Durante a semana quase não consegui fazer nada direito. E pelo que soube de Gil ele também não estava muito produtivo. Pelo menos ao contrário dele, não tinha trabalho ou faculdade, meus únicos cuidados eram com Julia.

Ele havia me dito algumas vezes que queria me encontrar, mas estava em semana de provas por isto não podia faltar. Precisava esperar o fim de semana para ver-me. O fim de semana chegou, e conforme havíamos conversado uma par de vezes, essa conversa seria sem brigas, sem exaltações, seria por Julia, e por ela resolveríamos tudo da melhor maneira possível.

– Oi. – Gil disse ao ver-me chegando ao local do encontro.

– Oi. – Respondi empurrando o carrinho de Julia.

Havia deixado o carro a poucas quadras dali, desci o carrinho do porta-malas e coloquei Julia nele, após fechei todo o carro. Nós estávamos em uma praça, não havia muitas pessoas ali e achamos que seria um bom lugar para conversarmos, também seria um bom lugar para Julia.

Após cumprimentar-me Gil voltou-se ao carrinho, Julia estava acordada, e Gil a olhava feito um bobo.

– Quer segurar? – Disse quebrando o silêncio.

– Claro. – Então peguei-a no carrinho e alcancei para Gil. Ele realmente não estava acostumado a pegar uma criança no colo, ele e Oscar não tinham tanta idade de diferença, provavelmente não deve ter pego ele muito.

Julia parecia se encantar cada vez que Gil a pegava no colo. Parecia que ela sabia quem ele era. Talvez aquela troca de afeto a deixasse tranquila e segura. Ultimamente eu não estava tranquila, e isto deixava Ju irritada. Por sua vez me deixava estressada e com medo de ser uma péssima mãe.

– Então Sar? O que vamos fazer? Eu quero muito cuidar de Julia, mas vou entende se você não quiser...

– Não. – Eu o interrompi. – Não seria justo com a Ju privá-la de um pai, e eu só não sei o que vamos fazer morando tão distantes.

– Eu andei pensando nisto, deixa ela comigo. – Gil soltou como uma piada, sabia que era, mas não foi muito bem aceita por mim, ele pode ver em minha expressão. – Foi uma brincadeira. – Eu tentei forçar um sorriso.

– Você tem um senso de humor meio estranho. – Fitei-o. - Confesso que me dá tremores só de pensar em um juiz dizendo que tenho que ficar algumas noites longe dela, mesmo pensando em um futuro, com ela já maior.

– Nunca faria isto com você, nem com ela. Tenho certeza que encontraremos uma solução.

E foi isso que pensamos, trocamos algumas ideias por horas, tentando achar alguma solução. Acordamos então que Ju ficaria comigo, o que era obvio, nunca me separaria dela. Eu separaria minhas férias em inverno e verão e viria, deixando-a conviver com ele, aos poucos me acostumando com o fato de dormir longe dela. Isso me dava calafrios, mas Gil tinha direitos sobre ela.

Ele também iria em alguns fim de semanas visita-la, ele estava se estabilizando financeiramente logo poderia comprar algumas passagens de avião agendadas para vê-la durante o decorrer do ano, e matar as saudades. Ficaria em minha casa sem problema algum.

Gil mostrou-se temoroso quando a Adam, não apenas por ele estar tendo um relacionamento comigo, mas pelo fato de um dia Ju vê-lo mais como pai do que ele mesmo. Acredito que isso lhe causava mais calafrios do que eu ao pensar em ficar algum tempo longe de Julia. Nunca deixaria isso acontecer, prometi a ele.