Sara e Maggie corriam de um lado pro outro na praça, sem conseguir decidir em qual brinquedo ir primeiro. James gritou com elas que ficassem num lugar só, que ele não ia ficar correndo atrás delas.

J: Olha aqui, suas malucas, se ficarem de palhaçada, vamos voltar.

Sara: Luca você! Vou contar pra mamãe.

M: Vou contar!

L: Ah é? E se eu der um chiclete pra cada uma?

James olhou para Lina se aproximando deles, já com uniforme escolar. Ela entregou chiclete para cada uma que sorriram e foram para o balanço. Depois que Maggie se sentou no balanço, ela ficou séria, enquanto Sara já estava segurando o banco atrás dela, sentando e se balançando. Sara olhou pra Maggie quieta e pulou do balanço em movimento.

Sara: Quer que empurre?

M: Não.

Sara: O que foi?

M: Eu sinto saudades da minha mãe.

Sara: Eu sei, eu sinto falta da Lila.

M: Ela não fala mais com você?

Sara: Eu acho que ela foi embora.

M: Ela te deixou sozinha.

Sara: Ela não me deixou sozinha, me deixou com você.

Maggie sorriu para Sara.

Sara: Talvez sua mãe esteja cuidando dela lá no céu.

Maggie automaticamente se sentiu mais consolada com as palavras de Sara, talvez fosse verdade.

M: Bem, vou te ensinar a balançar sozinha, quando tiver indo, você estica as pernas assim.

Maggie deu impulso e foi pra frente.

M: E quando voltar, você dobra os joelhos assim.

Sara: Tá.

Sara subiu no banco do balanço e ficou tentando imitar Maggie. Lina ofereceu chiclete para James.

L: Quer?

J: Sim.

Lina desembrulhou o chiclete, colocou na ponta da língua dela e esticou a língua, olhando James nos olhos. James sorriu um tanto encabulado e encostou os lábios na língua de Lina, pegando o chiclete e aproveitando para chupar a língua de Lina de levinha, que logo tratou de colar a boca na de James, só que o chiclete atrapalhou e fez Lina se engasgar. Ela começou a tossir e James riu.

L: Não ria.

Lina fingiu estar chateada mas depois ficou rindo, ela estendeu a mão para James que segurou na mão dela e caminhou para um banco que desse vista para onde as meninas estavam.

L: Você parece preocupado.

J: É que a Torunn foi expulsa da escola.

L: Sério?

J: Sim, nós brigamos na hora do recreio com outros meninos, eu fui suspenso e ela expulsa.

L: Por que só ela?

J: Porque ela já tinha um histórico na escola... Nem foi justo, os meninos faltaram com respeito com ela.

L: Então diga ao diretor...

J: Eu tentei, mas ele não quis ouvir, Torunn fugiu e não sabemos onde está.

Lina suspirou e fechou os olhos, tentando se concentrar. James a fitou confuso.

J: Você está tentando alcançar ela?

L: Eu consigo às vezes, mas não sou boa nisso.

J: Você tem um monte de poderes. Eu não tenho nada.

L: Você tem um poder muito bom.

J: O soro dos meus pais?

L: Não, seu tonto. Seu beijo.

James desviou o olhar, sem graça. Quando ele olhou de volta, Lina estava olhando pra ele sorrindo. James percebeu o quanto ele ama esse sorriso e jeito maluco dela.

J: Lina?

L: Sim.

J: Eu queria saber se...

L: Sim.

J: Eu...

L: Sim, eu aceito.

James esqueceu que Lina lê mentes e já sabia que ele ia pedir ela em namoro.

Ela abraçou o pescoço de James e dessa vez James cuspiu o chiclete antes de beija-la.

J: O meu pai quer que eu peça aos seus pais.

L: Eu não sei. A minha mãe é muito chata.

J: A minha também. Eu só quero que a gente fique junto, eu gosto de estar com você.

L: Eu também gosto de estar com você, James.

Os dois sorriram e se beijaram novamente e pararam ao ouvir risadinhas de duas pequenas perto deles.

Sara: Nós vamos contar pra mamãe.

J: Vocês não vão falar nada, ou eu dou um cascudo nas duas!

Sara: Se me bater, nunca mais vai sair de casa. A mamãe vai te pegar.

L: O que vocês querem?

Sara: Um pacote de bala Fini pra cada uma, todo dia!

M: É!

L: Todo dia?

J: Sara, isso é muito feio!

L: Um pacote para as duas dividirem, uma vez por semana. É minha oferta final.

Sara: Hum... Só um minuto.

Sara segurou na mão de Maggie e as duas ficaram cochichando e depois olharam de novo pra Lina.

M: A gente aceita.

