Tudo começou com o amarelo. Na verdade, com diversas variações de loiro.

Neville se encantou por aqueles cabelos desde a primeira vez que os vira. As ondulações perfeitamente imperfeitas que a loira possuía eram simplesmente lindas ao olhos dele. Passara dias imaginando Luna, andando pelos corredores daquela escola enorme, vindo de encontro a ele, com suas madeixas loiras balançando atrás de si. Na guerra, ele rezava com todas as forças para que ela saísse ilesa.

Ele se encantava com a inocência dela, a imaginação fértil, seu jeito sonhador e seu olhar que às vezes era vago e distraído. Ele se deixava levar pelo jeito meio louco de ver o mundo, ele se deixou encantar pelas idéias que ela tinha. Era difícil, mas se Neville tivesse a chance de voltar ao passado, ele faria tudo novamente. Ele via nela um futuro brilhante, feliz.

Mas para que ela conseguisse, ele deveria ser corajoso. Ele deveria encarar Voldemort e dizer o que precisava ser dito. Ele deveria pegar a espada da casa dos corajosos e matar a cobra. Ele deveria se sacrificar para que ela pudesse viver. Felizmente, para Neville, o destino não quis assim. Depois de tudo o que ele fez, depois de todas as batalhas, ele finalmente pode descansar e ver aqueles cabelos, antes loiros, aos poucos, irem se esbranquiçando.

Mas até o final de seus dias, Neville não deixou de ver a bela cor amarelada nos fios de seu cabelo, que o enlaçou para essa vida, que o fez ver a incrível garota por trás de seus óculos especiais para Narguilés. E ele não se arrepende nem um pouco, se quer saber.