Cumplicidade Amorosa escrita por Anninha Antonelly


Capítulo 18
Uma Reflexão Sobre a Vida


Notas iniciais do capítulo

Olá Cúmplices!!

Obrigada de coração a todos que comentaram o capitulo anterior, isso me deu forças para escrever mesmo depois de um acontecimento muito triste ♥

Explico melhor nas notas finais ;)

Capitulo com mais de 1.600 palavras para compensar o atraso, eu pretendia escrever até 2.000, mas achei melhor não, alguns leitores não gostam de capítulos longos!



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POV´s Joaquim

– ISABELA – grito em plenos pulmões.

– Ficou louco Joaquim? Deu para acordar gritando – Júlia reclama chutando minha perna

– Isabela – repto suando frio.

– Tá explicado. Você teve um pesadelo com a mocreia?

– Pesadelo? Não! Eu a amarrei, eu... Eu

– Cara, você pirou de vez! Todo mundo está dormindo e a berinjela também.

– Berinjela? – pergunto tentando compassar minha respiração.

– Isabela-Berinjela, rima... – diz tentando explicar – cabelo roxo...

– Você viaja muito maninha – falo bagunçando seus fios.

– Eu não sou mais criança, já tenho idade para namorar!

– E com quem você pretende namorar em Julinha? – pergunto sem esconder a raiva em minha voz.

O mundo está mesmo perdido, a menina mal entra na adolescência e já quer sair pegando geral.

– Não te interessa, agora volta a sonhar com a sua preciosa Isabela, que eu vou beber água.

Ela se levanta da cama, mas eu puxo seu pulso. Júlia cai na cama e me encara com raiva, ela chuta minha perna com mais força que das ultimas vezes...

Irmãzinha agressiva essa minha

– Claro que me interessa! Sou seu irmão mais velho, é minha obrigação cuidar de você.

– Posso me cuidar sozinha, não sou um bebe e nem preciso que troque minhas fraldas.

– Aposto que é o atirado do André – resmungo – aquele cabeça de tomate vive dando em cima de você.

Assim como o cabelo do André, Júlia fica vermelha como um tomate.

– Nada a ver, vai cuidar das suas gêmeas que você ganha mais.

– Minhas gêmeas? Depois quem viaja sou eu! Eu namoro a Manuela, caso não tenha percebido.

– Vai mesmo mentir para sua irmã? Que coisa mais feia Joaquim! Está mais que na cara que rola alguma coisa entre você e a Isabela.

Essa pirralha, sempre se metendo em assuntos que não a interessam... De quem ela puxou isso?

– Júlia, você não queria beber água?

– Não mais, agora vamos falar sobre as gêmeas, quem é mais bonita?

– Elas são exatamente iguais – respondo como se fosse obvio (e é)

– Tenho certeza que para você as duas são completamente diferentes – diz calmamente.

Minha irmã sai do meu colo e senta-se ao meu lado, ficamos cara a cara. Ela amadureceu tanto nesses anos, sua personalidade e aparência mudaram completamente.

Penso em minha resposta, de fato as duas são tão diferentes que eu não acreditaria que são gêmeas idênticas se não soubesse.

– Manuela – digo com sinceridade

– Tem certeza? – me lança um olhar divertido.

– Absoluta, não que a Isabela seja feia, mas com tantos anos de maus tratos seu corpo sofreu muito.

– Então você repara no corpo dela? – instiga maliciosa

Agora quem está parecendo um tomate sou eu!

– Não nesse sentido – engulo seco

– Vou fingir que acredito, fala a verdade Joaquim... O que você sente pela gêmea malvada.

Respiro fundo e encaro o teto do quarto, onde o mofo já toma conta.

– Não sei

– Como não? Prometo que não vou contar para ninguém.

– Eu confio em você mana, mas sinceramente não sei.

– Você está confuso, não sabe se ama a Manuela ou a Isabela!

– Claro que não – respondo de imediato – eu não tenho duvidas que amo a Manu tanto quanto a mim mesmo, mas me sinto estranho perto da Isa.