L: Preciso ir pra escola. Meus pais estarão de volta mais tarde, você pode ir lá em casa amanhã e fazer o pedido.

J: Okay.

Lina deu um selinho e James e correu até o carro, Dig abriu a porta para ela entrar e a levou para escola. James levou as meninas pra casa. Na hora da janta, James precisava contar para Natasha e Steve sobre o namoro.

J: Mãe?

N: O que é, James?

Natasha estava cortando o bife para Sara e entregou pra ela, pegando o prato de Maggie para cortar o dela. Steve colocou couve e cenoura no prato da Sara. Sara torceu o nariz. Ela olhou para embaixo da mesa e sentiu falta do Sam, que ela sempre dava os legumes para ele comer, mas hoje ela não tinha escolha.

N: Fala James.

J: Eu e Lina estamos namorando.

Pronto. O silêncio total foi instalado na sala de jantar dos Rogers. Sara e Maggie ficaram quietinhas, olhando para Natasha, assim como Steve e James a fitavam.

N: O que?

J: Eu a pedi em namoro hoje.

N: Hoje? Eu pensei que estava de castigo...

J: É que ela estava passando pela praça...

N: Ah ela acidentalmente passou pela praça e você resolveu pedir ela em namoro?

S: Você pediu aos pais dela?

J: Não, eu vou falar com eles amanhã, como você disse.

Natasha revirou os olhos, fitando Steve agora.

J: A Lina disse que é para vocês dois irem também, almoçar lá.

N: Pra que?

S: Natasha, não seja rude.

N: Eu só acho que... Deixa pra lá.

S: Diga a Lina que iremos com o maior prazer e levaremos o vinho.

James sorriu e ao terminar de comer, se encarregou de recolher os pratos de todo mundo e lavou toda a louça. Natasha recebeu uma ligação de Hill.

N: Hill? Hill, calma, eu não estou entendendo nada. Fala devagar.

H: A Torunn, ela voltou pra Asgard.

N: O que?

Natasha subiu as escadas e foi pro quarto, Steve mandou as meninas escovarem os dentes e irem deitar, depois ele foi atrás de Natasha no quarto, que já tinha saído do telefone.

S: O que houve?

N: Thor e Sif resolveram aparecer e levar Torunn.

S: Ela se foi?

N: Sim.

Steve entrou e fechou a porta.

N: Hill está desolada.

S: Eu imagino, ela se despediu?

N: Hill disse que eles iam deixar elas se falarem amanhã.

S: A Torunn sempre quis conhecer os pais.

N: Sim, eu espero que ela esteja feliz, mas a Hill está sofrendo muito, ela é tão orgulhosa, mas ela ama a Torunn demais.

S: Eu sei que sim.

N: Ainda bem que a gente pôde ficar com nosso filhos.

S: Ainda bem que eu tenho você.

N: Brega.

Steve se sentou ao lado de Natasha na cama e ela segurou na nuca dele, dando um selinho carinhoso nele, que logo passou para um beijo mais intenso, com direitos a arranhão na nuca e carícias pela barriga de Natasha. Steve a deitou na cama, sem descolar os lábios do dela. Ele acariciou mais a barriga de Natasha e ela encostou as duas mãos no rosto de Steve e afastou o rosto dele do dela.

N: Steve... Tranca a porta.

Steve a olhou e fez positivo com a cabeça, ele trancou a porta e voltou correndo pra cama.

....

Torunn já tinha sido apresentada a todos, inclusive aos súditos. Quando apresentaram ela ao irmão, ela mal olhou na cara dele. Thor pediu para ficar a sós com Torunn e pediu ao restante para sair.

Torunn não conseguia mais sorrir, Thor segurou nos ombros dela e a olhou nos olhos.

Thor: Minha filha!

Torunn abaixou a cabeça.

Thor: Por que está triste?

T: Ninguém me contou.

Thor: Sobre seu irmão?

T: Você e aquela mulher.

Thor: Ela se chama Jane Foster. Eu sou casado com ela.

Torunn saiu dos braços dele e caminhou até a sacada da grande varanda. Thor se aproximou novamente.

Thor: Não significa que eu não goste da sua mãe ou que ame menos você.

T: Eu achei que...

Torunn fez negativo com a cabeça.

T: Eu sou tão estúpida.

Thor: Não, não é. Filha, você tem uma família, uma grande família que te ama.

T: Por que ele ficou com vocês e eu não?

Thor: Porque ele não é meu filho, Loki é quem decide o que acontece com ele.

T: Por que me largou lá?

