A garota enfiava tudo dentro da mala do carro, enquanto resmungava e as outras quatro apenas observava em silêncio. Afinal, o que diriam? Aquela situação era apavorante e qualquer um faria aquilo no lugar dela, quando se era o mais sensato.

— Se eu fosse vocês, faria o mesmo – Diana diz irritada, fechando o porta-malas.

— Diana, repense por favor – Alyxs tenta, mas a morena apenas nega e adentra o carro.

Sem olhar para trás, ela ligou o carro e partiu, deixando suas amigas ali, estáticas. Seus celulares tocaram e elas grunhiram, antes de puxar e ler a mensagem.

— “Que corram os medrosos e fiquem os corajosos, o inferno vai queimar” – Katrina lê em voz alta e aquilo soou como uma permissão para o evento seguinte.

O carro à frente explodiu diante de seus olhos, fazendo as quatro gritarem e correrem na direção do veículo. Estava em chamas, e o corpo de Diana queimava lá dentro, ela já estava morta, mas ainda assim, aquilo as deixou assustadas.

A sirene soava ao longe, as pessoas se reuniam ali e elas quatro só conseguiam enxergar a mensagem gravada sobre o capô do carro em chamas.

— Vadia, o que significa? – o policial pergunta, mas nenhuma delas abriria a boca para responder, não deviam, não podiam.

As horas se passaram lentamente, as quatro haviam sido levadas para a delegacia para darem seus depoimentos, mas elas quase não falaram, ainda estavam com a mente vidrada na palavra.

Elas adentraram a casa de Alyxs e sorriram minimamente para os pais dela, que procuraram saber se elas estavam bem.

— Alguém sabe, quem além de nós quatro? – Katrina parecia paranoica a aquele ponto.

— Ninguém que saibamos – Violette diz, mas não tinha tanta certeza daquilo – vocês acham que é por causa daquilo ou…

— Não sei – Alyxs diz firme, mas estava tão perdida quanto parecia – a mensagem era clara, ele está vindo atrás de nós.

— É culpa minha – Sasha diz pela primeira vez, fazendo suas amigas a olharem – seja lá porque ele está usando vocês para a vingança dele, é tudo culpa minha, essa obsessão dele por mim, foi por causa de algo que eu fiz no passado, mas...

— Nós éramos imbatíveis naquela época Sasha – Alyxs diz segurando os ombros dela, fazendo-a olhar para si – provavelmente foi algo que nós fizemos, porque fazíamos tudo em grupo, lembra do nosso lema?

— Uma vez Viper, para sempre dama do diabo – Violette diz se aproximando – vamos descobrir quem é esse filho da puta e pega-lo, antes que ele nos pegue.

Katrina naquele instante teve uma crise de riso, destoando do momento sério que ocorria ali, as três olharam para ela como se ela fosse louca, bem, talvez de fato ela fosse.

— É tão óbvio gente, esteve na nossa cara o tempo inteiro e nós não vimos – Katrina fala, assumindo a seriedade.

— O que é tão óbvio? – Alyxs pergunta confusa.

— Uma vez Viper, para sempre dama do diabo, e uma vez atleta de Westerly...? – Katrina faz um suspense erguendo as sobrancelhas e de fato aquilo era óbvio demais.

— Para sempre diabo vermelho – as três dizem juntas, entendendo que realmente fazia sentido, e elas precisaram perder alguém, para se dar conta de que o seu carrasco na verdade era um diabo vermelho, ou seja, durante todo aquele tempo, alguém do antigo time de futebol estava as ameaçando.

É claro que a lista não era pequena, mas agora elas podiam secretamente procurar pelo assassino de Diana.

— Fomos todas Vipers, só podemos confiar em nós mesmas, sabemos os segredos umas das outras, não podemos vacilar – Katrina diz firme, recebendo um aceno de todas as outras.

Era claro que aquilo se tornara uma caça às bruxas, e suas vidas corriam perigo, então elas só podiam confiar em si mesmas.

Mais tarde, o grupo se reuniu e todos pareciam realmente tristes com a morte de Diana, eles não sabiam o que dizer, haviam recebido a mesma mensagem, mas estavam longe de juntar as peças daquele terrível quebra-cabeça.

— Precisamos fazer alguma coisa – Nathan diz – talvez eu possa contar ao meu pai.

— Pra começar a contar ao seu pai, você teria que dizer que enterramos um corpo – Alyxs retruca – e isso está fora de cogitação, certo? – ela debocha, fazendo Nathan revirar os olhos para ela.

Claro que eles não podiam falar com a polícia, ou seus piores segredos viriam à tona.

— Sabe o que é engraçado? – Stephanie diz andando por ali, indo para perto de Alyxs, só para se abaixar diante dela – você sabe os nossos segredos e nós não sabemos o seu.

— O que está insinuando? – Alyxs estende um sorrisinho sarcástico.

— Estou dizendo que se tem alguém aqui que poderia ser o assassino, esse alguém seria você – Stephanie fala, cruzando os braços e fazendo todos olharem para Alyxs, que nega incrédula.

— Eu estava indo muito bem na minha vida de atriz em Nova Iorque amorzinho, eu não precisava retornar pra esse buraco – Alyxs retruca irritada, tirando Stephanie de sua frente e saindo da sala.

— Qual é a sua hein? – Bruno diz sem entender, logo negando e saindo atrás da ruiva.

O silêncio predominou ali, o que Stephanie falou podia fazer sentido para ela, e talvez para mais alguém, mas definitivamente o que Alyxs disse fazia mais sentido ainda, ela não deixaria a vida que ela havia construído fora, só para voltar a um pesadelo que ela nem tinha certeza de que sairia viva.

— Precisamos descobrir quem é o assassino e sei que tudo está ligado a Sasha – Nicolas diz olhando para a morena - então me diz, o que você esconde?

— Não vou sair por aí soltando meus demônios Nicolas – Sasha retruca entediada – tudo que eu me lembro é que o stalker apareceu no primeiro jogo da temporada, estávamos no terceiro ano, começaram com fotos bobas e eu achei que era apenas um stalker, mas então vieram as ameaças, aí eu comecei a ficar preocupada.

— Ele sabe o seu segredo? – Luna pergunta e Sasha nega – então porque estaria atrás de você?

— Por algo que fiz contra ele, mas eu já fiz tanta coisa contra tantos daquele colégio – ela suspira frustrada – qualquer um teria motivos para me querer morta.

— Resta saber qual dos motivos é mais importante – Violette diz significativa e Sasha assente.

E pra saber esse mero detalhe, ela teria que virar uma detetive, olharia o anuário, e faria uma lista de tudo que havia feito contra cada um, só assim chegaria a um denominador comum.