Fate escrita por anyoneelse


Capítulo 6
Outros Olhos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não tem muitos acontecimentos, mas retrata bem a relação que a personagem já criou com os demais. E nada mais coerente do que uma música bem animadinha como essa, não é?

https://youtu.be/HgzGwKwLmgM



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"I'm having such a good time, I'm having a ball

Don't stop me now, if you wanna have a good time just give me a call"

Não podia negar. Meu hábito havia mudado e muito nos últimos tempos, e por diversas vezes duvidei que pudesse realmente me adaptar ao lugar e às pessoas.

E assim os dias foram se passando.

Até ali, a rotina era composta por aulas e basquete todos os dias, e fisioterapia e Kagami se intercalando nos horários livres.

Fora das minhas atividades obrigatórias, eu sempre encontrava um tempo para sair com Kagami. A essa altura, ele já era um irmão mais velho pra mim e apesar de eu ter sido a primeira menina que ele beijou, essa foi a única e última vez que aconteceu algo assim entre nós. Nossa relação era a mais pura amizade que eu já tive, sem interesses e sem mistérios. Kagami e eu éramos carne e unha.

Descobri que ele gostava de muitas coisas que eu também gostava e, no geral, nos dávamos muito bem juntos. Me sentia completamente a vontade com ele, e nossa amizade se transformou em uma relação um pouco fraternal, pois o ruivo se preocupava muito comigo e eu com ele. Ambos filhos únicos e sem muito contato com família, acabávamos por nos completarmos em tudo que podíamos.

No quesito música, ele era bem eclético, assim como eu, mas mantinha uma facilidade descomunal em decorar e cantar raps perfeitamente, o que eu invejava. Vez ou outra fazíamos uma sessão de trilha sonora selecionada, onde eu mostrada algumas músicas do Brasil e ele me familiarizava com algumas do Japão, já que ambos éramos conhecedores das americanas.

Nos treinos, o pessoal do time começou a me considerar uma ameaça nos jogos que eu me ousava a entrar na quadra. Não me esforçava demais e aos poucos conseguia auxiliar Riko no aperfeiçoamento das técnicas deles. Os meninos se sentiam mais a vontade comigo e era sempre muito bom estar com eles, fazendo palhaçada e brincadeiras uns com os outros.

Meu avô mantinha pouco contato. Pelo visto era uma das políticas do tal asilo que ele estava então não podia ligar sempre, mas quando tinha um tempo, uma vez na semana geralmente, me telefonava e matávamos um pouco da saudade. Como o fuso horário era um pouco confuso para ele, às vezes eu recebia ligações no meio da noite ou durante os treinos, e ficávamos sem nos falar até a próxima oportunidade. Ao que tudo indicava, ele estava extremamente feliz lá e, mesmo com saudades, eu pensava sempre no seu bem-estar.

A fisioterapia estava um sucesso. O padrinho conseguiu um novo tratamento eficaz para o meu problema, mas que só poderia entrar em vigor depois que eu enrijecesse 100% minha musculatura. Sendo assim, as sessões ficaram mais exigentes e por diversas vezes saía de lá esgotada e sem força na perna por alguns dias, mas meu progresso era visível. Provavelmente em alguns meses já estaria apta para testar a nova técnica que, com sorte, solucionaria o deslocamento do joelho sem uma cirurgia.

No basquete eu me dedicava prioritariamente a Kagami, pois estávamos nos aproximando de um torneio e ele precisava estar em sua melhor forma. Já havia aceitado diversas partidas mano-a-mano com ele, e para sua felicidade, eu estava começando a perder mais, afinal de contas, o craque era ele e não eu.

Os meninos da geração dos milagres também já haviam tentado algumas partidas comigo, mas a vitória era maior para mim, que observava sempre as suas jogadas e captava seus ritmos facilmente, resultando em um desempenho melhor quando em prática. No final das contas, Aomine e Kise sempre pediam revanche e a única vez que ganharam faziam a maior cena.

Esses dois estavam impossíveis comigo. Kise era super assanhado, mas parecia que era só da boca pra fora, nunca me chamou pra sair sério ou qualquer coisa do tipo. Sempre que marcava algo com ele não passava dos galanteios e de fazer ciúme nas fãs dele, o que por algum motivo o divertia tremendamente. Eu achava tudo aquilo bem divertido, então me permitia entrar no jogo dele, pelo visto nós dois gostávamos de fazer brincadeiras.

