Fate escrita por anyoneelse


Capítulo 4
Quebrando o Gelo


Notas iniciais do capítulo

O nome desse capítulo já é bem direcionado e auto-explicativo, mas vejam com seus próprios olhos :P

https://youtu.be/lqAQfKIJ0Tg



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"Well, you probably know more than you ever wanted to
so be careful when you ask next time"

Durante esses dias, eu assistia à aula normalmente. Como eu mudei de país e as grades são muito diferentes, a escola pediu para que eu refizesse o primeiro ano do ensino médio para me adequar aos padrões locais.

Eu não achei ruim, porque as aulas que eu já sabia alguma coisa não me exigiam muito, sobrando tempo para dedicação às que eu havia recentemente aprendido. As de matemática, por exemplo, eram molezinha pra mim, sempre ajudava Kagami e Kuroko ao final das aulas, no caminho da sala para a quadra. Mas lá o assunto era outro.

Era sexta-feira, os meninos faziam um jogo treino entre si, testando as habilidades mais novas que haviam aprendido. O foco do dia era aprimoramento do Ignite Pass e Ignite Pass Kai, do Kuroko.

Riko estava em pé ao lado da quadra, olhando suas anotações e prestando atenção na dinâmica do jogo. Eu por outro lado estava deitada de olhos fechados nas arquibancadas. Na verdade, isso foi o que eu fiz durante todo esse tempo.

Mas como hoje os ânimos estavam a flor da pele, pude sentir alguns olhares exigindo alguma posição minha no treino deles. Era uma cobrança de atitude.

O apito soou e pude ouvir a bola quicando lentamente para fora da quadra, além de passos nervosos atrás dela.

– Kagami! – Riko gritou – Em que mundo você está? Não está em sintonia com os passes do Kuroko!

Sem resposta. Não estava vendo, mas pude sentir o clima tenso se formando na quadra.

– Kagami! A treinadora dirigiu-se a você! – Hyuuga exclamou nervoso

– Por que eu não estou em sintonia? Não pode ser que o Kuroko mudou o passe e você não tenha notado? – reclamou o ruivo, deixando a quadra em silêncio.

Era minha hora de interferir.

– Não, foi você mesmo – abri os olhos, fitando o teto da quadra pacientemente. De canto de olho percebi que todos me olhavam surpresos pela fala repentina

– Agora resolveu falar? Você nem sequer olhou os jogos e quer falar alguma coisa! Poupe-me... – disse dando meia volta e jogando a bola bruscamente para Kuroko

– É aí que você se engana, altão – disse rindo, levantando de onde estava e me aproximando do centro.

– Ina que me passou as informações nesses últimos dias, e graças a ela percebi que você está mudando aos poucos devido as suas lesões com os saltos. – Riko afirmou – Você devia agradecê-la por percebermos isso a tempo de conseguir melhorar.

Kagami mudou o olhar imediatamente. Seus olhos recaíram sobre mim e pude ver sua expressão se afrouxando aos poucos.

– Agora se me permitem, quero demonstrar o que a treinadora acabou de dizer – disse tirando minha blusa e amarrando-a nos olhos, expondo meu top com estampas de gatinho. Eu não sabia que ia ter que entrar na quadra hoje, ok? – E sim, meu top é uma gracinha. – repreendi as risadas que já se formavam.

– Ina, não é uma boa ideia, você... – Riko começou a dizer, mas a interrompi.

– Relaxa, eu dou conta. Depois me entendo com o padrinho – ri fracamente.

Me entendia coisa nenhuma, ele me mataria se soubesse disso, afinal, está me ajudando com a fisioterapia nos tempos livres e isso com certeza não estava no cronograma.

– Se você diz... – assentiu um pouco desconfiada, mas voltou a sua posição.

– Bem meninos, deixem-me explicar melhor. – aumentei o tom de voz para que todos pudessem me ouvir – Sim, eu jogo basquete, mas aprendi de um jeito diferente. Kuroko pode me passar a bola, por favor? – virei para onde ele estava certeiramente. Notei que alguns se surpreenderam enquanto Riko apenas ria baixinho.

Fui me movimentando pela quadra, quicando a bola e passando entre os jogadores até chegar em Kagami. Virei a cabeça em sua direção, como se estivesse sem vendas e o encarasse nos olhos cor de fogo.

– Eu aprendi através do ritmo, ouvindo o quicar da bola. Me movimento por causa do ritmo dos jogadores presentes, não de sua visão em quadra. Podem circular, por favor. – pedi, começando a ouvir o barulho dos tênis na quadra – Kagami, vou pedir que observe de fora por um instante.

– Tá certo – disse com uma voz meio pra baixo, então segurei seu braço com uma das mãos.

– É só por um instante, ainda quero ver se você consegue me impedir depois disso – sorri propondo o desafio.

– Com o maior prazer – pude ouvi-lo enquanto se afastava.

