As Três Flechas - Interativa escrita por eMeoonbird


Capítulo 1
Ato 1


Notas iniciais do capítulo

Yay, feliz ano novo! Tô postando uma horinha antes sim porque queri ver os fogos :v Há.
Finalmente estamos recomeçando essa história depois de um longo tempo sem atualização :')
Espero que tenham um ótimo início de ano e que gostem do capítulo!



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Ele respirou fundo tentando manter a calma durante o percurso para não acabar extrapolando os limites. Esfregou uma mão na outra, num gesto de nervosismo humano que havia adquirido depois de tanto tempo, apesar daquilo não o agradar.

Ignorava os olhares que recebia das ninfas enquanto contava os passos que dava na estrada de pedrinhas bem alinhadas em que andava. Drew sabia que além do interesse por ser bonito, também tinha a curiosidade do motivo para alguém como ele estar ali.

De longe já conseguia avistar as portas que guardavam seu objetivo, o fazendo se relembrar do plano o qual havia feito para agir decentemente quando estivesse lá dentro. Inspirou e deu uma ajeitada no cinto que segurava sua toga da forma correta e apressou um pouco os passos.

Mesmo que tivessem lhe dito que aquela caracterização fosse desnecessária, Drew resolveu que vestir o chiton era como uma forma de ética.

Passou pelos pequenos prédios e árvores que tinham lá na cidade a qual antecedia o Olimpo sem nem ao menos os analisar, e sentia que alguma coisa o observava pelas janelas dos pequenos prédios durante sua caminhada. Achou que era melhor não se importar com isso, já que ninguém iria lhe atacar e logo se via diante do portão.

Fechou os olhos, tentando por um momento parar de pensar em como deveria se portar e fez o mesmo com as mãos por um tempo antes de tornar a abri-las. Quando sua visão voltou, seus olhos estavam castanho-escuros, meio nebulosos – como se ele não pudesse realmente enxergar o que existia à sua frente.

Colocou cada palma em uma porta e as empurrou, forçando elas a fazer barulho pela forma lenta com que as abriu.

Logo em frente ao portão estavam os Deuses sentados em seus tronos divinos, os quais eram enfeitados do jeito com que queriam, analisando o estranho que entrava confiante na sala sem nem ao menos ter sido convidado para estar ali, naquela reunião, se pôr ajoelhado diante deles.

Os olimpianos esperaram Drew se pronunciar, alguns demonstrando um leve sarcasmo em suas faces, enquanto outros o olhavam com descaso.

― Tenho algumas notícias interessantes para vocês. ― Seu tom de voz não apresentava nervosismo ou tensão, parecia que estava lendo uma nota pela falta de emoções nela. A cabeça estava abaixada, em sinal de respeito. Alguns fios loiros caiam por sua testa, deixando apenas metade de seus olhos castanhos visíveis.

― E que notícias seriam essas? ― Zeus questionou, com as sobrancelhas cerradas e um olhar levemente desconfiado.

Ele ergueu o rosto e encarou o Deus do céu e dos raios nos olhos, ainda se mantendo abaixado. Naquele contato visual, a cor das íris de Drew mudaram rapidamente de castanho para vermelho, para logo voltar à tonalidade inicial.

Alguns Deuses mexeram-se desconfortavelmente em seus tronos, outros fizeram alguns gestos humanos de nervosismo que incomodavam ao loiro e Zeus continuou lhe encarando, dessa vez de forma mais profunda, quando voltou a falar:

― Héstia, o quê significa isso?

― Ele pediu permissão para entrar, meu senhor ― respondeu a Deusa com a aparência de uma adolescente. Ela estava perto da lareira e tinha as mãos perto do fogo, apesar de não precisar aquecê-las, e não parecia nem um pouco incomodada com a situação.

― Não importa se ele pediu ou não permissão para entrar, ele é um maldito empousa ― retrucou Ares, com o olhar sob Drew, que podia sentir suas costas queimando com tamanha intensidade. Sabia que o Deus da guerra estava com uma enorme vontade de mandá-lo para o Tártaro, todavia também era de seu conhecimento que ele não poderia fazer isso. ― Um maldito monstro.

