I am the Target escrita por Hawtrey, KCWatson


Capítulo 7
O começo do jogo


Notas iniciais do capítulo

E ai gente? Vocês comentaram rápido então eu decidi adiantar um pouquinho o capitulo :)
Espero que gostem!!



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A livraria estava escura e empoeirada, como Joan imaginou. De lanterna ligada e olhos atentos caminhou pelo corredor entre as estantes até encontrar um interruptor. Por enquanto nada, mas não baixou a guarda. Tinha conseguido entrar naquele lugar graças à carta de Holloway que além de palavras vazias e irritantes também guardava uma chave.

Estava ali por um motivo ainda desconhecido e esperava não morrer por isso.

Olhou em volta e lamentou a visão das vitrines cobertas por algum tipo de pano, mesmo que estivesse no meio da madrugada se sentiria melhor vendo o lado de fora daquele lugar abandonado. Seus olhos vagaram pelas estantes, livros estavam sendo seu mais novo e interessante alvo depois de encontrar títulos estranhos em sua própria casa. Ali não havia muito coisa que poderia chamar sua atenção: romances, contos de fada, auto ajuda, apenas livros comuns encontrados em qualquer livraria.

Então viu, era apenas um brilho, mas um brilho incomum em meio a escuridão quase completa do lugar. Ergueu a lanterna para iluminar melhor o ponto, mas algo passou bem a sua frente e de repente o objeto tinha sumido de suas mãos. Ofegou. Foi tão rápido e inesperado que nem conseguira processar o que tinha visto. O que era aquilo? Seus olhos diziam que era apenas uma sombra, mas sua mente sabia que essa sombra tinha que pertencer a alguém.

— Senti sua falta.

Virou-se abruptamente, mas nem conseguira encontrar o dono da voz. Algo quente e áspero segurou seu pulso e ela foi empurrada, batendo o rosto em uma das estantes. Logo seu outro pulso foi preso. Resmungou, sentindo a pele dali sendo arranhada com o movimento brusco.

— Desculpe pelos modos. Mas não posso subestimar justamente você.

Alguém agarrou seu braço e a puxou para o fundo da livraria. Pensou em chutar para todas as direções, mas sentia que a pessoa que a segurava poderia muito bem ter o dobro de seu tamanho. Então foi jogada sobre uma cadeira e notou seus pulsos sendo amarrados a ela.

Quando as luzes se acenderam Joan já sabia quem iria encontrar. Piscou algumas vezes por causa do incomodo causado pelas luzes e em seguida forçou sua visão a focar o criador de seus problemas.

— Holloway.

Os cabelos já haviam mudado, agora estavam pretos como quando o conhecera, mas os olhos ainda estavam exatamente iguais: cínicos e inquietos. Ele sorriu maliciosamente ao ouvi-la.

— O que houve com a intimidade? Prefiro quando me chama de Hector. Fica tão lindo na sua voz.

— Você enlouqueceu — Joan acusou tentando sustentar um olhar sério.

A verdade é que estava apavorada. Era a primeira vez em muitos anos que o via e isso a afetava mais do que gostaria de admitir. Em algum momento amou Jimmy Lambert com todas as suas forças, mas de um namorado amável e imperfeito ele se tornara o ex-namorado perseguidor, e agora era nada menos do que o assassino a sangue-frio Hector Holloway.

Algo lhe dizia que precisaria de um psicólogo depois que tudo isso acabasse.

— Estranho — ele comentou fingindo um ar pensativo — Pensei que ficaria ao meu lado.

— E por que eu faria isso?

— Por causa do seu irmão.

O coração dela começou a bater mais forte. O que ele tinha feito?

— O que fez com meu irmão? — exigiu saber.

Holloway riu e se aproximou dela:

— Nada, mas seria interessante, não? Infelizmente ele não faz parte do meu jogo.

— Tudo não passa de um jogo pra você? — Joan perguntou irritada.

— Um jogo um pouco tedioso, eu devo dizer.

— O que eu estou fazendo aqui? O que quer de mim?

— Você faz parte do jogo — Holloway anunciou se aproximando de um dos homens que o cercava e pegando uma faca — Não me entenda mal Joan, eu amo você. Mas no momento eu tenho um desafio pessoal e ele é minha prioridade.

Ela sentiu a faca cortar sua pele superficialmente, mas a dor que veio em seguida foi muito maior do que o esperado.

— Não se preocupe querida, logo isso vai acabar.

Tentou se debater para fugir da dor cruciante, mas os homens a seguraram.

