Ele encarou aquela marca em seu pulso. Os contornos em preto que formavam a caveira com a cobra. Por muitos anos seu coração pesou naquela prova de quem um dia foi.

Ele se envergonhava do mal que havia feito para tanta gente. Tudo por causa do medo de seus pais, o medo de decepcioná-los, medo de ser reprovado por eles.

Era só o que importava para aquele Draco. E ele não podia estar mais errado.

Por diversas vezes ele pensou em apagar ela com magia, esconder a vergonha que havia sido pra sua família, e não, ele não estava falando dos Malfoy-sangue-puro. Eles haviam deixado de ser sua família no momento em que fora resgatado de sua própria escuridão. Resgatado por alguém que ele nunca havia pensado que poderia perdoá-lo, não depois de tudo que ele fez. Mas ela esticou sua mão, com um sorriso angelical em seu rosto, e o ensinou a ser alguém melhor, sem ressentimentos do passado.

A garota que um dia "odiara", a quem fez tanto mal, a quem causou tanta dor, era a única que o aceitou como realmente era. Fora ela o motivo de não apagar a marca negra, era um lembrete constante do mal que havia dentro dele e de quem era a responsável por mudar seu caminho. Ela dizia para se orgulhar disso, não de quem ele foi ou do que a marca representava antes, mas do que ele se tornou, a marca era um cicatriz eterna que provaria que superou o que um dia fez.

Observando a mulher de longos cabelos castanhos ao seu lado dormir, ele percebeu a sorte que teve. Hermione não poupou esforços até que ele se recuperasse completamente, pois ele não estava machucado fisicamente, nem de longe, mas tinha algo quebrado dentro dele e a castanha sabia.

E então ele se deu conta do grande clichê que era tudo aquilo, o garoto malvado se apaixonou pela garotinha sabe-tudo. E foi então que se sentiu feliz ao perceber que, um dia, talvez a luz que emanava de Hermione pudesse extinguir completamente a escuridão que existia em seu ser.