E se eu ficar? escrita por Day Real


Capítulo 34
Ela fechou os seus olhos e se despediu.


Notas iniciais do capítulo

Vamos a mais um grande capítulo. Lembrando que, esse poderá ser o penúltimo desta fanfic.
Quero agradacer a você sobretudo por acompar até esse 34° capítulo.
Então, aproveite! Tenha uma ótima leitura! ♥



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Chegou a hora da verdade. A verdade que nunca contamos toda ela ao darmos lugar a certas omissões necessárias ou desnecessárias que ajudam a mudar todo um presente. Como uma idéia salvadora de proteger quem mais amamos. Espere um pouco, omitir algo importante do passado pode se tornar uma forma de proteção, com a finalidade de manter o presente intacto? E, se, por alguma eventualidade após ser revelada toda a verdade, poderá atrapalhar na escrita de um novo capítulo na vida de quem passou o tempo inteiro na omissão?
Das duas, uma: Pagar o preço pela verdade pode ser ainda menos doloroso do que pagar duramente pela omissão, que é a mesma coisa que mentir.
O que poderia ser mais ruim do que isso seria se a única que detém a verdade partisse sem dizer absolutamente nada.

Logo de manhã bem cedo, Olivia foi liberada pelo medico que fez o seu parto a partir tranquilamente para sua casa junto de seus dois bebês. Mike, como sempre muito atencioso, esteve por perto para ajudá-la no que precisasse, principalmente a segurar os pequenos até na locomoção ao seu apartamento. Voight estava por lá, se disponibilizou a dormir e cuidar de Noah e, de Annelyn, que por dores fortes de cabeça devido ao seu câncer terminal cerebral, foi trazida as pressas e acomodada em sua cama inicialmente por Amanda. A detetive logo teve que voltar para Staten Island, onde está passando uma temporada com Carisi e a família, junto com o seu filho, Benjamin. Enquanto tudo estava tranquilo e sem saber que Mike estava na cidade, Voight tinha toda a sua atenção tomada por Noah. Sua prática, poucas vezes vista com crianças, fazia ele ser quase um super pai ao responsabilizar-se em colocar o menino para comer nas horas certas, brincar e dar banho. Talvez, Olivia tivesse sorte em dobro se pudesse escolher entre ele e Mike por ambos serem completamente responsáveis quanto à crianças.
São 9 e meia da manhã. Noah estava sentado à mesa, bem comportado, degustando com muita vontade suas frutas delicadamente cortadas em cubinhos por Voight - com a recomendação da Liv, claro - em sua tigela com o formato de um urso panda. O ex-sargento, por sua vez, era bem simples, estava ao lado do pequeno, sentado e com suas pernas cruzadas, tomando uma xícara de café enquanto lia mais uma edição do The New York Times. Uma vez ou outra, Noah puxava uma banda do jornal que o atrapalhava de ver o rosto de Voight e, quando finalmente conseguia a atenção dele, o via desistir da leitura e colocar o jornal sobre a mesa ao assistir suas caretas engraçadas. Ele não resistia e deixava evidente as gargalhadas bem sinceras por ver Noah sendo tão brincalhão.

— Você sentiu a minha falta, Noah? - indaga, ele, sorrindo e esperando por uma resposta satisfatória do menino.

— Sim, tio Boight. - o responde, em um tom sincero, além de falar o nome dele errado leva suas duas mãos ao rosto e já corado de vergonha.

— Eu também senti a sua, rapazinho. - distribui seu afeto ao pôr a mão nos cabelos dele e os bagunçar com os dedos sem parar.

Os dois continuavam em um clima bem amigável e Annelyn ainda não tinha vindo à sala para vê-los. Um tempo mais tarde, Olivia vinha pegando suas chaves e abrindo a porta de seu apartamento. Ela adentrava ao local vagarosamente, ainda levando uma de suas mãos ao pé de sua barriga aonde ocorreu sua cesariana. Noah sorriu ao vê-la, mas não foi correndo abraça-la e parecia saber, pela expressão de sua mãe, que ela sentiria muita dor. Voight logo se levantou e foi prontamente ajudá-la no trajeto até se sentar no sofá. Ele não contava que, ao quase fechar a porta, viria Mike parado com os bebês em seus respectivos bebês confortos e bolsas, esperando em que o ajudasse a entrar.

— Mike, você aqui? - se assusta, ao cruzar seu olhar com o dele.

— Sim. - o responde firme, ao arquear suas duas sobrancelhas estranhando o espanto dele.

— Pensei que tínhamos um acordo em Chicago. - ressalta, em um tom irônico.

