Fate escrita por anyoneelse


Capítulo 21
Bola Pra Frente


Notas iniciais do capítulo

Só pra esclarecer, eu também me surpreendo com as coisas que vão acontecendo aqui. Quando vejo já escrevi e na hora de ler tudo junto fico colada na emoção hahahaha

https://youtu.be/23XUdiSPQao

Atualização: resolvi dividir esse capítulo em dois, ou seja, o 21º e o 22º serão mais curtinhos, resultando na adição de um 23º (já consertei na notinha de introdução também). Sei lá, achei que combinaria mais se eu separasse melhor, então espero que vocês curtam ^^



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“Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda essa tristeza embora

Basta acreditar que um novo dia vai raiar, sua hora vai chegar”



Acordei atrasada com a décima ligação de Riko. Ela já estava indo para o local dos jogos e eu tinha 20 minutos pra estar lá com ela. Óbvio que eu praticamente tremi nas bases ouvindo suas ameaças, então me apressei o máximo que pude.

As ruas estavam frias, resultado do inverno rigoroso que eu presenciava. Claro que em comparação com o Brasil qualquer ventinho gelado já é motivo de alarde. Mesmo assim, eu vesti algumas camadas de roupas, completando com um cachecol e a tal das luvas, que caíram muito bem por causa do tempo fresco, como eu havia previsto.

Cheguei e logo fui atrás do pessoal da Seirin, estava na metade do jogo entre Shutoku e Rakuzan. Durante o intervalo seria a hora do nosso aquecimento, e o clima estava sério. Cumprimentamos o pessoal da Kaijo e pela primeira vez Kise não me agarrou, assim como Kasamatsu não ficou morrendo de vergonha pela minha presença. Ambos estavam centrados e tive a certeza de que dariam tudo de si naquela partida.

Notei que Kagami fora cumprimentar Akashi da Rakuzan, mas acabou ajoelhado em sua frente e eu não fazia ideia de como isso aconteceu. Reparei que os nervos estavam à flor da pele, ainda mais depois de Kuroko ir verificar a situação de sua luz, então resolvi intervir.

– Akashi, faz um bom tempo que não nos vemos. – cumprimentei-o, encarando firmemente seus olhos.

Um arrepio percorreu meu corpo. Uma sensação esquisita, como se eu estivesse na fila para a guilhotina e esse garoto seria o que decidiria se eu seria executada ou não. O problema era que, além de decidir o suposto destino, ele era o que iria dar um fim em mim, e tudo isso só com os olhos.

Usei meus sentidos para analisar sua respiração, mas tudo ali estava tão tranquilo quanto se ele estivesse passeando pelo parque. Enquanto isso o par de olhos esquisitos estava fixo decidindo ainda qual seria a reação apropriada frente a mim, e por um segundo eu achei que eu seria a próxima a cair de joelhos em plena quadra.

– Ina, vejo que sua presença ainda está forte na Seirin. – ele me cumprimentou com o tom de voz cordial e calmo, para a minha surpresa.

– É o que uma auxiliar faz. – respondi friamente, observando que seus olhos mudaram de intensidade sobre mim.

– Suas palavras podem iludir outras pessoas, mas não a mim. Eu sei o que faz por eles e isso não será o suficiente para me derrotar. – ele sussurrou, passando por mim e se afastando para junto de seu time, mas antes se virando e completando sua fala – Você atraiu minha atenção, vamos descobrir se isso será bom ou ruim pra você.

Ok, de duas coisas eu estava certa depois desse encontro no mínimo esquisito.

A primeira era que Akashi tinha certeza de que iriamos passar para as finais assim como ele, onde nos encontraríamos para uma disputa na qual ele já havia se preparado. A segunda era que ele supostamente havia descoberto meu papel no time e inclusive já havia trabalhado um jeito de me neutralizar.

Fiquei matutando alguns minutos durante o aquecimento, mas não cheguei a preocupar Riko com isso, afinal de contas ainda tínhamos um jogo pela frente. Fiquei pouco tempo ali exposta. Achei que minha presença não fazia nenhuma diferença na composição do time então, assim que a treinadora me liberou, fui para os fundos para terminar de assistir a partida em andamento.

