O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 11
Capítulo 11 - Sentimento invasivo


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Então, sem enrolação (opa, já cheguei rimando), tenham todos uma boa leitura!



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Eram quase seis horas da noite. Sentada no chão frio, encostada em uma das extremidades da cama, Luana ouvia certa música, esta que por sinal a descrevia bem nos últimos tempos. Mas não é o que dizem? Que por trás de nossas melodias preferidas existem significados ocultos, os quais muitas vezes não queremos ou não ousamos admitir?

“Como se o silêncio dissesse tudo
Um sentimento bom que me leva pra outro mundo
A vontade de te ver já é maior que tudo
Não existem distâncias no meu novo mundo”

Segurando-se para não cantar, com medo de que outra vez fosse ouvida imprevistamente, ela apenas acompanhava a letra e os ritmos mentalmente. Aquela seria a noite em que realizaria um grande propósito. Ficaria marcada com certeza.

A sua capacidade de distração era tanta que quando se deparou com as horas, já eram quase sete e quinze. “Hã??? Já? Essa não! Não posso me atrasar, gente!” Pensou ela como se existisse mais de uma pessoa ali.

Em um pulo, levantou-se da cama e em disparada correu para tomar banho e arrumar-se. Por sorte ela não costumava levar horas para ficar pronta, e em pouco tempo, Luana já estava na sala, esperando pela chegada de seu acompanhante.

Cerca de sete e cinquenta e cinco o porteiro anunciou a chegada de um homem que a aguardava na entrada do prédio. Mais que ansiosa, ela pegou a bolsa, as chaves e antes mesmo de chegar à porta, ouviu a voz de Ellen vindo do corredor.

– Porque tá toda arrumada desse jeito? Vai a algum lugar? – Ela parou diante dela e observou-a de cima a baixo.

– Vou.

– E onde você vai?

– Vou sair. – Meio que sem querer dar satisfações a outra, respondeu com um sorriso malicioso, deixou a amiga falando sozinha na sala e saiu, sem deixar chances para que ela a interrogasse.

Parecia que a cada andar que descia pelo elevador, mais as sensações misturavam-se. Ela sentia uma mistura de ansiedade por ir vê-lo, medo por fazer alguma besteira, felicidade pelo momento e vontade de sair dali.

As portas do elevador abriram. Ela andou a curtos passos até a portaria, cumprimentou Gil, porteiro dali a quase quinze anos, e avistou um carro parado em frente ao prédio. Ao lado dele, um homem de 33 anos, bem arrumado por sinal, a esperava. Parecia tão ansioso quanto ela. O barbixa mexia com as mãos em sinal de inquietação. Com a expressão séria, ele tinha o olhar distraído em algum lugar da rua. Logo que notou a presença da outra, a fitou sorridente enquanto a mesma caminhava até ele.

Naquele momento, parece que as estranhas sensações que ela sentia a segundos atrás desapareceram e apenas uma restara: o nervosismo. Não sabia como chegar até ele e falar algo sem que parecesse uma completa retardada. Isso a preocupou. Ao chegar em sua frente, lhe deu um branco total. Optou em agir por instinto, simplesmente ser a Luana.

– Desculpa pelo atraso. – Ele disse, aproximando-se ainda mais dela para lhe dar um abraço. Aquilo teve um efeito mágico sobre ela. Aliás, sempre teve. Aquele abraço que provavelmente só a deixaria ainda mais nervosa, acabou lhe trazendo harmonia e paz de espírito. Cada qual pôde sentir os batimentos acelerados um do outro, e o suave e atrativo cheiro de seus respectivos perfumes. O tempo parecia ter congelado, pura e simplesmente para que se abraçassem.

– Desculpo. Eu também costumo perder as horas. – Ela respondeu com um sorriso meigo.

– Então estamos kits. Vamos?

– Vamos. – Os dois abriram as portas dianteiras do carro, e acomodaram-se. – Então, você vai nos levar a um restaurante de comida japonesa?

– Isso. Fica um pouco longe daqui, mas acho que vai gostar.