Por outro lado, encontrava Aomine somente com os outros, mas ele sempre fazia alguma piadinha comigo. Por incrível que pareça, ele nunca me cantou depois do dia em que o conheci, e ficava desconfortável sempre que alguém o fazia comigo. Parecia que ele não me via como uma garota e sim como um de seus amigos. De certo modo, aquilo era ótimo porque me deixava despreocupada com sua amizade, mas de outro me incomodava, afinal de contas eu era uma garota sim.

Cheguei até a conhecer um pouco melhor Midorima, mas não tínhamos uma amizade, apenas nos tolerávamos bem. Eu não conseguia decifrá-lo na maioria das vezes, já que ele era muito quieto. Também fui apresentada para os outros dois, Murasakibara e Akashi. O primeiro não demonstrou grande interesse em passar da apresentação de nomes comigo, enquanto o segundo fazia questão de manter um olhar esquisito pro meu lado. Eu hein.

Kuroko e eu nos mantínhamos próximos, já que eu virei carne e unha da sua luz. Ele até se afrouxou mais comigo, demonstrando emoções com maior frequência e, para minha surpresa, até se abrindo em assuntos pessoais vez ou outra. Isso parecia incomodar muito Momoi, que não se preocupava em não deixar transparecer sua insatisfação quando ele saía comigo ou quando dormíamos na casa de Kagami. Mas ela nunca fez nada pra mim, então imagino que seria só medo de eu tomar seu azulado de si.

Tudo estava tranquilo, até que chegou a semana de provas finais.

Kuroko e Kagami estavam comigo em casa, combinamos de passar a noite estudando para a última prova. O que na verdade era eu tentando socar conteúdo goela a baixo deles, porque meu desempenho escolar estava ótimo ao contrário do deles.

– Taiga! Tá ouvindo o que eu tô explicando aqui?

Era a décima vez que mostrava como fazer aquele exercício de trigonometria, mas a cara dele continuava a mesma. Kuroko estava pescando na cadeira ao lado. Não o culpo, afinal já era mais de meia noite e estávamos naquela fazia um tempo.

– Ina, tudo o que eu podia aprender eu já aprendi, sinceramente. – suplicou o ruivo

– Isso é o que vamos ver amanhã, gracinha – respondi estreitando os olhos em sua direção.

Em troca, o grandalhão me puxou em seu colo para uma sessão de cócegas que terminaram só depois de eu o encher de elogios forçados. Fiquei deitada de lado em seu peito, ainda sobre suas pernas, esticando minhas terminações.

– E o joelho? – perguntou colocando a mão suavemente nele

– Tá maromba, não tá? – fiz graça, o contraindo um pouco de forma que os músculos que o circundavam ficassem realçados.

– Não é isso que quis dizer, ô mulher melancia – revirou os olhos, em seguida me fitando seriamente – Seu padrinho já deu alguma estimativa? Para o procedimento, quero dizer.

– Ele disse que estou progredindo muito bem e, conforme o andar da coisa, em umas duas semanas ele aplica.

– E o que ele vai aplicar, exatamente? – pude notar um arrepio o percorrer com a ideia de agulhadas.

– Pelo que eu entendi, aplicar mesmo só uma anestesia local. Depois, ele vai meio que torcer meu joelho pro lugar certo, que vai estar disponível por causa das sessões de fortalecimento. Com a fisioterapia frequente como está, meu joelho está se encorpando e, ao mesmo tempo, raspando naturalmente o pedaço de cartilagem extra que estava ali. – terminei observando a cara em dúvida do rapaz em minha frente – É uma coisa meio maluca, só o padrinho pra saber disso mesmo...

– Mas e depois? Isso não vai doer? – preocupou-se

– Vai. Mas só por alguns dias, dependendo da minha capacidade de regeneração e do tempo que o membro vai se acostumar a funcionar naquela nova posição.

– Parece um pouco perigoso... – seu olhar se desviou, pude sentir seus punhos fecharem-se ao lado do tronco

– Fica tranquilo, irmãozinho – coloquei o dedo na ponta de seu nariz, fazendo o ruivo esboçar uma careta – Eu sou dura na queda. Você vai ver, depois de alguns dias já vou estar dançando um arrocha com você.

