As Crônicas do Avatar escrita por Matthew Wise


Capítulo 1
Matsya, o Peixe.


Notas iniciais do capítulo

P.O.V.: Leonard Campbell



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/650846/chapter/1

Sabe aqueles sonhos que todo mundo tem onde caem, caem e caem novamente? Bem eu não tenho esse sonho, mas tenho um tão estranho quanto. Nele eu me transformo em um peixe, falo com um estranho pescador que vai pegar um de cada coisa do mundo e eu nado, continuo nadando e nado até encontrar um demônio matar ele e pegar quatro estranhas runas que vão salvar a humanidade. Normal não?

Bem, meu nome é Leonard Campbell Helsing, mas meus amigos me chamam de Leo Campbell... espera, que amigos? Até onde eu saiba, só tenho um e o nome dele é Antony Chevalier e ele é bem estranho mesmo, tipo, estranho ao ponto de ter memória fotográfica, ser viciado em livros e saber tudo (TUDO!) sobre mitologia.

E minha mãe é uma caçadora, não tipo as que pegam uma arma e pow! Matam um animal indefeso, mas tipo uma que pega uma estaca e mata um vampiro tipo a Katherine daquele seriado...

– Leonard Campbell Helsing – ela disse da cozinha, agora estávamos morando em Hong Kong e em alguns dias voaríamos para a França –, desça já daí e venha comer agora! Antony já está te esperando!

– Só um segundo mãe! – ele repetia aquilo todo. Santo. Dia! – E qual é meu nome novo?! – gritei somente para irritá-la, eu tinha apenas 14 anos e isso era o que eu fazia de melhor.

Ela deve ter revirado os olhos na cozinha, já que sempre me dizia para nunca revelar minha verdadeira identidade a ninguém. Nunca. Só revelei a Antony e quando o fiz nós tivemos de adotá-lo já que ele não tinha pai e muito mesmo mãe. Coloquei minha blusa branca de uniforme e um blazer por cima, como meu pai dizia: ‘Se podemos morrer a qualquer momento, por que não morrer com estilo?’ e isso sim era o meu mantra.
Olhei no espelho, olhos azuis, pele clara precisando de um bronzeado, cabelo ligeiramente bagunçado, calça jeans quase reluzindo de tão nova, ou seja, eu. A única coisa de diferente do Grandeel Harmony do Paquistão era o cabelo que agora estava bem mais escuro, e com bem mais escuro quero dizer quase vermelho de tão negro.

– Vamos logo senhor Albert Lang – disse Tony entrando e me entregando minha nova identidade. – E a partir de agora me chame de Raphael L’aveau – ele disse e deixou uma leve gargalhada transparecer, ele era o único que achava graça nesta coisa de ser caçado e sempre ter de mudar de identidade a cada vez que minha mãe ganhava um novo trabalho.

– Tudo bem senhor Lavuou – disse fazendo meu melhor sotaque de asiático –, hoje eu quero meu pastel de flango sem queso – disse e ele me olhou por cima dos óculos.

Então começamos a rir e fomos para a escola de carro com minha mãe que estava caçando uma Succubus, ela deveria amar seu emprego para mudar tanto.

A escola não passava de três prédios dispostos em um triângulo de 2 andares com 5 salas em cada andar, os alunos nos viam passar e olhavam estranhos pelo fato de ter um novato com nenhuma característica de ser asiático a não ser pelo fato de ser descendente de indianos por parte de mãe e um garoto negro de óculos com o Q.I maior do que qualquer um ali presente. Por dentro eu revirava os olhos e Tony fazia o comunal quando estava aflito, ele falava sobre a mitologia do lugar e naquele momento eu não estava nem um pouco interessado em saber sobre uma deusa que ficou em uma caverna e então veio um deus e assustou ela.

