Cair da Noite escrita por BiancaLima


Capítulo 8
Julio Martins




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Eu fiz a primeira coisa que uma pessoa normal faria, gritei feito uma desesperada, chamei a policia e desmaie...

 

...

 

Quando acordei eu estava desorientada e me sentindo enjoada, eu achei que tudo que estava acontecendo fosse um maldito pesadelo, eu abri os olhos esperando estar no chão do meu quarto, mas eu estava na frente do banheiro do meu apartamento com um cadáver me olhando, essa não foi a melhor situação que eu passei na vida, posso dizer. Ouvi sirenes do lado de fora do prédio, então eu me levantei e fui de encontro a porta, não aguentava ficar ali nem mais um segundo, eu já estava assustada o suficiente pra ficar com aqueles olhos negro encima de mim, eu abri a porta e praticamente me joguei no corredor, eu estava muito enjoada com aquela sensação de medo e repulsa. Depois de dois minutos quatro homens fardados de policial vieram em direção ao meu apartamento, então um que era bem alto perguntou:

 

-A senhora esta bem? – Perguntou o alto, olhei para cima e vi que ele era bem bonito.

 

-Não, olha tem uma mulher morta no meu banheiro, da pra se apresar? – Eu sabia que ia vomitar a qualquer momento, então me levantei com um pouco de dificuldade.

 

-Chamem a pericia, vou levar essa moça para baixo. – O alto bonito falou pegando no meu braço, ele foi meio brusco.

 

-Me solta! – Falei tentando tirar o meu braço.

 

Eu não deveria ter chocalhado tanto, senti o vomito subindo e não consegui segurar, vomitei no policial, ele me deu um olhar mortífero, com isso eu cai na gargalhada.

 

-Do que ta rindo garota? – O cheiro estava horrível, ele pegou no meu braço de novo, ia ficar a marca, eu branquela do jeito que sou.

 

-De você! – Ele apertou o meu braço – Para de aperta o meu braço, vou te processar por agressão física! – Ele afrouxou um pouco a mão quando chegamos ao elevador, quando a porta fecho ele me soltou.

 

O que vem a seguir foi o ponto alto do dia, ele tirou a camisa da farda como se eu não tivesse lá, posso dizer que ele era bem musculoso, morri! Eu chega esqueci do cadáver em cima do vaso, mas lembrei de novo, vomitei mais uma vez.

 

-Você esta bêbada ou grávida? – Eu tava tão gorda assim? Ou eu tava com cara de ressaca?

 

-Estomago fraco, vomito por tudo.

 

-Hum... – Esse cara tava enchendo o meu saco.

 

-Sou Juliet Canciani, e você é? – Falei estendendo a mão que eu não estava apoiando no joelho.

 

-Julio Martins. – Ele pegou o meu braço e me arrastou para fora do elevador.

 

Ele tinha algumas coisas de semelhante com o corpo do meu banheiro, olhos negros, cabelos encaracolados e eram loiros, mas o que me chamou a atenção foi que ele tinha traços muito parecidos com o da menina, eles poderiam ser irmãos, ai veio em mente a pergunta:

 

-Você tem irmã? – Falei sentando num dos bancos da recepção.

 

-Sim, por quê? – Será?

 

-Tem uma foto dela ai? – Perguntei ficando tonta.

 

-Sim. – Falou ele tirando a carteira do bolso.

 

Eu confirmei minhas suspeitas quando eu vi a foto, era a irmã dele lá em cima.

 

-Meus pêsames! – Falei.

 

-Pelo o que? – Perguntou ele, homens têm um raciocínio mais lento?

 

-Acho que pode ser sua irmã lá em cima! – Falei esperando a reação dele.

 

-Como pode ter tanta certeza! – Ele já estava ficando meio que em choque com a noticia.

 

-Eu sou boa de fisionomia e tenho memória fotográfica, o que ajuda bastante, mas depois que eu vi você tive a impressão de que vocês eram parecidos e a foto confirmou as minhas suspeitas, se quiser confirma é só subir. – Falei apontando para o elevador.

 

Ele foi rápido, correu para o elevador e desapareceu da minha vista, em seguida o meu celular toca:

 

-Alo? – Falei meio fraca.

 

-Juli, cadê tu mulher? Estamos esperando você, Alex não ta dando conta do recado, ta uma loucura aqui! – Falou Renata, ela era a única que me chamava de Juli.

 

-Re, eu to muito mal, acabei de ver uma pessoa morta. – Amoleci mais com a imagem da menina morta.

 

-Como assim, morta? – Ela tava preocupada como sempre.

 

-Morta Re! Eu fui tomar banho pra ir pra boate e tinha um cadáver de ponta cabeça no meu banheiro!

 

-Como você não viu uma pessoa colocando um corpo no seu banheiro? – Ela ta de brincadeira comigo?!

 

-Eu tinha saído pra resolver uns negócios.

 

-Ah! Agora ta explicado, amore tenho de desligar Ligia ta fazendo umas caretas estranhas. Depois te ligo, você dorme na minha casa hoje mocinha! – Deu vontade de dizer “Claro mamãe!”.

 

-Sim Re, ate mais! – Falei desligando o telefone.

 

Eu estava muito cansada, com fome e com a boca com gosto de vomito, não deu três minutos e eu senti o vomito vindo, eu to grávida e não sei! Corri para o banheiro que tinha na recepção, vomitei ate sentir meu estomago totalmente vazio. Eu sai do banheiro e lavei a boca. Quando eu estava chegando à recepção, vi Julio chorando. Eu cheguei perto e coloquei a minha mão nas costas dele.

 

-A Anita era tão nova, ela não merecia um fim desses. – Ele começou a falar.

 

-Eu sei, ninguém merece! – Sentei ao lado dele, ele olhou pra mim com um misto de tristeza e surpresa.

 

-Eu deveria ter ficado mais de olho nela, deveria ter protegido ela... – A voz dele desapareceu e a cabeça dele cai em suas mãos.

 

Fiz a primeira coisa que faço em casos parecidos, o abracei, ele me abraçou também e começou a chorar em silencio.

 

-Shhh! Chorar lava a alma. – Esfreguei as costas dele.

 

-Ela nunca mais vai voltar, nunca! – Soluçou ele.

 

-Shhh, calma, calma!

 

Ele passou alguns minutos chorando, depois o choro parou e ele se soltou do abraço.

 

-Muito obrigado Juliet. – Secou as lagrimas.

 

-Você tem que ficar bem pela memória da Anita, o nome dela é esse mesmo, né?

 

-Sim, Anita Martins. – Ele se levantou.

 

-Vamos tomar um café? Você ta precisando de um.

 

-Vamos, eu não quero ficar olhando para o corpo da Anita. – Abaixou os olhos.

 

Eu o levei para uma cafeteria que ficava perto dali, eu não tinha tido a chance de ir lá, pois aconteceram muitas coisas desde a minha mudança, eu achava que aquilo tudo era uma travessura do destino e que estavam querendo me ensinar alguma lição.

 

-Você já veio aqui? – Perguntou ele entrando, eu estava distraída observando o grande salão dourado cheio de mesas e cadeiras rústicas.

 

-Não, pois, acredite se quiser, eu me mudei a quase um mês para cá e só dormi uma noite no apartamento. – Sentei numa cadeira perto da janela, eu gostava de ver os carros passando.

 

-Por quê? – Eu não queria ficar contando a historia, mas era bom ele se distrair.

 

-Bom... – Comecei a contar.


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