Gargalhamos um pouco e nos abraçamos novamente. Ficamos assim até sermos interrompidos por um azulado acordando, totalmente sonolento, com o rosto marcado pelo livro no qual adormecera.

– Agora já podemos trocar a mesa pela cama, Ina? – pediu, coçando o rosto com uma das mãos

– Tá certo, tá certo... – Levantei-me e comecei a organizar a bagunça, seguindo para os dois sofás que ali estavam – Desculpa pela falta de espaço, meninos, é que geralmente fico só eu aqui... – disse com a voz baixa e um meio sorriso tristonho, vendo o pouco confortável lugar que eles teriam que dormir.

– Sem essa, isso aqui tá ótimo! – Kagami disse, se jogando no sofá e fazendo seu ninho.

Kuroko se ajeitou no outro sofá e, assim que estavam ambientados e devidamente vestidos, fui para o meu quarto dormir.

Acordei no dia seguinte com horário de sobra para a prova. Fui para a sala de pijama mesmo, me certificar que os dois ainda dormiam. Resolvi preparar alguma coisa para o café da manhã, mas as opções eram limitadas a ovo mexido e torradas.

Com o barulho mínimo que eu fazia somados ao cheiro de comida, Kuroko se acordou e antes mesmo de eu perceber ele já estava me ajudando, pondo a mesa. Quando estava quase tudo pronto, notei que Kagami não havia sequer mudado de posição, demonstrando um sono profundo.

– Ele não vai acordar não? – questionei o azulado

– É assim mesmo. O sono dele é profundo demais para despertar com pequenos ruídos. – disse indiferente.

De repente, uma ideia me veio à cabeça.

Com um sorriso malicioso, fui atrás da minha caixa de som portátil e conectei-a com minhas músicas do celular por bluetooth. Procurei por uma em particular e aumentei o volume com gosto.

– Filma isso, Tetsuya – joguei meu celular pra ele que deu um sorriso baixo, obedecendo.

Com a caixa na mão, ao lado do ruivo, fiz sinal para que o outro apertasse o play e começasse a gravar.

Um solo de guitarra elétrica soou com tudo, fazendo o garoto que até então dormia cair do sofá. Enquanto ele se situava, a música começou a apresentar suas letras iniciais.

CHICLETE-CHICLÉ, QUERO CHICLETE-CHICLÉ, QUERO CHICLETE-CHICLÉ, QUERO CHICLETÊÊÊÊÊ

Não me segurei mais, comecei a gargalhar tão alto quanto a música de axé. O ruivo apenas me fuzilava, até que resolveu ir atrás de mim e da fonte do som todo. Corri para o outro lado da sala, deixando a caixa no sofá e fazendo sinal de rendição. Infelizmente ele estava atrás de mim mesmo.

NÃO É LAMBADA, NÃO É, NÃO É MERENGUE, NÃO É, SABE QUAL É, QUAL É, QUAL É, CHICLETE COM BANANA

Dei um grito quando ele finalmente me alcançou, me pegou no colo e me colocou no chão, fazendo infinitas cócegas enquanto eu me debatia, gesticulando para Kuroko desligar a câmera e a música.

– Perdeu a noção do perigo, baixinha? – ele ria, me imobilizando com as pernas e fazendo cócegas com as mãos.

– Pa...Ra...Por...Fa...Vor... – consegui dizer, em meio às risadas forçadas.

– Tá bem, tá bem... – ele assentiu, se levantando e depois me ajudando a levantar – Que diabos era isso?

– Axé – respondi após respirar fundo para me recuperar

– É contagiante – Kuroko comentou, sentando-se à mesa que terminara de arrumar – O que quer dizer a letra?

– Na maioria do tempo é só ele falando chiclete de vários jeitos. Chiclete – concluí em português e eles repetiram.

Essa era a primeira vez que eu ensinava algo traduzido corretamente pra eles, nas outras era só eu fazendo sacanagem dizendo que “oi, tudo bem?” em japonês era traduzido como “pastel di flango” em português. Engoli o riso ao lembrar as outras mil frases, mal esperando para o dia que pudessem colocar em prática.