Ai, ai, caiu como um patinho.

– Voltando. Quero que vocês movimentem a bola entre si e deixem que Kuroko passe-a com Ignite Pass Kai para mim quando houver a oportunidade, pode ser? – todos confirmaram, então joguei a bola para o ar – Comecem!

Eles estavam empenhados de começo, mas logo ficaram acanhados. Percebi isso assim que Kyoshi começou a me marcar.

Ele não se esforçava muito, eu conseguiria escapar dali rapidamente. Isso me fez ficar irritada. Me tratar com pena, sério? Antes que eu pudesse reagir, Riko o fez por mim.

– Teppei! Você está abrindo muito a defesa! Não me lembro de Ina ter pedido para que a deixasse passar tão fácil assim! – alertou – Tenho certeza de que ela não precisa de sua ajuda para jogar, então aperte essa marcação!

– D-desculpe, treinadora. Vou me esforçar – seu olhar voltou-se para mim logo após a bronca.

– Relaxa, vamos de boa, não se preocupe – disse dando um tapinha em seu peito. Isso o animou e fez acirrar a marcação. Agora sim!

Não demorou muito tempo para que Izuki recebesse a bola, mas Kuroko estava sendo marcado. Atentei-me a sua pisada. Uma. Duas. Três. Quatro. Estava agoniado para passar a bola, sem sucesso. Voltei-me para Kyoshi. Uma. Duas. Ele, por sua vez, estava firme, confiante de sua marcação. Mas não contra mim, meu bem.

Assim que os tempos coincidiram, me desvencilhei da marcação e, sem nenhum delay Kuroko recebeu a bola e preparou-a para fazer o passe. Peguei-a rapidamente e avancei, desviando velozmente de Kyoshi e em sequência de Mitobe. Finalizei com uma enterrada perfeita, com direito a me agarrar no aro por alguns segundos.

Até que não estava tão longe de estar em forma assim.

Os gritos que vieram a seguir surgiram de vários lados, alguns de surpresa e outros de pura euforia. Certeza que na cabecinha oca deles se passava algo como “Nossa como ela fez isso?”. Tirei a venda para confirmar meus pensamentos com suas expressões.

Tão previsíveis...

– Viu como era você, Bakagami? – sorri, atirando minha venda improvisada em sua direção. – Estou a semana inteira ouvindo você descompassar lentamente, só precisava achar um jeito de te mostrar de uma vez por todas!

– Obrigado, Ina – sorriu de um canto a outro – Posso testar por mim mesmo?

– Só se for num mano a mano, altão – respondi, indo em direção à venda em sua mão quando fui interrompida.

– Negativo. Quero ver os seus olhos enquanto faz aquilo. – sorriu de canto.

O que não percebeu é que sua frase poderia ser interpretada erroneamente fora de contexto. Para sua infelicidade, eu e o time inteiro percebemos, e ninguém deixaria passar batido, muito menos eu.

– Quer que eu te olhe durante o 2º round? Já que pediu com jeitinho eu faço, gato – respondi maliciosamente de propósito, fazendo com que todos ali caíssem na risada e o ruivo corasse imediatamente.

– Ok, isso é tudo por hoje! – Riko decretou em voz alta para depois dirigir-se somente a mim – Ina, eu não acho uma boa ideia... Você sabe o que tem que fazer depois de exercícios – olhou de relance para o meu joelho. – Além disso, eu tenho um compromisso agora, se você ficar aqui não vou poder te levar pra casa e definitivamente não posso autorizar que você vá sozinha!

– Riko, por favor! – Kagami nos olhava com curiosidade, mas tentando disfarçar, então fiz o favor de desconversar logo – Eu sei o que tenho que fazer e prometo que assim que chegar em casa eu farei, como você diz!

– E como exatamente você pretende ir pra casa? Já disse que sozinha você não vai! – céus, ela podia ser persistente quando queria. Igualzinho o padrinho...

– Eu a acompanho assim que acabarmos – disse o ruivo, entrando na conversa – E não vamos demorar! Eu nem vou tomar ducha aqui porque logo depois vou jogar com alguns da geração dos metidos.

Sorri para ele com a sua cumplicidade. Como ele conseguia amolecer aquela mulher tão facilmente? Era claro que depois dessa ela não tinha como recusar, mas o ponto é que eu nunca teria pensado em algo assim para convencê-la! Me surpreendendo hein, dedos musculosos?

– Sendo assim, estou de acordo. – assentiu dirigindo-se as suas coisas – Mas lembre-se, Kagami – fitou o ruivo com uma aura sombria a rodeando – Se eu souber que não ocorreu exatamente como você disse, alguém de cabelo espetado vai ficar na posição do caranguejo no próximo treino.

– Sim senhora. – respondeu o ruivo e notei que um calafrio o percorreu.

– O mesmo pra você, Ina! E eu não ligo pro que meu pai vai falar, você também não me escapa! – gritou passando pela porta de metal que delimitava a saída.