– Entendo, talvez isso seja pena. Você sabe... Depois de tudo que aconteceu com ela, é natural que você sinta necessidade de protegê-la, mas não pode dar tanta corda assim... Vocês estão tão grudados que parecem um casal.

Não é que a pirralha sabe tudo o que se passa na minha cabeça?

– Valeu maninha! Eu preciso ver a Manu, sinto que estou deixando ela de lado nesses últimos dias.

– E estar!

– Vou nessa – beijo sua bochecha e saio correndo

– Aonde você vai? – ela grita

– Ver minha paixão – grito de volta

– De pijama? – grita novamente.

Como se eu tivesse um freio embutido, paro instantaneamente, mas não percebi que Isabela passava por ali e acabo esbarrando nela.

Nos dois vamos ao chão, ela por cima.

Encaro seus olhos verdes, o brilho deles é diferente dos da Manuela, esses brilham mais.

Sinto novamente a tão estranha sensação

Seus lábios rosados estão tão perto que posso ouvir o som acelerado de sua respiração

Percebo que sua boca está marcada, como se alguém tivesse a amordaçado.

– Se peguem logo – Felipe aprece na sala coçando os olhos.

Saio debaixo de Isabela e encaro o pirralho com ódio nos olhos.

– Mal acorda e já está pegando geral né mano? – ele diz com sarcasmo

– Sempre tão idiota Felipe

– Sou seu irmão, o que esperava de mim?

– Você não tem noção de o quanto ficou idiota no decorrer desses anos – falo irritado

– Apenas segui seus passos.

– Meus passos? Pirou imbecil, você mudou da agua para o vinho, e ainda não sei o porquê!

– Tem certeza que não sabe irmão? Quer que eu revele para todos nessa sala o motivo?

Fico completamente paralisado, ele não seria capaz! Ninguém pode saber o que ouve, teriam vergonha de mim!

Eu fui um completo idiota, e não posso reclamar do Felipe, como ele mesmo disse: “Estou apenas seguindo seus passos”.

– Isso é coisa do passado, eu mudei Felipe, e me arrependo da burrada que fiz – digo com sinceridade.

– Seja lá o motivo da briguinha idiota dos dois, eu estou faminta – Isabela interrompe.

– Pela primeira vez na vida eu concordo com a berinjela, chega de bobeiras e vamos comer – diz Júlia caminhando até a cozinha.

– Isabela me ajude a por a mesa, os meninos irão lavar os pratos.

– Sonha que eu vou lavar prato Julinha – Felipe fala debochado

– Dessa vez to com o pirralho, lavar louça é um saco, quebra esse galho vai Juju – sei que ela odeia quando eu a chamo assim.

Minha irmã nos encara com seu olhar mortal. É como dizem “Os anos passam, mas certas coisas nunca mudam”.

– Sim senhora – eu e Felipe dizemos em coro.

– Assim está melhor! – ela sorri sínica e volta sua atenção para o café da manhã.

Em silêncio, começamos a lavar pratos, talheres e copos. As garotas fritavam ovos e faziam torradas, ou pelo menos a Júlia. Isabela apenas reclamava e punha os pratos na mesa.

– Bom dia família – Anna fala quebrando o gelo. – o que tem para o café?

– Por enquanto nada – digo lavando um garfo – pega um pano e ajuda o Felipe a secar a louça.

– Eu tenho cara de que faz tarefas domesticas? – resmunga batendo o pé

– Não, mas agora você estar na casa dos Vaz, e aqui ninguém faz corpo mole – minha irmã sempre tão delicada quanto um coice de cavalo.

– Deixa de frescura pirralha e vem me ajudar logo – Felipe reclama

– Vocês são um bando de grosseiros, nem sabem como tratar visita – fala (tentando) empurrar um banco do balcão até a pia.

Ela sobe no banco e começa a secar os pratos, de cara amarrada.

E o silencio volta a reinar no ambiente, deixando o clima tenso. Fito pelo canto do olho Isabela, nossos olhares se cruzam, mas ela rapidamente o desvia...

Termino de lavar toda louça e vou até meu quarto, troco de roupa e penteio meu cabelo.