— É... eu não esqueci. Mas, que tal você segurar os bebês ou as bolsas e me ajudar a entrar, Voight? - pergunta, com certa impaciência.

— O senhor que manda, meu amo. - brinca com certo deboche, apertando seus olhos. Resolve pegar os dois bebês confortos e esquece das bolsas em que Mike segurava.

Olivia os observava entrar com seus rostos emburrados como já era de se imaginar. Prevendo alguma confusão à vista, resolve intervir:

— Ei! Nada de discussões hoje! Vocês são homens o suficiente para conviverem no mesmo teto. Por favor, dêem um tempo. - diz, brava, se ajeitando ao sofá para deitar-se.

— Mamãe! Mamãe!- grita de felicidade, Noah, ao ir correndo em direção à Liv e ser recebido por ela com o seu caloroso abraço.

Parece que chamada de Olivia surtiu bastante efeito. Os dois cederam a um ambiente mais tranquilo, sem aborrecimentos ou piadas sarcásticas soltas com certa sutileza - os bebês estavam sendo observados atentamente por eles enquanto dormiam. Quanto a Noah, o pequenino ia se distraindo, sentado ao tapete no meio da sala, com uma folha de papel mostrando todo o seu dom no desenho com uma caixa inteirinha de giz de cera. A hora ia passando e nada de Annelyn se levantar da cama para tomar seu café, como sempre faz de costume. Mike mantinha seu semblante tranquilo, e ao mesmo tempo, estava esperançoso de que ela, ao lhe ver, teria um ataque de felicidade. Mãe e filho estão afastados há muitos meses. Olivia também começa a estranhar que ela não venha. Chega a calcular que ela esteja em poder de remédios tranquilizantes e desfruta de um descanso até um pouco mais tarde.

— Liv, minha mãe está demorando a vir... O que deve estar acontecendo? Será que ela tomou remédios demais? - pergunta intrigado, ao ficar andando de um lado a outro na sala, passando as mãos no cabelo sentindo uma grande ansiedade. - Será que cheguei tarde demais? - insiste, deixando evidente o nervosismo.

— Não diga isso, Mike! - o responde, já repreendendo.

— E você quer que eu faça o quê?! Estou estranhando por ela não sair daquele quarto. - altera um pouco a voz, mas em seguida, se senta no chão.

— Vá vê-la, Mike. Entre lá e faça uma supresa pra ela. Qual é a mãe que não gostaria de reencontrar seu filho? - sorri ao olhá-lo.

— Tudo bem. Eu vou! - se tranquiliza. Levanta do chão, respira bem fundo e se dirige até o quarto dela com um semblante feliz.

Voight ficava assistindo Mike tendo quase crises de pânico desnecessárias, ao seu ver. De antemão, algumas vezes balançava a cabeça negativamente desaprovando algumas de suas atitudes. Isso já era esperado, Voight se encontra chateado por possivelmente Mike ter quebrado a promessa de nunca mais voltar para NY e hoje se encontrar na cidade. Poderá ser o fim de sua investida, mas parece que sua rivalidade com ele só aumenta todas as vezes em que seu pensamento faz questão de lhe lembrar que Olivia quem escolheu ele para passar o resto sua vida.
Entrando ao quarto quase na ponta dos pés, Mike percebe que Annelyn está deitada, acordada e olhando para os detalhes do teto, muito pensativa. Ela não sente a presença de seu filho que vinha se ajoelhando junto de sua cama, bem sorridente, colocando a mão quente encima da sua com os seus olhos brilhantes de muita felicidade por revê-la. Annelyn parecia estar quase em coma. Demorou um pouco a olhar para o rosto de Mike e a sorrir como agrado em poder ver o semblante de seu filho.

— Oi, dona Anne. - sussurra, sorrindo timidamente ao passar seu olhar por todo o rosto de sua mãe.

— Meu menino. Meu lindo Mike. - o elogia com sua voz tranquila, passando sua outra mão que não está dada com a dele, o acariciando no rosto.

— Mãe, me perdoa por ter deixado a senhora e a Liv. Me perdoa por eu ter sido um inconseqüente. - se acusa, abaixando a cabeça e encostando sua testa nas costas da mão dela em que estava segurando.

Annelyn tem dificuldades em mexer a outra mão ao tentar colocar no queixo do seu filho para levantar sua cabeça. Só em olhá-lo, seus olhos já se inundam de lágrimas.

— Eu te amo muito e não gosto de te ver assim tão triste. Você teve que ir. A mamãe nunca vai deixar... de te amar... por isso. - diz, se cansando rápido, ditando palavras e ofegante.

