O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana
Notas iniciais do capítulo
Olá leitores, como vão?
Então, sem enrolação (opa, já cheguei rimando), tenham todos uma boa leitura!
Eram quase seis horas da noite. Sentada no chão frio, encostada em uma das extremidades da cama, Luana ouvia certa música, esta que por sinal a descrevia bem nos últimos tempos. Mas não é o que dizem? Que por trás de nossas melodias preferidas existem significados ocultos, os quais muitas vezes não queremos ou não ousamos admitir?
“Como se o silêncio dissesse tudo
Um sentimento bom que me leva pra outro mundo
A vontade de te ver já é maior que tudo
Não existem distâncias no meu novo mundo”
Segurando-se para não cantar, com medo de que outra vez fosse ouvida imprevistamente, ela apenas acompanhava a letra e os ritmos mentalmente. Aquela seria a noite em que realizaria um grande propósito. Ficaria marcada com certeza.
A sua capacidade de distração era tanta que quando se deparou com as horas, já eram quase sete e quinze. “Hã??? Já? Essa não! Não posso me atrasar, gente!” Pensou ela como se existisse mais de uma pessoa ali.
Em um pulo, levantou-se da cama e em disparada correu para tomar banho e arrumar-se. Por sorte ela não costumava levar horas para ficar pronta, e em pouco tempo, Luana já estava na sala, esperando pela chegada de seu acompanhante.
Cerca de sete e cinquenta e cinco o porteiro anunciou a chegada de um homem que a aguardava na entrada do prédio. Mais que ansiosa, ela pegou a bolsa, as chaves e antes mesmo de chegar à porta, ouviu a voz de Ellen vindo do corredor.
– Porque tá toda arrumada desse jeito? Vai a algum lugar? – Ela parou diante dela e observou-a de cima a baixo.
– Vou.
– E onde você vai?
– Vou sair. – Meio que sem querer dar satisfações a outra, respondeu com um sorriso malicioso, deixou a amiga falando sozinha na sala e saiu, sem deixar chances para que ela a interrogasse.
Parecia que a cada andar que descia pelo elevador, mais as sensações misturavam-se. Ela sentia uma mistura de ansiedade por ir vê-lo, medo por fazer alguma besteira, felicidade pelo momento e vontade de sair dali.
As portas do elevador abriram. Ela andou a curtos passos até a portaria, cumprimentou Gil, porteiro dali a quase quinze anos, e avistou um carro parado em frente ao prédio. Ao lado dele, um homem de 33 anos, bem arrumado por sinal, a esperava. Parecia tão ansioso quanto ela. O barbixa mexia com as mãos em sinal de inquietação. Com a expressão séria, ele tinha o olhar distraído em algum lugar da rua. Logo que notou a presença da outra, a fitou sorridente enquanto a mesma caminhava até ele.
Naquele momento, parece que as estranhas sensações que ela sentia a segundos atrás desapareceram e apenas uma restara: o nervosismo. Não sabia como chegar até ele e falar algo sem que parecesse uma completa retardada. Isso a preocupou. Ao chegar em sua frente, lhe deu um branco total. Optou em agir por instinto, simplesmente ser a Luana.
– Desculpa pelo atraso. – Ele disse, aproximando-se ainda mais dela para lhe dar um abraço. Aquilo teve um efeito mágico sobre ela. Aliás, sempre teve. Aquele abraço que provavelmente só a deixaria ainda mais nervosa, acabou lhe trazendo harmonia e paz de espírito. Cada qual pôde sentir os batimentos acelerados um do outro, e o suave e atrativo cheiro de seus respectivos perfumes. O tempo parecia ter congelado, pura e simplesmente para que se abraçassem.
– Desculpo. Eu também costumo perder as horas. – Ela respondeu com um sorriso meigo.
– Então estamos kits. Vamos?
– Vamos. – Os dois abriram as portas dianteiras do carro, e acomodaram-se. – Então, você vai nos levar a um restaurante de comida japonesa?
– Isso. Fica um pouco longe daqui, mas acho que vai gostar.