Por fim, terminamos o café em tempo e nos aprontamos para a escola, chegando com 15 minutos de antecedência. Os professores estavam visivelmente surpresos ao ver que o ruivo era capaz de aparecer na escola no horário certo pelo menos uma vez na vida.

A prova estava fácil, fui uma das primeiras a termina-la. Kuroko também não se demorou muito, mas Kagami foi o último a concluir, ainda escrevendo alguma coisa quando tomaram-lhe a prova por ter extrapolado o tempo.

Ao que parecia, eles haviam se dado bem, e até mesmo o axé de mais cedo ajudou em alguma coisa. Os meninos disseram que toda vez que começavam a se dispersar durante a prova, a música vinha em seus pensamentos e só saía quando se centravam nas questões. Chiclete com Banana 2 x 0 Kuroko e Kagami.

Eles haviam me acompanhado até em casa depois da prova. Pude jurar que ouvi os dois cantarolando “Chi-cle-tê, oba, oba!” no caminho, com bastante sotaque, claro, mas resolvi não por em pauta.

– Mais tarde alguém vem te buscar, esteja pronta às 19h. – disse o ruivo enquanto me dava um peteleco na testa

– Sim senhor! – bati continência, fazendo-o revirar os olhos e Kuroko dar um sorriso.

– Até daqui a pouco, Ina – acenou o azulado, enquanto ambos passavam pela porta fechando-a.

Deitei no sofá disposta a tirar um cochilo até a hora de começar a me arrumar. Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, como eu não sei só cochilar, acabei pegando num sono pesado.

Acordei assustada com o som de uma campainha incessante. Olhei para o relógio do celular apenas a tempo de ver umas 15 mensagens de Taiga no meu celular. Não abri nenhuma, porque o barulho que vinha da porta me incomodava mais do que tudo.

– E aí? – sorriu um Aomine de uniforme da Touo, me olhando dos pés a cabeça – Tava dormindo é? – apontou para minha bochecha, com um fio de baba e marcas do sofá.

Apenas fuzilei-o com o olhar e fiz sinal para que ele entrasse, fechando a porta logo em seguida.

– Tá, o quanto estamos atrasados? – perguntei, ignorando sua provocação inicial.

– Quem disse que estamos atrasados? – perguntou com uma falsa indignação, se jogando no sofá maior e o ocupando por inteiro.

– Estamos falando de Aomine Daiki – revirei os olhos, abrindo o celular e percebendo que já era 19h30 – Merda... – respirei por um segundo, fazendo um planejamento mental do que fazer – Ó, seguinte. Responde aqui o Taiga pra mim, explicando a situação. – joguei o celular desbloqueado pra ele – Eu vou correndo pro banho. Fica a vontade aí!

Nem esperei pela resposta dele, e já me tranquei no banheiro. Tomei um banho voando e, só quando saí me lembrei que não tinha pegado a roupa no quarto. Como só tinha esse banheiro na casa, ele servia de lavabo também, ou seja, era fora do quarto e a porta dava bem no meio da sala. Matutei por alguns segundos, sem encontrar uma solução educada e polida para a situação.

Ah, foda-se.

– Ina, Kagami disse que se a gente demorar mais ele... – começou a falar assim que ouviu a porta sendo destrancada, mas sua fala foi interrompida pela surpresa que tomou seu rosto, assim como a vermelhidão se apossou das bochechas.

– Não tenho tempo pra ficar vendo você babar não, Ahomine! – disse apressada, entrando no quarto e saindo com uma muda de roupas, notando que ele ainda estava na mesma posição. – Volta pro mundo, criatura! – gritei me trancando no banheiro de novo.

Ri sozinha ao passo que me ajeitava. Como pode um menino que vê tantas revistinhas pervertidas ser tão envergonhado? Ele simplesmente ficou imóvel! Não vou me esquecer da cara dele tão cedo...

A roupa de hoje era um vestido azul soltinho com uma fita branca na cintura. Decidi apenas secar o cabelo, já que estávamos atrasados. Liguei o secador e com um sopro de ar quente comecei a tirar a umidade dos fios. Quando estava quase acabando, ouço batidas na porta e desligo o aparelho para ver o que era.