Depois de mais dois tempos a partida de Shutoku acabou e confesso que fiquei triste por Midorima perder, ele com certeza merecia isso mais que o convencido do Akashi. Entretanto, tive que reconhecer a diferença dos dois times, já pensando em como faríamos para enfrentar aqueles olhos excêntricos do capitão da Rakuzan.

De volta ao backstage, acabei passando pelo time do esverdeado nos corredores enquanto me despedia do meu time que ia para a quadra iniciar o aquecimento novamente. Observei-os passarem e fiz questão de esperar um pouco, tempo o suficiente para segurar o pulso de Midorima antes de ele se afastar, de modo que ficássemos sozinhos.

– Quanto mais alto for o nível do jogo, mais dura é a queda da derrota. Foi uma boa partida, Shintarou – disse olhando em seus olhos e notando o rastro de lágrimas que segundos atrás deviam estar ali.

– Obrigado, Ina. – ele respondeu, colocando uma das mãos sobre o meu ombro e partindo em seguida.

Realmente, ele estava devastado por não ter ganhado e com certeza esse seria mais um motivo para nós vencermos e chegarmos até a final com Rakuzan. Sim, eu precisava mostrar praquele ruivo o valor de respeitar o oponente mesmo depois do apito final.

De toda forma, logo Seirin já estava em quadra e eu, como de costume, fui para as arquibancadas. Como não tinha ninguém conhecido por lá, acabei ficando de pé mesmo, isolada daquela multidão de gente torcendo.

– Ina? – uma voz extremamente preguiçosa soou por detrás de mim

Me virei a tempo de ver Murasakibara e Himuro, ambos se acomodando para assistir a partida dali também. Achei uma boa iniciativa da dupla em aparecer mesmo tendo sido eliminados. No fim, eu tinha certeza que eles mais faziam pose de durão, mas no fundo realmente estavam torcendo pelos amigos.

– Por que não está lá embaixo com o time? – o franjudo me perguntou, desconfiado.

– Não faço parte da equipe, teoricamente eu entrei depois da formação. – sorri, expondo meu ponto de vista.

– Talvez devesse reconsiderar isso para a final de amanhã. Você e Taiga são bem próximos e pelo que eu conheço dele, poderia dar um combustível a mais na partida.

– Está torcendo pra nós então, é? – questionei, fazendo o desviar os olhos de mim.

Eu sabia que ele e Kagami não tinham se resolvido, até mesmo estranhei o modo como ele estava sendo tão amistoso comigo. E de quebra consegui arrancar que ele estava contando com a nossa vitória. Claro que eu iria fofocar isso pro ruivo, quem sabe ele não tomava a iniciativa de finalmente se resolver com o amigo?

Eu observava o final do aquecimento quando minha barriga começou a gritar de tanto roncar. Droga. Só agora me lembrei de que fazia horas desde minha última refeição rala que eu mesma cozinhei em casa. Coloquei minha mão na barriga por cima do casaco, apertando de leve como quem queria calar o monstro comilão que estava ali dentro. Óbvio que não daria tempo pra encarar uma fila agora, eu não arriscaria perder o começo do jogo.

– Quer? – Murasakibara estendeu o pacote de salgadinhos que tinha em mãos, me oferecendo-os.

– Sei que não gosta de dividir sua comida, não se incomode, Murasakibara – respondi meio encabulada pela ação súbita do rapaz.

– Mas você é alta, pode pegar – ele falou e eu fiquei confusa com o adjetivo.

– Alta quer dizer bonita no vocabulário dele – Himuro se aproximou do meu ouvido, sussurrando a dica indiferentemente.

– O-Obrigada. – agradeci, envergonhada.

Depois eu pensaria sobre essa situação inusitada, no momento eu precisava colocar comida pra dentro. Retirei a luva de uma das mãos e apanhei alguns salgadinhos para tapar o buraco do estômago. O que eu não percebi de imediato foi que as feridas da minha mão ficaram expostas, observadas atentamente pelo mais baixo.

– Tem treinado muito para alguém que não se considera do time – ele comentou sério, indicando o vermelho nas minhas juntas com o seu olho descoberto.

– É o que parece – respondi, cobrindo-as de volta assim que as esvaziei e indicando o fim do assunto.