Durante o caminho, eles conversaram sobre coisas muito aleatórias. O trânsito desafogado, o que era raridade justo aquela hora da noite, permitiu que eles chegassem em um tempo razoável. O restaurante ficava no mais alto andar de um hotel. Aparentemente era bem grande, organizado, muito bem decorado e especializado na culinária oriental. Luana ficou impressionada com tanta perfeição. A recepcionista lhes concedeu um lugar afastado dos demais, onde as poucas mesas que aviam ali eram ao ar livre, permitindo apreciar a bela vista do céu negro e da cidade iluminada pelos amontoados pontos de luz.
– Você já havia vindo aqui? – Perguntou Daniel.
– Não. Você tem bom gosto pra escolher lugares.
– E para acompanhantes também. – Disse ele, fazendo-a corar.
– Se isso foi um elogio, obrigada. – Luana respondeu-lhe mesmo tendo certeza, e o viu sorrir junto dela. Ambos fizeram seus pedidos, estes que chegaram muito depois, dando a eles tempo de sobra para conversarem.
– Fala um pouco de você. – Ele sugeriu com um tom singelo em sua voz.
– Bem... pra começar, sou nutricionista e divido apartamento com outros dois amigos, aqueles com que fui ao teatro outro dia.
– Você me parece bem nova. Quantos anos tem mesmo?
– 28. Nem tão nova assim. – Ela dizia com um sorriso no canto dos lábios.
– Hm... interessante. Conte-me mais. – Com seu ar de comicidade, a fez rir.
– Acho que sou o tipo de pessoa que fantasia demais. Às vezes pareço uma completa idiota pensando em tudo e olhando pra nada. – Ele sorriu. – E há dias em que eu prefiro ficar sozinha comigo mesma, sabe?
– Sim, perfeitamente.
– Não sou muito fã de sair pra festas, eventos ou coisas desse gênero. Sou meio caseira nessa parte.
– Eu também! Enfim alguém me entende! – Cômico mais uma vez, a fez rir novamente.
– Curto leitura, animais, viagem, e finjo que sei desenhar e cantar nas horas vagas. – Dizia-lhe com modesta.
– E sua família?
– É complicado. Digamos que prefiro riscar essa parte do assunto da lista.
– Ah, sim. Desculpe.
– Sem problema.
– Assuntos de família são meio complicados mesmo. – Nesse instante os pratos chegaram à mesa, bem produzidos e saborosos por sinal.
– Mas não vamos falar só de mim. Quero saber sobre você também.
– Mas até onde eu sei, você conhece a mim e ao meu trabalho a muito tempo. Já deve saber muitas coisas. – Ele juntou os dois cotovelos e os antebraços sobre a mesa.
– De fato. Mas eu só conheço o Daniel das câmeras, o Daniel dos palcos. Não sei como ele é aqui fora.
– Então digamos que o Daniel dos palcos seja bem parecido com o Daniel daqui de fora. Além do mais, o essencial você já sabe. Com o tempo vai acabar descobrindo o resto. – “Ai, meu Pai! Ele disse ‘Com o tempo’?! Ele disse ‘O resto’?!” Luana exclamava em seus pensamentos.
– Então você pode saber muitas coisas sobre mim, mas eu não posso sobre você?
– Exatamente. – Ele disse maliciosamente, enquanto levava o copo à boca.
Enquanto comiam ainda conversavam, hora com formalidade, hora com intimidade, esta última que acabou sobressaindo na conversa dos dois, como se a anos se conhecessem.
Daniel enfim pôde ter aquela visão excepcional novamente. O rosto tão angelical que avistara pela primeira vez naquela praia. Sabia que já havia conhecido a dona daquele rosto antes mesmo de tê-la salvado, afinal, ela conhecia a Cia. a algum tempo e sem dúvidas já havia encontrado com ela entre alguns e outros espetáculos. Tentou lembrar de outras vezes que poderia tê-la visto, mas nenhuma memória veio-lhe a cabeça. Voltou a realidade e foi atraído por aqueles cabelos fortemente alaranjados, que balançavam lateralmente com o vento.