Com certeza era ou um xingamento ou uma classificação, porém o loiro não estava muito interessado sobre. Naquele momento ele apenas queria descobrir se iria poder falar o que precisava pessoalmente ou se deveria mandar um mensageiro.

― Monstro ou não, ele ao menos demonstrou respeito aos Deuses ― disse Héstia tranquilamente, como se não tivesse ficado irritada pelo o que seu meio-irmão comentou. Então, virou-se para os Deuses. ― Acho que deve deixá-lo falar, pode ser importante.

Zeus ainda estava desconfiado, no entanto pareceu considerar as palavras da Deusa do lar.

― Acho que é o mais prudente a se fazer, afinal, ele já está aqui mesmo ― Atena concordou, avaliando o empousa tentando prever suas intenções.

― Como se um monstro pudesse dizer algo útil para nós! ― com um sorriso nascendo nos cantos de seus lábios em sua expressão descontente, Ares continuou a debochar de Drew.

A deusa da sabedoria cerrou os lábios e olhou para o Deus da guerra, pronta para retrucar, porém não teve chance porque Zeus voltou a falar:

― Silêncio! Não quero nenhum comentário sobre esse ser. ― Sua face estava meio tensa, todavia não demonstrava muito. Com o tom de voz severo, mandava indiretamente que ninguém o desobedecesse.

O intruso tentou segurar o sorriso que surgiu em seus lábios, sem muito sucesso.

― Nos diga logo o que sabe antes que eu resolva mudar de ideia ― resmungou o olimpiano, com um pouco de grosseria.

Drew assentiu, se levantando.

― Em primeiro lugar, meu nome é Andrew. Sou o diretor do acampamento Divino ― foi a primeira coisa que disse, ainda usando o tom de voz apático, parecendo mais que estava narrando do que falando.

Zeus ergueu as sobrancelhas, incrédulo como os outros Deuses. Alguns haviam arregalados os olhos em surpresa e outros franziram o cenho em confusão. Para os olimpianos, o monstro não parecia estar raciocinando muito bem – ou como diziam os mortais, ele estava com um parafuso a menos –, uma vez que eles tinham plena noção de quantos existiam e não se lembravam de ter um terceiro.

― Até onde eu saiba só existem dois acampamentos ― comentou Artémis, com os olhos semicerrados, de forma pensativa.

― Estou avisando, ele não é nenhum um pouco confiável ― cuspiu Ares, fechando os punhos com força, querendo se levantar de seu trono e ir dar um jeito no empousa.

― Você só pode estar brincando! Acha mesmo que vamos acreditar nisso? ― questionou Afrodite, parecendo atônita.

O intruso continuava a olhar fixamente para o rosto de Zeus, e ao ver uma pequena chama de dúvida no olhar divino, continuou:

― Esse é um acampamento antigo. Foi criado na época em que a Grécia era uma grande potência e Roma ainda nem era imaginada. ― começou a explicar sem nenhuma pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo. ― Antes era apenas um ponto de encontro, mas como os semideuses passaram a morar na casa que deveria ser dos Deuses, vocês acabaram completando o resto do local para que ficasse como um verdadeiro acampamento.

Os Olimpianos ainda estavam confusos, não conseguiam se lembrar de tal lugar. Apesar disso, sentiam que as palavras de Drew eram verdadeiras porque elas lhe passavam uma sensação de nostalgia.

Como ninguém havia se pronunciado, uma vez que estavam todos curiosos mesmo que ainda desconfiados sobre o que o loiro poderia dizer, ele resolveu continuar:

― Entendo que faz bastante tempo, mas devo admitir, pensei que alguém se lembraria. ― Sua voz finalmente trazia algum sentimento, apesar de não ser fácil de distinguir, dava para perceber que era negativo. O empousa virou o rosto para olhar Ares. ― Uma vez que ele me reconheceu, ao menos deveria lembrar que comando um acampamento.

Todas as faces divinas se viraram para olhar o deus da guerra, que ainda mantinha Drew sobre seu campo de visão raivoso, com uma pontada de curiosidade.

