Assim que chegaram foram direto para seus quartos se arrumarem para o jantar.

A cidade era pequena e todos se conheciam. Na verdade a cidade era em sua maioria de famílias bruxas, os poucos que não eram sabiam sobre magia e conviviam em harmonia com os outros. As famílias bruxas tinham um pacto de proteção com a cidade.

E nessa noite o jantar era na casa de uma família que a muito tempo tinha amizade com a família Arnecker: família Steiner, em sua maioria eram northmani, porém era ao mesmo tempo inusitada, pois a matriarca da família Megara tinha si casado com um bruxo, tinham tido seis filhos, três herdaram magia, assim como os netos. Algumas famílias bruxas mais tradicionais viam com mais olhos essa mistura, porém para família como a de Astra, era o melhor exemplo de que as duas partes podiam conviver bem e paz.

E era justamente sobre isso que Astra estava falando ao loiro no caminho a casa dos Steiner.

— Fico feliz em ver pessoalmente uma mistura de bruxos e northmani - falava o loiro.

— Pelo visto mea neptis, está te ensinando latim - falava a vó.

— Algumas coisas eu entendo, outras eu ainda demoro para aprender. Tenho que me acostumar de um jeito ou de outro, afinal minha linda ruivinha fala latim toda hora - falava o loiro.

Os três estavam no carro, no banco de trás, enquanto o motorista dirigia pela estrada de terra.

— E você não reclama quando eu te ensino latim - falava a ruiva bem humorada.

— Você precisa vê-la falar em alemão ou irlandês! Minha neta sabe muitas línguas! - falava a vó orgulhosa.

— Eu sei porque a senhora me ensinou a maioria delas - fala Astra vermelha.

— Qualquer dia você me ensina essas línguas - falou o loiro sugestivamente.

— Claro, mas estou te avisando que eu sou rigorosa - alertou a ruiva sorrindo de canto.

— Pode vir ruiva, que de línguas eu manjo!

— Chris! Santo Deus! - falou ruiva percebendo o duplo sentido.

Esther apenas ria da pequena discussão do casal. Eles a faziam se lembrar dela e de seu marido, ele sempre foi mais extrovertido e ela sempre a mais séria, sempre tinham tido essas pequenas discussões, e no final delas acabavam aos beijos. Foram bons tempos, que lhe traziam felizes lembranças.

Chegaram a casa dos Steiner, era do mesmo estilo da casa de Esther. Os Steiner eram grandes produtores de café e exportavam para o mundo todo. Eram grandes dentre os produtores cafeeiros.

— Esther como é bom revê-la! - falou Megara assim que viu sua amiga de longa data.

As duas se abraçaram. Além de amigas eram madrinhas uma da outra de casamento e dos primeiros filhos de cada uma.

— Astra como está crescida! E tão bonita, me lembra sua vó quando era mais nova - falou a senhora gentil e em seguida se dirigindo ao namorado da ruiva - e você deve ser o conquistador da nossa ruiva! Meus parabéns! Ela é uma menina que vale ouro!

— O prazer é todo meu em conhece-la. E não posso deixar em concordar com a senhora.

— Obrigada tia Meg, estava com saudades da senhora - Astra falou abraçando a senhora.

Megara era a única filha de seu pai. Sua mãe tinha morrido quando dera luz a ela. Seu pai nunca conseguiu se relacionar com outra mulher, pelo menos não seriamente. Passou a vida se dedicando a sua filha e no trabalho.

Megara estava na cidade, tinha cerca de 20 anos da época, quando conheceu seu futuro marido: Bruce. Ambos estavam no pequeno mercado, ela estava terminando de colocar algumas frutas e verduras em sua cesta, estava distraída e não percebeu quando esbarrou em alguém, o que resultou que algumas coisas de sua cesta caírem no chão, ela se abaixou para pega-las, e percebeu que o homem em quem tinha esbarrado estava a ajudando a pegar suas coisas, pedia mil desculpas, quando subiu seu olhar e se perdeu naquela imensidão negra. Os olhos dele eram negros como breu, mas lindos, os cabelos cor de mel, e o sorriso gentil. Ela pediu mil desculpas, ele nem se importou, e logo a chamou para um chá. Começaram a conversar e logo a namorar, o pai aceitou de imediato o namoro dos dois, demorou um pouco para ele contar que era um bruxo, mas como ela já vivia e tinha amigos bruxos, não se importou nem um pouco. E estão juntos desde então.