— Não se esqueça de olhar embaixo da cama sempre que acordar. Um monstro pode estar lá.

***

Nem precisou abrir os olhos, apenas inclinou seu corpo para o lado e vomitou tudo o que tinha no estômago. Não era muita coisa.

— Tudo bem, respire fundo.

Arregalou os olhos e no mesmo instante se ergueu assustada. Tinha mais alguém ali com ela. Arfou quando sentiu a pessoa segurar seus pulsos com força e se debateu, tentando se soltar.

— Watson! Calma! Fica calma! Sou eu! Sherlock Holmes!

Sherlock Holmes?

Finalmente os olhos dela se focaram no homem que a segurava e o encontrou. Seu melhor amigo.

— Sherlock! — exclamou jogando seus braços ao redor dele e o abraçando com força — Eu tive um sonho tão estranho.

Mas Sherlock não devolveu o abraço, permaneceu tenso e quieto. Joan se afastou sem entender e o fitou, logo percebendo que ainda estava tonta.

— Por que você bebeu? — ele questionou sério.

Joan franziu o cenho confusa, tanto com aquelas palavras quanto por sua visão turva.

— Do que está falando? Sabe que não bebo.

Involuntariamente uma risada rouca escapou de sua garganta, praticamente a contradizendo.

Sherlock bufou e agarrou pelos pulsos, forçando-a a fita-lo.

— Diga a verdade Watson! Depois que eu sai daqui, ontem a noite, você bebeu. Por que fez isso?

Ela arfou, sentindo uma dor intensa se espalhar pelo seu braço.

— Eu não bebi!

— Sério? As garrafas discordam de você — Sherlock acusou irritado.

Joan já ia perguntar do que ele estava falando quando algo atrás dele chamou sua atenção. Uma garrafa de whisky completamente vazia estava sobre a mesa. Olhou ao redor e arregalou os olhos ao notar outras inúmeras garrafas espalhadas pelo seu quarto e até sobre sua cama. Algumas pela metade, outras apenas derrubadas.

— O que você fez Watson? — ele insistiu a chacoalhando.

Os olhos desesperados dele a pegaram de surpresa, mas a dor foi maior. Exclamou assustada e tentou se afastar:

— Me solta!

Com os braços finalmente livres ela os analisou ainda sob o olhar preocupado de Sherlock. Ali estava, a prova de que não fora um sonho.

— Não foi um sonho... — sussurrou sem acreditar.

Seus braços estavam sujos de sangue seco e quase todo cortado, tão superficialmente que ainda podia sentir o incomodo da ardência se sobrepondo a dor. Ao redor de seus pulsos havia uma marca avermelhada, como se o local tivesse sido arranhado violentamente até a pele começar a sair, perto de seus cotovelos havia marcas roxas de dedos e por ali, em cada braço, havia um furo se sobressaindo que logo ela reconheceu como sendo de uma agulha, ou duas.

Imediatamente se lembrou do seu encontro com Holloway. Mas não compreendia: por que não se lembrava de tudo? Por que estava daquele jeito? O que ele tinha feito?

— O que aconteceu? — Sherlock questionou de olhos arregalados.

— Eu não...

Joan engoliu em seco. Como explicar que não fizera tudo aquilo consigo mesma? Como explicar que havia se encontrado com Holloway sozinha e sem avisá-lo antes?

De repente o cheiro a invadiu, uma mistura na verdade, mas que ela jamais esqueceria depois de tanto tempo sendo médica e parceira sóbria. Olhou ao redor freneticamente até encontrar um ponto incomum ao seu lado, em sua própria cama. Um ponto manchado de sangue. Não pensou duas vezes antes de afastar o cobertor.

Escutou Sherlock prender a respiração ao seu lado, mas ela estava assustada demais para lhe dar atenção. Bem ali, escondidas sobre o cobertor, havia uma enorme mancha de sangue ainda úmida e sobre ela duas seringas.

— Ai meu Deus...

Foi então que sua mente gritou em alerta. Sherlock estava no meio de um mar de horríveis tentações.

— Sai daqui! — gritou assustando-o.

O empurrou com toda força, mas parecia que ele nem sentia.

— O quê?

— Sai daqui agora!

Sherlock apenas levantou confuso com a súbita ação dela.

— Ficou surdo? Sai daqui Holmes! — voltou a gritar começando a ficar irritada com a falta de ação dele.

Ela tentou empurrá-lo, mas nem toda sua força estava sendo suficiente. Seu mundo começou a girar.

— Você não está bem — concluiu Sherlock ao segurá-la para que não caísse.

— Não importa! Sai!