― Claro que me lembro de você! ― respondeu ele, com um pouco de rispidez. ― Como esquecer alguém me matou o meu filho por nada?!

Foi rápido, porém os cantos dos lábios de Drew ergueram-se involuntariamente num sorriso discreto e feliz.

― Engraçado ver logo você falando isso ― comentou como se fossem velhos amigos. Eles facilmente poderiam parecer que eram, se sua voz tivesse algum tipo de emoção além do leve sarcasmo. ― Ainda mais sendo um Deus. Achei que vocês, os Olimpianos, tivessem um tipo de código sobre não ter favoritismo.

O salão ficou tenso após a fala do empousa, e alguns Deuses prenderam a respiração enquanto outros ficaram estáticos. Ares rangeu os dentes e apertou os punhos, sentindo que estava ficando cada vez mais irritado com a presença do loiro ali.

― Ignorando esse pequeno detalhe, você ao menos lembra aonde eu o matei? ― Drew perguntou sem nenhuma hesitação ou sentimento, parecia que estava falando do tempo com um estranho.

O Deus da guerra respirou fundo antes de responder, tentando manter a calma porque não queria se encrencar com o rei dos Deuses. E ele sabia que se matasse o monstro antes dele dar o tal recado, acabaria sofrendo alguma punição divina.

― Foi numa floresta.

― É só isso que se lembra? “Foi numa floresta”? ― O loiro soltou uma risada sarcástica. ― Com certeza tem algo interessante aí.

― O que você quer dizer com isso? ― Mesmo que sua maior vontade fosse de levantar e esmagar o empousa, Ares se manteve sentado em seu trono. Seu tom de voz fora rude, apesar de sua pergunta ter sido solta de forma meio incrédula.

― Apenas tenho uma teoria que vou compartilhar com vocês depois ― foi tudo o que respondeu antes de ficar pensativo por alguns segundos.

― Agora, o motivo pelo qual estou aqui... ― Drew não esperou por perguntas sobre suas suspeitas e logo mudou de assunto. ― O acampamento ao qual cuido recebeu uma profecia.

Os Deuses estavam levemente confusos, todavia não pareciam realmente surpresos – exceto por um Deus, que estava completamente chocado com aquela notícia, já que fora ele quem uma vez portou e ainda tinha uma conexão com os Delfos.

― Isso não pode ser verdade ― falou Apolo, ainda desacreditado. Seus olhos estavam meio arregalados e seus lábios entreabertos, ele não conseguia acreditar uma vez que não recebeu nada.

Drew ignorou o que disse o Deus do Sol e continuou:

― Nessa profecia que recebemos consta algo sobre três flechas que podem retornar ao caos.

Depois de terminar sua sentença, tudo o que podia ser ouvido pelo loiro era o silêncio. Novamente o clima estava meio tenso, e os Deuses estavam entre pensamentos e descrença. O monstro viu Atena balançar a cabeça para os lados, como se tentasse não entender o que ele havia falado. Observou Zeus apertar os punhos como se não gostasse do que havia acabado de pensar, e percebeu a mão de Hera sobre a do marido divino como se tentasse o acalmar.

Outros olimpianos também pareciam estar em seus próprios mundos ou demonstravam um pouco de cumplicidade, como Ártemis fez com Apolo ao acariciar o ombro dele enquanto parecia perdida ao olhar o chão.

Os únicos que não pareciam entender o clima de enterro súbito que havia dominado o salão foram Drew e Héstia.

― Desculpe minha ignorância, mas o que significam essas flechas? ― ela questionou com uma clara dúvida em seu olhar e cenho franzido com leveza.

O loiro lhe deu um pequeno sorriso quase sincero quando respondeu:

― Eu também não sei, vim aqui na esperança de descobrir.

― O significado dessas flechas pode ser algo muito mais sombrio do que parece ― comentou Hades, parecendo meio alheio aos outros. Seus olhos se voltaram ao empousa, que sentiu um leve arrepio na coluna que o irritou profundamente.

