Alyxs folheava o anuário com pressa, como se aquilo fosse fazer todo o processo de procurar ser mais rápido. Mas definitivamente não era, porque ela não fazia ideia do que procurar exatamente e talvez nem achasse as respostas que procurava. O que importava era que ela não desistiria, ainda não.

Com a mesma pressa que procurava, ela anotava no pequeno caderno, tudo que ela lembrava da época do colégio. Aquilo tinha que funcionar, tinha que estar certo, suas amigas dependiam daquilo e talvez fosse a saída para o buraco que haviam se enfiado.

Foi quando ela chegou na última folha que ela arregalou os olhos, não era possível que aquilo estivesse acontecendo, não podia, aquilo não era real. Ela mandou uma mensagem para suas amigas e foi ao encontro delas na casa de Katrina, todas as três pareciam muito confusas, afinal, Alyxs não havia dito nada com nada e sua pressa era mais do que suspeita.

— O que era tão importante assim? – Violette pergunta irritada, como se tivesse algo mais importante para estar fazendo, ao invés de estar ali.

— Isso – Alyxs coloca o anuário sobre a mesa e aponta para a foto da garota – Kaila Winston.

— Espera, é... – Katrina parecia perdida com aquela informação, surpresa da mesma forma que Alyxs havia ficado.

— Exatamente e nós deixamos esse detalhe passar com muita facilidade – Alyxs diz andando de um lado para o outro na frente delas, enquanto gesticulava e juntava o quebra cabeça que aquilo havia se tornado – Kaila foi uma de nós, ela...

— Foi expulsa depois de ser pega transando com um professor – Sasha diz negando com decepção – eu mesma denunciei os dois pra direção.

De fato, Sasha havia pegado os dois em um momento muito inoportuno e os denunciado para o diretor, claro que não era da conta dela, mas Sasha nunca deixava nada passar. Kaila era a mesma garota a qual elas haviam enterrado na noite do reencontro.

— Se ela não estivesse morta, eu diria que ela é a nossa suspeita número um – Alyxs dá de ombros e se senta, mal percebendo o que havia dito – eu fiz uma lista.

— Tenho medo de perguntar, mas o que tem nela? – Violette pergunta curiosa.

— Nossos pecados – Alyxs dá de ombros e joga o caderno sobre a mesinha – dois de nós já morreram, Diana, uma vadia, de fato, ela engravidou do delegado da cidade, que na época era casado.

— Acha que o Nathan sabe disso? – Katrina pergunta.

— Definitivamente não, Nathan só liga para seu estoque de drogas, acredite, ele tem muito com o que se preocupar – Sasha diz e volta sua atenção a Alyxs – próxima.

— Em seguida foi a Stephanie – Alyxs retoma, dessa vez achando que sua fala rápida fazia sentido para alguém – todos sabem do escândalo que ela se envolveu, não preciso contar, certo?

Todas elas apenas deram de ombros, de fato, toda a escola ficou sabendo, que Stephanie havia pegado o melhor amigo do ex-namorado, o que nem era tão grave assim, se não fosse pelo vídeo que rolou pela escola toda.

— Mentirosa, realmente – Sasha concorda – ela mentiu para o Nico, achando que ninguém ia descobrir que ela estava trepando com o Victor.

— O que nos leva ao nosso falso – Alyxs aponta para Sasha como se afirmasse aquele fato – se o stalker está nos caçando pelos nossos pecados, o do Victor foi ter pegado a namorada do melhor amigo.

— Essa conversa está começando a me chatear – Violette esfrega as têmporas e faz Alyxs sentar – vamos ao ponto que interessa, quem teria mais motivo entre nós para querer uma noite de crime?

— Qualquer um mataria por um segredo, mas qualquer um mataria a Sasha para esconder sua caixa de Pandora – Alyxs volta a se levantar e gesticular enquanto falava – resta saber, qual deles é mais valioso?

— E se isso não for sobre esconder um segredo, mas sobre vingança? Por algo que eu fiz? – Sasha pergunta confusa.

— Vamos fazer duas listas e cruzamos as informações, assim, chegamos a alguém em comum.

As outras três assentem com firmeza e ali, apenas em silêncio, elas começaram a fazer a lista, cada uma tinha uma teoria diferente sobre o que de fato poderia vir a ser o gatilho do seu assassino, mas naquele momento não importava, elas estavam um pouco mais perto dele a cada minuto, então elas simplesmente continuaram, antes que fosse tarde demais não só para elas, mas para aqueles que ainda estavam de pé. Sem temer a morte, nem as consequências que seriam geradas no fim daquilo.

O garoto bocejou e saiu andando pela casa escura, desejando cessar sua fome de uma vez, eram três da manhã e ele até aquele momento não havia ido dormir, apenas jogando no vídeo game. Ele abriu a porta da geladeira e se escorou nela, encarando os alimentos como se fosse uma espécie de enigma que ele não conseguia resolver.

Então por fim, pegou o sanduíche que estava pronto no prato e sentou na bancada, comendo frio mesmo. Nicolas bocejou e refez seu caminho de volta até o quarto, seu jogo ainda estava parado, então ele voltou a cadeira e colocou os fones, tirando o pause.

— Olá Nicolas – a voz soou em seu ouvido, o fazendo franzir o cenho.

— Quem é? – Nicolas pergunta, verificando todos os jogadores conectados naquele momento.

— Já me esqueceu? Nossa, que ofensa – a pessoa do outro lado resmunga – tsc, tsc, que maldade.

— Vai encher o saco de outro – ele resmunga e procura a chamada do XBox para desligar.

— Sabe o que é engraçado Nicolas? Que eu realmente vou fazer o que você está me pedindo, mas não porque você quer, e sim porque você vai estar morto em breve – a pessoa diz com um tom insolente, fazendo Nicolas arregalar os olhos – então de fato, eu preciso encher o saco de outro.

— O que fez comigo? – Nicolas começa a hiperventilar, sentindo todos os seus músculos se enrijecer.

— Não deveria comer as coisas dos outros Nico, elas podem estar envenenadas – o outro ri e desliga a chamada, deixando Nicolas sozinho.

Ele até tentou se livrar do que havia comido, mas era tarde demais, o estrago estava feito e agora, ao invés de doze, havia oito e logo, não haveria ninguém para contar história.