Respiramos fundo, aliviados e em seguida rimos. Enquanto ele bebia um pouco de água para se refrescar eu vestia de volta minha camiseta. Pude jurar que ele deu uma vistoriada de canto de olho no momento que suspendi meus braços, mas virou rapidamente demais para eu ter certeza.

Nos posicionamos na quadra e ele jogou a bola em minha direção, pensativo.

– Tenho uma proposta, Ina

– Diga – arremessei para ele

– Podemos aproveitar essa partidinha para um tira-dúvidas, o que acha? – arremessou para mim, erguendo uma das sobrancelhas.

– Hm... Prossiga. – retornei a bola.

– Simples, quem marcar ponto tem direito a uma pergunta para o outro. Só não vale responder com “sim” ou “não”, tem que responder direito! – sorriu, divertido, voltando a bola pra mim.

– De acordo! Mas meça suas perguntas, eu não costumo deixar barato não. – devolvi e ele assentiu gargalhando.

Demos início à partida e o primeiro ponto foi meu. Cantei vitória e ele apenas bufou. Nisso alguns dos meninos já saia da quadra, mandando um aceno para nós e às vezes um palpite de quem ganharia. Não queria me gabar, mas a maioria apostou em mim. Kuroko passou, dando um aceno rápido, também saindo da quadra.

– Vocês não iam pro mesmo lugar? – observei a figura saindo

– Não, ele vai se encontrar com Momoi para irem juntos. – ele respondeu, indiferente, mas assim que viu meu sorriso malicioso tratou de me repreender – Faz a pergunta logo, Ina!

– Tudo bem, tudo bem... Primeira pergunta! – apontei a bola pra ele, que limpava um suor que escorria com a camisa. Confesso que dei uma espiadinha no abdômen definido do ruivo, sem ele perceber, claro. Ok, foco – Qual o seu pior defeito? – atirei-a para ele, que ficou pensativo por um tempo.

– Eu diria que a insistência. Isso pode até ter seu lado positivo, mas o negativo pode te fazer se prejudicar ou até mesmo os outros... – retomou o olhar pra mim – Mas essa foi muito profunda pra uma primeira pergunta! Não vou perdoar hein.

Outro ponto pra mim, e não ia deixar o nível cair. Essas perguntinhas eram preciosas e tinha que aproveitar enquanto ainda eram minhas!

– Qual foi a sua primeira impressão de mim? – fitei-o devolvendo a bola enquanto voltava para o centro da quadra. Estou te dando até um perdido pra você não ficar da cor dos cabelos olhando pra mim, altão!

– Te achei bonita – respondeu rapidamente, me encontrando no centro simultaneamente, o que me surpreendeu. E o pior, me fez corar um pouco. Percebendo, ele continuou – Você está trilhando sua sentença de morte, Ina... – riu e começamos outra partida.

Ponto dele, droga.

– Vai, pode mandar que e aguento – debochei recebendo a bola.

Ele ficou sério por um segundo, mas sacudiu a cabeça logo em seguida.

– Qual a comida que você mais sente falta? – disse com um sorriso leve

– Ah não, pode fazer a pergunta que você não fez! Eu percebi que você hesitou! – provoquei

– É essa pergunta e ponto! Talvez depois eu pegue mais pesado com você.

– Sei... – estreitei os olhos pensando por um momento – Bom, acho que o que sinto mais falta mesmo é cachorro quente – ele riu – Não é fácil encontrar por aqui, e ainda mais que não são nem um pouco parecidos com os lá de casa!

E ficamos assim por um tempo. Eu ganhei algumas vezes e perguntei sobre a família dele e ele sobre a minha. Senti certo alívio ao ver que não ligou para o fato de não conhecer meus próprios pais e por não fazer cara de dó quando contei dos meus avós. Até contou que também não mantinha muito contato com sua família, me fazendo identificar com sua independência.

Além disso, descobri que ele já havia chorado assistindo Marley e Eu, Titanic e, pasmem, Pequena Sereia. Fora que ele ficou chocado ao arrancar de mim que eu nunca havia assistido ao famoso filme de Rose e Jack, mas não levou o fato adiante.

Em todas as outras perguntas, parecia que ele ponderava suas palavras, não querendo tocar no assunto que tanto lhe importava.

Simultaneamente, comecei a sentir algumas pontadas em meu joelho e tentei disfarçar ao máximo que pude. Sendo assim, anunciei que seria a última partida e que já estava ficando tarde, o que ele engoliu.

Para o azar dele, eu ganhei o ponto final e não ia deixar por pouco.

– Quantas meninas você já beijou?


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Notas finais do capítulo

Não sei vocês, mas achei essa garota meio bocuda...

https://youtu.be/lqAQfKIJ0Tg

Jogando o gostinho de adolescência aí pra vocês com essa música do Nick na sua época de Camp Rock, hein?

Até!



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