― Precisamos nos preparar para o que está por vir. Consigo sentir as almas antes mesmo delas estarem em sua hora ― o Deus dos mortos falou, de forma que parecia meio dramática para Drew, com um pouco de preocupação com o futuro não só da humanidade como dos Deuses.

— Essa profecia… — o rei dos Deuses começou, com incerteza em sua voz. — Ela dizia algo mais sobre essas flechas?

O loiro olhou para cima, pensando por um momento antes de responder:

— Não.

Zeus suspirou de forma indignada.

— Além das flechas, mais alguma ameaça ao mundo? — ao nosso mundo? Foi o que o deus do trovão parecia querer perguntar nas entrelinhas. Hades não era o único preocupado com o futuro.

— Algo relacionado a alguma escuridão — Drew falou como se o fato não fosse tão importante, mesmo que seu instinto lhe dissesse ao contrário.

Novamente o silêncio dominou o salão. Os Deuses exibiam expressões desoladas em suas faces enquanto pareciam pensativos sobre o que fazer.

Cansado de esperar alguém resolver sair da própria cabeça e falar alguma coisa, o empousa pigarreou.

— Tenho apenas um último aviso a ser feito — comentou ele, a voz novamente sem emoção alguma, o rosto entediado. — Independente do que vão fazer, meus campistas farão de tudo para impedir que o mundo acabe.

As divindades se entreolharam, com um pouco de pena e receio. O silêncio vergonhoso foi interrompido por Ares, que riu da confiança excessiva que Drew parecia ter nos seus semideuses.

— E como pode ter certeza que eles irão conseguir salvar o mundo? — debochou o Deus da guerra, com um sorrisinho sarcástico no rosto.

— Eu confio neles, sei do que são capazes — o loiro respondeu de forma simples, sem nenhuma alteração em seu rosto ou tom de voz.

— Ainda que saiba, não é bom eles carregarem esse fardo sozinhos sem terem noção do que devem fazer — Atena falou de forma calma e levemente preocupada, o dedo se enroscando pelos fios de cabelos enquanto examinava mentalmente a ideia que teve. — Acho que seria prudente enviar reforços ao seu acampamento.

Ao ouvirem a premissa da Deusa da sabedoria, os outros olimpianos automaticamente concordaram. Eles já haviam cometido o mesmo erro dezenas de vezes, talvez aquela fosse a chance de se redimirem.

— Agradeço a intenção — Drew começou, a voz uns poucos níveis mais alto por causa da irritação que estava começando a sentir. Seus olhos estavam brilhando de forma levemente perigosa. —, mas tenho certeza que não precisamos de reforços.

Os Deuses estranharam um pouco a forma como o empousa reagiu, entretanto não deram tanta atenção, logo voltando ao assunto e perguntando entre si quais seriam as melhores opções para ajudar esse “novo” acampamento.

O loiro revirou os olhos depois de ser completamente ignorado, enquanto pensava em como aquelas deidades eram imbecis. Eles achavam mesmo que depois de tanto tempo sobrevivendo sozinhos, os campistas do acampamento Divino iriam aceitar ajuda?

Drew queria rir da idiotice dos olimpianos. Era óbvio que eles iriam se revoltar e fariam tudo sozinhos. Afinal, aqueles eram os semideuses que aquela pessoa guiava. E aquela pessoa não gostava de ser subestimada.


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Notas finais do capítulo

DON'T LEAVE ME NOOOOW

Obrigada por lerem, sejam vocês leitores novos ou não ♥ Foram 2k de palavras apenas pra ter bom começo de 2018 ♥
Adoraria saber a opinião de vocês, se gostaram, de qual cena, o porquê...
Espero que nesse ano eu consiga progredir com 3F muita mais do que progredi nos anos retrasados mesmo que esse seja meu ano de enem, hehehe, vou chorar ;-;
Estou esperando pelas suas vizualizações e comentários ♥
Ah, as atualizações serão entre dia 26 a 28, todo mês(?) acho. Só não sei se em janeiro vai ter capítulo novo, vou ver... Depende se eu vou escrever mais um ou não :v

Até o próximo capítulo, bye~



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