POV´s Manuela

Poderosa

É assim que me sinto

Desde que a Cenoura Vingadora está inconsciente quem está no comando da mansão sou eu.

Sinceramente não sei o que acontece comigo, eu gosto e desgosto de ser assim ao mesmo tempo.

Sentir o poder é bom, mas ao mesmo tempo é errado.

– Senhorita Isabela seu motorista está a sua espera – David avisa

– Manuela – corrijo – não gosto que me comparem aquela garota.

– Como desejar – faz reverencia e sai do quarto.

Saudades do Vilarejo dos Sonhos não me faltam, o problema é voltar para lá.

Minha mãezinha, como será que ela está?

Por culpa da Isabela nunca mais verei minha avó e se ela não reaparecer minha mãe também corre perigo.

Se minha mãe me visse assim ela se envergonharia de mim, eu mesma me envergonho.

Me sinto como um clone da Isabela, mas simplesmente não consigo voltar a ser como eu era. Parece que tem uma barreira que me impede.

Quando as situações aparecem em vez de ser gentil eu grito e começo a dar ordens.

Minha irmã criou esse monstro em mim e esse é mais um dos motivos que eu a odeio.

Desço a escadaria e vou até o jardim da frente onde encontro Damião, os anos passam e ele continua o mesmo, bobo, ingênuo e careca.

– Bom dia patroinha – me cumprimenta com seu jeito desajeitado

– Bom dia Damião. Onde está o novo funcionário? – pergunto percorrendo os olhos pelo local

– Ele foi até a cozinha beber agua.

– Com autorização de quem você permitiu que um desconhecido entrasse na casa?

– D-desculpa pa-patroinha – tira seu chapéu de motorista e abaixa a cabeça gaguejando

– Que não se repita!

Entro na casa afobada e vou em direção à cozinha praticamente correndo, mas trombo com alguém, que estava com agua, no caminho e acabo toda molhada.

– olha só o que você fez imbecil – grito sentindo meu vestido ficar transparente.

– Relaxa, nem foi tanta agua assim.

– Você é o novo assistente do motorista?

– Sou

– James?

– O próprio

– Está demitido – digo dando meia volta

– Não pode me demitir – fala com sorriso sacana – fui contrato por uma ruiva e só posso ser demitido por ela

– E posso saber onde isso está escrito? – pergunto impaciente

– Aqui

O tal James tira do bolso um papel amaçado e me entrega.

Droga!

É um contrato assinado pela Regina, diz que esse garoto insolente só pode ser demitido por quem o contratou, a cenoura vingadora.

– Que ódio – grito subindo a escadaria a passos fundos na madeira

Ouço James resmungar

“A mina tá na TPM?”

“Você se acostuma” – Damião responde me deixando ainda mais irritada

Sandro me acompanha até o quarto.

Bato a porta forte atrás de mim já sentindo as lagrimas rolarem em minha face.

Eu me odeio

Acabei de gritar com o garoto que acabou de ser empregado e não teve culpa de nada, foi apenas um acidente.

Me encolho no tapete do quarto em posição fetal.

Porque eu sou assim?

Em um momento sou doce e gentil, em outro pareço o clone da Isabela.

É como se existisse uma droga, algo que me faça ter múltiplas personalidades.

Não sou mais a mesma, sinto a amargura tomar conta do meu coração, mas sinto que existe alguma coisa a mais.

– Não se esqueça de colocar isso no suco da menina – ouço Navarro do lado de fora do quarto

– Para que? – não consigo identificar a voz

– Sem perguntas garoto

O tal James entra com um bandeja com suco e torradas, percebo um pozinho na beirada do copo, mas ignoro.

– Toma – ele solta a bandeja na minha cama, praticamente derramando o suco

– Cuidado – digo com a voz fraca

– A TPM já passou? – fala em tom de deboche

– Some daqui.

Ele sai

Eu viro de vez o copo de suco na minha garganta. Sinto o liquido descer queimando, seguido por uma leve dor nas têmporas.

Isso sempre acontece, esses sucos são muito fortes.

– Menina tem alguém na sala te esperando – Navarro avisa entrando no quarto.

Desço a escadaria e dou de cara com Regina, com alguns curativos na cabeça e no pescoço.

Sinto minha coluna desequilibrar e vou ao chão.

– Olá Manuela