Blue Eyes escrita por isa


Capítulo 1
Honey, you should know...




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– Não temos tempo para isso. – O Doctor disse entredentes. River estava sentada sob o painel da Tardis, suas pernas cobertas por uma daquelas malditas calças de montaria se entrelaçavam em torno da cintura dele.

Ela parou o que quer que estava fazendo com o pescoço do Time Lord para encará-lo com uma sobrancelha erguida, gesto que significava tanto interjeição quanto zombaria.

Aquela era uma mentira ridícula mesmo para os padrões dele.

Faça tempo. – Seu tom de voz era educado, mas destilava uma série de ameaças implícitas.

O Doctor a encarou de maneira séria. River adorava quando ele aparecia com essa expressão. Fazia com que ele transparecesse através do rosto de menino da décima primeira regeneração. Eram as únicas vezes que ela conseguia levá-lo a sério.

Em silencio, ele a ergueu e se dirigiu com ela para o corredor mais próximo.

Ele não queria saber para onde iriam.

Qualquer raio de cômodo parecia suficiente, desde que ele estivesse devidamente trancado com River Song em um espaço de dez segundos.

E como acontecia em tudo que ele realmente se engajava, não foi difícil concretizar seu objetivo. Isso fez sua insípida esposa sorrir de maneira jocosa e convencida.

Em breve ele estaria se entranhado dentro dela de maneira lenta e literal, grunhindo e murmurando coisas que ela supunha ser maldições.

Era quase doce a maneira como ele parecia tão determinado a não tocá-la, e, em seguida, quão frustrado e bravo ele ficava quando não resistia.

Acendia-a como uma árvore de natal.

Em suas andanças pelo universo a fora, River já tinha vivido muitas coisas, se colocado em perigo por diversas vezes e conhecido uma parcela considerável de homens (e mulheres e, inclusive, pessoas de ambos os sexos...), mas nenhuma de suas experiências – fossem de cunho aventureiro, sexual ou ambas as alternativas – se comparavam ao frio na boca do estomago que sentia toda vez que o Doctor e ela estavam com os corpos friccionados daquele modo.

E quando os dois estavam finalmente nus, bom... Ela simplesmente não conseguia evitar a gargalhada de prazer.

– Oh, cale a boca. – Ele resmungava como o velho rabugento que de fato era, os olhos escurecidos pela culpa/vontade do que estavam prestes a fazer.

River não calava. Ela quase nunca fazia como ele pedia e uma parte do Doctor, uma parte que ele desejava desesperadamente que não existisse, a amava e a agradecia por isso.

Aquilo, no entanto, estava se tornando um péssimo hábito. Era sobre isso que ele divagava enquanto beijava aquela boca irritante, silenciando-a do único modo efetivo que conhecia.

Havia algo de extremamente errado em fazer sexo com a filha dos Pond, ainda que, tecnicamente, ela fosse sua esposa.

Na verdade, havia algo de extremamente perturbador em sexo de um modo geral. Embaralhava os pensamentos, fazia com que pessoas se desconcentrassem do que realmente era importante, tinha incrível potencial para causar todo tipo de constrangimento social possível e, o mais perigoso: era universal como o amor.

Todos os sintomas, tudo que envolvia sexo era bem parecido em qualquer planeta de qualquer esquina da galáxia.

Por essa razão ele vinha fazendo um excelente trabalho por centenas de anos em fingir-se de assexuado. Beijos ocasionais em gente da Terra era uma diversão, nunca algo sério o suficiente para desconcertá-lo. Ele estava orgulhoso de si próprio até o diabo lhe surgir em saltos altos.

O Doctor apenas não podia evitar.

River exalava convites aos quais ele não conseguia negar.

Ela era um universo inteiro a parte e ele era o que ele era: um explorador encantado com tudo.

Especialmente com ela.

Ele nunca assumiria, mas tinha decorado cada trecho de corpo de River. Sabia como e quando ela se arrepiava. Adorava a maneira rápida como seus seios e suas bochechas adquiriam o mesmo tom rosado. Sabia que ao menor aperto de coxa ela arqueava o corpo e exalava sonoramente, como se para inspirar a ele logo em seguida.

O Doctor a conhecia e ainda assim não conseguia se cansar de redescobri-la.

Se emocionava com o modo como ela fechava os olhos enquanto o absorvia, e não tinha nenhum controle sobre as próprias mãos quando River lhe abria sorrisos sinceros.

Cada batida do coração único dela equivalia a uma eternidade de felicidade para o Doctor.

Um dia ela iria embora, assim como todos os outros. Ele estava fadado a solidão e por mais rápido que corresse na direção contrária, sabia que não resistiria para sempre. O tempo era o seu maior aliado e seu maior inimigo.

Todos os seus maiores afetos seriam eco em sua mente no futuro.

Isso já era razão o suficiente para não estar perto de River, que dirá arfando com/por ela.

Mas ali estava ele. De novo.

Recebendo toda a enxurrada de efeitos colaterais primitivos: os olhos anuviados, a cabeça em uma confusão de ideias difusas, a pulsação acelerada, o baque seco dos corpos, as pernas quentes de River, a agonia da espera, a sinalização tremula dela e então...

Nada.

Por um nano segundo, tudo deixava de existir. A sensação de liberdade, pavor e plenitude, tudo ao mesmo tempo.

Então o Doctor abria os olhos e encontrava os olhos azuis dela. E eles o amparavam. E eles eram o suficiente. Acalmavam seus corações. Justificavam tudo.

No dia em que tudo ficasse escuro e a sensação não parasse quando abrisse os olhos, no dia em que fosse só ele e o universo...

Nesse dia, ele esperava apenas ter uma lembrança nítida daqueles olhos.

Então as coisas voltariam gradualmente a ter sentido.

E tudo valeria a pena.


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