O jantar na casa dos Arnecker corria tranquilamente, falavam animadamente frivolidades, os tios da menina ainda não tinham tocado no assunto da magia, não sabiam de tudo o que tinha acontecido, queriam saber até que ponto as coisas tinham ido. Mas isso não diminuía a felicidade que sentiam ao ver a filha tão feliz, pois era assim que eles a viam: como filha.

O loiro se foi por volta de nove e meia da noite, não sem antes avisar a família da namorada que iria marcar um jantar na mansão dele para oficializarem o namoro, o que causou um certo rebuliço com os tios dela que praticamente pularam de alegria.

— Claro que iremos! Quero conhecer os pais do namorado da minha menina! – falava Eliza apertando as mãos do loiro.

— Fico feliz que estejam animados, vou conversar com meus pais, e assim que marcarmos eu aviso vocês – falou o loiro cordialmente.

— E outra coisa... a partir de agora pode nos chamar de tios, já faz parte da família – falou Joseph, apertando as mãos do mais novo sobrinho. 

   O loiro sorriu, estava feliz com a fácil aceitação da família da ruiva. Não tinha noção que a família dela ficaria tão feliz, em vê-la começar a namorar.

Por fim o loiro se despediu do casal, e da namorada, dando um selinho mais demorado, pois sabia que a ruiva ficaria morrendo de vergonha se fizesse algo a mais, e além do que tinha que respeitar os tios da mesma.

Quando ele finalmente se foi Eliza chamou a ruiva para conversarem a sós, queria esclarecer algumas coisas.

— Bem Astra em primeiro lugar quero dizer que estou mega feliz em vê-la toda contente - começou ela, quando entraram no quarto, fecharam a porta, e se sentaram na cama – mas... eu preciso saber se ele sabe sobre nosso segredo.

— Sabe sim. Ele me viu curando um passarinho... eu fui muito descuidada, me desculpa – falou a ruiva, um tanto receosa.

— Astra não precisa ficar assim, esse tipo de coisa acontece, e se ele viu tudo e ainda sim, não ficou com medo então isso mostra que ele gosta realmente de você – falou a tia acariciando as bochechas da jovem.

— Eu sei, só estou um pouco assustada com tudo isso, nunca imaginei que seria essa avalanche de sentimentos, jamais imaginei que chegaria a gostar tanto assim de alguém, sinto que qualquer certeza que eu tinha foi por água a baixo – falava a ruiva.

— O amor é assim mesmo, te faz enxergar o mundo de uma maneira totalmente diferente – falou Eliza.

— Tia, eu disse ao Christopher que vocês não tinham problemas em aceitar nosso relacionamento, mas eu queria saber se ...

— Astra! Pode parar mocinha! Joseph e eu somos liberais em várias coisas, inclusive nisso, jamais iriamos proibi-la de se relacionar com alguém só por ser um northmanni¹, tudo o que sempre quisemos foi vê-la feliz – falou Eliza abraçando a filha – apesar de não ser minha filha de sangue, eu a crio como minha. Sabe Astra, quando eu descobri que nem eu e nem Joseph poderíamos ter filhos nosso mundo ficou sombrio, nós desejávamos e muito sermos pais, demorou muito tempo até que nós nos conformássemos, então quando você nasceu... foi como se nosso mundo tivesse sido iluminado, inclusive fui eu que escolheu o seu nome, e a sua mãe concordou com a ideia, e eu fiquei mais feliz ainda quando minha irmã e meu cunhado convidaram Joseph e eu para serem seus padrinhos, ficamos muito feliz, acho até que te mimávamos mais que seus pais! E então quando tudo aquilo aconteceu... e nós ficamos com sua guarda, prometemos no dia em que os enterramos, que cuidaríamos de você e a amaríamos passasse o que passasse, portanto... não precisa se preocupar com nada, nós dois te apoiamos e confiamos no seu julgamento, só queremos que seja feliz – finalizou emocionada.

— Muito obrigada... não sabe como isso é importante pra mim – falou a ruiva apertando a tia no abraço.

— Espero que qualquer dúvida tenha sido sanada, agora... preciso comunicar a família inteira sobre o seu namoro!!! Sua vó vai ficar tão feliz!!! – falou Eliza, querendo dar pulinhos de alegria.

