“Sorria”

Assim você não vai precisar explicar toda essa dor...

***

Cabeça baixa,passos rápidos , um capuz preto escondia meu cabelo comprido e nada sutil. A bolsa que carregava no ombro esquerdo não ajudava nem um pouco.

Tão perto. –pensou.

-Ora só se não é a palmita. –Disse a ruiva me empurrando, fazendo-me me desequilibrar e cair no chão.

-Bate nela Karin. –Gritam em coro, formando um circulo ao meu redor.

-Me deixe em paz Karin. –Disse baixo, me levantando do chão e tentando chegar a saída, passando entre o meio de pessoas que fechavam a passagem.

-Ai tabua eu tenho pena de você, haha. –Ela gargalhou, segurando por trás o meu casaco com uma de suas mãos e me acertando um tapa na cara.

-Ah... –Gemi de dor. Coloquei uma de minhas mãos no local onde ardia, olhava ao redor ninguém movia um músculo para me ajudar ou dizer nada. Apenas para aquela vadia continuar a me espancar.

-É testuda, todo mundo te odeia! Ninguém vai te ajudar. –Ela tinha ração, naquele momento eu estava sozinha como todos os dias da minha vida, sozinha.

-Vocês estão se divertindo juntos, pelo visto aquela palestra de união que Iruka deu serviu-lhe de algo. –Disse o professor Asuma de forma animada olhando a multidão em um circulo, como se isso para ele não passasse de uma brincadeira. –O que estão fazendo? –Ele nos avistou. –karin e Sakura. –Pelo visto vocês se acertaram. –Ele sorriu amarelo. –É muito bonito da sua parte Karin se enturmar com a nossa Rosinha.

Ele brincou com o tom do meu cabelo, costumavam ser castanhos. Mais eu fiz uma experiência com a minha própria cabeça e deu essa merda chamativa e vergonhosa. Uma franja compre a minha testa enorme e é o que faz deles me chamarem de cão pastor. Como ele pode achar isso normal? Queria que ele sentisse o que eu sinto, pois acredito que só nos tornamos mais gentis quando compreendemos na própria pele essa dor emocional.

-Vem vamos tirar uma foto! –Ele pegou a câmera pressa em seu pescoço segurou-me pousando seu braço em meu ombro, prendendo-me para não fugir. –Sorriam! –Virei meu rosto para o lado, assim não notariam a marca vermelha do tapa de Karin.

Assim que terminou de bater a foto algumas pessoas pediram para ver como se saíram no quadriculado que apareceria no anuário no final do ano letivo, que patético. Volto a andar em passos largos até a saída, sim...o inferno acabou por hoje, mas amanhã ter que ver a cara azeda e fresca dessas pessoas já me faz ficar enjoada e para baixo. Como alguém pode viver assim? A tropeços e sem ninguém para levantar-lhes. Porque tanta dor para uma pessoa só?

Avisto de longe a minha ‘casa’. Que o segundo Round comece.

***

-Hum...você chegou. –A minha adorável mãe é sempre muito receptiva.

-Era melhor eu ter batido a cabeça e esquecer o caminho de casa não é mãe? –Ralhei entre os dentes.

-Olha como fala comigo garota ou eu viro a sua cara. –Ele empunhou a mão para mim, como se a esquentasse para atingir um tapa em meu rosto.

-Tanto faz só não enche. –Virei a direção dos meus pés para a escadaria.

-Sakura! Dessa aqui e coma algo ou você quer desaparecer igual a como desapareceu para mim. –Ela gritou no primeiro andar na casa.

-Não estou com fome! –Devolvi no mesmo tom.

-Que morra de fome, pelo menos eu economizo comida com você. –Só ouvi suas ultimas palavras antes do som ecoar sobre a porta do meu quarto chocar , fechando-se bruscamente.

Me joguei na cama apertei o travesseiro e chorei...Chorar...para algumas pessoas esse é o sinal de ser fraco e tolo, mas desde o nascimento chorar é um sinal de que estas vivo. O futuro me deprime,sabe o por quê? Porque não consigo ver as coisas melhorando.

E então eu choro às vezes, quando estou deitada na cama. Só para me livrar disso tudo que esta na minha cabeça e estou me sentindo um pouco esquisita.

Ah qual é, É tão normal...

Não ter amigos;

falar mais com a própria mente do que com a sociedade de merda;

sorrir para substituir as lagrimas que parecem na ponta de um precipício e o desfiladeiro fosse o meu rosto pálido de fantasma.

Porque parece que nunca vai dar jeito? Parece que a cada dia as coisas pioram. Os meus dias são escuros, só consigo ver nada mais e nada menos que a escuridão...dias em cinza.

Retiro meu casaco sem desdém, aos poucos as cicatrizes profundas ficavam visíveis ao meus olhos e a magreza de ver os ossos que não era evidente a mim, no espelho eu só podia avistar uma coisa...uma coisa horrorosa e feia transmitida nele. Uma vadia fraca e gorda.

-Como será que é ser bonita? –Disse entre soluços. -Sem ter ninguém para mostrar o que tem de pior e se sentir bem consigo mesma... Não seja tola testuda, esse mundo só existe nos seus sonhos... –Balancei a cabeça excluindo esses pensamentos estupidos.

-Você NUNCA será bonita. –Afirmei com uma voz triste

-Ninguém NUNCA vai te dizer que te ama, afinal todos não te odeiam?

-Essa é a sua vida e ela NUNCA vai mudar. –Completei.

Por que continuar? Eu sei que essa vidinha de merda jamais ira mudar...eu me vejo sem saída. –Estico meu braço até o criado mudo onde a minha melhor amiga se encontrava. –Esse é fim, chega de sofrer...chega de chorar...chega de sentir esse vazio, acabou...

Posicionei a lamina para a veia fatal que me levaria ao necrotério em poucos segundos essa dor passaria, meus olhos pesam...minha visão fica embaçada e eu só vejo escuridão...será que estou morta ?

Eu quero a minha vida...do jeito que penso antes de dormir...

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