Os olhos de Landon demonstraram surpresa, o que foi facilmente captado pelo olhar atento de Catelyn, que não soltara as mãos de seu noivo. Disse:

— Eu também venho estudando a sua linhagem, porque também farei parte dela assim que nos casarmos. Seu sonho é tido como impossível, mas assim como você, também tenho fé. Eu acredito que conseguiremos realizar isso juntos e nunca deixarei de acreditar... Mesmo que você deixe de acreditar algum dia, eu acreditarei por você.

O príncipe zardreniano ficou sem palavras, mas sorriu. Ali estava mais um motivo para amar aquela garota ainda mais! Agradecia a todos os deuses de Emperius por terem dado a ele uma noiva como aquela.

Sentia suas mãos cada vez mais aquecidas por aquelas mãos carinhosas e delicadas de Catelyn, e isso fazia com que ele sentisse seu coração igualmente aquecido. Nisso, os papéis se inverteram e agora ele é quem segurava as mãos dela para aquecê-las, como um pequeno gesto de retribuição. Ao fazer isso, fez suas mãos se iluminarem levemente, dando à jovem Lady uma sensação de calidez que nunca tivera antes.

— Landon, o que você...? – ela estava surpresa.

— Estou retribuindo. – ele sorriu gentilmente.

— É aquele seu poder da luz?

— É, sim. Se estiver queimando, é só me falar que eu paro!

— Não... Não precisa parar, porque está muito agradável.

— Tem certeza?

— Absoluta. – ela deu um sorriso doce.

Os olhares de ambos se encontraram mais uma vez, mostrando uma sintonia cada vez maior entre eles. Cada momento em que ficavam juntos era único e Landon e Catelyn procuravam desfrutar o máximo possível de cada um desses momentos. Pelos olhares, ambos demonstravam o afeto que sentiam um pelo outro.

O jovem casal passou a contemplar os flocos de neve que caíam de mansinho, juntando-se aos demais que já estavam acumulados no chão. Era como se vissem os fragmentos delicados dos sonhos que tinham se juntando e se tornando um só.

O sonho de um agora passava também a ser do outro. A partir de agora, os dois queriam se esforçar para realizarem tudo juntos... Principalmente a partir do momento em que se unissem pelos laços do matrimônio.

*

Em Alkavampir, Jeyne, ainda meio contrariada, havia começado a cuidar dos preparativos para o baile. Para isso, chamou algumas criadas para acertar alguns detalhes da decoração, bem como outras coisas no que se referia ao evento.

Se não fosse pelo frio, ficaria bem mais à vontade com um daqueles belíssimos vestidos decotados de forma sensual, que faziam com que a sua beleza exuberante ficasse mais valorizada. Mesmo assim, com um vestido de gola alta e mais grosso, conseguia mostrar as suas curvas. Tinha orgulho de cada uma delas, pois tinha a total certeza de que nenhuma mulher em Alkavampir era tão linda quanto ela.

O fato de poder ostentar isso no tal baile e matar qualquer Lady bem-nascida de inveja era a motivação que precisava para sair de sua cama e de suas cobertas quentinhas para exercer seus deveres de rainha... Os quais ela pensava que se resumiam apenas em satisfazer o seu marido e dar a ele um herdeiro.

Falando em herdeiro... Ele já exigia dela que lhe fosse dado esse herdeiro. Porém, até agora esse herdeiro não fora colocado em seu ventre. Não que ela quisesse de fato fazer isso. Queria apenas agradar Daithi e se livrar disso de uma vez por todas e assim continuar apenas na função de satisfazê-lo sempre que ele quisesse.

Bem... Paciência. O jeito era ir tentando até conseguir. Enquanto isso, era hora de parar de pensar a respeito e prosseguir com os preparativos para o grande baile, que deveria ser realmente grandioso como o senhor seu marido queria...

... E no qual ela mataria as outras mulheres de inveja com sua beleza estonteante. Iria aquecer as coisas ali, causando o maior furor com a sua generosa formosura!

*

Lorde Christian desceu de seu grifo e prestou uma rápida reverência a Landon e Cassius, que já o aguardavam para entregar-lhe a filha. A neve ainda caía bem devagar, mas as nuvens no céu anunciavam que em algumas horas aquilo poderia ter um pouco mais de intensidade. Por precaução, o encontro havia terminado um pouco mais cedo.

Landon queria que aquilo durasse um pouco mais, pois fora um dia extremamente prazeroso o que passara com Catelyn. Fora uma tranquilidade sem igual e ele se sentia cada vez mais feliz desde que conseguira se declarar à sua noiva. Sentia o seu coração cada vez mais aquecido quando estava junto com ela.

À medida que o tempo passava, ele ficava mais e mais ansioso para chegar o grande dia. Mas, enquanto isso não acontecia, desfrutava o máximo possível dos momentos em que estavam juntos.

Além disso, estava perto de mais um baile de inverno e já estava ansioso para mais uma vez conduzir sua noiva durante uma dança. Mal podia esperar esse dia chegar!

O jovem príncipe zardreniano pegou delicadamente a mão de sua noiva e a beijou com ternura, para se despedir dela, até o próximo encontro. Até lá, continuariam se comunicando por cartas cheias de declarações de amor de um para o outro.

Tão logo Christian e Catelyn saíram, Cassius e Landon viram que a comitiva que escoltava Astrid acabava de chegar. A rainha zardreniana saiu da liteira e foi até o marido, em quem deu um rápido beijo em seus lábios. Em seguida, abraçou o filho de forma maternal e beijou sua testa carinhosamente.

— Como foi a viagem, Astrid? – Cassius perguntou.

— Tudo correu muito bem, Cassius. Mas precisamos conversar a respeito dos órfãos desta guerra, nós vamos precisar aumentar as provisões dos orfanatos, porque os camponeses das fronteiras estão sendo vítimas das batalhas ali e as crianças sofrem.

— Vou dar um jeito de convocar uma reunião de emergência a respeito. E, bem, fico tranquilo ao saber que a viagem foi tranquila.

— Foi, sim. – ela sorriu. – E os Lordes Marden e Robert foram uma companhia bastante agradável.

Astrid olhou para Landon e perguntou:

— Landon, como foi o seu encontro com a Lady Catelyn?

— Foi ótimo, mãe. – o garoto respondeu. – Ainda mais quando não há ninguém para incomodar.

Nesse momento, Landon, com uma expressão bem travessa em seu rosto, olhou para Marden e Robert, que exibiam expressões de total frustração. Ao perceberem isso, os dois Lordes logo desconfiaram que o amigo havia aprontado de novo com eles.

— Landon... – Marden questionou. – A julgar pela sua cara, foi você quem deu a ideia de escoltarmos a sua mãe, não foi...?

— Preciso mesmo responder à sua pergunta? – o príncipe rebateu de forma irônica.

— Você está muito engraçadinho, Landon... – Robert resmungou aborrecido. – Muito engraçadinho mesmo...!