— Por favor vai com calma, sabe como eles nossa família é, vai me encher de perguntar, principalmente minhas primas – pediu a ruiva.

— Suas primas vão é ficar com inveja de você, por ter arrumado um namorado tão gato! – falou Eliza, deixando a ruiva corada – E quanto a sua vó ela vai ficar feliz assim Joseph e eu estamos!

— Falavam de mim? – falou o Joseph entrando no quarto.

— Estava apenas dizendo pra ela, que nós estamos felizes em vê-la namorando.

— Isso nem precisava falar! Arrumou um bom rapaz! Só espero que não demorem muito para se casarem! Quero ter netos logo! – falava o homem animado.

— Pensou que lindos os filhos deles! Serão as crianças mais lindas já nascidas! – fantasiava Eliza.

— Santo Deus!!! Calma vocês dois! Está tudo muito precoce! – a ruiva tentou argumentar.

— Astra se esqueceu? “Ut magus caritas semel tantum in vita sua²”, por isso sabemos vocês ficaram juntos no final – recitou Eliza, e a ruiva apenas assentiu, mantendo um sorriso singelo.

— Astra por que não o seu namorado na casa de sua vó Esther? Sabe que nessa época do ano tem o “Nympharum Festum³” – sugeriu ele.

— É verdade! É um bom meio dele se acostumar com o nosso mundo! – falou Eliza.

A ruiva pensou um pouco, a ideia não era má, e fazia algum tempo que não via sua vó, então decidiu seguir a sugestão deles, queria ver como o loiro iria se sair vendo um pouco do seu mundo, e além do mais podia mostrar um outro lado dela.

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Já na casa dos Carter...

Luna não parava de falar de como ela tinha razão, e que o plano dela tinha dado certo, e já fazia planos para o jantar e falava que queria convidar a família toda para conhecerem a mais nova Carter.

— Ei Luna vai com calma, quer assustar a ruiva? – falou Chris.

— Não precisa se preocupar! Astra vai se sair divinamente bem! – falou a morena.

Estavam no quarto do loiro, e desde que ele chegou sua irmã queria saber detalhes. Ela tinha ficado muito puta quando seu irmão contou o que o amigo da ruiva tinha dito. Conversavam tranquilamente até que o pai deles apareceu na porta querendo falar com o loiro a sós, a morena assentiu e saiu sorrindo, dando um beijo de boa noite no pai.

— Chris, em primeiro lugar queria parabeniza-lo, não conheço a Astra, mas eu sei que pra você ter pedido ela em namoro, é porque é uma garota excepcional – ele começou.

— O senhor nem faz ideia – concordou o loiro – é sempre assim? Quando amamos alguém vemos o mundo diferente, como se tivesse ficado mais bonito.

— É exatamente desse jeito, sabe filho, o amor é a maior das dádivas que recebemos, independentemente se for entre casais, pai e filho, irmãos, ou o que for, esse sentimento faz com que façamos coisas inimagináveis pelo outro, e eu fico orgulhoso de você ter encontrado a pessoa que te fez transbordar, da pra ver isso só de olha-lo, seus olhos estão brilhando de um jeito intenso – falava Joe – e por isso, eu só tenho a agradecer Astra, por estar fazendo meu filho feliz, e vai ser com muito prazer que a receberei de braços abertos como mais uma filha.

Chris abraçou o pai, tudo o que ele tinha falado, foi muito importante para o loiro, e tinha concordar com ele, estava se sentindo mais vivo.

Pai e filho se soltaram, quando Ravenna entrou no quarto, com o semblante sério, e o loiro foi logo tentar acalmar os ânimos.

— Mamãe já deve estar sabendo de tudo, e eu gostaria de sua benção, sei que vai gostar da minha ruiva – falou o loiro rapidamente, um tanto desesperado.

— Bem nada do que eu diga vai te fazer mudar de ideia, então o que resta fazer é aceitar esse namoro e conhecer essa garota – falou Ravenna séria.

Chris abraçou a mãe, querendo por tudo que fosse mais sagrado que as coisas dessem certo. Já Ravenna... retribuiu o gesto, mas em sua mente já arquitetava alguma coisa, para que seus planos não fossem por água abaixo.