– Como preferir – o moreno concluiu, aparentemente deixando isso pra lá.

Sem mais delongas, o apito de começo de jogo soou e encerrou qualquer pendência que poderia aparecer. Não era por mal, mas eu não estava afim de contar da minha vida pessoal numa hora dessas.

Emocionante, é o que posso dizer sobre o que vi.

Os dois times deram tudo de si na partida toda, mas Seirin ganhou no último segundo. Por mais que eu estivesse em êxtase, notei que Kise mancava muito, tendo até que ser carregado pelo Kasamatsu no final. Estreitei os olhos em sua direção, como quem perguntava o que ele estava escondendo, mas logo ele soltou o choro preso e eu entendi o que estava faltando.

– Bom, acho que vejo vocês na nossa torcida amanhã então – disse, piscando para os dois, sem conter minha alegria de termos vencido.

– Ina... – o franjudo interceptou, fitando-me intensamente com um olhar duvidoso.

– Eu? – perguntei, virando-me para ele.

– Por que não foi até o time durante o intervalo? Eles claramente precisavam de um apoio, ainda mais depois de Kuroko ter perdido seu trunfo nos minutos finais do segundo tempo.

Percebi que o que restava ali era uma simples dúvida mesmo, sem segundas intensões ou pretensões. Desse modo, pensei bem numa resposta adequada para dar, tentando ser o mais breve possível para não perder a comemoração com o pessoal da Seirin.

– Se eu fosse até lá seria apenas em forma de consolo, como se já tivéssemos perdido, e não é nisso que eu acredito. Minha confiança a eles foi transmitida no inicio da partida e ela não foi alterada em nenhum segundo.

– Então é isso, confiança... – ele pensou em voz alta, seus olhos fitando o horizonte.

– Espero ter respondido sua pergunta, Himuro. E obrigada pela comida, Atsushi. – acenei, recebendo uma assentida do mais alto e deixando um moreno pensativo para trás.

Parece que mesmo quando eu não estou em serviço, acabado resolvendo outras pendências. Não sei por que, mas algo me dizia que Kagami logo logo iria se resolver com seu antigo irmão dos Estados Unidos.

Comecei a andar no contra fluxo indo em busca do interior do ginásio ao invés da saída que a multidão toda procurava. Avistei Aomine e Momoi se retirando do lado oposto, mas não tive tempo de reparar em sua reação apenas dei um meio sorriso em sua direção, continuando a andar. Também reparei no time de Akashi, todos uniformizados e com várias pessoas ao redor deles, mas pude jurar que eles me dirigiram o olhar quando passei por seus campos de visão.

Nada daquilo importava agora, era a hora de eu finalmente encontrar meu time e comemorar a vitória com eles.

Já na seção de vestiários, meu coração derretido falou mais alto e resolvi dar uma observada em como o loiro estava, já que seu estado no final não estava dos melhores. Escolhi esperá-lo do lado de fora da porta do seu time, não querendo interferir na reunião deles.

Algum tempo depois os primeiros jogadores do uniforme azul saíram, juntamente do treinador. O último da remessa foi o capitão, que vidrou seus olhos azuis em mim no instante que me avistou escorada na parede oposta.

– Ele está lá dentro... – começou a dizer com indiferença, mas logo o interrompi com uma súbita ação.

– Vocês jogaram muito bem, não foi uma vitória fácil para nós, Kasamatsu. – falei envolvendo-o em um abraço, segurando sua cabeça com uma das mãos.

Confesso que de início não sabia se era a melhor coisa a se fazer, mas assim que senti o corpo do capitão se soltar sobre mim, soube que ele estava precisando de um ombro amigo. Lágrimas começaram a molhar meu ombro, deixando uma pequena mancha em meu casaco.

Os braços dele nem chegaram a sair da vertical do seu corpo, tamanho o cansaço após a partida. A única parte que nos encostávamos era seu rosto, afundado em um turbilhão de pensamentos que o rodeavam enquanto chorava toda sua frustração.

Aos poucos sua respiração começou a acalmar e o moreno se recompôs na medida do possível. Ele passou as costas das mãos pela bochecha, sumindo com a expressão de tristeza rapidamente, esta sendo substituída por uma mais séria, onde suas sobrancelhas se franziam.

