Aishiteru escrita por Samy


Capítulo 6
Seis




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Apartamento do Joe ​

5:00 AM

— Joe, acorda! – Gomamon pulou forte sobre  o peito do parceiro, mas não adiantou, ele continuava roncando com a boca aberta e uma bolha formada. – O despertador já está tocando faz 15 minutos! – alarmou-se sem receber nenhuma reação do outro, estufou o peito e inflou as bochechas. – PEIXES MARCHANTES!

Uma chuva de peixes coloridos caiu sobre Kido, cuspindo água na cara dele, batendo nadadeiras e caudas viscosas, freneticamente.

— ECA! Que raios você pensa que está fazendo, Gomamon? – Joe saltou da cama vestindo apenas uma boxer azul-anil.

— Era o único jeito de te acordar, olha as horas.

— Ai meu santo Dr House! – exclamou ao ver seu atraso.– Eu to muito encrencado, muito mesmo! – era exagero, ele acordava sempre muito antes da hora.

 

— Por que você parece ter sido atropelado por um navio?

— Navio? – estranhou o veículo escolhido, mas riu ao lembrar-se da condição de Gomamon. – Eu não estou acostumado a ter uma namorada e ontem a Mimi-chan quis passear o dia todo, lembra? – recapitulou enquanto procurava roupas limpas.

Joe também morava sozinho com Gomamon, mas ao contrário dos amigos ele era super organizado, tinha um grande quadro de lembretes e anotações e, seu parceiro ajudava a manter a ordem.

— A energia delas nunca acaba, a Palmon é elétrica igual a parceira. Confesso que eu estava doido para chegar em casa e descansar.– comentou enquanto estendia o lençol na cama usando patas e boca.

— Você se cansando, isso é novo.– Joe brincou já dentro do box tomando banho. Os dois riram.

Gomamon sempre o acompanhava para a faculdade onde gostava de se misturar com os professores e estudante de biologia, assim aprendia mais sobre os animais do mundo humano e ensinava 

o que sabia sobre Digimons aquáticos, já no hospital ele ficava na área infantil a se distrair com os pequenos contando suas aventuras.

Num passe de mágica, o residente já estava vestido, de café tomado e pronto para mais um longo dia. Gomamon estava um pouco triste, pois sabia que não veria mais um dos meninos da ala infantil de câncer.

— Sabe, a vida humana é muito curta e eu tenho medo do dia em que vou te perder. – comentou durante o percurso, fazendo Joe se distrair do trânsito.

— Por que isso agora? – retorquiu. – Está pensando no Tomohisa, não é? 

— Ele tinha mesma idade que você tinha quando nos conhecemos. E pra mim parece que passou pouco tempo, mas você já está adulto.– observou o leão marinho.

— É verdade, ele lutou muito pela vida, foi um grande guerreiro, como um Digimon. Sei que  você o alegrou muito contando sobre nossas aventuras. – acariciou a cabeça do Digimon.

 

— Os bem pequenos não acreditam que você também já foi criança. – revelou rindo fraco.

 

— Essa doeu! Eles me veem como um médico velho e resmungão. – dramatizou Kido e ambos riram. – Mas, falando sério Gomamon…  Sofrer pelo futuro faz mal a saúde, sabe?

— De humano ou de Digimon?

— Para a saúde de ambos. Devemos viver um dia de cada vez, agradecer o que temos no presente, desejar e lutar por um futuro digno, mas sem sofrer. Sabe o que quer dizer “preocupação”? Significa ocupar-se previamente. Como diria o grande filósofo contemporáneo; Yagami Taichi… Quem esquenta a cabeça é palito de fósforo, e ainda morre queimado.

— Atchim! – Taichi espirrou alto, chamando atenção dos transeuntes. – Alguém deve estar falando em mim. – coçou os cabelos revoltos.

— Espero que você não esteja gripado. Não quero recomendar uma pessoa doente para dar aulas de futebol para os pequenos. – advertiu Sora, olhando severa.

 

— Claro que não. Isso deve ser polêm dessas cerejeiras.– se defendeu abanando as pétalas de sua camisa. – Hey, Sora, tem certeza que posso levar o Agumon?

— Absoluta, às vezes acho que fui contratada por causa da Piyomon, ela é muito popular aqui. – sorriu ao lembrar de quanto a ave é mimada pelas crianças e por seus chefes.

— Vamos Agumon! –Piyomon passou voando aceleradamente por entre as pessoas e Agumon a seguiu pisando nos pés alheios e ouvindo palavrões.