Durante o caminho, eles conversaram sobre coisas muito aleatórias. O trânsito desafogado, o que era raridade justo aquela hora da noite, permitiu que eles chegassem em um tempo razoável. O restaurante ficava no mais alto andar de um hotel. Aparentemente era bem grande, organizado, muito bem decorado e especializado na culinária oriental. Luana ficou impressionada com tanta perfeição. A recepcionista lhes concedeu um lugar afastado dos demais, onde as poucas mesas que aviam ali eram ao ar livre, permitindo apreciar a bela vista do céu negro e da cidade iluminada pelos amontoados pontos de luz.

– Você já havia vindo aqui? – Perguntou Daniel.

– Não. Você tem bom gosto pra escolher lugares.

– E para acompanhantes também. – Disse ele, fazendo-a corar.

– Se isso foi um elogio, obrigada. – Luana respondeu-lhe mesmo tendo certeza, e o viu sorrir junto dela. Ambos fizeram seus pedidos, estes que chegaram muito depois, dando a eles tempo de sobra para conversarem.

– Fala um pouco de você. – Ele sugeriu com um tom singelo em sua voz.

– Bem... pra começar, sou nutricionista e divido apartamento com outros dois amigos, aqueles com que fui ao teatro outro dia.

– Você me parece bem nova. Quantos anos tem mesmo?

– 28. Nem tão nova assim. – Ela dizia com um sorriso no canto dos lábios.

– Hm... interessante. Conte-me mais. – Com seu ar de comicidade, a fez rir.

– Acho que sou o tipo de pessoa que fantasia demais. Às vezes pareço uma completa idiota pensando em tudo e olhando pra nada. – Ele sorriu. – E há dias em que eu prefiro ficar sozinha comigo mesma, sabe?

– Sim, perfeitamente.

– Não sou muito fã de sair pra festas, eventos ou coisas desse gênero. Sou meio caseira nessa parte.

– Eu também! Enfim alguém me entende! – Cômico mais uma vez, a fez rir novamente.

– Curto leitura, animais, viagem, e finjo que sei desenhar e cantar nas horas vagas. – Dizia-lhe com modesta.

– E sua família?

– É complicado. Digamos que prefiro riscar essa parte do assunto da lista.

– Ah, sim. Desculpe.

– Sem problema.

– Assuntos de família são meio complicados mesmo. – Nesse instante os pratos chegaram à mesa, bem produzidos e saborosos por sinal.

– Mas não vamos falar só de mim. Quero saber sobre você também.

– Mas até onde eu sei, você conhece a mim e ao meu trabalho a muito tempo. Já deve saber muitas coisas. – Ele juntou os dois cotovelos e os antebraços sobre a mesa.

– De fato. Mas eu só conheço o Daniel das câmeras, o Daniel dos palcos. Não sei como ele é aqui fora.

– Então digamos que o Daniel dos palcos seja bem parecido com o Daniel daqui de fora. Além do mais, o essencial você já sabe. Com o tempo vai acabar descobrindo o resto. – “Ai, meu Pai! Ele disse ‘Com o tempo’?! Ele disse ‘O resto’?!” Luana exclamava em seus pensamentos.

– Então você pode saber muitas coisas sobre mim, mas eu não posso sobre você?

– Exatamente. – Ele disse maliciosamente, enquanto levava o copo à boca.

Enquanto comiam ainda conversavam, hora com formalidade, hora com intimidade, esta última que acabou sobressaindo na conversa dos dois, como se a anos se conhecessem.

Daniel enfim pôde ter aquela visão excepcional novamente. O rosto tão angelical que avistara pela primeira vez naquela praia. Sabia que já havia conhecido a dona daquele rosto antes mesmo de tê-la salvado, afinal, ela conhecia a Cia. a algum tempo e sem dúvidas já havia encontrado com ela entre alguns e outros espetáculos. Tentou lembrar de outras vezes que poderia tê-la visto, mas nenhuma memória veio-lhe a cabeça. Voltou a realidade e foi atraído por aqueles cabelos fortemente alaranjados, que balançavam lateralmente com o vento.