Suspirei e olhei para meu horário escrito em japonês e sorri para meus colegas de sala nipônicos que me olham com um misto de curiosidade e aversão. O professor entrou e cumprimentou a todos com uma estranha reverência e pôs-se a falar sobre mm, de onde vim e como eles deveriam me respeitar. Graças aos deuses eu sabia um pouco daquela língua e podia me virar muito bem na hora de me apresentar, mas resolvi inovar.

– Meu nome é Albert Lang, tenho 14 anos e 10 meses, minha profissão é ser bom no que faço e no sou muito bom em...

– Posso entrar professor? – disse uma voz me interrompendo e virei minha cabeça em 270º como à garotinha do exorcista.

Por falar em garotinha, mas que garotona! Ela tinha cabelos trançados, olhos amendoados que brilhavam em um vermelho estanho e um corpo bem avantajado para sua idade. E por mais estranho que pareça, ela não era japonesa.

– Senhorita Naj-ah pode entrar – o professor falou em inglês com sotaque que era o fato de sempre serem tão estereotipados em nossos filmes.

– Obrigado Senhor Fung – ela falou e foi se sentar no primeiro lugar da última fila e tive certeza de que ela havia me olhado antes do sinal tocar e eu ter de mudar para a sala de Química.

No recreio encontrei Antony ao lado de algumas garotas falando sobre um livro que havia lançado sobre mitologia nórdica, ele sempre fazia amizades rápido demais.

– Raphael, 俺はあなたに話します (Ore wa anata ni hanashimasu) – falei e ele se levantou e as meninas fizeram tchau e começaram a cochichar.

– O que foi? – ele falou meio sem jeito, ele parecia até estar gostando dali.

– Não sei de sabe, mas uma daquelas garotas pode até ser uma Succubus – respondi de modo calmo olhando no fundo dos olhos dele para saber quão sério eu falava.

– Porque acha isso?

– Será por que suas amizades quase sempre querem nos matar? – perguntei irônico e ele deixou um sorriso transparecer, aquilo era a maior verdade e ele não iria gostar se eu falasse sobre a Jenny ‘Anjo-Assasina’ Williams.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, ele com um sorriso cínico no rosto e eu com a expressão mais fechada que conseguia. Era como se estivéssemos travando uma batalha mental e eu nunca perdia naquele joguinho, pelo menos não para ele.

– Posso falar com você Albert? – disse Senhorita Naj-ah.

– Oi?! – falei sobressaltado e Antony riu baixinho e saiu para falar com suas amigas.

– Me ajuda! Tem uma barata no banheiro! – ela disse e saiu correndo.

Olhei para Antony e ele saiu correndo em minha direção, mas parou repentinamente e então voltou sua atenção para suas amigas ele havia entendido que Naj-ah estava no meu caminho. Então a segui correndo e entrei no banheiro feminino.

– Meu Deus do Céu! – disse e dei dois passos querendo sair daquele banheiro antes que alguém me visse e acabasse sendo expulso da escola.

– Na verdade é Shiva – uma voz sibilou acima de mim e percebi que uma estranha parede de vidro me impedia de sair do banheiro.

Corri para tentar pular a janela, porém assim que dei cinco passos bati contra outra parede e meu nariz começou a sangrar. Eu estava preso e meus sapatos molhados...
Sapatos molhados? Pensei e olhei para baixo com um estranho liquido azul subindo rapidamente e já chegando a altura de meu joelho.

– Naj-ah! – gritei batendo inutilmente contra a parede.

– Naj-ah não se encontra – disse a voz acima de mim e eu levei minha visão para cima. – Somente Tara está aqui! – disse a voz sibilante novamente e a água ficou na altura de meu pescoço.

Eu sabia que iria submergir em poucos segundos então fiz o que qualquer um faria, respirei fundo quando a água subiu e eu não tinha mais lugar algum para respirar e pensei:

‘Nessa hora que eu queria ser aquele peixe’ e minha visão ficou totalmente negra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam???
Comentem!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Crônicas do Avatar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.