Thor: Eu não a larguei. Eu sempre estive lá. Mas você não me via. Quando você quebrou a perna, eu estava no hospital. Quando você aprendeu a ler, eu estava lá. Quando a Sara foi quase atropelada, eu impedi, e quando a Maggie precisou de ajuda eu te alertei para ir salvá-la.

Torunn se virou para olhar Thor, ela estava chocada.

T: Era você?

Thor: Eu tive que me disfarçar para fazer parte da sua vida.

T: Isso não faz nenhum sentido.

Thor: Eu sei que não, eu era como você, achava que por ser um Deus, estava acima de tudo e de todos. Eu só aprendi a minha lição na Terra. Eu queria que você crescesse entre eles, para aprender desde cedo o que me levou anos para aprender.

T: Eu precisei de vocês.

Thor: Eu sei. Você tem muitas dúvidas e questiona todas as nossas ações, não esperava menos de você. Mas acredite quando digo que te amo, filha.

Torunn fez negativo com a cabeça.

T: Quero falar com a Hill.

Thor: Vocês vão se falar amanhã.

T: Preciso falar com ela agora.

Thor: Eu já a avisei que está aqui.

T: Mas...

Thor: Você é minha filha, vá para seu quarto agora.

T: Não!

Thor: Não seja teimosa. Só vai falar com ela amanhã, não adianta insistir.

Torunn franziu a testa e saiu revoltada, ela correu pelos corredores e Leziel correu atrás dela, assim que ela passou pela porta do salão.

Leziel: Torunn!

Torunn correu o mais rápido que pôde até chegar nos portões de entrada, ela abriu a porta e olhou pra trás.

Leziel: Torunn, não. Não pode ir.

Torunn correu para a ponte e a atravessou até chegar na grande cúpula, ela olhou para Heimdall.

T: Quero ir pra casa.

Heimdall: Desculpe, você não tem autorização.

T: Me mande pra casa agora mesmo.

Leziel alcançou Torunn.

Leziel: Você está em casa, Torunn.

Torunn olhou para Leziel e para a avó dela que estava chegando agora na cúpula. Torunn olhou pra baixo e começou a chorar.

T: Eu quero ver a Hill.

Frigga: Torunn...

Frigga estendeu o braço para Torunn. Torunn caminhou até ela e abraçou forte a avó.

Frigga: Venha comigo.

Frigga levou Torunn de volta ao palácio e foi com Torunn até o quarto dela. Torunn se deitou na cama e Frigga a cobriu e sentou na beirada da cama, fitando Torunn.

Frigga: Está mais calma?

T: A Hill...

Frigga: Você vai falar com ela amanhã.

T: Mas...

Frigga: Shh... Você precisa ser mais paciente. Seu pai está tentando se aproximar de você.

T: É tarde pra isso!

Frigga: Ele te ama.

T: Uma ova!

Frigga suspirou e sorriu gentilmente para Torunn.

Frigga: Você sabe o que seu nome significa?

Torunn a olhou com a testa franzida e fez negativo com a cabeça.

Frigga: Torunn significa Amor de Thor. É muito bonito, não acha?

Torunn ficou tocada com o significado, mas não quis demonstrar, ela ergueu os ombros, demonstrando pouco interesse.

Frigga: Durma bem, meu anjo.

Frigga beijou a testa de Torunn e não demorou muito para Torunn cair no sono.

Na manhã seguinte, Torunn despertou e encarou Leziel. Leziel com o mesmo sorriso na cara de sempre a olhando como se Torunn fosse a primeira menina da idade dela que ela tem contato.

Leziel: Bom dia.

Torunn suspirou, se sentando na cama.

T: Eu quero ver a Hill agora.

Leziel desmanchou o sorriso e ficou claramente sem graça. Torunn observou a expressão no rosto dela.

T: O que? Cadê minha mãe e meu pai?

Sif abriu a porta do quarto de Torunn e sorriu ao vê-la. Sif se aproximou e beijou a testa de Torunn, em seguida acariciou o rosto dela.

Sif: Como você dormiu?

T: Eu quero ver a Hill.

Sif: Torunn... Se arrume e vamos tomar um maravilhoso café da manhã, digno de uma deusa como você.

T: Mãe! Eu quero ver a Hill.

Sif: Leziel, cuide para que ela se arrume e esteja no salão em 10 minutos, por favor.

Sif virou as costas e caminhou para sair do quarto. Torunn se levantou as pressas.

T: Mãe, mãe!

Sif fechou a porta atrás dela. Torunn olhou para Leziel, que abaixou a cabeça sem jeito.

T: Eles não vão me deixar voltar, não é?

Leziel não conseguia olhar para Torunn, ela pegou uma roupa no armário para Torunn.

T: Me diga a verdade!

Leziel fez negativo com a cabeça, confirmando a hipótese de Torunn.