– Vençam por nós. Seirin tem que mostrar tudo o que é capaz amanhã e pode ter certeza que estaremos lá para apoiá-los.

– Pode deixar com a gente, não vamos decepcionar vocês. – sorri minimamente, retribuindo o gesto de confiança dele.

Dito isso ele acenou e indicou o interior do vestiário com os olhos, como se me aconselhasse a entrar. Eu assenti, já me preparando para encontrar uma cena de partir o coração.

– Imaginei que você estivesse comemorando

A voz embargada de choro do loiro soou de costas para a porta de entrada, com a cabeça abaixada e o semblante abalado. Aproximei com cautela após fechar a porta de entrada, me preparando psicologicamente pra encarar o menino mais alegre do mundo visivelmente devastado.

– Você não consegue me enganar, Ryouta. Eu vi o seu estado lá na quadra e, agora, é aqui que tenho que estar.

Ele nada respondeu. Na verdade, a única reação que ele teve foi de finalmente deixar escorrer um rio de lágrimas por seu rosto, apoiando-o em suas mãos. Inconsolável era a palavra que me vinha a cabeça para descrevê-lo, mesmo que somente essa não fosse capaz de abranger toda a tristeza que ele exalava.

– Eu queria muito vencer, Ina. Eu treinei tanto...

– Eu sei disso, Kise. Eu, mais do que ninguém, sei como você tem se esforçado pra isso. Posso te afirmar que se não fosse seu problema físico, você teria outras chances. – falei, mantendo minha voz o mais firme que eu conseguia diante da situação.

– Irônico, não? Antes você se machucou e eu te consolei, agora é você que está me colocando pra cima por causa de uma coisa dessas... – ele disse, apontando para seu pé inchado e coberto por um pouco de gaze.

– Espero que esteja funcionando, porque essa cara triste não combina nada com meu melhor amigo mais sorridente – comentei, acariciando seus fios loiros calmamente e recebendo um sorriso mínimo de retorno.

Kise inclinou-se de lado, colocando sua cabeça em meu ombro e me abraçando. Parecia que ele tentava transmitir agradecimento enquanto me envolvia, pois seus braços me pressionavam de maneira forte, mas sem esmagar. Aceitei o gesto, recebendo de braços abertos todo e qualquer sentimento que ele quisesse me passar, tudo o que fosse preciso pra melhorar a sua dor.

– Só vou ficar um pouco melhor quando vocês derem uma surra no Akashi amanhã. Ele precisa de alguém pra abaixar a bola dele em nome de todos nós.

– Se for pra você sorrir de novo eu faço qualquer coisa, gato – o cantei, tentando levantar seu astral com sucesso, recebendo um pequeno sorriso em troca.

Ficamos ali mais um tempo conversando, mas por fim o acompanhei até a saída, recusando companhia até em casa. Enquanto eu estava lá dentro com ele, eu havia recebido uma mensagem de Riko para que fosse me encontrar com o time, algo sobre saber coisas a respeito do oponente do próximo jogo.

Horas mais tarde, voltei pra casa pensativa depois de passar no apartamento de Kagami para ouvir umas histórias de Kuroko. Ao que parecia, Akashi realmente era especial, e possuía algo internamente que o fazia superar qualquer limite normal de jogo.

E tem também o que Kise me pediu. O que ele havia dito sobre colocar o capitão da Rakuzan no lugar. Eu tinha que planejar algo pra isso, algo diferente e inovador, que mostrasse que aquela partida não seria como as outras. E como num passe de mágica a resposta veio à minha cabeça.

Já estava mais que na hora de eu por meus pés em uma quadra de novo.


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Notas finais do capítulo

Espero que a cronologia esteja clara pra vocês, me esforcei bastante pra colocar tudo da minha cabeça nesse capítulo.
Finalmente tivemos uma reaparição da duplinha da Yosen, hein?

https://youtu.be/23XUdiSPQao

Para os que não são muito fãs desse estilo musical, peço que deem uma chance a essa canção em específico, ela significa muito pra essa humilde autora ^^
É só apertar o play gente, não cai o dedo não! Hahahahaha

Vejo vocês no próximo!



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