Coloco um casaco de capuz e pego uns trocados em uma caixinha que eu e meus irmãos guardamos trocos.

– To saindo – falo de cabeça baixa e mãos nos bolsos do casaco.

– Posso saber para onde? – pergunta Júlia

– Casa da Manu – falo abrindo aporta, mas antes de batê-la ouço um dos comentários nada confortadores do Felipe;

– Vocês são tão idiotas, ainda acreditam que o Joaquim vai mesmo à casa da Manuela.

– E porque ele mentiria para seus próprios irmãos? Somos todos cúmplices, não existem segredos entre-nos!

– Sempre tão ingênua Júlia, ele é um traidor!

– Se o Joaquim é um traidor, definitivamente ele e a Manuela são um par perfeito – ouço a voz ríspida de Isabela.

Preferi sair antes que escutasse mais insultos dirigidos a mim, por um lado o Felipe tem razão, por outro eu mudei e não preciso que fiquem jogando álcool em minha ferida.

[...]

Depois de pegar um ônibus e caminhar um pouco chego até a casa da Manu. Sempre quando me aproximo dessa mansão um arrepio me percorre todo corpo

– Bom dia, gostaria de falar com Isabela Junqueira – cumprimento Navarro.

– Entra garoto – ele sorri e abre o portão.

Eu e Navarro nos tornamos bem próximos no decorrer desses três anos, algumas vezes ele abria exceções para eu ver a Manu sem que a Regina soubesse.

Descobri que ele é um cara bem legal, tirando o fato de fazer parte do sequestro da minha namorada.

Percebo que a cenoura vingadora está tomando banho de sol, aproveito e passo de fininho pelos arbustos e escalo a janela do quarto da Manuela (sim, eu desenvolvi uma técnica para isso).

Encontro minha princesa com um olho roxo e a boca sangrando em cima da cama.

As lagrimas caem dos meus olhos copiosamente... O amor da minha vida morreu?

– Acorda Manuela – sussurro sem conseguir me mover.

Seguro sua mão gélida e entrelaço nossos dedos, ajoelho-me ao lado de sua cama e choro baixo.

Meu bem mais precioso... Foi tirado de mim.

– Joaquim? – ouço sua voz baixa

– Meu amor? Você está viva? – pergunto acariciando seu rosto angelical

– Claro que sim – ela tosse com fraqueza – você precisa achar a Isabela, rápido.

– Senão ela vai matar sua mãe – beijo sua bochecha

– Não, se a Isabela não aparecer em três dias eles vão me matar – fala quase fechando os olhos.

Uma agonia me percorre, vão matar minha namorada, caso eu não entregue sua irmã gêmea, que morrerá em seu lugar;

– Não pense bobagens princesa, eles precisam de você para se passar pela Isabela.

– Não mais – fala em um fio de voz – Joaquim eles estão me matando aos poucos.

Faço cara de interrogação

– As mudanças de personalidade, os problemas de saúde, a depressão pela morte da minha avó não é a única culpada – fecha os olhos – a Regina está me drogando, colocando drogas nas minhas bebidas desde a morte da minha avozinha.

Por um momento meu coração parou de bater, sinto uma tontura forte na região das têmporas.

Tudo ficou escuro, simplesmente isso.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo ficou bem grandinho, mereço comentários grandes também, rs!

Pessoal, uma fatalidade veio a acontecer e isso me desanimou bastante. Eu e minha família comemos pizza todo fim de semana, e sempre é o mesmo entregador que vem até minha casa, ontem resolvemos ir até a pizzaria e descobrimos que esse entregador tinha morrido a menos de 30 min. Ele estava vindo de moto de outra cidade para ir trabalhar quando um cavalo atravessou a pista... Nossa vida é tão curta e tantas vezes nos reclamamos sobre ela! Ele era um cara feliz com família e amigos, teve seu destino mudado por um cavalo que chegou no momento errado... Amanhã podemos ser nós, afinal de contas ninguém sabe a hora que vai morrer!

"Para morrer, basta estar vivo", é com essas falas que eu encerro o capitulo de hoje

Um beijo no coração