– O Kagami não para de ligar, atende ele aqui! – exclamou o moreno do outro lado da porta, me entregando o aparelho já com a ligação em andamento.

– Fala meu jovem! – atendi, posicionando o celular na orelha.

– Até que enfim! Tá em casa ainda né? – perguntou e logo confirmei, então ele continuou – Esqueci meu casaco aí ontem, você pode trazer pra mim?

– Ah é! Eu deixei separado mesmo... Daqui a pouco estamos indo com o seu casaco, senhor esquecido. – debochei e nos despedimos.

Entreguei o celular de volta pra um Aomine confuso, parado na porta do banheiro, mas um pouco envergonhado por me ver me arrumando, pelo visto. Amigo, estou me arrumando, isso é o que pessoas fazem! Misericórida, viu...

– É... O que ele queria? – perguntou, recebendo o aparelho e evitando contato direto com os olhos

– Já que está pescoçando bastante, faz um favor pra mim. Pega um casaco preto do Taiga que eu coloquei dentro do meu armário, por favor. Já tô acabando aqui! – pedi, observando ele atentamente – É ali ó – apontei para a porta em questão – E aproveita e pega qualquer casaco pra mim também, ok?

– O-ok! – ele assentiu, engolindo seco.

Era claro que ele estava se perguntando porque tinha roupa do ruivo aqui em casa, e ainda mais no meu armário. Deixei que essa dúvida o corroesse, e fechei a porta para terminar de secar meu cabelo. Quando terminei, comecei a pentear algumas mechas, estranhando o moreno não voltar ainda.

– Minha casa não é grande pra você se perder assim! – exclamei, indo em direção ao quarto, dando de cara com um Aomine bem diferente logo na entrada.

Por diferente eu quero dizer esquisito. Ele estava com o que eu havia pedido na mão, mas seu rosto estampava uma reação que eu nunca havia visto naquele ser. Era um misto de dúvida e surpresa, além de que ele mantinha as sobrancelhas arqueadas e um pequeno sorriso no rosto.

Assim que percebeu que eu estava reparando, ele fez questão de voltar com a expressão desleixada e preguiçosa de sempre, indiferente. Apenas revirei os olhos enquanto ele me entregava o que eu pedi. Por incrível que pareça, ele pegou o casaco que eu estava justamente pensando que ficaria melhor com a roupa, o que me surpreendeu visivelmente.

– Eu posso ser muitas coisas, mas uma delas não é brega – ele sussurrou no meu ouvido, passando por mim e indo em direção à porta com um risinho – Podemos ir?

– Não se ache tanto, Aomine – respondi, deixando escapar uma risada.

Tá, confesso que fiquei surpresa que ele tinha bom gosto. Não é de se admirar, afinal, ele devia saber que quando ele usa aquela regata branca contrastando com sua pele eu perco o chão, o fôlego e quase minha sanidade.

De qualquer modo, nunca deixei isso transparecer. No fundo, eu queria preservar aquelas amizades que eu tinha ali, e não faria com que um desejo estúpido de sacanagem com qualquer um deles me atrapalhasse.

Acho que isso me trazia a tona toda vez que eu começava a cair pro lado da tentação. Eles eram minha companhia de todos os dias, e isso não me dava o luxo de saciar minha vontade em troca de uma amizade tão completa.

Claro que eu não era a dona santa com eles, sempre estava fazendo brincadeiras pesadas e trocando cantadas, mas a questão é que nunca passou disso. Na minha cabeça, eles eram todos meus amigos, independente da situação. Uma coisa é você se engraçar com uma pessoa apenas pra se divertirem, outra completamente diferente é fazer isso num pretexto de atração.

Enquanto caminhávamos em silêncio no trajeto já conhecido, fiz uma avaliação do que aconteceu até então. Todos os momentos bons que comecei a ter além da esperança de que finalmente as coisas estavam começando a dar certo pra mim.


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Notas finais do capítulo

Não se se ficou claro, mas eu sou bem eclética então provavelmente vocês verão vários tipos de música, tanto aqui no final quanto ao longo da história mesmo.

https://youtu.be/HgzGwKwLmgM

Mas acho que Don't Stop Me Now do Queen é do gosto de todos, né? Hahaha

Beijos!



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