— Hey, vai devagar...– bradou Sora. – O que eu já falei sobre...– desistiu quando viu que eles já tinham entrado no clube esportivo e ela gritava sozinha feito uma louca. Caiu os ombros e suspirou, fazendo o Yagami gargalhar e levar um peteleco na testa.

Piyomon foi recebida por um aglomerado de crianças empolgadas e quando viram Agumon a euforia explodiu. O clube era dedicado mais aos filhos de gaijins, cujas escolas funcionavam apenas quatro horas e os pais precisavam ocupar os filhos com mais atividades.

Foram chuvas de perguntas e mãozinhas curiosas querendo tocar o dinossauro.

— Pára, pára, aí não! Faz cócegas! – Agumon caiu no chão, entre risos.

— Mostra seus golpes! – um coro de garotos cantarolava.

— Tá legal! Se afastem! – Agumon se levantou lisonjeado e determinado, a chama começando a se formar em sua boca e as crianças maravilhadas.

— Agumon! Pode apagar esse fogo, agora! – Taichi ordenou e o dinossauro engoliu a chama no susto e arrotou fumaça. – Seu golpe é perigoso, pode ferir alguém. – alertou.

— Desculpe, me empolguei. – corou coçando a cabeça com a garra.– Foi mal crianças, não vai rolar.

As crianças ecoaram um coro de lamentações.

— Vocês ainda podem brincar com ele. Ensinei Agumon a fazer mais de 100 embaixadinhas.– garantiu Yagami e a euforia voltou.

 

— É um crianção mesmo! – murmurou Sora com gotinhas sobre a cabeça.

— Takenouchi-san! – uma voz fanhosa chamou pela ruiva. – Esse deve ser o amigo do qual você falou? – era Toda Koyuki, a chefe de Sora. – Ele parece ótimo com crianças.

— Sim, Sim… Toda-san, esse é, Yagami Taichi. Vou chamá-lo para as apresentações.

Taichi e Agumon davam um show de embaixadinhas com os pés, com as cabeças, trocavam as bolas; uma vermelha e uma azul, emprestadas pelas crianças. A “plateia” vibrava.

“– Como é exibido!” Pensou a ruiva vendo o amigo exagerando na demonstração de seus talentos. Não era só as crianças que estavam ouriçadas, as mães e babás também caíram o maxilar.

Quando Takenouchi abriu a boca para chamar, o chefe brotou do nada, a impedindo.

— Takenouchi-san! Não interrompa, deixa eles interagindo, isso vai ser um sucesso! – Era Toda Shigeru, marido de Koyuki. 

 

 Ele fez cara de bobo mirando o sucesso de Taichi e Agumon e se imaginando de terno e guarda chuvas, dançando e cantando numa chuva de dinheiro ao som de “Singin' In The Rain”

Sora piscou algumas vezes vendo a cara cómica do chefe e sem entender nada.  De uma coisa ela sabia, mais tarde iria dar uns bons cascudos no Yagami,  por se exibir daquele jeito na frente daquelas. Maria’s Pinga Fogo!

Yamato tinha conseguido um emprego noturno em  como barman em uma badalada boate.Tinha acabado de assinar o contrato. Sabia que por ali passaram grandes personalidades, empresários do momento e como só pegava a meia noite, teria tempo para abrir shows com sua banda em outros locais.

Chegou em seu, desorganizado apartamento e, encontrou Gabumon assistindo algo impróprio.

— Gabumon! Abaixa o volume! Desliga! – deixou a sacola com legumes cair no chão e se desesperou a procura do controle. – Kami! Os vizinhos vão ouvir!

 

Ele assumiu forma chibi e correu desesperado a procura do controle, murmurando “droga, droga, droga!”

—  Abaixar ou desligar? Decide. 

— Tanto faz, faça alguma coisa!

— O controle sumiu.

— E essa, agora. DROOOGA!

— Ah, tava debaixo do meu bumbum, foi mal! – Gabumon entregou despreocupado.

Os sons indecentes preenchiam o ambiente, sonoramente.

— Debaixo do seu traseiro? Que nojo! – Yamato resmungou tentando desligar, mas não estava funcionando. – A pilha deve ter acabado. Mil vezes raios!

Gabumon não estava entendendo o desespero, afinal todos os humanos não tinham que fazer aquele ritual estranho para reprodução? Por que era errado ver? Por que os vizinhos não podiam ouvir, eles também não fazem? Seus pais não tiveram que fazer para que eles existissem? Para que esse tabú?

 

— Quanto mais eu convivo com humanos, menos eu entendo.– filosofou o réptil catando os legumes, guardando na sacola e levando para a cozinha.