– E o seu cabelo?

– O que? Tem alguma coisa no meu cabelo?!

– Não. Não é isso.

– Ah, então o que foi?

– Você tinge?

– Não. São naturais.

– É, acho que dá pra notar pelas sardas e os olhos claros. Aliás é bem difícil encontrar ruivos por aí.

– Não é a toa que nascemos de um gene recessivo.

– Hã?

– Hã?! Ah, esquece. – Ela envergonhou-se ao notar a besteira que acabara de dizer.

– Pode falar. Sou todo ouvidos.

– Eu vou parecer uma nerd falando.

– Nada mais justo do que uma nerd falar com outro nerd dobre coisas de nerd. Não acha?

– Tudo bem, me convenceu. Vou explicar: quase todos tem uma probabilidade de nascer ruivo, mesmo que muito pequena. E isso acontece quando ocorre uma falha no gene dominante e o gene recessivo acaba sobressaindo durante a formação da pessoa. Não passa de uma mutação. Também pode acontecer quando um casal de ruivos tem um filho, o que é ainda mais raro de acontecer. Por isso não vemos pessoas ruivas com tanta frequência. Aliás, é devido o gene recessivo que com o passar do tempo temos mais chances de contrair doenças do que as outras pessoas, principalmente câncer de pele, já que as células são bem mais enfraquecidas e bem menos resistentes a isso. – “PUTS! Porque eu falei tudo isso? Agora ele vai achar que eu sou uma completa idiota!”. Mas foi justo o contrário. Ele impressionou-se com sua facilidade ao tratar de um assunto tão complexo e complicado como aquele.

– Uau! Eu não sabia de tudo isso! Como sabe?

– Eu pesquiso. – Ela tentou agir com normalidade mesmo com a surpresa ao saber que ele havia prestado atenção e principalmente gostado do que ela havia dito.

Depois de jantarem, Daniel pediu a conta, essa que por diversas vezes Luana tentou convencer o barbixa a dividir com ela, em vão. Levantaram-se e saíram do tão lindo lugar, quando ele a levou de volta ao prédio. Depois de um longo percurso, enfim chegaram. Saíram do carro e despediram-se, com um certo ar de felicidade.

– Obrigada pelo convite. Eu adorei. – Aquilo era música para os ouvidos dele.

– Que bom que gostou, mas agora eu preciso ir. – Aproximou-se da outra, dando-lhe um beijo demorado em sua bochecha, sobre suas sardas delicadas e suas maças do rosto tão quentes e avermelhadas. Derradeiramente sentiu seu perfume, e afastou-se aos poucos, como se não quisesse sair dali tão cedo. – Boa noite. Ah, e espero que possamos nos ver mais vezes. Não suma, hein?

– Pode deixar. E boa noite.

Nos últimos segundos, ela não conseguia pensar em mais nada. A sensação de alegria extrema a invadiu de repente e ela quase não podia acreditar no que a noite a havia reservado. Sair com Daniel; quem diria.

Dentro do carro, o barbixa voltava para casa e com um largo sorriso lembrava de tudo que havia ocorrido nas últimas horas, tentando encontrar algum erro, alguma imperfeição que pudesse fazê-lo se arrepender, mas com medo que isso acontecesse, ele desistiu. Só queria momentos bons em suas lembranças. As lembranças que haviam ao lado da doce e seduzente mulher que mexia com seus sentimentos, suas vontades e seus desejos.


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Notas finais do capítulo

Música: Meu novo mundo - Charlie Brown Jr.

A propósito: já repararam que no instagram do nosso querido Daniel Nascimento há uma foto de uma certa mulher de cabelos ruivos? Não? Caso ainda não tenham visto, eis a prova: https://www.instagram.com/p/9cI_oFF34S/?taken-by=notfakedaniel

Se a história é baseada nisso? Não. Até mesmo por que tudo foi escrito beeeeem antes dessa foto ser publicada. Mas que é coincidência, ah isso é. Hahahhaaha!

Enfim, obrigada a todos por lerem e até a próxima!








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