— O que está acontecendo aqui? — Gregson perguntou passando pela porta como um furacão.

Joan aproveitou para se soltar de Sherlock e se apoiar na parede.

— Tire Sherlock daqui! Rápido!

Sem hesitar o Capitão agarrou Sherlock e o arrastou para fora do quarto sob protestos do mesmo.

— Joan!

Assim que a porta se fechou ela desabou no chão, sem forças. Respirou fundo até sentir seu coração e sua respiração se regularem.

— Droga...

Certo. Holloway era um problema, agora tinha certeza. Passou de um ex-namorado assassino esquecido para um louco que se jogara no meio do seu caminho. Praticamente em cima dela. E doeu. Doeu acordar e ver os olhos assustados de Sherlock. Doeu tentar lembrar do que acontecera e não conseguir. Doeu deixar Sherlock no meio daquela bagunça.

Olhou em volta cansada. Tinha plena certeza de que não havia tomado uma gota sequer de nenhuma daquelas garrafas e muito menos injetado algo em si. Heroína. Jamais faria isso consigo mesma, não faria isso com ele. Então por que? Por que Holloway havia criado aquela cena? Qual era o objetivo de tudo aquilo?

Talvez ele queira que Sherlock volte aos vícios...

Ainda sim não fazia sentido.

Claro que não! É um jogo!

Sim. Era um jogo. Um daqueles estranhos e complexos que só Sherlock conseguia compreender. Só que era a vez dela. Joan tinha que compreender cada passo e palavra de Holloway. Sua vida estava em jogo, assim como a sanidade de Sherlock.

E só ela podia mexer na sanidade de Holmes.

Suspirou e se levantou com dificuldade. Tudo ainda girava ao seu redor, mas encontrou um foco e se concentrou nele. Tentando manter o equilíbrio começou a pegar todas as garrafas e a juntá-las sobre a cama, daria fim a todas elas. Encontrou as seringas e imediatamente fitou seu braço.

Não, tem que ter outra explicação.

— Como você está?

Virou-se e encontrou o Capitão Gregson parado perto da porta, fitando-a com visível preocupação.

Riu seu humor.

— Acabei de sair do hospital e agora olhe para mim. O quanto isso parece ruim?

— Parece muito ruim — ele respondeu se aproximando — E você está muito pálida. Precisa de um médico.

— Preciso de férias — Joan respondeu jogando as seringas no meio das garrafas.

— Pode tê-las se quiser.

— Não acho que seja o sensato a fazer agora.

Respirou fundo e a abraçou a si mesma para escapar do frio.

— Podemos fazer um exame para ver se injetaram algo em você — Gregson sugeriu cautelosamente.

Ela percebeu o cuidado dele com as palavras. Sabia que ela não seria capaz de tal ato, mas tudo estava confuso demais para ser ignorado.

Isso é sensato — concordou fitando o vazio.

— Holmes quer ver você.

Joan olhou em volta. O cheiro do sangue com álcool ainda estavam ali, junto com a mancha de sangue enorme sobre a cama. Mas o que mais a preocupava era a essência da heroína que parecia estar impregnada em seu corpo.

— Vou tomar um banho e encontro com ele na sala, bem longe desse quarto.

— Ele quer agora. Está muito preocupado e... confuso.

Ela negou vigorosamente.

— Não, não posso vê-lo assim. Peça para esperar ou ir embora, a escolha é dele.

***

Passar pelo corredor foi muito fácil, tudo parecia se fechar ao seu redor, puxando seu ar e sua consciência. Mas apoiou-se na parede e seguiu em frente, cuidadosamente, lentamente. Sherlock andava de um lado para o outro em passos pesados em sua sala, murmurando palavras irritadas e inaudíveis.

— Não faça um buraco no meu piso, por favor.

Sherlock a fitou com olhos arregalados e em segundos a surpreendeu com um abraço apertado. Ela aproveitou para esconder o rosto sobre a curva do pescoço dele e inalou seu cheiro incomum e único

Agradecia todos os dias por não precisar mais ficar sendo inebriada por aquele aroma o dia todo e todos os dias. Com certeza não conseguiria ignorar um grama do que sentia depois daquele beijo se sentisse aquele cheiro e aquela presença marcante dele todos os dias.

— Hoje você vai voltar para o Sobrado comigo, nem que eu precise amarrar você pra isso.

Ela arregalou os olhos ao escutar aquilo.

Droga! Definitivamente estava a um passo do descontrole.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro...eu sou cega u.u*
Comentem e... uma recomendaçãozinha não faz mal né?



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