— Promete pra mim que vai viver para sempre, ver o Oliver e a Gracie crescerem junto com o Noah e correremos atrás deles pelo Central Park... entre as árvores. Promete mãe? - pergunta, com a voz trêmula, com os olhos já avermelhados e sentido, e a lágrima escorrendo por sua bochecha bem devagar.

Annelyn dá um balanço rápido com a cabeça positivamente dando o que ele queria como resposta, o agarra pelo pescoço bem forte, fazendo com que seu filho ficasse com sua cabeça recostada com o ouvido sobre os seu peito - podendo ouvir seus batimentos cardíacos e respiração, que iam se enfraquecendo. Os dois estavam aos prantos.

— Mike, você sempre foi o meu único amor que tive. Você, meu filho, sempre será o meu único herói. Vou te amar na eternidade. - diz, entre um soluço e outro, acariciando os cabelos dele, fazendo-o ficar com a cabeça na mesma posição.

— Mãe, a senhora não vai me deixar agora... Não se dispeça de mim assim. Por favor! - implora, com sua voz pesada e arrastada, agarrando-se a barriga de sua mãe com seus olhos fechados e apertados que ainda era possível que suas lágrimas se derramassem, molhando o lençol que a envolvia.

Annelyn suspirou uma, duas, três vezes em completo choro, envolveu seus braços com mais força em Mike, quando pela quarta vez tentou puxar o ar já lhe era tarde demais, deu-lhe adeus. Mike ouviu que ela não mais respirava, e nem seu coração batia mais. Os braços de sua mãe se afrouxaram: um caiu do outro lado da cama, o outro fez de tudo para permanecer lhe protegendo à altura de sua cabeça, até sentir ele escorrer. Quando levantou para olha-la, ainda de joelhos, confirmando que ela havia morrido, fechou os seus olhos e com a cabeça erguida para o alto gritou:

— NÃOOOOOOOOOO!

Todos do prédio e do condomínio puderam ouvir a voz de Mike, que explana a toda a sua dor por ter perdido sua mãe naquele exato momento. Os gêmeos acordaram assustados, chorando incontrolavelmente. Voight ia socorrendo eles, enquanto Noah já ameaçava chorar por ter se assustado pela negação dolor que Mike trasmitiu em alto tom do quarto de Annelyn. Já Olivia, bem, ela já estava em pé na porta derramada em choro por olhar Mike completamente deitado ao chão inconsolável, ao lado da cama de sua mãe.

X

Dois dias após o interro, Mike estava sentado na areia de uma praia completamente isolado. Era possível perceber que não vestia mais seus ternos caros, se deixava levar por uma blusa social branca, bermuda cargo preta e chinelos. Seu cabelo não tinha muito compromisso em estar arrumado, não passava mais as mãos para ajeitá-los como de costume e deixava por conta do vento passar pelos fios e acertarem de acordo como quisesse. Em suas mãos havia uma carta semi-aberta. Ali, tinha algo escrito em que sua mãe fez questão de lhe deixar com muito carinho. Com os olhos enxados dava-se a percepção de que teve duas noites bem mal dormidas, mesmo Olivia o deixando dormir em sua cama e ao seu lado. Mike estava parado, olhando para o mar e desacreditado de que sua mãe havia lhe deixado.
Ao longe dele, Olivia estava em uma cadeira de praia sentada, segurava Oliver em um braço e balançava Gracie, no carrinho, com o outro. Noah ficou com Lucy no apartamento, indagando-a repetidas vezes aonde estaria sua vovó Annelyn que já não o acordava mais com os seus beijos e cócegas. Voight se aproximou de Olivia, pegou Gracie ao colo e, olhando para o Mike, não pode conter a tristeza que sentia se colocando ao lugar dele sabendo o quanto é difícil perder um ante querido.

— O que vai ser dele agora, Liv? - pergunta, em um tom sincero, não escondendo empatia ao perceber a dor de Mike.

— Não sei. Mike passou por momentos difíceis na família. Seu pai está doente e inválido e agora Annelyn se vai... Não vai ser nada fácil para ele.- o responde, balançando a cabeça negativamente e olhando diretamente para Mike.

— Posso parecer maluco por estar dizendo isso agora, mas, não dá mais para tratá-lo mal. Não dá para tratar o Mike como meu adversário porque ele precisa de nós, Liv. Ele precisa... de nós três juntos. - desabafa, ao olhar e balançar Gracie ao colo.

