse o que era. Porém depois de um curto período de tempo, ela finalmente conseguiu definir: era alguém. Era um homem. A ruiva já não pensava em mais nada e por fim pôde sentir que ele a puxou pelo braço antes de apagar.

...

– Vem me ajuda a levar ela! – O homem pediu ao que vinha logo atrás. Antes mesmo que o outro viesse ao seu encontro, ele levantou a cabeça da jovem até então desconhecida. Pôde ver seu rosto. Estava pálido, mas era tão delicado, tão angelical e simples de uma forma que ele mesmo não sabia definir. Abraçou-a belo tronco e nadou com a moça inconsciente até o amigo que o ajudou a leva-la. Haviam várias pessoas na areia esperando que eles voltassem, estivesse ela viva ou não. Finalmente chegaram à orla e puderam sentir o chão de areia que permitia que prosseguissem andando. O primeiro pegou-a no colo e saiu do mar deitando-a delicadamente na areia macia.

– Aqui não tem bombeiros não? Vê se ela está viva! Alguém chama uma ambulância! – Dizia uma senhora que observava a cena de pé.

O mesmo então ajoelhou-se diante da jovem e tirou os cabelos de seu rosto, podendo vê-la de novo. Pegou-a pelo braço e apertou firme seu pulso: nada. Então fez o mesmo em seu pescoço: nada. Decepcionou-se consigo mesmo. Poderia ter chegado a tempo. Olhou para os companheiros que observavam aflitos. Certamente entenderam o recado, assim como as pessoas ao redor.

– Faz alguma coisa! Não tem mais jeito? – Perguntou o amigo que havia ajudado-o.

Ele olhou para a moça novamente, olhou para as pessoas em volta e quase que involuntariamente, pôs a cabeça da jovem para trás, com o queixo para cima, tapando seu nariz e encostou sua boca na dela, soltando ar para fora e fazendo seu peito se elevar. Desencostou em seguida, cruzou as mãos pressionando o mesmo e ficou repetindo esse processo, por inúmeras vezes. Permaneceu ali, fazendo massagens cardíacas e respirações boca a boca, porém ainda sim não estava adiantando. Mais três minutos. Três longos minutos e nada.

Haviam chamado uma ambulância há alguns minutos, mas ela não chegou. O procedimento ainda não dava resultado. As pessoas já olhavam com desaprovação. Ele estava quase desistindo. “Só mais alguns minutos” pensava. Será que realmente não tinha mais solução?

Foi então, que surpreendentemente, ela tossiu, fazendo todos comemorarem. Seja gritando, seja assobiando, seja com palmas ou seja num simples sorriso. Aquele cara, agora só pôde pensar: “Ela está viva!”. Ainda de joelhos, ele sorria e passava suavemente sua mão pelas costas da jovem que olhava para baixo e engasgava ao cuspir toda água que havia engolido. Com um gesto de silêncio de um dos amigos do grupo, as pessoas conteram-se.

– Você está bem? – Luana pôde ouvir alguém falando próximo a ela. – Tudo bem. Está tudo bem agora. – Ouviu novamente. Ela parecia conhecer aquela voz, mas ainda olhava para baixo, recuperando-se e evitando fitá-lo. – Qual é seu nome? – Sim, Luana realmente conhecia aquela voz. Seus pensamentos foram interrompidos por um homem que falava relativamente alto para que todos ouvissem, fazendo com que ela levantasse a cabeça e olhasse para o mesmo.

– Cadê essa ambulância que não chega? – Ele disse como se suas palavras pudessem apressar a chegada da assistência médica. Essa voz também foi reconhecida por ela, mas sua visão ainda estava desfocada e só voltava aos poucos. Ao olhar mais atentamente para ele, ela de fato o reconheceu. Pensou que estivesse delirando. Seria o efeito da quase morte que sofreu? Então Luana olhou para quem estava ao lado dele. Era uma moça. A reconheceu também. Assim como reconheceu outros três homens no meio da multidão. Todos faziam parte do tal grupo. Ela só podia estar vendo coisas, mas sabia que não estava.

– Se a ambulância não chegar, temos que levar você ao hospital de carro. – O homem que a salvou, que estava ao seu lado, disse tocando em seu ombro. Ela virou-se e olhou para ele com espanto, pois também o identificou. Ainda surpresa, e numa última prova para verificar o que via, Luana segurou sua mão. Ao sentir o toque, ela teve mais certeza do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Garanto que se prestaram atenção aos detalhes, puderam facilmente identificar de quem se trata esse grupo de amigos. Haha.
Obrigada por lerem e até a próxima!



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