Já suado de desespero, Yamato colocou a jaqueta sobre o sofá e foi procurar pilhas. Neste intervalo o celular começou a tocar. Prestativo, Gabumon correu para atender.

Já com as pilhas em mãos, Yamato chegou na sala e encontrou o Digimon de posse do celular.

— Oi, Aaaa, Natsuko-okasan? Também estou com saudades… O que? Este barulho estranho?

O Ishida ficou branco como papel e congelou petrificado. As pilhas caíram das mãos trêmulas, o coração quase parou. Num ímpeto ele correu até o parceiro e tomou o objeto, correndo para o banheiro, trancando a porta e entrando no box.

— Oi mãe, agora não posso falar,mas depois eu te ligo.

— Mas Yamato, precisamos conversar sobre a sua faculdade...– Natsuko insistiu, mas teve a ligação desligada.

 

Assim que Ishida saiu do banheiro, a campainha tocou, a TV continuava ligada passando “aquilo.”Ele não sabia se atendia ou trocava as pilhas, a pessoa começou a tocar insistentemente.

 

— Gabumon, para de ficar olhando com cara de peixe morto e faz alguma coisa! – vociferou irritadiço, quase explodindo com as desventuras em série.

Gabumon assentiu calmamente, andou até a tomada, fez um minuto de suspense e, puxou o fio.

— Resolvido? – perguntou triunfante.

Era como se um PicoDevimon imaginário, tivesse soltado um enorme piano sobre a cabeça do loiro. A solução estava bem no seu nariz aquele tempo todo.

Poderosa, Mimi desceu de seu carro e abriu a porta para Palmon, era mais um dia em que ela conheceria uma confeitaria nova e faria uma live para seus seguidores. Aprumou-se e jogou os cabelos, ao ver que na porta do local, um grupo de fãs aguardavam em alvoroço.

 

— Olhem, é ela! – Um rapaz gritou e o restante surtou.

— Vamos Palmon, nossos fãs nos esperam. – Abriu o estojo redondo, retocou o blush e desfilou como se estivesse na passarela.

 

Palmon correu para alcançar a, euforica parceira, mas desastrada, acabou caindo.

 

— Mimi-chan,espere por mim! – clamou.

Mas Mimi estava maravilhada com o momento celebridade.

“Venham meus fãs”

A multidão passou toda por ela e cercou palmon, enchendo-a de flores, bombons e presentes. Tachikawa abriu a boca em um perfeito ”O”e desequilibrou de seu salto, caindo de cara no chão e ficando ali esquecida.

— Pal-chan, você é tão linda e graciosa!

— Vamos fazer uma selfie?

 

— Ninguém aguenta mais essas blogueirinhas influencers da moda, todas cópias umas das outras, mas você é tão doce e diferente.

Mimi sentiu uma forte alfinetada.

— Eu ouvi isso! Quem aqui é cópia barata? – esgoelou enfurecida, mas foi ignorada.

— Pal-chan a Togemon é tão dahora!

— E a Lilymon é linda demais!

 

— Como vocês sabem sobre?– Palmon perguntou confusa e preocupada.

— Sabemos de tudo, somos do seu fãclube.

— Ela tem um fãclube? – vociferou Mimi, já suada e desgrenhada a segurar os cabelos e com cara de louca.

— Eu tenho um fãclube? – Palmon  secundou abismada.

— Sim, tem vários, mas o nosso é o maior e o que mais te ama. Queremos fazer um templo em sua homenagem e te encher de presentes. – uma garota explicou e todos concordaram.

 

O canal de Mimi estava sendo um estouro de views, ela achou que fosse uma otima apresentadora,mas era Palmon quem estava chamando atenção. O público a julgava fofa e graciosa enquanto comia e as expressões sinceras de quando amava ou odiava um sabor, já tinha virado memes famosos.

Tachikawa respirou fundo e se recompôs, entrou no meio da balbúrdia e pegou a parceira.

 

— Que bom vocês a amam, mas agora temos uma live para gravar. Até! – acenou saindo com Palmon nos braços.

Ao adentrar o local, a surpresa foi ainda maior; toda a decoração era nas cores de Palmon e os uniformes das garçonetes também.

— Irasshaimase! Pal-chan!— Todos os funcionários se curvaram.

— Seja bem vinda também, parceira da Pal-chan.

“ Humilhação… Nem sabem o meu nome!”

 

 Mimi concluiu uma única verdade; Palmon era tipo planta, mas tinha viralizado geral.

 


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