Tão logo as duas amigas de longa data e o casal entraram na sala de jantar foram recepcionados pelo resto da família.

Foram até que a mesa muito bem organizada, se sentaram e começaram a conversar. Os diálogos eram leves, e todos parabenizaram o mais novo casal. A ruiva apenas assentia timidamente. E quando ao loiro, este ficou encantado como as duas famílias, se davam bem. E se pegou imaginando se algum dia poderia contar a sua família sobre Astra e seus dons. Mas de qualquer forma isso ficaria bem mais para frente.

— Astra porque não leva seu namorado até a lagoa. As fadinhas estão cantando hoje - falou Megara, quando estavam terminando de comer a sobremesa.

— Ótima ideia. A noite está bonita, e as fadinhas felizes pela festa que logo vai começar - falou Bruce.

— Vá Astra. Mais tarde eu os busco. Hoje, a noite é segura - falou Esther, que sabia que sua neta já iria pedir permissão.

Astra concordou e puxou seu curioso namorado para fora da cada dos Steiner.

Atrás da casa, tinha uma trilha que levava até uma floresta. A caminhada era tranquila e iluminada pelas luzes dos vagalumes e das fadinhas que entoavam o seu quanto. A noite estava linda, com as estrelas mostrando o seu lindo brilho, e a Lua quase cheia.

Um pouco mais a frente tinha um lago cristalino, que ficava em uma clareira. Andaram até que a ponte de madeira, que levava até quase ao meio do lago.

— Isso é realmente lindo. Estou adorando esse negócio de magia - falou o loiro se sentando ao lado de Astra, tinham tirado os sapatos e colocado os pés da água que estava fresca, estavam sentados no final da ponte.

— Estou percebendo. Em magia você precisa ter os olhos abertos para tudo - falou a ruiva, comtemplando o reflexo lunar na água.

— Astra eu fiquei realmente impressionado com a facilidade da conversa de vocês lá na mesa. Nunca imaginei que bruxos e não bruxos pudessem conviver em paz daquele jeito. Fico me peruntando se... algum dia nós poderemos contar a minha famíli sobre sua magia.

— Bem... eu realmente não sei. Mas quem sabe no futuro? Eu realmente gostaria se contar tudo aos seus pais. Mas acho que ainda não e o momento - falou Astra.

— Concordo. Só espero que não tenhamos que esperar muito para contar. Acho errado escondermos isso dos meus pais - fala o loiro um pouco cabisbaixo.

— Não se preocupe com isso. O momento certo vai chegar - ela falou entrelaçando a mão na dele.

Ele sorriu, foi quando ouviram um canto gentil e pequenos brilhos, das mais variadas cores.

— São as fadinhas da noite. Elas são fadas e ajudam as pessoas que vagueiam a noite, a não se perderem. Os northmani as confundem com vagalumes. Mas quando elas se aproximam, dá pra ver que fadinhas - explicou a ruiva, quando um pequeno brilho cor de rosa pousou em sua mão.

— Elas são bonitinhas, então essas fadinhas vivem em florestas?

— Em sua maioria sim. Existem até relatos de pessoas que se perderam na floresta e que foram ajudados por essas fadinhas. Elas usam sua magia, para que as pessoas não tenham certeza do que viram. Só se forem bruxos ou outros seres sobrenaturais – ela explicou enquanto a fadinha cor de rosa voava ao seu redor, fazendo com que suas colegas fizessem o mesmo.

— Elas parecem felizes em te ver – ele comentou.

— Eu sempre vinha aqui quando criança, seja com os meus pais, ou minha vó. Eu brincava com os netos da tia Meg. Essas fadinhas são acostumadas comigo.

Então sentiram cócegas em seus pés, e viram brilhos menores que as fadinhas no mesmo, o loiro olhou aquilo confuso.

— Relaxa isso é pó de fada – ela falou ficando em pé sem tocar no chão.

— Ei... ruiva, não tem perigo da gente cair? – perguntou assustado.

— Claro que não. Meus primos, eu os netos da tia Meg, brincávamos no ar, e ninguém nunca se machucou. Agora levanta daí, você não queria saber sobre magia, pois então vai conhecer – ela falou estendendo a mão a ele, e vendo a hesitação nos olhos verdes, falou – vamos seu cagão!