Olivia não o responde e deixa que o barulho do mar tome conta da conversa. Por certo momento ao ouvir que Voight havia revelado uma grande supresa, vira seu rosto para o lado, deixando o vento bater por seus cabelos e tomar conta de seu rosto deixando-lhe sorrir como satisfação pelo o que ele disse sem que a veja.
No meio da praia, Mike deixa um pouco de admirar ao mar e suas ondas e se entrega a vontade de ler a carta em que sua mãe deixara.
Annelyn dizia:

" Mike. Meu amor.
Meu filho, meu herói, meu amigo. Meu tudo.
Quantas vezes o admirava ao olhar para você, pequeno, dormindo em minha cama, no espaço em que seu pai deixou quando resolveu me largar e desistir de nós. Você foi a melhor coisa que me aconteceu, disse isso quando o médico o colocou em meus braços logo quando havia saido de meu ventre. Te criei para ser perfeito. Prefeito com quem lhe amasse e até quem não o amasse, também. Obrigada por estar comigo todo esse tempo e por me dar dois netos tão maravilhosos. Uma pena eu não poder estar mais ai ao seu lado, quero que saiba que em todos os momentos e, em seu coração, sempre estarei. Guarde bem a todos os conselhos que lhe dei. Seja um bom marido para Olivia. Seja um bom pai para Oliver, Gracie e o Noah, o meu príncipe mais velho. Todas as vezes em que os três perguntarem por mim, diga-os que irei aparecer todas noites e todas as vezes em que sonharem comigo. Eles são os meus orgulhos, junto de você e Olivia. Crie-os com o bom exemplo que você pode dar a eles. Antes de partir, conversei com o Voight sobre certo ódio que ele sentia por você ter "tomado" o coração de Olivia que já era dele. Por vez, fiquei surpresa por ele dizer que, já não sentia mais a raiva e que tinha aceitado a perdê-la, e que estava orgulhoso por ser para um homem íntegro e dedicado.
Quero falar sobre mim, agora, Mike. Posso ter sido uma ótima mãe para você, mas não fui para uma menina que nasceu uns anos atrás. Começo dizendo a você que não fui um ser humano perfeito e não posso ser considerada assim por ter aberto a mão da minha outra filha. Fui inconseqüente e baixa, por um momento de fraqueza e por seu pai não me dar a atenção que precisava - o que isso não justifica minha infidelidade. Acabei me envolvendo com o meu parceiro de escritório, fiquei grávida, guardei o segredo por muitos meses. Você já era um rapazinho, tinha sete anos de idade. Usei roupas largas para disfarçar, não deixei de trabalhar mesmo estando com os meus pés dando formigamentos e com muitos enjôos... até a hora de eu tê-la. O pai dela me amava muito. E, eu não o amava o bastante. Seu pai descobriu tudo, ficou bravo - o que nem era de seu direito por já dar indícios de que queria me abandonar. Me mandou escolher entre você ou a outra família, eu me arrependendo amargamente por não procurar minha filha e não procurei por ela com medo de que me rejeitasse. Hoje, eu sei quem é ela, muito bonita por sinal. Puxou meus cabelos loiros e os olhos azuis do pai. É uma mulher independente e forte, formada em psicologia. Eu sei o seu nome: Chase Elise Spivot. A mesma que te beijou sem saber a verdade. Perdoe-a. Ela é a sua irmã.
Meu filho, me perdoe. Me perdoe por não ter lhe contado sobre ela. Vou embora sentindo uma dor enorme por vocês não terem crescido juntos. Esse foi o meu maior erro. Não sou um ser louvável. Se me odiar por isso será justo e eu continuarei te amando.
Procure por ela, sejam irmãos. Diga a Chase que eu morri amando-a e que se eu pudesse voltar ao tempo e mudar tudo, eu mudaria. Ame-a Mike. Seja a família que ela sempre quis ter. Abrace-a todo o tempo e nunca a deixe desamparada. Promete para mim que irá encontrá-la?

Eu te amo, meu filho.

Com amor,
sua mamãe,
Annelyn.

Mike termina de ler a carta, deita na areia e fixa seus olhos ao céu azul que fazia. As folhas iam se afastando dele vagarosamente e se misturando a areia pelo vento que soprava suavemente. Aos piscar seus olhos, uma lágrima escorria lateralmente terminando em sua orelha e tocando a areia. Mike sorri ao perceber que o vento o tocou diferente como um sinal de que sua mãe poderia estar lhe abraçando. É neste momento que ele abre seus braços e se declara:

— Eu prometo, mãe


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Notas finais do capítulo

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