Imediatamente, o Conselheiro Gregory vai até Cassius, vendo que o corte no ombro é demasiado profundo. O sangue na mão do rei zardreniano não passa despercebido aos olhos do seu filho, e, o medo invadem os pequenos olhos castanhos de Landon.

— Papai, o que aconteceu com o senhor?

— Não se preocupe, filho. – responde Cassius, ignorando a dor – Isso não é nada.

— Conselheiro Gregory, vá cuidar dos ferimentos de Sua Graça. – fala Reid – Eu ficarei aqui cuidando do Príncipe Landon, se for do agrado de Sua Majestade.

— Eu agradeço por isso, Reid. – fala Cassius.

Rei e Conselheiro deixam os aposentos do príncipe e, a atenção de Reid se volta para o príncipe.

— Vai cuidar de mim? – questiona o garoto.

— Se for do agrado de Sua Alteza. – Reid responde de forma tranquila.

— Papai vai ficar bem?

— O Conselheiro Gregory irá cuidar de Sua Majestade, Sua Alteza não deve se preocupar com isso. Deve se preocupar em se cuidar e se recuperar.

— Me machucaram muito...

— Fiquei sabendo, Sua Alteza, e, se me permite dizer, li em um antigo livro na Cidadela que os homens mais fortes são forjados através da dor, que cada cicatriz é a prova da valentia e da coragem de um homem.

— Mais eu sou só um menino...

— Sua Alteza não é apenas um menino, Sua Alteza é o Príncipe Herdeiro Landon, futuro rei de Zardren, enfrentou um grande perigo e lutou com bravura para sobreviver, e isso é louvável. Te dará forças para querer se tornar mais forte, e não permitir que isso aconteça novamente.

— Suas palavras são confortantes. Senhor Reid, estou voltando a sentir dor, poderia fazer alguma coisa para melhorar?

— Certamente, Sua Alteza. Estou aqui para isso, durante os próximos dias, estarei a sua inteira disposição.

Reid começa a cuidar dos ferimentos do menino, trocando as ataduras e administrando poções para diminuir a dor de seu príncipe. Ao final do processo, percebe que Landon dormiu, e, não consegue deixar de sorrir.

*****

Em Alkavampir, Daithi ainda está frustrado por tudo o que houve e pela grande falha em um plano que tinha tudo para ser perfeito. O príncipe alkavampiano anda apressadamente até os aposentos de sua esposa, acordou frustrado e precisa descontar sua frustração em alguém.

Pouco lhe importa o fato de que a mulher está carregando o seu filho, ela irá descontar nela sua frustração, ver sangue fará com que se sinta melhor.

Sem perder tempo, adentra os aposentos de Esme e, encontra a esposa terminando de tomar o café da manhã. Ao vê-lo, Esme imediatamente dispensa a criada, se levanta e faz uma reverência a Daithi.

— Em que posso servi-lo, meu príncipe? – pergunta a princesa alkavampiana.

Daithi, com seu olhar frio como o gelo, observa a criada se retirar e, quando marido e mulher estão sozinhos no quarto, Daithi se aproxima de sua princesa e, com brutalidade, acerta nela uma forte bofetada, fazendo com que Esme caia sentada na cama.

A mulher leva a mão ao rosto, que ficou com uma marca vermelha devido à força do príncipe alkavampiano e apenas fica ali, parada e submissa, esperando pelo que está por vir.

Daithi se aproxima dela e, está pronto para espancá-la, quando sente uma forte mão segurando a sua. Olha para trás e vê a face de seu pai.

— O que pensa que está fazendo, Daithi? – a voz de Ramsay soa fria.

— Acaso é cego? – responde o príncipe alkavampiano – Eu preciso descontar a minha raiva em alguém!

— Só que este alguém espera um herdeiro alkavampiano e não irei permitir que você encoste um dedo nela, é uma ordem! Se quer bater em uma mulher, encontre uma criada, servirá do mesmo jeito!

— Não pode me impedir de ter o corpo de minha esposa da forma como eu bem entendo!

— Eu posso e vou, Daithi! Já disse eu vou repetir, enquanto Esme carregar um príncipe alkavampiano, ela é intocável! Espero ter sido suficientemente claro!

*****

Algumas horas depois, Cassius, com seu machucado devidamente tratado pelo Conselheiro Gregory, ajuda Astrid a caminhar até os aposentos de Landon. Desde que o filho acordara, Astrid não quer sair de perto dele, e, aceitou descansar com muito custo.

Adentram os aposentos do príncipe e, percebem que Landon acabou de comer e que Reid permanece sentado em uma poltrona ao lado da cama do menino. Ao ver os pais, Landon sorri e tenta se levantar para ir de encontro a eles, mas sente dor e não consegue.

Rei e rainha se sentam na cama do filho e Landon imediatamente abraça a mãe, que se ajeita para deitar ali com ele. O príncipe se aconchega nos braços da mãe e, só de sentir o calor do corpo de Astrid, já se sente um pouco melhor, como se a mãe fosse um remédio que complementasse os que ele vem recebendo. Nem o calor do corpo de seu pai é tão reconfortante quanto o de sua mãe.

— Como ele está, Reid? – pergunta o rei zardreniano, ainda preocupado com o estado do filho.

— O Príncipe Landon precisará de vários dias de repouso, Sua Graça. – responde Reid – Principalmente por conta das costelas fraturadas. Até que todas estejam consolidadas, Sua Alteza, o Príncipe Landon precisará de repouso total.

— E ele terá esse repouso, Reid. – Astrid sorri enquanto acaricia os cabelos do filho.

— Papai, o Conselheiro Gregory cuidou do seu machucado? – pergunta Landon, deitado no colo da mãe.

— Cuidou sim, Landon. – Cassius responde para o filho – Aquilo não foi nada, então trate de esquecer. Pense apenas em seguir todas as ordens do Reid e do Gregory para se recuperar.

— Vou tentar, papai. – promete o menino.

Nisso, os Lordes Ferdinand e William pedem permissão para adentar os aposentos do príncipe e, após a permissão concedida, eles se aproxima da cama do príncipe e fazem uma breve reverência a família real.

— Soubemos que queria falar conosco, Príncipe Landon. – começa o Grande Lorde da Água.

— Queria sim. – Cassius ajuda Landon a se sentar na cama – Eu queria agradecer aos dois por me tirarem daquele lugar horrível. Não sei bem o que dizer, pois palavras são insuficientes para expressar toda a minha gratidão, então, saibam que eu serei eternamente grato aos dois.

Lorde William segura uma das mãos de Landon com cuidado por conta dos ferimentos do menino, olha nos fundo dos olhos castanhos dele e diz:

— Príncipe Landon, não há o que agradecer. Estamos aqui para servi-lo, assim como servimos a seu pai e sua mãe. Preocupe-se apenas em se recuperar.

— Faço minhas as palavras do Lorde William, Príncipe Landon. – continua Ferdinand – Preocupe-se apenas em se recuperar.

— Onde estão o Marden e o Robert? – pergunta o príncipe.

— Estão no jardim. – responde Lorde William – Perguntam por Sua Alteza a cada cinco minutos.

— Quero vê-los. – Landon volta a falar – Por favor, peçam para que eles venham ficar comigo.

— Será feito conforme seu desejo, Sua Alteza. – fala Lorde Ferdinand antes de se retirar.