– E o seu cabelo?
– O que? Tem alguma coisa no meu cabelo?!
– Não. Não é isso.
– Ah, então o que foi?
– Você tinge?
– Não. São naturais.
– É, acho que dá pra notar pelas sardas e os olhos claros. Aliás é bem difícil encontrar ruivos por aí.
– Não é a toa que nascemos de um gene recessivo.
– Hã?
– Hã?! Ah, esquece. – Ela envergonhou-se ao notar a besteira que acabara de dizer.
– Pode falar. Sou todo ouvidos.
– Eu vou parecer uma nerd falando.
– Nada mais justo do que uma nerd falar com outro nerd dobre coisas de nerd. Não acha?
– Tudo bem, me convenceu. Vou explicar: quase todos tem uma probabilidade de nascer ruivo, mesmo que muito pequena. E isso acontece quando ocorre uma falha no gene dominante e o gene recessivo acaba sobressaindo durante a formação da pessoa. Não passa de uma mutação. Também pode acontecer quando um casal de ruivos tem um filho, o que é ainda mais raro de acontecer. Por isso não vemos pessoas ruivas com tanta frequência. Aliás, é devido o gene recessivo que com o passar do tempo temos mais chances de contrair doenças do que as outras pessoas, principalmente câncer de pele, já que as células são bem mais enfraquecidas e bem menos resistentes a isso. – “PUTS! Porque eu falei tudo isso? Agora ele vai achar que eu sou uma completa idiota!”. Mas foi justo o contrário. Ele impressionou-se com sua facilidade ao tratar de um assunto tão complexo e complicado como aquele.
– Uau! Eu não sabia de tudo isso! Como sabe?
– Eu pesquiso. – Ela tentou agir com normalidade mesmo com a surpresa ao saber que ele havia prestado atenção e principalmente gostado do que ela havia dito.
Depois de jantarem, Daniel pediu a conta, essa que por diversas vezes Luana tentou convencer o barbixa a dividir com ela, em vão. Levantaram-se e saíram do tão lindo lugar, quando ele a levou de volta ao prédio. Depois de um longo percurso, enfim chegaram. Saíram do carro e despediram-se, com um certo ar de felicidade.
– Obrigada pelo convite. Eu adorei. – Aquilo era música para os ouvidos dele.
– Que bom que gostou, mas agora eu preciso ir. – Aproximou-se da outra, dando-lhe um beijo demorado em sua bochecha, sobre suas sardas delicadas e suas maças do rosto tão quentes e avermelhadas. Derradeiramente sentiu seu perfume, e afastou-se aos poucos, como se não quisesse sair dali tão cedo. – Boa noite. Ah, e espero que possamos nos ver mais vezes. Não suma, hein?
– Pode deixar. E boa noite.
Nos últimos segundos, ela não conseguia pensar em mais nada. A sensação de alegria extrema a invadiu de repente e ela quase não podia acreditar no que a noite a havia reservado. Sair com Daniel; quem diria.
Dentro do carro, o barbixa voltava para casa e com um largo sorriso lembrava de tudo que havia ocorrido nas últimas horas, tentando encontrar algum erro, alguma imperfeição que pudesse fazê-lo se arrepender, mas com medo que isso acontecesse, ele desistiu. Só queria momentos bons em suas lembranças. As lembranças que haviam ao lado da doce e seduzente mulher que mexia com seus sentimentos, suas vontades e seus desejos.
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Música: Meu novo mundo - Charlie Brown Jr.
A propósito: já repararam que no instagram do nosso querido Daniel Nascimento há uma foto de uma certa mulher de cabelos ruivos? Não? Caso ainda não tenham visto, eis a prova: https://www.instagram.com/p/9cI_oFF34S/?taken-by=notfakedaniel
Se a história é baseada nisso? Não. Até mesmo por que tudo foi escrito beeeeem antes dessa foto ser publicada. Mas que é coincidência, ah isso é. Hahahhaaha!
Enfim, obrigada a todos por lerem e até a próxima!