O loiro com tal xingamento, se levantou num movimento só. E se sentiu estranho em estar de pé em pleno ar, tanto que abraçou forte sua ruiva.

— Relaxa Chris. Dê um impulso e aproveita – falou a ruiva, flexionando os joelhos e impulsionando-as para cima em seguida.

O loiro seguiu o exemplo dela, e foi atrás da ruiva, e se sentiu uma liberdade jamais vista. Quando criança sempre quisera voar como os pássaros e agora graças a ruivinha pode realizar esse sonho.

O casal brincava no céu sob os olhares risonhos das fadinhas.

Após alguns minutos as fadinhas começaram a cantar uma música mais lenta. O casal estava bem próximo, e incentivamos pela música, ficaram em posição de valsa, porém mais lenta.

Dançaram banhados pela luz do luar, e o canto angelical das fadinhas. As mesmas voavam ao redor do casal, jogando seu pó magico, como se os abençoassem. Eles se aproximaram, os olhos brilhavam, os mais puros sentimentos refletidos, e como num sonho de princesa, se beijaram apaixonadamente.

Eram cerca de nove e meia quando o casal estava saindo da floresta e já eram aguardados pela vó Esther e tia Meg.

— Espero que tenham aproveita bem o canto das fadinhas – falou Esther.

— Aproveitamos sim vó. O crianção aqui realizou seu sonho de voar – falou a ruiva bem humorada.

O loiro ficou enrubescido com tal comentário, e as três mulheres apenas riram, e entraram em casa, pois Esther já iria para casa. Se despediram e foram para o carro, já eram aguardados pelo motorista, este que era emprego de Esther de longa data.

O caminho foi tranquilo, as conversas eram leves.

— Ruivinha não se esqueça da nossa aposta – falou o loiro quando entraram em casa.

— Que aposta? – perguntou Esther curiosa.

— Apostamos corrida, se eu perdesse eu iria dormir com ele, se ele perdesse ele iria no festival vestido de fada – explicou a ruiva – e nós empatamos, então nós dois pagaremos a prenda.

— Hmm, ainda bem que você me avisou, mandarei uma mensagem as fadas, pra elas fazerem a roupa do Chris – falou Esther rindo, imaginando a cena.

— Tô vendo, que tô fudido – falou o loiro, temendo o que raios viria.

— Agora que apostou, tem que cumprir, agora aguenta playboy. Pedirei as fadas para fazerem um vestido bem bonito pra você, e eu quero foto depois Astra – falou Esther risonha, indo para o escritório, escrever a mensagem – boa noite a vocês, e aproveita bem o seu loiro, e alias deixei umas camisinhas no criado mudo dos dois quartos, não esqueçam de usa-las crianças! – falou a senhora fechando a porta do escritório, deixando sua neta vermelha feita uma pimenta.

 - Sua família é louca, isso é fato – falou o loiro subindo as escadas ao lado da ruiva.

— Nem precisa me dizer.

— Ruiva te espero no meu quarto – falou o loiro deixando a ruiva em frente ao quarto dela.

Astra assentiu, e entrou em seu quarto, indo para o banheiro, retirando sua maquiagem. Foi até o guarda roupa, e procurou um pijama mais neutro. Encontrou o que queria, e se vestiu.

Saiu do quarto. Estava nervosa, pois nunca tinha dormido com um homem, em nenhum dos sentidos.

Bateu levemente na porta do quarto do loiro, e a encontrou aberta.

Encontrou o loiro já deitado de barriga para cima, podendo seu abdômen pela primeira vez.

— Relaxa ruivinha, estou usando calças e não vou te morder... quer dizer... a menos que você queira – falou ele com seu costumeiro tom sedutor.

 - Chris!

— Vem aqui ruivinha – falou o loiro puxando sua ruiva, fazendo-a cair ao seu lado.

Astra ficou atônita. O loiro rapidamente a ajeitou ao seu lado, e a abraçou.

— Relaxa ruivinha. Pode dormir tranquila – falou o loiro se aconchegando com o nariz sentindo os cabelos se sua ruiva – e sonhe comigo.

O loiro rapidamente dormiu, Astra abraçou seu loiro, e poucos minutos depois dormiu, sonhando com seu playboy loiro.